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PLP 37-2007 (João Dado – PDT-SP) – Anexo D

4 A OPORTUNIDADE DE UM CÓDIGO DE DEFESA DO

4.4 Aplicação do método ao objeto: análise dos projetos de lei

4.4.3 PLP 37-2007 (João Dado – PDT-SP) – Anexo D

I. Qual o objetivo pretendido pelo projeto de lei?

Estabelecer a isonomia constitucional e promover a eficiência administrativa no âmbito das restituições de créditos tributários seja pela via judicial, seja pela administrativa.

A proposta se limita a alterar o art. 167, CTN, estabelecendo paridade entre o índice de cálculo de juros moratórios utilizado pela entidade tributante para a cobrança de créditos e aquele utilizado para o cálculo de restituições. Ademais, a nova redação estabeleceria os termos a quo de contagem dos encargos: se deferido por decisão administrativa, contar-se-ia da data do pedido; se deferido por decisão judicial, da data de ajuizamento da ação, inexistindo pedido administrativo prévio; em havendo prévio pedido indeferido, a partir da data de apresentação deste.

II. Quais as razões que determinaram a iniciativa?

A iniciativa se justifica para combater o fato de órgãos fazendários calcularem os juros moratórios sobre restituições tributárias com índices inferiores àqueles utilizados para a atualização de créditos da entidade tributante.

Igualmente, visa a prevenir a prática fazendária de não aceitar ou indeferir de pronto pedidos administrativos de restituição de indébito, bem como de protelar processos judiciais nesse sentido, tendo em vista que os juros moratórios dos valores devidos são atualmente contados somente a partir do trânsito em julgado da decisão que determina a restituição do crédito.

III. Quais os instrumentos propostos pelo projeto que parecem adequados para alcançar os objetivos pretendidos, no todo ou em parte?

Altera a redação do art. 167, CTN, para estabelecer igual índice de atualização de juros para créditos e obrigações da entidade tributante, bem como estabelecendo o termo a quo da contagem de juros para a restituição por via administrativa ou judicial.

III.A. Os instrumentos listados na questão anterior são adequados considerando os fatores abaixo?(Fatores no Questionário-Modelo)

Adequado. A nova redação soluciona longa desigualdade entre Fisco e contribuintes, tendo em vista as diferenças de cálculo de atualização entre créditos e obrigações da entidade tributante, principalmente em face das diferenças entre o art. 161 e 167, CTN, nas suas redações atuais. Atualmente, o cálculo da restituição de indébito é orientado pela Lei nº 9.065/95 e pela Súmula nº 188, STJ, sendo atualização monetária e juros corrigidos unicamente pela taxa SELIC – incidindo juros na restituição apenas após o trânsito em julgado da sentença, o que pode demorar décadas. Até hoje, a diferença tem sido justificada pela supremacia do interesse público sobre o privado, o que não merece prevalecer neste caso, ante o claro rompimento da isonomia entre Fisco e contribuintes em grande prejuízo destes últimos. Por outro lado, conquanto novamente não se trate de uma proposta de Código de Defesa do Contribuinte, a iniciativa em análise, a qual tramita também em apenso ao supramencionado PLP 194-2001, contribui para a qualidade daquele projeto. Não de outra forma, no art. 17 do PLP 194-2001 se altera apenas o parágrafo único do art. 167, conferindo-lhe a seguinte redação: “a restituição vence juros iguais aos cobrados pela Fazenda Pública no caso de pagamento espontâneo fora de prazo, calculados a partir da data do pagamento indevido”, alteração que contribui menos para o ordenamento jurídico-tributário que aquela trazida pela proposta ora em análise, a qual altera todo o art. 167, atualizando-lhe a redação para prever hipóteses administrativa e judicial de restituição, bem como tornando isonômica a forma de cômputo da atualização dos valores devidos seja pela Administração Pública, seja pelo cidadão-contribuinte.

III.B O Congresso possui competência legislativa plena para tratar dos pontos tratados no projeto? A matéria é reservada à lei complementar? Em qualquer caso negativo, para qual ponto falta competência?

Considerando que a proposição visa alterar o CTN, restringe-se à competência privativa da União para legislar sobre a questão mediante lei complementar, conforme o art. 24, I e §1º c/c art. 146, III, CF.

IV. A disciplina proposta é necessária e adequada para consecução dos fins pretendidos? Tendo em vista os limites dos fins pretendidos, conforme apresentados na proposta, esta é necessária e adequada. Todavia, não há que se dizer que a iniciativa por si estabelecerá a isonomia e a eficiência nas relações entre contribuinte e Fazenda Pública no Brasil. Uma efetiva contribuição legislativa nesse sentido exige maior intervenção no ordenamento jurídico, na forma, por exemplo, de um Código de Defesa do Contribuinte.

V. O projeto de lei contém disposições programáticas que exigirão posterior regulamentação?

Não.

VI. As disposições conflitam com outras normas do ordenamento, sejam elas normas constitucionais, complementares, legais, infralegais ou mesmo tratados internacionais aprovados pelo Congresso Nacional? Por outro lado, repete dispositivos presentes em outros diplomas legais?

Não.

VII. O prazo para entrada em vigência é adequado? Deve haver vacatio legis? Sim, sendo alteração legislativa específica, prescinde de vacatio legis.

VIII. A organização e a sistemática da proposta são adequadas para os fins pretendidos? Sendo apenas diploma alterador, a organização dos dispositivos na nova redação é adequada ao fim pretendido.

IX. A iniciativa exigirá implementação mediante publicidade pelos meios de comunicação? Não.

X. As disposições normativas são exequíveis? Afetam órgãos da Administração Pública? Quais?

Exequível, afetando principalmente o Ministério da Fazenda, a Receita Federal e os órgãos de arrecadação de todos os demais entes federativos simultaneamente, tendo em vista sua entrada em vigor a partir da publicação.

XI. Quais órgãos ou instituições que devem assumir a responsabilidade pela execução das medidas?

O Ministério da Fazenda, a Receita Federal e as secretarias e órgãos de arrecadação fazendários de todos os entes federativos.