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Sendo este ciclo promotor de um desenvolvimento integrado de atividades e áreas de conhecimento, de modo a apropriar os alunos de procedimentos e instrumentos de acesso à informação que os levem a construir aprendizagens significativas, o professor terá de proceder a um planeamento cuidado definindo em cada situação os objetivos a alcançar, as competências que os educandos deverão adquirir, e selecionando estratégias que envolvam a utilização de variados suportes de aprendizagem.

O agrupamento preconiza, relativamente às áreas disciplinares, que em cada um dos períodos letivos seja tida em consideração uma determinada distribuição dos conteúdos programáticos, a partir dos quais as planificações são concebidas, tendo como ponto de partida os diversos Programas Curriculares. A planificação constitui um instrumento integrador dos fatores envolvidos no ato educativo conferindo-lhes unidade e operacionalidade numa perspetiva de coerência e continuidade do trabalho realizado. De facto, de acordo com Roldão (1999:48) um profissional docente terá de, cada vez mais, decidir e agir perante as diferentes

situações, organizando e utilizando o seu conhecimento científico e educativo face à situação concreta, ainda que enquadrado nas balizas curriculares e nas linhas programáticas nacionais – isto é, gerindo o currículo (…) de executor passa a decisor e gestor de currículo exercendo a actividade que lhe é própria – ensinar, isto é, fazer aprender.

Ao longo do estágio empenhámo-nos na conceção criativa das atividades a propor, atendendo à interdisciplinaridade e estando atentos aos interesses e às necessidades do grupo, que na sua maioria revelava dificuldade de concentração, rápido desinteresse e comportamento incorreto (conversas paralelas, interrupções inoportunas) demonstrados no decurso de tarefas escolares rotineiras. Assim, o grande desafio que se colocou foi o de reinventar estratégias que

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os motivassem e captassem a respetiva atenção e interesse. De acordo com o documento de referência do Ministério da Educação para o ensino básico Organização curricular e

Programas do 1º CEB preconiza-se que sejam criadas condições para que os alunos realizem

aprendizagens ativas (ME, 2006). Este tipo de aprendizagens pressupõe que os alunos tenham a

oportunidade de viver situações estimulantes de trabalho escolar que vão da actividade física e da manipulação dos objectos e meios didácticos (ME, 2006:23) É igualmente referido no

mesmo documento que as aprendizagens devem ainda ser diversificadas sublinhando-se a

vantagem, largamente conhecida, da utilização de recursos variados que permitam uma pluralidade de enfoques dos conteúdos abordados (ME, 2006:24). Este documento orientador

do currículo aponta igualmente a pertinência das aprendizagens diversificadas com a utilização de recursos variados promotores de uma pluralidade de enfoques dos conteúdos abordados.

As aprendizagens significativas preconizadas e desejadas para o ato educativo

relacionam-se com as vivências efectivamente realizadas pelos alunos fora ou dentro da escola e que decorrem da sua história pessoal ou que a ela se ligam (ME, 2006:23) e ocorrem quando

os alunos conseguem relacionar as ideias principais de determinado conteúdo, expostas pelo professor, e estabelecem conexões entre essas ideias e os seus próprios conhecimentos prévios. Neste particular Arends (1999:292) refere-se ainda à importância da consolidação dos conteúdos já que os alunos processam a informação em termos de unidades básicas (preposições ou ideias). A capacidade de um ser humano apreender um novo conhecimento, está dependente do seu conhecimento prévio sobre o conteúdo em causa. De referir que ao nível do ensino básico é frequente o tratamento dos conteúdos em modo espiral, em que as experiências e os

saberes anteriormente adquiridos recriam e integram, no conhecimento, as novas descobertas

(ME, 2006:24).

Da psicologia do desenvolvimento é sabido que, na infância, o pensamento das crianças está fortemente ligado à ação, pensamento chave das aprendizagens por descoberta, defendida por Ausubel (1968). Deste modo é fundamental um envolvimento ativo das crianças nas diversas atividades que realizam, promovendo-se o desenvolvimento das suas capacidades (por exemplo abertura de espírito, curiosidade, criatividade, objetividades, espírito crítico, persistência, flexibilidade de pensamento, respeito, tolerância, cooperação). É de grande importância a realização destas atividades, que estimulam as crianças a desenvolver o raciocínio e o espírito crítico, uma vez que pressupõem um envolvimento total dos alunos que participam ativamente nas experiências, bem como na procura de explicação dos fenómenos em estudo. Sprinthall & Sprinthall (1993:242) afirmam que os factos e as relações que as crianças

descobrem a partir das suas próprias explorações são mais passíveis de serem utilizados e

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tendem a ser mais bem retidos do que os materiais que tenham sido meramente enviados para a memória.

Neste sentido, as metodologias que nos pareceram mais adequadas à turma consistiram em (1) situações de aprendizagem envolvendo a componente lúdica (como desafios a pares, adaptação de jogos ou concursos televisivos, competições cronometradas); (2) tarefas para serem trabalhadas em pares ou em grupo (tais como construção de um texto, cartaz sobre determinado conteúdo de Estudo do Meio); (3) recurso a dramatizações (fantocheiro, sombras chinesas); (4) valorização do momento de motivação inicial (canções, lengalengas, adivinhas); (5) realização e registo de pesquisas (em colaboração com os pais) com recurso à Internet para pesquisar ou explorar jogos e atividades educativas; (6) utilização de instrumentos reguladores da vida do grupo e das aprendizagens: quadros de tarefas, registos de realização de trabalhos de casa, registos de avaliação, concurso de leitura; (7) distribuição de tarefas pelos alunos, valorizando os que têm melhor comportamento, tais como distribuir os cadernos da escola, fazer o levantamento de quem fez os trabalhos de casa, registar o comportamento diário, recolher os cadernos da escola distribuir os mapas de autoavaliação dos comportamentos.

Procurámos realçar momentos de exposição de novos conteúdos reunindo o grupo de alunos em torno de uma única mesa de trabalho, tendo-se revelado pertinente este tipo de movimentações no espaço da sala, que são profícuas em termos de grau de envolvimento da globalidade do grupo, nas referidas tarefas. Arends (1999:113) enfatiza a este respeito que os

processos na sala de aula são altamente influenciados pelas acções do professor e podem ser alterados de forma a construir ambientes de sala de aula produtivos.

Relativamente a cada área disciplinar as abordagens foram feitas numa perspetiva de promover a interdisciplinaridade, num esforço de articulação curricular. Na planificação de cada semana de regências, através da análise do plano semanal, cedido pelo professor cooperante, relativo aos conteúdos programáticos a abordar, procurávamos identificar quais os temas centrais a tratar, nas diversas áreas, que constituíam temas chave para a referida semana, revestindo-se de uma tal importância que os tornava suscetíveis de funcionarem como “fios condutores”. Assim sendo, esses temas chave eram explorados de modo encadeado, em todas as áreas, ao longo dos três dias da regência numa perspetiva de interdisciplinaridade. De acordo com Gusdorf (citado por Pombo, nd) o prefixo inter (…) evoca um espaço comum, um factor de

coesão entre saberes diferentes (…). A interdisciplinaridade supõe abertura de pensamento, curiosidade que se busca além de si mesmo. Na nossa perspetiva, a interdisciplinaridade

pressupõe ainda criatividade por parte do professor na conceção e planificação das diversas atividades/tarefas a propor aos alunos.

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Procurámos discernir em cada planificação o modo como conduzir um dia em sala de aula, focando as diversas áreas disciplinares, tendo por base um certo encadeamento, um fio condutor que permitisse, sempre que possível, haver uma ligação harmoniosa entre conteúdos, disciplinas, de modo a que os alunos soubessem situar os diferentes objetos de conhecimento, interligando-os. Através das aprendizagens realizadas no âmbito da interdisciplinaridade, os alunos vão interiorizando melhor os conceitos, consolidando e valorizando os conhecimentos que vão aprendendo em determinada sequência letiva.

Enquanto estagiária procurámos respeitar o horário estipulado para a turma pelo professor titular no que se relaciona com a componente letiva e a distribuição das áreas disciplinares pelos dias da semana.

Na nossa perspetiva é importante envolver a família no percurso escolar dos educandos. Tavares & Alarcão (2005:145) referem a família como um dos principais factores de

intervenção e de influência no processo de desenvolvimento e de aprendizagem. Neste âmbito

da participação da família no processo da aprendizagem, salientamos o papel dos trabalhos de casa, que devem ser planeados de forma a relacionarem-se com a componente prática e não a da instrução e ainda a permitirem o envolvimento dos pais (Arends, 1999:97).

No Quadro 4, discriminamos alguns exemplos das estratégias postas em prática, em função da área disciplinar, através das quais se operacionalizaram as metodologias propostas.

Atendendo-se ao tema a trabalhar ao longo do ano Sustentabilidade do Planeta,

partindo-se das propostas enunciadas no Plano Anual das atividades do agrupamento, indicamos no Quadro 5 as atividades que realizámos com a turma com vista à operacionalização do mesmo.

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Quadro 4. Exemplos de estratégias em função das prioridades de aprendizagem

Área Disciplinar

Prioridades de

Aprendizagem Estratégias Avaliação

Língua Portuguesa Leitura Escrita Funcionamento da Língua

- Incentivar mais a leitura em voz alta, de preferência dialogada e/ou dramatizada (apresentação aos colegas de um livro lido em casa)

- Proposta de textos escritos a partir de personagens (“Histórias do saco5”) -Responder a questionários

-Interpretar oralmente e por escrito pequenos textos

-Participar na escrita de textos coletivos ou a pares

- Todas as semanas cada aluno lê um poema que pesquisou em casa e é colocado no placard

- Continuar ou recontar histórias de acordo com várias possibilidades – banda desenhada, prosa, poesia, versos...

Direta Indireta: Apresentação à turma: votação por pontos ou escolha dos melhores Fichas Matemática Números e operações Situações problemáticas

- Atividades lúdicas, jogos matemáticos envolvendo desafios, competições - Realização de atividades com materiais

manipuláveis

- Concretização de noções novas (ex: decimais com tabletes de chocolate; medidas com medições reais...)

- Apostar na resolução diária de problemas, na diferença de soluções e, sempre, na sua explicação/raciocínio Pontuações Eliminatórias Fichas Estudo do Meio Desenvolvimento da capacidade de trabalho autónomo

- Atividades semanais de pesquisa (na sala de aula ou na biblioteca, durante a semana e em casa, aos fins de semana)

- Apresentação dos trabalhos à turma, escolha e melhoramento dos escolhidos e compilação em dossier de turma

- Propor mais atividades experimentais (dentro e fora da sala): abordagens o menos teóricas possível

Indireta: Análise do

dossier

Fichas

Expressões

Descoberta da métrica de poesias e adaptação a músicas conhecidas ou criadas na hora Encenação de textos Jogos coletivos Direta Indireta: Grelhas de avaliação 5

Os alunos retiram, aleatoriamente, três personagens de um saco com as quais terão de compilar uma história.

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Quadro 5. Participação da turma nas atividades do Plano Anual das atividades do agrupamento