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3 TRAJETÓRIA DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL E NO ESTADO DO CEARÁ

3.2 Política de Assistência Social no Estado do Ceará: histórico da STDS

Órgão de referência na coordenação da assistência social no Estado do Ceará, a STDS tem na sua atual composição de serviços ofertados de uma gama de programas e instituições que, de forma segmentada, historicamente atenderam no estado às demandas da população pobre, crianças, adolescentes e idosos em situação de vulnerabilidade, vinculados aos principais órgãos de assistência social no país, existentes nesse período, que eram a Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor (FUNABEM) – responsável pelo atendimento de crianças e adolescentes em conflito com a lei – e a Legião Brasileira de Assistência (LBA), que tinha como principais programas: as creches-casulo, a distribuição de leite em pó para famílias de baixa renda, a educação para o trabalho, o registro civil, a assistência ao idoso, a assistência ao excepcional e o Programa Nacional de Voluntariado.

Órgãos como Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor do Ceará (FEBEMCE), Fundação dos Serviços Sociais do Estado do Ceará (FUNSESCE), e

Fundação de Assistência às Favelas da Região Metropolitana de Fortaleza (PROAFA) ajudaram a delinear o que hoje compõe o quadro de servidores e a composição dos programas e projetos coordenados pela secretaria.

Conforme histórico da instituição, disponibilizado em seu sítio na internet (http://www.stds.ce.gov.br/index.php/institucional/historico), a primeira regulamentação do órgão, enquanto Secretaria, aconteceu em 1987, através da Lei No. 11.306, de 01 abril de 1987, que criou a Secretaria de Ação Social – SAS, com o objetivo de coordenar todas as ações da área social, tendo como vinculadas a FUNSESCE, a PROAFA e a FEBEMCE. Em outubro do mesmo ano, a Coordenadoria Estadual da Defesa Civil passou a integrar a estrutura organizacional da SAS.

Tratava-se de um contexto de redemocratização do país, após vinte anos de ditadura militar, grave crise econômica, acirrada pela inflação abusiva e altos índices de desemprego. Problemas históricos como a mortalidade e o trabalho infantil, o analfabetismo, o êxodo rural provocado pela seca no interior delineavam o cenário local na época.

Em 1991, a pasta teve seu nome alterado pela Lei No. 11.809, de 22 de maio de 1991, e passou a se denominada Secretaria do Trabalho e Ação Social. Com a mudança, foi incorporado ao órgão os serviços vinculados à geração de emprego e renda. Ainda conforme o histórico9 da Secretaria:

A Secretaria do Trabalho e Ação Social - SETAS, através da Lei 12.961 de 03 de novembro de 1999, do Decreto Nº 25.706, de 15 de dezembro de 1999, foi reestruturada absorvendo toda a estrutura organizacional e o quadro de servidores da Fundação da Ação Social - FAS, extinta mediante o Decreto Nº 25.696, de 29 de novembro de 1999 e da Fundação Estadual do Bem Estar do Menor - FEBEMCE, também extinta pelo Decreto Nº 26.697, da mesma data. A partir de então, torna-se orgão de execução e coordenação, da Política do Trabalho e Assistência Social, no âmbito do Estado do Ceará.

Em 2003, a Secretaria do Trabalho e Ação Social - SETAS, através da Lei Nº 13.297, de março de 2003, dentro do modelo de gestão do Governo que assumiu, passa a ser denominada Secretaria da Ação Social - SAS, com as competências de Planejar, coordenar, executar, acompanhar e avaliar as Políticas de Assistência Social e da Criança e do Adolescente.

Em 2007, a Secretaria de Ação Social através da Lei Nº13.875, de 07 de fevereiro de 2007, e do Decreto Nº28.658, de 28 de fevereiro de 2007, dentro do modelo de gestão do Governo que assumiu, foi reestruturada

9 Há uma imensa dificuldade em resgatar o histórico da STDS, restrito às informações do site ou a uma pesquisa de campo mais aprofundada junto aos servidores, que não era objetivo deste estudo.

absorvendo toda a estrutura organizacional de Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo, passando a ser denominada Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social - STDS, tendo por finalidade contribuir com o desenvolvimento sócio-econômico do Estado e promoção da cidadania (STDS, 2014).

A Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS) atualmente é responsável pela coordenação das Políticas do Trabalho, Política de Segurança Alimentar e Nutricional e pela Política de Assistência Social em todo o estado do Ceará. No estado do Ceará, o monitoramento dos CRAS no fica a cargo da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), que também é responsável pela coordenação das Políticas do Trabalho e de Segurança Alimentar e Nutricional. No âmbito da assistência social, o organograma da referida secretaria aponta a seguinte organização: Área de Gestão do Suas e Assessoramento aos Municípios, Coordenadoria de Proteção Social Básica e Segurança Alimentar e Nutricional (CPSB e SAN) e Coordenadoria de Proteção Social Especial.

Figura 1 - Organograma da STDS Assistência Social

Fonte: <http://sistemas3.seplag.ce.gov.br/download/organograma/stds-index.swf>. Acesso em 10 jan. 2015.

Na área de Assistência Social, a STDS desenvolve diretamente serviços socioassistenciais em 08 (oito) unidades, das quais 03 (três) são serviços de proteção social especial de média complexidade e 05 (cinco) de alta complexidade, destas, apenas 01 (um) está instalada no interior do Ceará (MELO, 2013). Outra dimensão trabalhada na política é o assessoramento aos municípios:

O assessoramento aos municípios, segundo o Decreto de nº 28.658, de 28 de fevereiro de 2007 que regulamenta a estrutura organizacional da STDS tem como objetivos principais: prestar assessoria técnica e capacitação; apoiar e fomentar as instâncias e órgãos de gestão participativa e descentralizada e promover, subsidiar e participar de atividades de formação sistemática de gestores, conselheiros e técnicos, no que concerne à implementação e qualificação do Suas. A regulação do Suas, em conformidade com o Decreto acima referido configura-se pelas funções de: regular a prestação de serviços socioassistenciais e as relações entre o Estado, municípios e ONGs; coordenar a formulação de critérios de partilha de recursos para os municípios; estabelecer

diretrizes para a participação do Estado e municípios no financiamento dos serviços e articular a implementação do cadastro estadual de entidades de Assistência Social e de programas e serviços de entidades sociais que realizam ações assistenciais. Tais regulamentações devem ser materializadas por meio de leis, decretos, resoluções e portarias, de forma a legalizar a política de assistência social, contribuindo para que sua operacionalização seja continuada, enquanto política de Estado e não apenas de governo (MELO, 2013, p 16).

Dentre os Serviços de Proteção Social Básica ofertados pela Secretaria, destaca-se o “Fortalecimento das ações de assessoria junto aos serviços, programas e projetos da Política de Assistência Social” (STDS, 2013), que tem como objetivo ampliar e fortalecer o nível de cobertura do acompanhamento técnico- administrativo junto aos gestores municipais, operadores e usuários das políticas sociais coordenadas pela STDS, contribuindo para melhorar a dimensão operacional dos serviços e programas e a disseminação dos direitos socioassistenciais.

O monitoramento e assessoramento aos CRAS são executados pelo Núcleo de Ações Socioassistenciais (NASA), setor integrante da CPSB e SAN. A equipe de monitoramento dos CRAS é composta por uma equipe de 15 profissionais de nível superior, com as seguintes formações: 7 (sete) assistentes sociais, 2 (dois) psicólogos, 3 (três) pedagogos e 1 (hum) sociólogo. No apoio, a equipe de nível médio é composta por 4 profissionais de nível médio, executando a função de agente administrativo. Com exceção da gerente do NASA, que é servidora efetiva, toda a equipe é contratada pela CLT, por uma empresa terceirizada10.

Atualmente, a equipe do Núcleo de Ações Socioassistenciais (NASA/STDS) tem sob sua responsabilidade o acompanhamento dos 381 CRAS e das 52 equipes volantes11 em funcionamento no estado do Ceará, nos 184 municípios. Conforma dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), em seu Relatório de Informações Sociais, o repasse financeiro do MDS aos serviços de Proteção Social Básica nos municípios cearenses, até agosto 2014, apresentou o seguinte quadro:

10 O último concurso público para a STDS ocorreu em 1984. Desde então a contratação de servidores se dá por meio de terceirização de mão de obra de entidades que concorrem por licitação. Os contratos preveem direitos trabalhistas previstos na CLT, mas precariza o vínculo com a instituição e oferta salários abaixo aos praticados pelos municípios, contrapondo-se ao previsto na NOB- RH/SUAS.

11 Equipe Volante consiste em uma equipe adicional que integra um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) em funcionamento, com objetivo de prestar serviços no território de abrangência do referido CRAS, para famílias referenciadas a este CRAS (MDS, 2014).

Figura 2 - Relatório de Informações Sociais (MDS)

Fonte: <http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/RIv3/geral/relatorio.php>. Acesso em 10 jan. 2015

Acerca do cofinanciamento estadual da Proteção Social Básica, autorizado pela Lei Estadual 14.279/2008, a STDS cofinancia12 a execução do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), Benefícios Eventuais (BE) e Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) para idosos. Cofinancia, ainda, ações de apoio à inclusão de pessoas com deficiência em todos os serviços.

Os municípios, por sua vez, não têm legislação específica de regulamentação do SUAS para assegurar o cofinanciamento dos serviços, sendo arcados pelos cofinanciamentos federal e estadual, por meio dos fundos municipais de assistência social.

12 O monitoramento do cofinanciamento estadual aos municípios é feita pela equipe de Gestão do SUAS (GSUAS) da STDS. Contudo a universalização do cofinanciamento estadual para todos os municípios, bem como a oferta do apoio técnico, sistemático e continuado se constituem como desafios a serem superados nesse âmbito.

3.3 A Política de Assistência Social nos Municípios de Maracanaú e