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PARTE I. PLANOS DE GESTÃO FLORESTAL

3 PLANEAMENTO FLORESTAL EM ESPANHA – PERSPETIVA BREVE

3.4 Planos Florestais das Comunidades Autónomas

Os Planos Florestais das Comunidades Autónomas (PFCA) são os elementos de planeamento florestal à escala regional. A sua elaboração teve origem no seguimento da transferência das competências florestais e ambientais para as Comunidades Autónomas e também na necessidade de enquadrar e legislar os instrumentos de planeamento e gestão florestal. Segundo MOLINA (2002), os PFCA surgiram como uma iniciativa necessária para a organização de um sector completamente desestruturado e como condição obrigatória para a obtenção de financiamento através de Fundos Estruturais.

A primeira Comunidade Autónoma a elaborar e a aprovar o seu Plano Florestal foi, em 1989, a Andaluzia. Outras Regiões se seguiram e, até à data de hoje, a Cantábria foi a última a aprovar o seu Plano Florestal, em 2005. A Comunidade Autónoma das Ilhas Baleares é aquela que ainda não dispõe de Plano Florestal aprovado, estando em fase de elaboração. O Quadro 7 indica a evolução temporal da aprovação dos Planos Florestais das Comunidades Autónomas.

Pela análise ao Quadro 7 constata-se que em algumas Comunidades Autónomas o respetivo Plano Florestal foi homologado em data anterior à aprovação dos instrumentos principais de planeamento florestal, nomeadamente da Estratégia Florestal Espanhola, aprovada em 1999 e do Plano Florestal Espanhol, aprovado em 2002. Este desfasamento temporal na aprovação dos Planos, aliado à ausência de uma matriz de referência para a sua elaboração e ao facto das Comunidades Autónomas terem competências que lhes permitem a aprovação de legislação florestal própria, deu origem a que alguns desses Planos fossem bastante heterogéneos entre si, situação indutora de conflitos de harmonização da política florestal nacional e autonómica. Com a aprovação da Lei de Montes, em 2003, de acordo com VERGARA et al. (2006), as Comunidades que ainda não possuíssem Plano Florestal, passariam a dispor de um quadro normativo estatal de referência para a sua elaboração, as outras Comunidades, onde já estava aprovado o respetivo Plano Florestal, em futuros processos de revisão, e por forma a haver uma concertação entre as diversas escalas de planeamento, passariam também a dispor desse quadro legislativo padrão.

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Quadro 7 – Evolução temporal da aprovação dos Planos Florestais das Comunidades Autónomas

[Adaptado de DONCEL (2008)]

Ano de Publicação Comunidade Autónoma Plano

1989 Andaluzia Plano Florestal

1992 Galiza Plano Florestal

1994 Catalunha Plano Geral de Política Florestal

1994 País Basco Plano Florestal

1994 Castela La-Mancha Plano Florestal 1997 Comunidade Foral de Navarra Plano Florestal

1999 Aprovação da Estratégia Florestal Espanhola

1999 Madrid Plano Florestal

1999 Canárias Plano Florestal

2001 Aragão Plano de Ação Florestal e de Conservação da Biodiversidade 2002 Castela e Leão Plano Florestal

2002 Astúrias Plano Florestal

2002 Aprovação do Plano Florestal Espanhol

2002 Região de Múrcia Estratégia Florestal

2003 Extremadura Plano Florestal

2003 Aprovação da Lei de Montes

2003 La Rioja Plano Florestal

2004 Comunidade Valenciana Plano Geral de Ordenamento Florestal a)

2005 Cantábria Plano Florestal

Ilhas Baleares b)

a) Segundo DONCEL (2008), o Plano Geral de Ordenamento Florestal da Comunidade Valenciana foi considerado nulo por ter sido “contrário ao Direito”. Foi aceite um recurso que solicitava a anulação do Plano por não apresentar o parecer obrigatório do Conselho Florestal da Comunidade Valenciana e também por não incluir o inquérito público a Entidades Locais e a outros Serviços da Administração.

b) Plano Florestal em fase de elaboração.

Os Planos Florestais das Comunidades Autónomas consideradas neste trabalho, nomeadamente: Andaluzia, Castela e Leão, Catalunha, Extremadura, Galiza e Navarra apresentam-se seguidamente:

3.4.1 Andaluzia

O Plano Florestal da Andaluzia foi o primeiro a ser aprovado em Espanha sendo a sua data de entrada em vigor, 07 de fevereiro de 1989. Foi um Plano pioneiro e inovador que, segundo PÉREZ (2006), serviu de modelo, com as devidas adaptações, à elaboração dos Planos Florestais das outras Comunidades Autónomas e também como exemplo para países estrangeiros, nomeadamente a Argentina.

3.4.2 Castela e Leão

A Comunidade Autónoma de Castela e Leão aprovou a Estratégia Florestal da Comunidade de Castela e Leão (EFCCL) pelo Decreto 115/1999, de 3 de junho. Segundo o referenciado neste

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dispositivo legal a EFCCL será uma base de trabalho para a elaboração do Plano Florestal Regional de Castela e Leão e para os planos sectoriais que definam os objetivos prioritários a médio e longo prazo para o melhor desenvolvimento, conservação e promoção económica dos Montes da Região. O Plano Florestal de Castela e Leão (PFCL), aprovado pelo Decreto 55/2002, de 11 de abril, apresenta, segundo este normativo, como objetivos principais: melhorar as condições do meio natural, dos seus recursos e da diversidade biológica; contribuir para um desenvolvimento sustentável; potenciar a grande variedade de funções dos Montes e promover a participação dos protagonistas do sector. Este Plano Regional de âmbito sectorial é composto por vinte Documentos que incluem uma Introdução e dezanove Programas Temáticos. Segundo JÍMENEZ (2006), estes dezanove Programas abrangem as linhas principais da gestão do meio natural no espaço temporal de vigência do Plano (vinte e sete anos). Destes Programas, destacam-se, pela sua transversalidade, os Instrumentos de Planeamento relativos ao Meio Rural, onde se incluem, no âmbito mais restrito do Planeamento e Ordenamento Florestal, os Projetos de Ordenamento de Montes e os Planos Dasocráticos.

3.4.3 Catalunha

O Plano Geral de Política Florestal da Catalunha, segundo GALINDO (2006), estrutura-se em duas grandes secções temáticas:

 Definição dos objetivos gerais do Plano (em concordância com o disposto na Lei Florestal), descrição do quadro legislativo, informação do tipo de estrutura da administração florestal e da sua relação com os diversos agentes do sector florestal;

 Indicação das propostas de ação com a referência aos custos de implantação das diversas medidas, em número de trezentas e cinquenta a aplicar no período dos dez anos de vigência.

3.4.4 Extremadura

O Plano Florestal da Extremadura (PFE) é o instrumento de planeamento florestal em vigor nesta Comunidade Autónoma e que atualmente está em processo de revisão. Segundo SANTOS (2006), o PFE apresenta-se como um instrumento de planificação territorial, com uma vertente política e uma vertente técnica, tendo como objetivos o aproveitamento sustentável dos recursos florestais e do meio natural, a integração da política florestal da Extremadura na política de meio natural da União Europeia e a obtenção de um consenso entre todos os intervenientes para os quais se destina este Plano.

3.4.5 Galiza

O Plano Florestal da Galiza, segundo FERNÁNDEZ-COUTO (2006), estabelece uma política florestal cujo objeto é o Monte enquanto meio natural e o sector florestal como conjunto integrador. O mesmo autor refere ainda que o objetivo principal da política florestal nesta Comunidade Autónoma passaria, sempre, em primeiro lugar, pela Defesa Contra Incêndios e, em segundo lugar, pelo estabelecimento de um equilíbrio entre a função ambiental do Monte e a obtenção de rendimentos económicos.

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3.4.6 Navarra

O Plano Florestal de Navarra, segundo ELORRIETA (2006), estrutura-se numa série de Metas, consubstanciadas em Medidas e Ações, com o objetivo de assegurar a sustentabilidade, nomeadamente:

 Incremento em quantidade e qualidade da superfície florestal de Navarra;

 Reforço da proteção dos Bosques como reservatórios da Biodiversidade e como garantia da qualidade dos recursos naturais;

 Defesa do Monte contra os riscos naturais e humanos;

 Desenvolvimento da produção sustentável de bens económicos;  Adequação dos Montes como resposta à procura de usos sociais;  Fomento de uma indústria florestal competitiva e adequada aos recursos;  Reforço da atividade de gestão dos agentes florestais.