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Do Plano Curricular do Instituto Cervantes (PCIC) ao ensino da gramática

2.1. Plano Curricular do Instituto Cervantes (PCIC)

O Plano Curricular do Instituto Cervantes (PCIC) é englobado em três volumes, fixando-se e desenvolvendo-se através dos níveis de referência para o ensino da língua espanhola, constituindo, assim, um fio fundamental proporcionador, através de um conjunto de bases teóricas adequadas, a partir do qual se pode planificar e estruturar o ensino da língua espanhola. Assim, neste sentido, Jorge Urrutia (2006:9), citado por García (2007:5), escreve sobre o primeiro volume:

buscamos en este documento establecer los objetivos generales y los contenidos de a enseñanza que son de aplicación en todos los centros para asegurar la coherencia de nuestra actividad académica. Pero, además, aspiramos a ofrecer una guía a todos los enseñantes de español en el mundo, estableciendo niveles de conocimientos y referencias de capacidades.

No quadro de níveis de referência do Conselho da Europa, este Plano Curricular menciona, não só, o plano linguístico, como, também, a componente cultural do ensino da língua não os desenvolvendo, todavia, já que este desenvolvimento segue as diretrizes do Conselho da Europa, que adquire corpo numa série de inventários que não podem ser considerados como um regulador teórico descritivo sobre os âmbitos abordados, nem como um programa de língua a ser lecionado. De facto, apenas constitui um ponto de partida para a elaboração de programas, materiais didáticos, conteúdos para exames,… pretendendo ser o referente internacional para o ensino da língua espanhola, ou seja, servindo, somente, como uma base ou material de trabalho, deixando que o professor recorra à criatividade dentro de uma certa autonomia.

50 Plan Curricular,

http://cvc.cervantes.es/ensenanza/biblioteca_ele/plan_curricular/niveles/02_gramatica_inventario_a1 -a2.htm, acedido a 8 de maio de 2013.

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36 Por outro lado, o Plano Curricular elaborou-se conforme as recomendações expressas no Conselho de Europa, em 2005, (cit. por García, 2007:5), realizando-se um livro para orientação dos desenvolvimentos do Quadro Europeu Comum de Referência (QECR), ou seja, o Plano elaborou-se expressando toda a especificidade da língua espanhola e conservando as caraterísticas comuns, quer as estruturais, quer as de conteúdo. Quanto à exposição geral adotada, o Plano Curricular abarca a língua espanhola pensando, sempre, na comunicação, com uma perspetiva de desenvolver e não visando a limitação gramatical, fazendo contribuições com a filosofia da língua, a sociolinguística, a psicolinguística, a pragmática e a análise do discurso.

A aprendizagem da língua confronta-se com duas perspetivas: a primeira centrada no sujeito da aprendizagem, onde se fixam os objetivos gerais, e a segunda centrada no objeto da aprendizagem, onde pratica as descrições do material que o aluno necessitará para a sua situação comunicativa. Deste modo, cada um dos três volumes do Plano Curricular (vol. I: níveis A1 e A2; vol. II: níveis B1 e B2; e vol. III: níveis C1 e C2), iniciando por uma descrição dos objetivos gerais dos níveis em questão e seguindo-se doze inventários que apresentam o material necessário para o resultado das capacidades comunicativas especificadas no QECR. Salientamos, apenas, o da gramática,

 2. GRAMÁTICA o Introducción o Inventario 1. El sustantivo 2. El adjetivo 3. El artículo 4. Los demostrativos 5. Los posesivos 6. Los cuantificadores 7. El pronombre

8. El adverbio y las locuciones adverbiales 9. El verbo

10. El sintagma nominal 11. El sintagma adjetival 12. El sintagma verbal 13. La oración simple

14. Oraciones compuestas por coordinación 15. Oraciones compuestas por subordinación o Glosario de términos

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2.2. Os níveis de referência do Conselho da Europa

O projeto do nível inicial constituiu um importante avanço na sistematização e harmonização dos conteúdos do currículo do ensino das línguas estrangeiras. Assim, o Conselho da Europa deu, em 200151, um passo considerável com a publicação do Quadro

comum europeu de referência (QECR) para as línguas: aprendizagem, ensino e avaliação, que marcava as iniciativas anteriores, as diretrizes capazes de proporcionar uma adequada coerência entre as diferentes descrições e propostas pedagógicas que se realizaram em torno das diferentes línguas europeias, distinguindo seis níveis. Estes desenvolviam-se de uma forma geral, ou seja, independentes de qualquer língua correta, e geravam-se como um primeiro passo na espera de descrições concretas das diferentes línguas.

A publicação do QECR satisfez, como escreveu Álvaro García Santa Cecilia (2006:16) na ‘’Introducción General’’ do Plano Curricular do Instituto Cervantes,

algunos importantes objetivos anhelados por los responsables educativos y los profesionales europeos en el ámbito de las lenguas: propiciar y facilitar la cooperación entre las instituciones educativas de los distintos países, propiciar una base sólida para el mutuo reconocimiento de certificados de lengua y ayudar a los alumnos, a los profesores, a los responsables del diseño de cursos, a las entidades examinadoras y alos responsables educativos a que coordinen sus esfuerzos.

Estes objetivos cobrem-se mediante a padronização de parâmetros para definir a progressão na aprendizagem das línguas, distinguindo três etapas, cada uma delas subdividida em duas. As etapas podem definir-se como a dimensão vertical do QCER e são as que reúnem no Portfolio Europeu das línguas52:

Tabela 4 – As três etapas do QECR

C Usuario competente C2: Maestría

C1: Dominio operativo eficaz

B Usuario independiente B2: Avanzado

B1: Umbral

A Usuario básico A2: Plafatorma

A1: Acceso

No nível A, descreve-se como ‘usuario básico’, que dispõe de um reportório limitado e para situações do quotidiano; no B, o ‘usuario independiente’ já possui uma maior independência e é capaz de enfrentar um maior leque de situações e, por último, em C, o ‘usuario competente’, está preparado para suportar tarefas complexas de trabalho e estudo.

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Ano europeu das línguas.

52 MEC: http://www.mec.es/programas-europeos/jsp/plantilla.jsp?id=ce4), acedido a 30 de

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38 Se estes níveis constituem a dimensão vertical do QCER, a dimensão horizontal está formada pelos conceitos de atividades, competências e estratégias. Parte-se da ideia de que o progresso na aprendizagem se faz de forma fundamental, naquilo que o aluno é capaz de fazer com ele, ou seja, nas atividades da língua que é capaz de realizar, bem como na realização das atividades evidentes às competências gramaticais e pragmáticas, que se desenvolvem, e nas estratégias comunicativas que são capazes de pôr em prática.

Em suma, valoriza-se um saber em uso, contrário a um saber estático e sem aplicação no quotidiano.

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