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PLANIFICAR A REVANCHE: O ETAT-MAJOR DE L’ARMEE ATÉ À GRANDE GUERRA, 1890-1914.

C APÍTULO III – O RGANIZAR A R EVANCHE: O E TAT M AJOR DE

3. PLANIFICAR A REVANCHE: O ETAT-MAJOR DE L’ARMEE ATÉ À GRANDE GUERRA, 1890-1914.

Enquanto as atividades do EMA continuavam no sentido da preparação de planos para uma eventual guerra futura, a Instituição foi sujeita a outras modificações ditadas pelo Ministro da Guerra.

Com o decreto de 15 de novembro de 1895, a autoridade do CEMGA estendia-se para além do EMA e passava a incluir um conjunto de direções dentro do Ministério, nomeadamente as direções das Armas, os serviços administrativos quais a intendência e os serviços de saúde, a organização e instrução das tropas e os serviços de abastecimento em campanha, entre outros54. Refere o Ministro da Guerra daquela altura, Cavaignac, que a extensão da responsabilidade do CEMGA para as direções foi

53 A diferença abismal entre o grau de autonomia dos Chefes de Estado-Maior francês e alemão pode-se ver, de

um ponto de vista formal, nos documentos produzidos pelos dois Estados-Maiores: no caso alemão, os documentos eram assinados e validados diretamente pelo Chef des Großen Generalstabes, ao contrário, os documentos do Estado-Maior francês eram sempre assinados ou validados pelo Ministro da Guerra, até nas comunicações internas, id est, de um Bureau para o outro.

54 É necessário assinalar que, com decreto de 15 de novembro de 1884, a administração central do Ministério da

Guerra foi ampliada e articulada com mais departamentos, as Directions, que desempenhavam funções específicas relativas a âmbitos mais circunscritos como as diversas Armas, os serviços administrativos et cetera. Estas direções enquadravam-se dentro do Ministério da Guerra e colocavam-se sob a responsabilidade direta do Ministro da Guerra.

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pensada para coordenar de forma mais eficaz a organização, a instrução das tropas, a mobilização e a defesa do território,

Pour que les efforts des diverses armes et services convergent, sans déperdition de forces, vers le but commun qui est la préparation à la guerre. Il est nécessaire qu’ils reçoivent l’impulsion commune du chef d’état-major général qui, au plus haut degré, a, vis-à-vis de moi, la responsabilité de cette préparation.55

Um elemento de interesse que diz respeito ao grau de autonomia do CEMGA dentro da estrutura do Ministério da Guerra é estabelecido pelo artigo 2 do decreto aqui analisado: o CEMGA obtinha a delegação, por parte do Ministro, do poder de assinatura em todas as questões relativas às direções; a este respeito, o EMA estava gradualmente a transformar-se numa Instituição dentro de uma Instituição pois, apesar do EMA permanecer de jure et de facto sob a responsabilidade direta do Ministro da Guerra, o órgão aqui analisado ganhava uma independência de elaboração e trabalho que o diferenciava radicalmente da sua primeira organização como EMGM em 187156.

Como foi referido supra, o nó górdio do aparelho militar francês era constituído pela nomeação de um Comandante em Chefe Supremo das forças armadas francesas em caso de evento bélico; esta questão levará o EMA, ou melhor, as atribuições entregues ao CEMGA, a serem reformadas mais uma vez em 1911; antes de abordar esta última, fundamental reforma, é necessário analisar mais uma vez a evolução do CSG e o estado do aparelho militar francês nos primeiros anos do século XX.

O primeiro elemento a ser considerado aqui é a reforma do CSG com decreto de 15 de fevereiro de 1903: o número de membros passou de 12 para 13, dos quais dois permanentes, ou seja, o Ministro da Guerra com cargo de presidente e o CEMGA com cargo de relator permanente, e 11 membros titulares com posto de General de Divisão, um dos quais era nomeado VPCSG permanente, ou seja, a reforma determinava que o VPCSG mantinha as suas atribuições sem limites de tempo. Alguns dos Generais membros do CSG estavam destinados a receber o Comando de grandes unidades em caso de guerra, supostamente ao nível de Exércitos: os Oficiais que recebiam previamente o Comando de Exércitos eram obrigados a participar nas manobras destas unidades, conforme o estabelecido pelo decreto. Finalmente, refere Carré que as atribuições do VPCSG estavam todavia em conflito com as do

55 Veja-se Rapport au Président de la République Française du 15 Novembre 1895, Journal Officiel de la

République Française. Lois et décrets, Paris, publicação de 16 de novembro de 1895, pg. 6478; texto do decreto disponível em http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k6476419f/f2.item. Veja-se também Carré, Claude, Histoire

du Ministère de la Défense et des Départements ministériels militaires, obra citada, pg. 210; Guinard, Pierre, Inventaire sommaire des archives de la guerre: Introduction: organisation de l’armée française, guide des sources, bibliographie, obra citada, pg. 16.

56 O texto do artigo reza que “La délégation générale de la signature du ministre est attribué au chef d’état-

major général pour toutes les affaires rentrant dans les catégories indiquées à l’article précédent”, id est, a

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CEMGA pois as atribuições do VPCSG nunca foram estabelecidas formalmente por nenhuma norma: este problema também foi resolvido somente com a reforma do cargo do CEMGA em 191157.

Em segundo lugar, é interessante relevar que o aparelho militar francês, assim como a chefia política em França, deram-se conta de que as dimensões de uma guerra futura teriam precisado da coordenação conjunta dos esforços a nível nacional e não separadamente a nível político, militar, económico e social. Para coordenar os esforços nacionais, num relatório ao Presidente da República já em janeiro de 1897 o Ministro da Guerra defendia a necessidade de instituir um Conselho Superior da Defesa Nacional, “dont sa mission plus vaste et plus élevée que celles des Conseils Supérieurs de la guerre et de la marine consistera essentiellement dans l’étude des questions ayant trait à la mise en œuvre, pour la défense du pays, de l’ensemble des forces qui constituent sa puissance”58. Com decreto de 3 de abril de 1906, portanto, foi instituído o Conseil Supérieur de la Défense National (doravante abreviado em CSDN), composto pelo Primeiro-Ministro, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, o das Finanças, o da Guerra e o da Marinha e das Colónias: estes membros tinham poder deliberativo; outrossim, o CEMGA e o Chefe de Estado-Maior da Marinha participavam nas sessões deste órgão e desempenhavam um papel exclusivamente consultivo. Porém, como tinha acontecido ao CSG antes da reforma de 1888, o CSDN reuniu-se somente em quatro ocasiões entre 1906 e 1911; neste ano foi reformado, incluindo dois generais e o Diretor da contabilidade pública com poder deliberativo como os Ministros59.

Finalmente, antes de abordar a última reforma relativa ao CEMGA de 1911, é necessário aqui considerar a situação de potencial conflito entre o mundo civil e o mundo militar, nomeadamente o Estado-Maior, que estava a emergir na sequência do affaire Dreyfus. Por um lado, o affaire Dreyfus envolvia o EMA diretamente, pois uma parte dos papéis produzidos para sustentar as acusações contra o Oficial de artilharia judeu foi – possivelmente – construída ou avalizada por membros do B2. Sem entrar nos detalhes do caso Dreyfus, os elementos que é necessário sublinhar são vários: em primeiro lugar, o caso Dreyfus, e o seu desenvolvimento, é interessante pois mostra de forma nítida a atenção que o EMA francês dedicava à espionagem e à contraespionagem contra o Império alemão; em

57 Carré, Claude, Histoire du Ministère de la Défense et des Départements ministériels militaires, obra citada, pg.

211; Guinard, Pierre, Inventaire sommaire des archives de la guerre: Introduction: organisation de l’armée

française, guide des sources, bibliographie, obra citada, pg. 17.

58 Veja-se Rapport au Président de la République pour la création du CSDN, SHD/AV – 2N1, e Projet de

Constitution d’un Conseil Supérieur de la Défense Nationale, janeiro de 1897, SHD/AV – 7N126. Neste último

documento, da autoria do B1, é claramente explicitado que a tarefa do CSDN é mobilizar as forças vivas da nação inteira, ou seja, industrie, commerce, finance, diplomatie etc., para harmonizar o esforço da nação face à guerra.

59 Carré, Claude, Histoire du Ministère de la Défense et des Départements ministériels militaires, obra citada,

pgs. 210-211. Em torno do decreto que instituiu o CSDN, veja-se Rapport au Président de la République

Française du 3 Avril 1906, Journal Officiel de la République Française. Lois et décrets, Paris, publicação de 4 de

abril de 1906, pg. 2154; texto do decreto disponível em http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k6260743h/f2.item; em torno do decreto que modificou o CSDN, veja-se Rapport au Président de la République Française du 28

Juillet 1911, Journal Officiel de la République Française. Lois et décrets, Paris, publicação de 29 de julho de

1911, pg. 6426; texto do decreto disponível em http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k63366792/f2.item. Vejam-se outrossim os ficheiros relativos à instituição e às reorganizações do CSDN em SHD/AV – 2N1.

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segundo lugar, emerge um posicionamento político muito claro do aparelho militar francês em termos gerais, e do EMA em termos particulares: este posicionamento era radicalmente nacionalista, antissemita e, sobretudo, considerando-se o aparelho militar francês e o EMA como os principais fautores e bandeiras da Revanche, julgavam-se estes acima da lei60.

Atesta Carré que a tensão entre mundo civil e mundo militar alcançou um nível tal que somente com o governo de Waldeck-Rousseau em 1899 e com o Ministério da Guerra entregue ao General Galliffet foi possível encontrar uma solução de compromisso em torno do processo que, por um lado, não prejudicasse a honorabilidade dos Oficiais envolvidos e que evitasse uma solução de força contra as autoridades políticas por parte dos militares, e que por outro lado conseguisse reestabelecer a verdade relativamente às acusações contra Dreyfus61. Relativamente ao caso Dreyfus, pode-se dizer que as tensões entre a sociedade civil e os militares, nomeadamente o EMA, constituíram provavelmente o momento mais delicado nas relações entre políticos e militares, com certeza mais delicado da epopeia política do General Boulanger e da coincidente emergência do boulangisme62; considerando que na epopeia do General Boulanger e no Affaire Dreyfus uma marcha dos militares para tomar o poder contra as autoridades constituídas era possível ou até provável, deve-se considerar este período – os últimos 15 anos do século XIX – como o momento mais tenso em França por causa das relações entre militares e civis.

É de ter em conta, todavia, que, para chegar a uma situação de tensão tão grande, os militares deviam ter tido a possibilidade de chegar a uma posição tal dentro da sociedade, que era para eles possível optar por uma solução de força recebendo apoio popular e não ficando completamente isolados. Isto foi possível provavelmente por causa do reconhecimento por parte da sociedade civil da função fundamental dos militares em relação à Revanche, sendo esta última o supremo objetivo da Troisième République como afirmado supra. O boulangismo, efetivamente, fez sua a mensagem nacionalista francesa, encarada pela Revanche, que acabou por repropor de forma ainda mais exasperada – Boulanger era conhecido como Général Revanche e colocava a retoma dos territórios alsacianos e lorenos como primeiro ponto do seu programa político – e, simplificando, o caso Dreyfus

60 A este respeito, é relevante ler o J’accuse de Emile Zola, em que o escritor e intelectual francês acusa em

vários pontos diversos membros do EMA – sobretudo o CEMGA, General Boisdreffe, e o SCEM, General Gonse – e denuncia que “l’état-major a voulu le procès, l’a jugé, et il vient de le juger une seconde fois”, que o EMA também trabalhava para evitar uma revisão do processo sucessivamente ao achamento de novas provas a favor da inocência de Dreyfus e, finalmente, que “l’affaire Dreyfus était l’affaire des bureaux de la guerre, un

officier de l’état-major, dénoncé par ses camarades de l’état-major, condamné sous la pression des chefs de l’état-major”.

61 Em torno da nomeação de Galliffet, o “Massacreur de la Commune”, portanto inviso aos socialistas, observa

Carré que “pour calmer un état-major qui se sent accusé, pour contenir une armée dont on craint, à tort ou à

raison, un coup d’état, Galliffet, qui a la réputation d’être loyal et apolitique, apparaît comme un saveur”. Para

além disto, Carré sublinha como o Ministro da Guerra usou a mesma inflexibilidade que adotou contra os

communards também contra os elementos do exército que mais ameaçavam soluções antidemocráticas contra os dreyfusards. Sobre o caso Dreyfus, veja-se Carré, Claude, Histoire du Ministère de la Défense et des Départements ministériels militaires, obra citada, pgs. 221-225.

62 Idem, pgs 218-219. Veja-se também Garrigues, Jean, Le Général Boulanger et le fantasme du coup d’état,

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começou no âmbito da espionagem e contraespionagem contra os alemães. Concluindo, o facto de os militares, liderados por Boulanger ou pelo EMA, terem tido a oportunidade real de tentar um golpe na França republicana dos últimos anos do século XIX implica que o poder e o prestígio social que tinham ganhado desde 1871 aumentaram muito; contudo, o facto de estes golpes de Estado nunca terem tido lugar significa que, provavelmente, as possibilidades de sucesso não eram assim tão elevadas e que o poder político tinha conseguido manter um controlo ainda razoavelmente forte sobre o aparelho militar, impedindo-lhe de adotar alguma solução de força contra o status quo constituído. Em virtude do risco de os militares avançarem em direção a um golpe caso o estatuto deles viesse a ser comprometido, nos anos a seguir ao affaire Dreyfus a chefia política tentou, com sucesso, limitar a autonomia dos militares em prol de um controlo mais rigoroso deste corpo.

O primeiro passo neste sentido foi definido pelo decreto do dia 9 de janeiro de 1900, decreto que determinava que as promoções dos Oficiais dentro das Armas seriam estabelecidas pelo poder político, id est, o Ministro da Guerra, e já não pelos Corpos de Exército; o trabalho preparatório relativo à classificação dos Oficias suscetíveis de promoção continuava a ser realizado pelos militares, mas o poder de decisão sobre quem iria ser promovido passou nas mãos da política. Refere Carré, citando as palavras de Olivier Forcade, que “la réforme permet de récupérer l’autorité ministérielle contre l’administration militaire, sinon de l’Etat sur l’Armée”63.

O segundo passo em direção à retomada do controlo do aparelho militar por parte do Ministério foi realizado pelo Ministro da Guerra, General André, em 1902; o Ministro, de orientação política profundamente republicana, não confiando nas informações sobre os Oficiais militares que recebia dos préfets e da hierarquia militar, começou a recolher informações através da loja maçónica do Grand- Orient francês e a compilar fichas sobre os Oficiais. Em 1904 esta recolha de informações, que tinha alcançado níveis elevados, tendo sido compiladas milhares de fichas, emergiu na opinião pública como affaire des fiches, induzindo o Ministro a demitir-se. Contudo, as atividades de controlo dos Oficiais não deixaram de existir e gradualmente passaram a envolver Oficiais que “par des actes publics ou une attitude notoirement connue auraient manqué à la correction politique, au loyalisme républicain”64. Pode-se dizer que, cum grano salis, os 15 anos em que a questão da primazia do poder político sobre o poder militar foi posta em debate e ameaçou explodir num golpe orquestrado por Boulanger ou pelo EMA tinha acabado em favor dos políticos republicanos; é também possível dizer que com a deflagração das duas crises marroquinas o debate interno enfraqueceu em prol de uma

63 Veja-se o Rapport au Président de la République Française du 9 Janvier 1900, Journal Officiel de la

République Française. Lois et décrets, Paris, publicação de 10 de janeiro de 1900, pgs. 171-173; texto do decreto disponível em http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k62476676/f3.item; Carré, Claude, Histoire du Ministère de la

Défense et des Départements ministériels militaires, obra citada, pgs. 225-226.

64 Idem, pgs. 226-229; um outro exemplo da confirmação da primazia política sobre o aparelho militar francês

reside na decisão de 1906 do Ministro da Guerra Berteaux de modificar as prerrogativas dos Oficiais civis e militares, dando antecedência aos Oficiais civis sobre os militares: esta medida extremamente simbólica determinava que um préfet passava a frente de um General de Corpo de Exército, sancionando assim a primazia política e civil sobre os militares.

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colaboração mais estreita entre as autoridades políticas e militares para se organizarem contra o inimigo comum, id est, o Império alemão.

As duas crises marroquinas de 1905 e 1911 prefiguraram claramente que uma guerra que envolveria as maiores potências europeias acabaria por acontecer. Esta situação induziu a chefia político-militar francesa a reformar definitivamente o EMA para resolver a questão do Comando Supremo em campanha e criar uma figura que já em tempo de paz iria desempenhar as funções de Comandante em Chefe do exército. Com decreto de 28 de julho de 1911, portanto, foram determinadas as medidas a serem tomadas para resolver esta vexata quaestio e, ao mesmo tempo, todo um conjunto de problemas que afetavam os Comando Superiores do exército.

Na relação ao Presidente da República anexada ao decreto, o Ministro da Guerra Messimy elencava, em termos gerais, os problemas que ainda afetavam o aparelho militar francês: em primeiro lugar, sublinhava o Ministro que os órgãos de preparação à guerra estavam ainda trop souvant absorbés par des questions de service courant, ou seja, questões administrativas que subtraiam tempo e recursos ao objetivo principal destes órgãos, id est, a preparação da guerra; em segundo lugar, os membros do CSG que iriam desempenhar funções de comando em caso de guerra não dispunham de pessoal de Estado-Maior adequado ao conjunto de questões de natureza militar que deviam estudar; em terceiro lugar, a presença no CSG de um VPCSG travaillant isolément et sans rélations constantes avec l’état-major de l’armée, a eté parfois aussi la cause de un dualisme regrettable entre lui et le chef de l’état-major de l’armée; da mesma forma, o EMA trabalhava independentemente e sem relacionamentos constantes com o General destinado a assumir o cargo de Comandante em Chefe do principal Grupo de Exércitos65; finalmente, o EMA não era capaz de assegurar em caso de guerra um Oficial adequado para auxiliar o Ministro da Guerra e um Major-General para auxiliar as operações com o Comandante em Chefe.

Continua Messimy indicando as medidas apresentadas no decreto com as quais tencionava-se resolver este amplo conjunto de problemas: in primis, o decreto reformava o CSG eliminando a figura do VPCSG e retirando o caráter de permanência das funções desempenhadas pelos outros membros do CSG que iriam comandar os Exércitos: estas funções passavam a ter um prazo anual, para que a cada ano a lista dos Generais membros do CSG pudesse ser revista incluindo os Oficiais considerados melhores e mais aptos ao Comando das unidades maiores. In secundis, para os Generais do CSG que recebiam o Comando de um Exército iam já ser indicados o Chefe de Estado-Maior e o Chefe do bureau des opérations que lhes seriam atribuídos em caso de guerra, assim que pudessem começar a trabalhar juntos já a partir dos exercícios militares e das viagens de Estado-Maior. In tertiis, o decreto

65 Esta situação é chamada por Bourlet “état-major à deux têtes”, pois o VPCSG era teoricamente o Comandante

em Chefe do principal Grupo de Exércitos em guerra, e o CEMGA o seu Chefe de Estado-Maior em campanha; contudo, o VPCSG não desempenhava alguma função relativa à planificação das operações, elemento que teria implicado que em caso de guerra ele teria conduzido o principal Grupo de Exércitos sem ter conhecimento das dinâmicas do plano militar previamente estabelecido pelo CEMGA, criando assim um curto-circuito na cadeia de comando. Veja-se Bourlet, Michaël, L’îlot Saint-Germain au tournant des XIXe et XXe siècles, Revue Historique des armées, vol. 248, 2007, pg. 6.

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reformava o Comité d’Etat-Major, um órgão que tratava da gestão dos aspetos técnicos do Service d’Etat-Major: foi estabelecida uma nova composição deste comité, compreendendo os Chefes de Estado-Maior dos Exércitos e o General que dirigia a Ecole Supérieur de Guerre, e sendo presidido pelo Chefe de Estado-Maior General (figura distinta da do CEMGA, veja-se ultra); o objetivo desta