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Política Europeia de Segurança e Defesa (PESD)

3. SEGURANÇA E DEFESA NA EUROPA

3.3. Política Europeia de Segurança

3.3.2. Política Europeia de Segurança e Defesa (PESD)

O aparecimento de diversos focos de instabilidade a Leste da Europa (Bósnia e Herzegovina, Kosovo) na década de 90, e a reorientação das Políticas dos Estados Unidos no que diz respeito á defesa europeia, deixavam a Europa numa situação de instabilidade e de insegurança que esta

79 FERNANDES, José Pedro Teixeira, 2008. Apresentação ”A transformação da Política de Segurança e Defesa - A integração Europeia na encruzilhada”, Universidade Lusófona, Congresso “Portugal, a União Europeia e o Tratado de Lisboa”, 11 Março

sozinha não conseguiu suprimir. Por outro lado, a NATO, que garantia segurança e defesa essencialmente em função de ameaças exteriores, começou a mostrar as suas limitações nas missões de resolução de conflitos e gestão de crises.

Perante esta conjuntura, em Janeiro de 1994, o Conselho da NATO, realizado em Bruxelas, reconheceu por fim a importância de definir uma Identidade Europeia de Segurança e Defesa, que satisfizesse os interesses comuns dos membros da UE, e dos aliados da NATO. Tinha chegado a altura dos países da União darem os primeiros passos e assumirem maior responsabilidade na segurança e defesa comuns da UE, contribuindo simultaneamente para o reforço das missões da aliança.

Durante a Cimeira anglo-francesa de St. Malo em 1998, concorda-se por fim com a legitimidade e a urgência de desenvolver o pilar Europeu em termos de Segurança. Os dois países concordaram que a UE deveria ter capacidade para agir autonomamente e reagir a crises internacionais.

Em Julho de 1999 o Conselho Europeu de Colónia, considerou a gestão de crises definidas no Tratado da UE como “Missões de Petersberg”, o principal objectivo da Política Europeia de Segurança e Defesa (PESD). As Missões de Petersberg abrangem: missões humanitárias ou de evacuação dos cidadãos nacionais, missões de manutenção da paz, e missões de forças de combate para a gestão das crises, incluindo operações de restabelecimento da paz.

No âmbito da PESD, ficou então definido na Cimeira de Helsínquia em Dezembro 1999 o objectivo da União Europeia, colocar até 2003, uma força de 60 000 pessoas no terreno, num prazo de 60 dias, e de as manter durante um ano. Estas forças designadas por Forças de Reacção Rápida deveriam assegurar as missões de Petersberg.

Para que a União Europeia assumisse as suas responsabilidades na gestão de crises, o Conselho Europeu decidiu (Dezembro 2000, Nice) criar estruturas políticas e militares permanentes. Estas instituições seriam responsáveis pelo controlo político e pela direcção estratégica em caso de crise. Entre as novas instituições destacamos o Comité Político e de Segurança (COPS) – com sede em Bruxelas, e que é composto por embaixadores dos Estados-membros; o Comité Militar da UE (CMUE) – composto por chefes do Estado-Maior dos Estados-Membros, faz recomendações e emite pareceres ao Comité Político e de Segurança (COPS) sobre questões militares80; e o Estado Maior da UE (EMUE) – constituído por peritos militares destacados pelos Estados-Membros, é responsável

80 Retirado de

http://europa.eu/legislation_summaries/foreign_and_security_policy/cfsp_and_esdp_implementation/r00007_es.htm, consultado em 22/12/2009;22h.

pela avaliação da situação e pelo planeamento estratégico81. Em Junho de 2000, na Cimeira de Feira, a União decidiu desenvolver os aspectos civis da gestão de crises.

Foram ainda criadas no domínio da PESD a Agência Europeia de Defesa; o Instituto para Estudos de Segurança da UE (Paris); e o Centro de Satélites da UE (Torrejon). A primeira visa apoiar a PESD assistindo o Conselho e os Estados-Membros nos seus esforços para melhorar as capacidades de defesa da União Europeia no domínio da gestão de crises. As duas últimas, visam promover estudos e informações de apoio á tomada de decisão da UE no domínio da PESD.

No âmbito dos acordos permanentes sobre as consultas, a cooperação, e a transparência, a União Europeia e a NATO assinaram um acordo de parceria estratégica em matéria de gestão de crises, que permite à UE utilizar os meios logísticos e de planificação da NATO, para conduzir as suas operações de manutenção da paz. As missões de gestão de crises desenvolvidas no âmbito da PESD, têm sido, assim desenvolvidas em cooperação com a NATO, que é como quem diz, sob o “guarda-chuva” da NATO.

No âmbito da PESD a UE enviou desde 2003 diversas forças militares e civis em missão. As primeiras operações da UE ocorreram em 2003, na região dos Balcãs, desde essa altura têm sido destacadas forças europeias para diversas zonas, como o Afeganistão, Aceh na Indonésia e a República Democrática do Congo. Ao garantir a sua participação neste tipo de missões, a Europa pretende sem dúvida assumir uma maior responsabilidade na segurança global.

Operações militares no âmbito da PESD:

• Missão CONCORDIA, missão de paz na República Jugoslava da Macedónia, iniciada em 2003; • Missão ARTEMIS na República Democrática do Congo, com o fim de garantir a segurança da cidade de “Bunia” na província do “Ituri” na República Democrática do Congo, iniciada em 2003;

• Missão EUFOR ALTHEA, na Bósnia & Herzegovina, iniciada em 2004;

• Missão civil/militar "EUSEC RD CONGO" (advisory and assistance mission for security reform in the Democratic Republic of Congo), iniciada em 2005;

• Support to AMIS II, missão civil/militar no Darfur, de 2005 a 2006;

• EUFOR RC CONGO, missão militar de apoio á ONU durante o processo eleitoral na República do Congo, 2006;

• Missão civil/militar de reforma no Sector da Segurança na Guiné-bissau, iniciada em 2008; • Missão EUFOR no Chade e na República Central Africana, iniciada em 2008;

81 Retirado de

http://europa.eu/legislation_summaries/foreign_and_security_policy/cfsp_and_esdp_implementation/r00006_en.htm, consultado em 22/12/2009;22h.

• Missão EUNAVFOR Somalia, operação militar de prevenção e repressão contra actos de pirataria e roubos na costa da Somália, iniciada em Dezembro de 2008.

A par das missões militares foram também desenvolvidas no âmbito da PESD missões civis que implicam o envio de suporte policial e judicial que vai ministrar treino, monitorar e dar apoio às autoridades locais, nomeadamente na Bósnia & Herzegovina, na República da Macedónia, na Geórgia, no Afeganistão, na Guiné-Bissau, no Chade, no Darfur, no Congo, na Indonésia, na Moldávia e Ucrânia, no Iraque e em territórios Palestinianos82. No âmbito das missões civis, há em alguns casos a participação de militares.

82Retirado da página oficial do Conselho da União Europeia, em

Fig. 3 – Mapa das operações militares e civis no âmbito da PESD

Fonte: Retirado da página da internet do Conselho da União Europeia, em http://www.consilium.europa.eu/showPage.aspx?id=268&lang=pt, consultado em 23/05/20210; 22h.