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O Plano Individual de Transição (PIT)

2. CAPÍTULO II – CONSTRUÇÃO DE UMA POLÍTICA DE INCLUSÃO

2.6. O Plano Individual de Transição (PIT)

De acordo com artigo 1º do Decreto-Lei nº 3/2008, no ponto número 2,

“A educação especial tem por objectivos a inclusão educativa e social, o acesso e o sucesso educativo, a autonomia, a estabilidade emocional, bem como a promoção da igualdade de oportunidades, a preparação para o prosseguimento de estudos ou para uma adequada preparação para a vida profissional e para uma transição da escola para o emprego das crianças e dos jovens com necessidades educativas especiais nas condições acima descritas.” (ME, Diário da República, 1.ª série — N.º 4 — 7 de Janeiro de 2008, p. 155)

Continuando a abordagem ao Decreto-Lei 3/2008, após a referenciação do aluno, cabe ao departamento de educação especial e ao serviço de psicologia elaborar um relatório técnico-pedagógico conjunto, no qual estarão especificadas as necessidades educativas da criança ou jovem.

Do relatório técnico-pedagógico constarão “os resultados decorrentes da avaliação, obtidos por referência à Classificação Internacional da Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, da Organização Mundial de Saúde, servindo de base à elaboração do programa educativo individual.” (ibid., artigo 6º, ponto número 3)

No programa educativo individual constarão as necessidades educativas especiais da criança bem como as medidas educativas a implementar e as formas de avaliação. Este documento fará parte do processo individual do aluno.

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De acordo com os resultados obtidos pelo aluno com a implementação do PEI, no final de cada ano letivo será elaborado um relatório circunstanciado. Este relatório será elaborado pelos vários intervenientes que acompanham o desenvolvimento do processo educativo do aluno e nele constarão as necessidades educativas especiais das quais a criança ou jovem deverá continuar a beneficiar ou as eventuais alterações ao PEI, se as houver.

Segundo o Decreto-Lei 3/2008, estes relatórios (PEI e relatórios circunstanciados) deverão acompanhar o processo do aluno aquando da sua transição para outro estabelecimento de ensino.

O artigo 14.º refere no seu ponto número 1 que

“Sempre que o aluno apresente necessidades educativas especiais de carácter permanente que o impeçam de adquirir as aprendizagens e competências definidas no currículo deve a escola complementar o programa educativo individual com um plano individual de transição destinado a promover a transição para a vida pós-escolar e, sempre que possível, para o exercício de uma actividade profissional com adequada inserção social, familiar ou numa instituição de carácter ocupacional.” (ibid., p. 157-158)

O mesmo artigo salienta no seu ponto número 3 que, “no sentido de preparar a transição do jovem para a vida pós-escolar, o plano individual de transição deve promover a capacitação e a aquisição de competências sociais necessárias à inserção familiar e comunitária.” (ibid., p. 158)

A Portaria n.º 201-C/2015, de 10 de julho, do Ministério da Educação e Ciência menciona que o facto da escolaridade obrigatória ter aumentado para doze anos, requer uma atualização da formação dos alunos com necessidades educativas especiais que frequentam a escolaridade com Currículo Específico Individual (CEI) e Plano Individual de Transição (PIT), devendo ter-se em conta uma adequada articulação da escola com organizações da comunidade. Refere este documento que o processo de transição para a vida pós-escolar dos alunos com necessidades educativas especiais deverá ter como principal objetivo a preparação dos jovens para uma vida ativa e com qualidade.

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O artigo 1º desta portaria salienta: “A presente portaria regula o ensino de alunos com 15 ou mais anos de idade, com currículo específico individual (CEI), em processo de transição para a vida pós-escolar”. Já o artigo 2º refere que a mesma se aplica “à organização dos planos individuais de transição (PIT) de alunos com CEI, visando a consolidação e melhoria das capacidades pessoais, sociais e laborais, na perspetiva de uma vida adulta autónoma e com qualidade.” (MEC, Diário da República, 1.ª série — N.º 133 — 10 de julho de 2015, p. 4782-(8))

De acordo com o artigo 4º, “O PIT para a vida pós-escolar deve orientar-se pelo princípio da universalidade e da autodeterminação do direito à educação e, em termos pedagógicos, pelos princípios da inclusão, da individualização, da funcionalidade, da transitoriedade e da flexibilidade”. (ibid., p. 4782-(8))

O artigo 5.º da Portaria n.º 201-C/2015, de 10 de julho, explana o PIT:

“1 — Três anos antes da idade limite da escolaridade obrigatória, o CEI inclui obrigatoriamente um PIT que deve ser elaborado em colaboração com os seus pais ou encarregados de educação e representantes das organizações da comunidade que vão ser implicados na vida e no percurso do aluno. 2 — O PIT é um conjunto coordenado e interligado de atividades delineadas para cada aluno, visando garantir a oportunidade, o acesso e o apoio à transição da escola para as atividades pós-escolares, podendo incluir treino laboral no local de trabalho, esquemas de emprego apoiado, atividades de vida autónoma e de participação na comunidade. 3 — O PIT deve basear-se nas necessidades individuais de cada aluno, atendendo às suas preferências e interesses, tendo como perspetiva proporcionar as oportunidades e capacidades que promovam a autodeterminação, a inclusão e a participação em todos os aspetos da vida adulta. 4 — O PIT para os jovens cujas capacidades lhes limitem o exercício de uma atividade profissional no futuro, deve focalizar-se na identificação de atividades ocupacionais adequadas aos seus interesses e capacidades. 5 — O PIT deve visar designadamente os seguintes objetivos: a) Continuação do aperfeiçoamento nas áreas académicas ministradas, sempre que possível, em coordenação com as atividades de treino laboral que os alunos estejam a realizar, garantindo-se a funcionalidade das mesmas; b) Continuação do desenvolvimento de atividades recreativas, desportivas, culturais, cívicas e de desenvolvimento

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pessoal e social, que possam contribuir para o enriquecimento da vida do aluno, nas suas dimensões pessoal e social; c) Ampliação do âmbito das atividades de treino laboral, quer no tempo que lhe é destinado, quer na complexidade das competências a desenvolver, quer no nível de autonomia exigido; d) Introdução de conteúdos funcionais apropriados às idades em causa e essenciais ao longo da vida. 6 — No decurso da implementação do PIT os alunos devem ter experiências laborais em instituições da comunidade, empresas, serviços públicos ou outras organizações a identificar pela escola. 7 — Para efeitos do disposto no número anterior, as escolas podem ter o apoio de Centros de Recursos para a Inclusão. 8 — O aluno que conclui a escolaridade obrigatória obtém uma certificação que atesta os conhecimentos, capacidades e competências adquiridas, para efeitos de admissão no mercado de trabalho. 9 — O certificado a que se refere o número anterior deve conter informação útil, designadamente identificação da área de formação laboral, local e período de duração do(s) estágio(s), bem como as competências sociais e laborais adquiridas, entre outra informação relevante para o efeito.” (ibid., p. 4782-(9))

O projeto de decreto-lei referente à Alteração ao Decreto-lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro – Versão para consulta pública, no artigo 27.º respeitante ao Plano individual de transição, reforça a ideia de que o programa educativo individual deve ser complementado por um plano individual de transição, com o intuito de “promover a transição para a vida pós-escolar e, sempre que possível, para o exercício de uma atividade profissional.” (p. 13)

Refere o que já se encontra na redação da Portaria n.º 201-C/2015, de 10 de julho, nomeadamente: “O plano individual de transição deve orientar-se pelo princípio da universalidade e da autodeterminação do direito à educação e, em termos pedagógicos, pelos princípios da inclusão, da individualização, da funcionalidade, da transitoriedade e da flexibilidade” (ibid., p. 13-14) e também o facto da implementação do plano individual de transição se iniciar três anos antes da idade limite de escolaridade obrigatória.

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3. CAPÍTULO III – Caracterização do Contexto do