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3.2 ANÁLISE DAS CATEGORIAS

3.2.4 Planejamento

Planejamento é processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento de empresas E instituições, setores de trabalho, organizações grupais e outras atividades humanas. O ato de planejar é sempre processo de reflexão, de tomada de decisão sobre a ação; processo de previsão de necessidades e racionalização de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis, visando à concretização de objetivos, em prazos determinados e etapas definidas, a partir dos resultados das avaliações (PADILHA, 2001, p. 30)

Não há processo evolutivo de desenvolvimento humano sem planejamento, para todas as nossas atribuições diárias, sejam de trabalho ou lazer se faz necessário planejar.

Na escola isso não é diferente e ainda temos o agravante de não lidarmos com situações mecânicas. A escola exige vários planejamentos visto que a pluralidade dos educandos faz com que os professores precisem planejar, voltados a organizar suas aulas de forma a variar a metodologia para, assim, poder atender a todos os alunos objetivando a evolução de cada um e respeitando seus limites.

Sendo um planejamento orientado a utilizar-se de vários métodos, podemos entender que, no ambiente da escola, torna-se indispensável à orientação do professor, e que por meio desse planejamento terá condições de instigar o educando a vivenciar a escola como fonte de preparação, integração e transformação da vida. Possivelmente essa seja a principal característica do planejamento escolar. Segundo Libâneo (1992, p. 221):

Planejamento Escolar “é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social” O planejamento escolar, portanto, como o seu próprio nome evidencia, é o planejamento global da instituição escolar, que envolve o processo de refletir e decidir sobre a estrutura, a organização, o funcionamento e as propostas pedagógicas desta.

Na literatura percebe-se que cada autor se utiliza de um determinado conceito para descrever o que é planejamento, porém todos concordam que o planejamento é a previsão de uma ação a ser desenvolvida refletindo sobre os melhores meios para atingir os fins e isso vem de acordo com o que foi investigado pelo pesquisador junto aos professores participantes dessa pesquisa.

Todos os professores elegeram o planejamento como fator fundamental, para que suas práticas possam atender a todos de forma que, para o educando, exista um ganho afetivo, cognitivo e motor e, no caso desse estudo, evidenciou-se o ganho sociocultural. Esse fator identifica para o pesquisador, a qualidade dos profissionais que dentro do seu contexto educacional demonstram comprometimento em oferecer o melhor do seu trabalho ao seu educando. Coelho (1996, p.124):

Um professor que lecione em condições adversas, com pouco tempo para dedicar às suas atividades de planejamento e de pesquisa; que não reflita sobre questões conjunturais com seus colegas no trabalho, pouco acrescentará aos princípios de uma qualidade emancipatória.

Sendo assim podemos entender que para o professor, estar atuando em uma escola de tempo integral, é benéfico, no sentido de que esse poderá ter mais tempo para vivenciar a escola, inclusive no seu ato de planejar e manter-se relacionado com seu educando. Nesse sentido o desenvolvimento integral sugerido ao educando poderá estender-se ao professor também, tornando-o parte integrante do seu planejamento.

Em suas declarações os professores enfatizam a preocupação de planejar suas aulas com o objetivo de promover o desenvolvimento integral do educando, respeitando suas peculiaridades emocionais, psíquicas e culturais, mas com sentido de também avançar nessas, enriquecendo o seu planejamento com certa transgressão, pois planejar, para manter o mesmo não tem sentido, é dever de o professor propor no seu planejamento o novo, a mudança, o questionamento e a ação.

Reforçando essa necessidade de mudança de buscar ações, quando falamos em planejamento, em seu primeiro livro, “Educação e atualidade brasileira” (1959), Paulo Freire (2001, p. 10) diz que:

Todo planejamento educacional, para qualquer sociedade, tem que responder às marcas e aos valores dessas sociedades. Só assim é que pode funcionar o processo educativo, ora como força estabilizadora, ora como fator de mudança. (…) para ser autêntico, é necessário ao processo educativo que se ponha em relação de organicidade com a contextura da sociedade a que se aplica.

A partir das declarações dos professores pesquisados, observou-se que eles orientam-se por um planejamento distante e mais amplo do academicamente aprendido. Analisando o que foi dito, é possível perceber que os educandos ao apresentarem suas individualidades vão dimensionando para os professores as suas necessidades de aprendizado e ou de conhecimento de mundo.

O fato dos professores poderem observar essas necessidades e planejarem a partir delas nos evidencia que eles têm preocupação em desenvolver integralmente o educando a partir das práticas de suas aulas. Diante das discussões passaremos as falas dos professores sobre o planejamento:

Prof. 1 Sempre que planejo minhas aulas mi preocupo com o corpo...No planejamento trago coisas elaboradas que trabalham flexibilidade memorização, e parte criativa eu trago pouca sequência pronta e peço que eles criem.

Prof. 2 Com certeza, existe um planejamento. A gente vem de uma graduação e vê que planejamento é essencial e professor de educação física sempre tem que ter uma carta na manga. Sempre no primeiro dia procuro saber as características de cada aluno para poder planejar.

Prof. 3 Sim. Por isso trato no meu planejamento esses fatores (de desenvolvimento integral) como objetivos e não como consequência porque a consequência desse vínculo é que vai ser o melhor desenvolvimento dentro da área seja da dança, de qualquer área. No momento que eu criar esse vínculo aí eu vou ter um resultado. Prof. 4 Sim, eu até como estou iniciando esse trabalho estou tentando, mas ainda é um pouco difícil de trabalhar essa reflexão porque eles querem muito a parte prática, e isso é uma barreira, mas eu sempre tento indagar sobre assuntos para ver o que eles respondem o que pensam.O que eu procuro colocar é que eles devem agir e pensar sobre o conteúdo só fazer fica muito fácil então por isso procuro questionar a ação proposta nas aulas

Prof 5 Sempre porque eu acho que é muito importante elas terem essa participação em conjunto nas aulas de não ser só uma pessoa, elas precisam compartilhar e fazerem coisas juntas em duplas para ter esse afeto, a brincadeira em conjunto às vezes disputando. E eu tenho isso como objetivo no meu planejamento eu tenho como objetivo que a criança desenvolva esse lado do cognitivo físico motor e esse objetivo acaba sendo uma consequência na minha aula.

Ainda nas declarações percebe-se a intenção de conhecer o seu aluno e criar um vínculo, afim de que, quando do exercício das atividades, isso facilite o entrosamento através da confiança. Os professores planejam de acordo com o que o educando traz de informação sobre como vive, se sente, enxerga e conhece sobre atividades físicas e dança.

Assim, ao planejarem, fica claro que é essencial conhecer o educando individualmente para assim alcançar objetivos que efetivamente resultem em crescimento social e incentivem a busca por conhecimento e mudanças também fora da escola.

Segundo Vasconcellos (2002, p. 105,107):

Há que se compreender a realidade em que se está inserido sempre como parte de um todo (movimento constante entre particular e universal). Assim, em relação à escola, temos que compreender que os principais condicionantes frequentemente estão fora dela; daí a importância de se pensar a relação escola sociedade, para não ficarmos na ingenuidade pré-sociológica. Na visão dialética ou transformadora, considera-se a característica da sociedade de classe, o conflito de interesses, a influência da ideologia dominante, as questões de gênero, etnias, multiculturas. Além do mais, a abordagem da realidade, sem perder de vista as questões atuais, e por causa delas mesmos, deve ser histórica.Os professores devem ganhar consciência de que não é possível educar no sentido concreto- não abstrato ou ideológico- sem partir da realidade e sem estar sempre a ela vinculada.O

conhecimento da realidade do aluno é essencial para subsidiar o processo de planejamento numa perspectiva dialética. Devemos ter em conta o aluno real de carne e osso, que efetivamente está em sala de aula, que é um ser que tem suas necessidades, interesses, nível de desenvolvimento (psicomotor, sócio afetivo e cognitivo)quadro de significações experiências anteriores (história pessoal) sendo bem distinto daquele aluno ideal dos manuais pedagógicos(marcados pelos valores de classe) ou do sonho de alguns professores.Temos que trabalhar em função daquilo que realmente o aluno é, e não do que gostaríamos que fosse.

Diante do conhecimento da realidade o professor pode ampliar o planejamento, oportunizando a criação e tomada de decisões, tornando a aula mais prazerosa e permitindo o exercício da mediação, tornando-se parte integrante do processo de ensino e aprendizagem e não apenas o protagonista centralizador do todas as ações.

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