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2.2 A PRENDIZAGEM S IGNIFICATIVA A TEORIA DE D AVID A USUBEL

2.2.3 Os pilares da teoria de Ausubel

Segundo Aragão (1976, p.10), Ausubel entende que:

a verdadeira natureza da Educação, enquanto instrução adequadamente fornecida, implica na seleção, organização, interpretação e arranjo sequencial de material de aprendizagem - em conhecimento - e em experiências de pessoas pedagógica e academicamente competentes [...] a Educação não termina quando os alunos deixam a escola no fim do dia ou no dia da formatura, deve-se ensinar os alunos a aprender sozinhos, pois tais aspectos da Educação, [...] não tem dicotômicos ou mutuamente exclusivos. Nesta consideração, distingue o desejo de que os alunos devotem parte do seu tempo na escola em adquirir capacidade de localizar, interpretar e organizar informações, de quaisquer necessidades de incluir entre estas a função educacional - responsabilidade primordial - de estruturar conteúdos de aprendizagem. Os professores, segundo ele, não podem em “good consience” abdicar desta responsabilidade, [...], a direção da Educação.

Nesse contexto, baseado que “a teoria de Ausubel, limita-se à natureza e às condições significativas que ocorre em sala de aula” (ARAGÃO, 1976, p.19), aqui serão analisados, sumariamente, os atores participantes dessa Aprendizagem Significativa: O professor, o aluno, a avaliação e o material de ensino.

2.2.3.1 O Professor

Com o advento das novas tecnologias e com a velocidade das informações, hoje existem inúmeros recursos que auxiliam o aprendizado do aluno fora da sala de aula e, consequentemente, reduz-se a influência do professor no processo de ensino, entretanto, aqui, limita-se à sala de aula. Ausubel considera que o propósito do papel do professor expandiu-se muito do original para incluir novas funções como substituto de pai ou de mãe, amigo, confidente, etc. Contudo, considera que “é inegavelmente verdadeiro que o papel mais importante e distintivo do professor na sala de aula moderna ainda é o de diretor de atividades de aprendizagem” (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980, apud CAMELO, 2018, p.10).

Ausubel também argumenta que as características do professor, como: aptidões intelectuais, personalidade, capacidade de manter disciplina na sala de aula, apresentação e organização do conteúdo e a forma de ensinar, podem exercer ou não influência na Aprendizagem Significativa. Para ele, “o grau de preparo na matéria e o rendimento ou nível de inteligência do professor não são imprescindíveis para promover bons resultados da aprendizagem dos alunos” (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980, apud CAMELO, 2018, p.10). Afirma ainda que.

Certo nível de inteligência é, obviamente, necessário para ensinar com eficácia. Mas além deste ponto crítico, a inteligência dos professores pode não estar significativamente relacionada com os resultados da aprendizagem nos alunos (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980, apud CAMELO, 2018, p.10).

Para isso, Ausubel defende que é mais importante que o professor seja “instrucionalmente eficiente” na aula do que muito querido e popular. Para Camelo (2018, p.11), essa eficiência considera que o professor consiga:

• manter a disciplina em sala, de modo a tornar o ambiente o mais adequado possível para a aula, eliminando os distratores, coibindo conversas e atividades paralelas;

• identificar quais os pré-requisitos que os alunos devem ter para assimilarem o novo conteúdo;

• diagnosticar seu aluno, isto é, descobrir, antes de iniciar um novo conteúdo, se o estudante detém os subsunçores necessários para ancorar as novas informações;

• motivar seus alunos para que eles realmente mobilizem todo esforço necessário à assimilação do novo conteúdo;

• promover em seus alunos a aquisição dos subsunçores específicos, quando inexistentes, por meio de aulas extras e listas de exercícios direcionadas;

• organizar o material de ensino de modo a torná-lo potencialmente significativo;

• explicar o novo conteúdo de maneira didática [...], isto é, suficientemente não arbitrária e de forma substantiva;

• avaliar seus alunos de modo a inferir se eles, de fato, aprenderam significativamente.

Por fim, um dos maiores trabalhos do professor consiste “em auxiliar o aluno a assimilar a estrutura das disciplinas e a reorganizar sua própria estrutura cognitiva, mediante a aquisição de novos significados que podem gerar conceitos e princípios” (MOREIRA; MASINI, 1982, p.41).

2.2.3.2 O Aluno

Comentou-se, na seção anterior, que o professor tem um papel fundamental na Aprendizagem Significativa, pois, a partir da sua experiência e de seu planejamento, o aluno terá uma maior receptividade do conteúdo e que este irá interagir com os conhecimentos prévios potencializando a estrutura cognitiva. Assim, Aragão (1976, p. 28) ressalta que:

A aprendizagem receptiva significativa é caracterizada pela forma de proposição do material de aprendizagem: a ideia a ser aprendida é apresentada ao aluno na sua forma final ou próximo desta. Nessas circunstâncias, solicita-se simplesmente que este a compreenda e incorpore à sua estrutura cognitiva de forma que esta se torne disponível para utilização futura.

Para que a Aprendizagem Significativa seja evidenciada, Camelo (2018) destaca que o papel do aluno é fundamental, pois este precisa fazer o esforço necessário para a assimilação do conteúdo. Entretanto, em sala de aula, o aluno precisa estar concentrado, motivado e não se submeter a conversas paralelas e distrações. Finalizando, Ausubel considera que:

O aluno deve também buscar uma participação completa através de um aprendizado ativo e crítico, tentando compreender e reter o que é ensinado, integrando novas informações a informações obtidas em experiências anteriores e experiência idiossincrática, traduzindo novas proposições para uma linguagem própria, dedicando um esforço necessário para dominar dificuldades inerentes a novos aprendizados, formulando questões pertinentes e envolvendo-se conscientemente na solução de problemas que lhe são dados para resolver. (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980, apud CAMELO, 2018, p.10).

2.2.3.3 O material de ensino

Segundo Moreira e Masini (1982, p.31), aprender um novo conceito depende de propriedades existentes na estrutura cognitiva, do nível de desenvolvimento do aprendiz, de sua habilidade intelectual, bem como da natureza do conceito em si e do modo como é apresentado. Assim, para apresentar um novo conceito, é preciso que o professor prepare um material de ensino adequado para cada momento.

Ausubel destaca a importância do papel do material de ensino na Aprendizagem Significativa quando ressalta que:

Acreditamos que um dos caminhos mais promissores para se melhorar o aprendizado escolar seja através da melhoria dos materiais de ensino. Os fatores mais significativos que influenciam o valor, para o aprendizado, dos materiais de ensino referem-se ao grau em que estes facilitam uma aprendizagem significativa. (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980, apud CAMELO, 2018, p.13).

Portanto, para um planejamento de ensino eficiente, segundo a teoria de Ausubel, é preciso montar um material consistente e “a primeira e usualmente difícil tarefa é a identificação dos conceitos básicos da matéria de ensino e de como eles estão estruturados” (MOREIRA; MASINI, 1982, p.42). No mesmo sentido, Camelo (2018, p.13) ressalta que o planejamento de ensino gera “uma reflexão sobre qual atividade de aprendizagem melhor se adéqua à estrutura cognitiva existente do aluno a fim de ele incorporar os conceitos e habilidades identificados no plano curricular”.

Finalizando, para que o aluno agregue os novos conceitos à sua estrutura cognitiva, é necessário um planejamento de ensino adequado e organizado. É fundamental destacar a importância da tarefa, a organização do material didático a ser apresentado e a maneira como ele será utilizado, com ou sem a utilização de recursos didáticos que facilitem a aquisição dos novos conceitos.

2.2.3.4 A avaliação

Para Ausubel, “avaliar significa emitir um julgamento de valor ou mérito, examinar os resultados educacionais para saber se preenchem um conjunto particular de objetivos educacionais” (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980, apud CAMELO, 2018, p.12).

Ausubel, Novak, Hanesian (1980, apud CAMELO, 2018, p.12), em outras palavras, destaca que, na teoria ausubeliana, a avaliação exerce um papel central para que a Aprendizagem Significativa ocorra e apresenta três motivos:

• a aplicação de uma avaliação diagnóstica é importante para que se tenha um perfil do aluno, isto é, verificar seu grau de conhecimento em relação aos assuntos a ser abordado;

• a aplicação de avaliações intermediarias, durante o processo de aprendizagem, pois possibilita corrigir possíveis falhas e consolidar os objetivos propostos;

• a aplicação de avaliações permite verificar a eficácia de diferentes métodos de ensino e das diferentes maneiras de organizar e sequenciar os assuntos.

Por fim, considera-se que a avaliação é um instrumento importante dentro do processo da aprendizagem que vai desde diagnosticar o perfil do aluno, direcionar as atividades e planejamentos até mensurar se os objetivos propostos estão sendo atingidos.