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3 O EXPERIMENTO DIDÁTICO: fundamentos teóricos, planejamento e uso de

3.3 Planejamento do Experimento Didático

Para a fase da pesquisa de campo, o experimento didático incluiu o desenvolvimento de atividades de ensino, utilizando tecnologias móveis, neste caso, o smartphone, na apropriação dos principais conceitos e técnicas da disciplina OMMC.

A referida disciplina tem como objetivo geral, desenvolver as competências necessárias para o aluno desempenhar a função de: técnico em manutenção e suporte em informática, conhecendo os conceitos teóricos e as práticas de manutenção e suporte em informática. Nesta disciplina, o aluno aprende a trabalhar com computadores, impressoras, tablets, smartphones, rede de computadores, etc., desenvolvendo diversas atividades, tais como: montagem e desmontagem de computadores, manutenção preventiva e corretiva, de hardware e software, instalação e configuração de sistemas operacionais, solução de problemas, atendimento ao cliente, entre outras diversas atividades relacionadas com a área de suporte em tecnologia digital de informação e comunicação.

Muitas destas atividades trazem consigo certo grau de dificuldade de aprendizagem, sejam elas por pouco tempo para serem ensinadas, falta de conhecimento prévio do aluno ou principalmente complexidade dos conteúdos técnicos e técnicas operacionais de execução das tarefas. Visando melhorar o processo de ensino-aprendizagem desta disciplina, foi proposto então, realizar atividades didáticas, usando o smartphone, visto que a maioria dos alunos possui esse dispositivo móvel e domina o seu uso, sendo necessário pouco ou quase nenhum treinamento para o uso dos aparelhos.

Foram sujeitos do estudo quatorze alunos do 2º ano do curso referido anteriormente, escolhidos de acordo com a concordância em participar da pesquisa, alunos com maior dificuldade de aprendizagem, bem como os que possuíam smartphone. Fazemos aqui uma observação, na verdade todos os alunos do 2ºD participaram das atividades, pois os trabalhos foram desenvolvidos no decorrer da disciplina e fizeram parte do seu plano de ensino. Consideramos para esta pesquisa, apenas a turma 2, lembrando que a sala era dividida em duas turmas: 1 e 2, de modo que, enquanto uma turma tinha aula de OMMC, a outra tinha aula de Eletricidade Básica. As filmagens realizadas pelo pesquisador aconteceram apenas na turma 2. O pesquisador foi também o condutor das atividades em sala de aula.

As atividades de estudo foram organizadas seguindo os referenciais teóricos escolhidos, pois é importante que o professor organize as estratégias de aprendizagem que irão conduzir o aluno a realizar a ação, pois esta disposição para a ação é a motivação que impulsiona a aprendizagem humana e faz com que os alunos estejam preparados para a

realização da etapa seguinte. Para isso é imprescindível que o aluno tenha uma boa orientação, por isso recorremos aos conceitos da BOA – Base Orientadora da Ação para orientarmos as atividades dos alunos, conforme apresentado nos apêndices (A, B, C e D).

De acordo com Núñez (2009, p.101): “Na etapa da BOA, deve ser garantida a compreensão (significado) e a motivação (sentido) dos alunos para a construção do objeto de aprendizagem”, ou seja, o aluno precisa ter os conhecimentos necessários sobre o objeto da ação, as condições e os meios de realização dessa ação.

É essencial a boa estruturação desta etapa (BOA), porque sem um correto entendimento da orientação não é possível executar uma ação completa e exitosa. Uma boa orientação garante a correta execução da ação. Já o elemento controle ocupa-se em verificar os resultados, é a autoavaliação do aluno e ele deve dizer se fez da forma que o professor orientou, se seguiu os passos da orientação e execução, conforme o planejado.

Talízina (1988), citada por Núñez (2009), vem nos dizer que existem três tipos de BOA: BOA I, incompleta, BOA II, mais completa que a BOA I, e BOA III, que é mais completa e generalizada. Ela orienta todo o conjunto de tarefas, não apenas a parte de solução. Os resultados não contêm erros, o processo de formação da ação é rápido e a assimilação dos conhecimentos é mais efetiva. No processo de aprendizagem, quando se utiliza esse tipo de BOA, o professor orienta e dirige o processo e os alunos assimilam uma forma de construção da atividade que conta com a ajuda e colaboração do professor e dos colegas. O trabalho foi organizado com base na BOA III, descrita acima.

De acordo com a teoria descrita acima, executamos as atividades de estudo da seguinte forma: em cada atividade de estudo, foram formadas duplas ou até mesmo trios de alunos, conforme a atividade ou o número de alunos em sala. Estas duplas/trios eram definidas de acordo com os níveis de conhecimento dos alunos, sendo que a preferência era de agrupar os alunos de melhor desempenho com alunos com menor desempenho, o que permitia a troca de informações entre as duplas, pois as atividades eram colocadas como desafios para as equipes. Os alunos revezavam entre as tarefas de filmagem e execução da atividade, de modo que todos pudessem realizar as atividades de estudo de forma igualitária.

Procuramos valorizar o trabalho em equipe, uma vez que, de acordo com os referenciais adotados, devemos incentivar essa forma de trabalho e a resolução de problemas, considerando que essas estratégias são estimulantes para esta fase de idade (adolescência). As orientações eram passadas através de explicações verbais, material impresso e digital, contendo as ações a serem realizadas na atividade de estudo, conforme apresentado nos

Apêndices, material teórico para estudo dos conteúdos, acompanhamento do professor e ajuda dos colegas.

A maioria das atividades foi realizada no laboratório de manutenção de computadores, onde os alunos utilizaram, de acordo com as atividades: computadores desktop, notebook, kits de ferramentas para montagem e desmontagem dos equipamentos, DVDs, pendrives e seus smartphones.

O professor/pesquisador utilizou uma câmera para filmagem, anotações das observações das atividades dos alunos e os arquivos com as produções finais dos alunos. Na primeira atividade, a câmera de filmagem do professor ficou fixa no final do laboratório, mas esta configuração não se mostrou adequada, pois não conseguimos observar com detalhes as atividades dos alunos que ficaram do lado oposto da câmera, por isso, nas outras três atividades foram adotadas outras condutas: variação de posições da câmera, bem como a filmagem in loco, ou seja, o professor passava filmando as atividades de todas as equipes. Esta foi a melhor opção, pois pudemos extrair detalhes dos trabalhos de todos os grupos, sendo que não ficou nenhuma equipe prejudicada.

Cada atividade foi realizada nas aulas práticas de sexta-feira que tinham a duração de duas horas (03 aulas de 40min). A edição dos arquivos produzidos pelos alunos, com o uso do smartphone, foi realizada em casa ou na aula do laboratório de informática, que acontecia nas segundas-feiras com duração de 40min. Nesse dia, contávamos com a presença de todos os alunos do 2º D, por esse motivo, aproveitávamos para passar as instruções gerais e orientar ajustes, correções e esclarecimento de dúvidas. As apresentações e discussões eram realizadas nas aulas de sexta-feira.

Nos próximos tópicos vamos apresentar as quatro atividades de estudos desenvolvidas no experimento didático. Os detalhes da orientação das tarefas e ações das atividades de estudos encontram-se nos Apêndices deste trabalho. Os resultados, observações específicas e conclusões deste experimento serão apresentados no capítulo 4 e 5.