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Plano estruturador da cidade – uma nova visão estratégica da

No documento MESTRADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS (páginas 79-83)

Mapa 5 – Comparação do resultado do 1° com o 2° turno

3. Campanha eleitoral de Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo

3.2. Primeiro turno

3.2.1. Pré-Horário Eleitoral

3.2.1.4. Programa de Haddad

3.2.1.4.1. Plano estruturador da cidade – uma nova visão estratégica da

A proposta de um plano reestruturador para São Paulo apresentada por Haddad vinha de encontro com um redesenho urbano que rompesse com o paradigma Prestes Maia.

O modelo de desenvolvimento criado por Prestes Maia73, segundo Haddad, dividia a cidade em cidade-dormitório e área de trabalho. Maia teria

71 Ocorrido no dia 13/08/2014 num auditório de uma universidade para cerca de 500 pessoas.

A ausência mais sentida foi a de Lula que não pode comparecer por conta de ainda não ter a liberação médica.

72 http://oglobo.globo.com/brasil/estrela-petista-desaparece-de-placas-santinhos-5694604 73Francisco Prestes Maia foi prefeito de São Paulo por dois mandatos O primeiro de 1938-1945

sido o grande responsável pela criação de empregos no centro da cidade e a abertura de avenidas sobre rios. Os oitenta anos desse modelo teriam criado uma cidade rádio-concêntrica:

"Nossa cidade é rádio-concêntrica. Todas as radiais levam para os mesmos lugares. Não há infraestrutura que suporte essa sobrecarga de mobilidade, que é fruto da irracionalidade do desenvolvimento. O modelo que desenvolvemos é rodoviarista e tinha como pressuposto o automóvel"74

E mais adiante Haddad mostra a mesma situação por outro prisma:

"Está todo mundo, todos os dias, indo para os mesmos lugares. É como se todo o Uruguai fosse para o centro expandido."75

Somente 20% das subprefeituras de São Paulo oferecem 2/3 das ofertas de emprego da cidade, o que provoca grandes deslocamentos diários e congestionamentos que tornam a cidade desequilibrada e insustentável.

Ao haver esse desequilíbrio da cidade, Haddad observava o tempo da vida das pessoas sendo desperdiçado.

“O tempo das pessoas é sequestrado no trânsito e nas filas.”76

Para Haddad, a liberação do tempo é fator chave para a metrópole: "O fator-chave de uma metrópole é o tempo e ele tem que ser liberado. É sinônimo de liberar as energias

74http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/473271/noticia.htm?sequence=1 75http://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,haddad-lanca-programa-de-governo-e- promete-redesenhar-sp,915930

criativas de cada cidadão. É com essa variável que irei trabalhar, se for eleito.” 77

Ao diagnosticar os problemas da cidade relacionados ao paradigma Prestes Maia, Haddad procurou rompê-lo e propor um novo projeto global de reorganização urbanística e de desenvolvimento econômico e social para São Paulo. Buscava assim reequilibrar a cidade e propor um processo de descentralização do desenvolvimento capitalista a partir de um arco que acabaria com o formato rádio-concêntrico da cidade.

Segundo ele o plano:

"repensa as grandes avenidas como travessas desse arco e não como várias avenidas indo para o mesmo lugar."78

Assim ocorreria um salto de qualidade na interação entre todas as subprefeituras e a interação com a região metropolitana por conta do Arco. O arco dividiria a cidade em duas partes iguais, com metade da população vivendo dentro e a outra fora.

Para reequilibrar a cidade buscava a aproximação da moradia com o emprego. Nos bairros centrais onde se concentra os empregos, Haddad propunha que fossem destinados a moradia também. Já nas regiões onde há muita moradia e as avenidas são apenas locais de passagem, o seu interesse era que se transformasse também em polos industriais e de serviço.

77http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/473271/noticia.htm?sequence=1

78 http://m.folha.uol.com.br/poder/1136598-haddad-lanca-plano-de-governo-e-propoe-arco-do- futuro-para-sp.html

Mapa 1 – Arco do Futuro

Representação do Arco do Futuro. 79

“São Paulo perde muitas empresas hoje por falta de uma visão de desenvolvimento. Muitas empresas que hoje estão fora de São Paulo vão preferir se instalar na Cupecê e na Jacu-Pessego do que se manterem no entorno da cidade.”80

Na visão de Haddad com o equilíbrio da cidade os projetos de educação, saúde e cultura iriam para outras subprefeituras e assim tiraria o foco das regiões do centro e das avenidas Faria Lima, Paulista e Engenheiro Luiz Carlos Berrini. Por fim cada subprefeitura administraria “pequenas cidades”.

O nome original do projeto era Arco do Desenvolvimento, mas foi mudado para Arco do Futuro por sugestão do marqueteiro João Santana. O trajeto do arco começaria na divisa entre São Paulo e Diadema, na avenida

79 Extraído de http://cidadeaberta.org.br/wp-content/uploads/2013/04/arco-do-futuro.jpg

80http://www.cartacapital.com.br/politica/a-dois-meses-da-eleicao-haddad-apresenta-programa- de-governo

Cupecê (zona sul), passaria pela Professor Vicente Rao, Roque Petroni Júnior, marginais dos rios Pinheiros (zonas sul e oeste) e Tietê (oeste e leste) e terminaria na avenida Jacu-Pêssego, na zona leste. Para Haddad:

“Nós temos que transformar a Jacu-Pêssego (zona leste) e a Cupecê (divisa com Diadema) em uma [avenida] Faria Lima. Essas avenidas não são valorizadas como polo gerador de emprego”81

Ao longo do Arco haveria parques tecnológicos, centros hoteleiros, dois centros culturais, centros olímpicos e um parque de exposições. O plano previa um investimento de R$ 20 bilhões em obras viárias nos próximos quatro anos, com a ajuda maciça do governo federal. O novo paradigma teria impactos de curto, médio e longo prazo.

A proposta de um plano estruturador dessa envergadura para a cidade entra novamente na questão de sua viabilidade. Pois como iria haver a sua implementação numa cidade em que a correlação de forças é desfavorável ao PT? Deve-se recordar que pelo ciclo eleitoral da cidade há a relação de duas gestões da oposição para uma petista. Ademais, também deveria ser pensada a viabilidade a partir da demanda de um apoio maciço de investimento proveniente do governo federal. Caso o governo federal perdesse o interesse em investir, como seria possível a sua execução e continuidade.

No documento MESTRADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS (páginas 79-83)