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CAPÍTULO III – Metodologia

3.3. Descrição do estudo

3.3.1. Planeamento da sequência didática

De acordo com a questão de investigação, a finalidade do estudo e os objetivos definidos para o mesmo, procurou-se desenvolver uma sequência didática composta por diversas sessões que promovesse explicitamente capacidades de PC numa perspetiva de alimentação humana e do consumo em alunos do 4.º ano do 1.º CEB. A escolha da temática relacionada com a alimentação foi feita em contexto das semanas de observação que antecedem a lecionação efetiva da professora estagiária. Nas referidas semanas, os lanches que os alunos consumiam no intervalo da manhã chamaram a atenção da mesma por serem, na sua maioria, alimentos com grandes percentagens de açúcar e sal. Para além disso, a existência de uma aluna na turma que consumia bebida de arroz e que partilhou esse facto com a turma levou à perceção de que existem muitos alimentos que são desconhecidos pelos alunos. Focando, assim, a atenção na alimentação, era inevitável estabelecer uma ligação com o consumo já que estamos perante futuros cidadãos que irão consumir e pretende-se, assim, desde cedo, alertá-los para as consequências das suas ações, não as percecionando apenas como individuais (Manual de Educação para o Consumo Sustentável, 2005). Pretendeu-se inserir as sessões nos tempos curriculares destinados à área curricular de Estudo do Meio já que são temas abordados na referida área curricular em anos anteriores. Contudo, o facto de haver um atraso ao nível da lecionação dos conteúdos da referida disciplina, fez com que tal não fosse possível. Assim, duas atividades foram inseridas na

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disciplina de Português (B1 e B4) e as restantes foram aplicadas num dia autorizado pela professora cooperante.

No que concerne às capacidades de PC, como forma de seguir um referencial que fornecesse uma maior garantia de que as mesmas poderiam ser mobilizadas explicitamente, seguiu-se a concetualização de Ennis e a taxonomia desenvolvida por si (anexo 1) referida por Vieira e Tenreiro-Vieira (2005). No seguimento da definição de um quadro teórico de referência, procurou-se desenvolver atividades que fossem ao encontro das capacidades definidas por Ennis (1987), sendo que as referidas atividades apelam às capacidades de clarificação elementar, suporte básico, inferências e estratégias e táticas.

Quadro 1 - Visão global das fases, atividades a implementar e sua descrição geral

Fase Atividade Sessão Descrição Geral

Pré-Intervenção

A0

Levantamento dos alimentos consumidos pelos alunos do 4.º ano no lanche da manhã durante

uma semana

A1

Teste de Pensamento Crítico – “Onde existe água no Planeta Terra?” (Vieira, 2003) (sessão

com o outro elemento da díade)

A2 Questionário sobre hábitos alimentares e de

consumo

A3 Confeção de lanches saudáveis para todas as

turmas do 1.º CEB

Intervenção

B1 “A credibilidade é o que fazemos dela” (sessão conjunta com o outro elemento da díade)

B2

1 “À roda com os nutrientes”

2 “Com as mãos na massa”

B3 Sessão de esclarecimento com a nutricionista Joana Papel

B4 “Rumo à mudança”

Pós-Intervenção C1

Teste de Pensamento Crítico - “Onde existe água no Planeta Terra?” (Vieira, 2003) (sessão

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O quadro 1 mostra as diferentes fases em que se desenvolveu o estudo, sendo estas três, nomeadamente a de pré-intervenção, a de intervenção e a de pós-intervenção. A fase de pré-intervenção foi dividida em quatro atividades, a fase de intervenção em três atividades e a de pós-intervenção consistiu em uma atividade. É de salientar que as atividades A1, B1 e C1 foram aplicadas em conjunto com o outro elemento da díade. De seguida, será apresentado um quadro relativo às capacidades de PC que se pretendeu desenvolver em cada uma das sessões da fase interventiva.

Quadro 2 - Capacidades de PC a apelar explicitamente em cada atividade implementada Áreas de PC1 Capacidades de PC1 Atividades e sessões B1 B2. 1 B2. 2 B4 Clarificação elementar

1. Focar uma questão – a) Identificar ou formular uma

questão X X X

2. Analisar argumentos – a) Identificar conclusões X X

2. Analisar argumentos – b) Identificar as razões enunciadas X 2. Analisar argumentos – c) Identificar as razões não

enunciadas X

2. Analisar argumentos – d) Procurar semelhanças e

diferenças X

2. Analisar argumentos – g) Resumir X

3. Fazer e responder a questões de clarificação e desafio, por

exemplo: a) Porquê? X X

3. Fazer e responder a questões de clarificação e desafio, por

exemplo: d) O que seria um exemplo? X X

Suporte básico

4. Avaliar a credibilidade de uma fonte – c) Acordo entre

fontes X

4. Avaliar a credibilidade de uma fonte – g) Capacidade para

indicar razões X

Inferência

6. Fazer e avaliar deduções – c) Interpretação de enunciados X 7. Fazer e avaliar induções – c) Investigar – delinear

investigações, incluindo o planeamento do controlo efetivo de variáveis

X

8. Fazer e avaliar juízos de valor – d) Considerar e pesar

alternativas X

Estratégias e táticas

11. Decidir sobre uma ação – c) Formular soluções

alternativas X

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Tal como foi mencionado, o quadro refere-se às capacidades de PC que se pretendiam mobilizar nos alunos em cada atividade. Na atividade B1, realizada com o outro elemento do grupo de Prática Pedagógica Supervisionada, as atividades incidiram, principalmente, sobre capacidades relacionadas com credibilidade das fontes de forma a ir ao encontro do subtema do outro elemento da díade. Na sessão B2.1., da atividade B2, as capacidades, no geral, incidem sobre a clarificação elementar e na sessão B2.2 da mesma atividade, estas estão relacionadas com o trabalho experimental e controlo de variáveis. A sessão B4, por fim, foca capacidades ligadas à inferência e à capacidade de formular alternativas para as situações problemáticas apresentadas. Salienta-se que a atividade B3 não consta no quadro por se referir à sessão de esclarecimento com a Dr.ª Joana Papel.

Para uma melhor perceção dos quadros acima apresentados, passar-se-á a uma descrição breve das atividades em que se encontra organizada a sequência didática. Esta apresenta-se repartida em três atividades globais (A, B e C) que correspondem a três momentos diferentes do estudo. O momento A é relativo ao que antecede a implementação propriamente dita e está dividida em quatro atividades: A0, A1, A2 e A3. A atividade A0 consistiu no preenchimento de uma tabela, por parte dos alunos, durante uma semana, com os seus lanches matinais. Já a atividade A1 compreendeu a realização do teste de levantamento das capacidades de PC, a A2 a implementação de questionários aos alunos e encarregados de educação sobre hábitos alimentares e de consumo e a A3 a confeção de lanches saudáveis no último dia de aulas do 2.º período. O momento B refere-se à implementação das atividades com a mesma designação e encontra-se dividido em três atividades, sendo que uma destas (B2) se encontra separada em duas sessões. A C é relativa ao pós-implementação das atividades.

É de referir que todas as atividades foram elaboradas pela professora estagiária, à exceção das atividades A1 e C1, que são a mesma atividade, e A2. As atividades A1 e C1 consistem no teste de Pensamento Crítico intitulado de “Onde existe água no Planeta Terra?” (Vieira, 2003; Vieira, Tenreiro-Vieira e Martins, 2011, pp. 98-105) (ver anexo 3) e a atividade C1 é relativa à aplicação de um inquérito por questionário aos alunos (anexo 4) e aos encarregados de educação (anexo 5), adaptado de Santos (2013).

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