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2 REVISÃO GERAL

2.3 Plantios de espécies florestais arbóreas

No país existem extensas áreas degradadas e de Reserva Legal aptas à implantação de florestas e agroflorestas que devem ser, preferencialmente, recompostas e manejadas com espécies da flora brasileira (BRASIL, 2007). A silvicultura com espécies nativas e os sistemas agroflorestais apresentam-se como alternativas potencialmente viáveis para o uso da terra, com grande possibilidade de se transformarem em um importante segmento de geração de riquezas, com a agregação de valores ambientais.

Para que os plantios das espécies arbóreas nativas tornem-se técnica e economicamente viáveis, considera-se necessário o desenvolvimento de programas de melhoramento genético e o desenvolvimento de sistemas silviculturais, observando-se as exigências ecológicas de cada espécie (EMBRAPA, 1988).

As florestas exercem inúmeras funções, desde a proteção de infraestruturas, passando pela proteção de águas e encostas, produção de matéria-prima florestal, até os diversos tipos de consórcios agroflorestais. Considerando-se os atuais efeitos negativos do desequilíbrio ambiental e da escassez dos recursos naturais, as árvores representam importante função para a conservação da água e minimização do aquecimento global (BAGGIO et al., 2009).

A sobrevivência e o crescimento inicial a campo de espécies arbóreas são desempenhos possíveis de serem previstos por meio da observação das características morfológicas das mudas (RITCHIE et al., 2010). Além disso, é importante considerar que plantas com sistema radicular bem desenvolvido têm mais chances de sobrevivência no campo (CAMPO; UCHIDA, 2002).

Pesquisas enfocando a importância da utilização de estratégias para se obter elevação da qualidade de mudas e garantir o desempenho destas no campo estão presentes na literatura, como a desenvolvida por Gasparin (2012), que concluiu que a aplicação de fertilizante de liberação controlada (FLC) na produção de mudas de Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan em viveiro teve efeito positivo no crescimento da espécie, atingindo os padrões de qualidade para o plantio a campo aos 180 dias.

Segundo Renner et al. (2010), em plantios florestais tratos culturais simples, como realização de capinas e controle de formigas, contribuem significativamente no estabelecimento das mudas, melhorando seu vigor e reduzindo a mortalidade.

O plantio de mudas na primavera é recomendado, principalmente nas regiões mais frias, em função do início do período de chuvas e da aceleração do crescimento das plantas,

que podem alcançar porte suficiente para suportar geadas no inverno seguinte. Porém, devido às mudanças climáticas, esta relativa segurança não é tão confiável como no passado, uma vez que a irregularidade das chuvas e a intensidade da insolação nos períodos pós-plantio têm influenciado negativamente na sobrevivência das mudas. Os efeitos da insolação vêm crescendo em agressividade na medida em que é reduzida a camada de ozônio do planeta, enquanto que a distribuição e intensidade das precipitações sofrem grande influência do aquecimento global (BAGGIO et al., 2009).

Radomski et al. (2012) pesquisando sobre tamanho de covas (20x20x20 cm e 30x30x 30 cm) e adubação (adubação orgânica - 5 L de esterco de gado e adubação mineral - 100 g de NPK, em duas formulações - 5-25-25 e 2-25-25) em plantio de C. trichotoma, salientam que a utilização de covas de 20x20x20 cm é o mais recomendado em áreas de latossolo vermelho- escuro e, no caso da adubação, ficou evidente o efeito positivo da combinação da adubação orgânica + a adubação química, que atingiu o maior crescimento em altura e em diâmetro das plantas aos cinco anos de idade. A forma e quantidade da adubação podem ficar a critério do agricultor, segundo os autores, em função da disponibilidade e custos desses insumos.

De acordo com Baggio et al. (2009), períodos de estiagem cada vez mais comuns e agressivos nos meses mais quentes, devido principalmente à potencialização da radiação solar, dificultam sobremaneira os plantios de mudas, mesmo estes sendo realizados com o solo úmido, com mudas adequadas e em período propício. Desta forma, medidas preventivas são necessárias para garantir o sucesso deste tipo de implantação, tais como a irrigação ou utilização de produtos que conservam a umidade no solo, como substâncias húmicas ou hidrogéis, além da manutenção de uma boa camada de cobertura morta nas coroas das mudas.

A influência do uso da capina e da adubação em plantio de C. trichotoma foi tema do estudo desenvolvido por Salvadori et al. (2013), no município de Japorã (MS), no período de setembro de 2008 a março de 2010. O bloco sem adubo e coroado apresentou maior percentual de sobrevivência, porém, menor incremento em altura, podendo exigir menos investimento financeiro neste método de plantio, sendo uma boa opção para regeneração de locais degradados e mata ciliar, onde a sobrevivência das mudas pode ser mais interessante que a velocidade de crescimento. Já os blocos com adubo e coroado, bloco com adubo e terra nua e bloco sem adubo e terra nua revelaram o mesmo padrão de sobrevivência, além de média de crescimento semelhante. No entanto, o custo financeiro da operação de coroamento e adição de adubo pode ser menor do que manter toda terra sem cobertura vegetal e livre de competição entre a cultura e outras plantas, além de sugerir ser ambientalmente mais adequado para evitar erosão, ciclagem de nutrientes, proteção e cobertura do solo.

EMBRAPA (1988) considera que a espécie apresenta crescimento rápido (incremento médio anual de até 23 m3 ha-1 ano-1) e boa forma, sendo que atingiu, em espaçamento de 3 m x 2 m, altura média de 9,06 m, diâmetro do tronco médio de 9,6 cm e sobrevivência de 99%, aos oito anos de idade, em Cascavel, sudoeste do Paraná, em Latossolo Roxo distrófico. Porém, segundo Carvalho (2002), o louro-pardo apresenta crescimento lento a moderado no Brasil, sendo que os melhores incrementos volumétricos registrados em plantios foram de 10,70 m3 ha-1 ano-1 aos 5 anos e 9,65 m3 ha-1 ano-1, aos 10 anos. Para o IPEF (2014) a espécie apresenta um crescimento lento, sendo que os melhores incrementos volumétricos registrados em plantios foram de 9,65 m3 ha-1 ano-1 aos 5 anos de idade, sendo o espaçamento médio utilizado de 3m x 2 m e a porcentagem média de plantas vivas, de 78%.

De acordo com Radomski et al. (2012), em um sítio considerado de alta produtividade, com solo profundo, ausência de limitação de bases trocáveis e de toxidez por alumínio, a média do DAP para C. trichotoma foi de 8,0 cm, com uma altura média de 6,9 m, aos sete anos de idade.