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Política de investimentos e responsabilidade dos Gestores de RPPS

NOME IDADE FUNÇÃO FORMAÇÃO PARTIDO TRAJETÓRIA Previdência

4.1.3 Política de investimentos e responsabilidade dos Gestores de RPPS

Os Institutos de Previdência Municipais pesquisados possuem políticas de investimentos fundamentados na resolução do CMN Nº 3.922/2010. Cada instituto, no entanto, possui uma política diferente elaborada a partir de discussões dos conselhos fiscais no caso do IPRED e IPSA e do conselho de investimento no SBCPrev, com o apoio das empresas de consultorias financeiras. Os três institutos contam também com

consultoria externa que auxiliam na construção das políticas de investimentos dos institutos.

Segundo Lúcia Vieira (2013) 38, presidente da Apeprem na gestão (2011-2013), afirma que os gestores municipais junto com o conselho decidem a forma de investimento, ou seja a Política de Investimento com auxílio das consultorias externas. Neste sentido, Vieira (2013) afirma ainda que a "APEPREM não intervém na política de investimento os municípios são autônomos" (Entrevista com Lúcia Helena Vieira no contexto desta pesquisa). A fala da presidente da Associação enfatiza que a associação presta consultoria e ajuda em outros quesitos, mas não na intervenção direta dentro dos Institutos. A partir do exposto a citação a seguir enfatiza o Art. 4º da resolução 3922/2010 do CMN que determina as exigências da política de investimentos dos Institutos de Previdência:

Art. 4º Os responsáveis pela gestão do regime próprio de previdência social, antes do exercício a que se referir, deverão definir a política anual de aplicação dos recursos de forma a contemplar, no mínimo: I - o modelo de gestão a ser adotado e, se for o caso, os critérios para a contratação de pessoas jurídicas autorizadas nos termos da legislação em vigor para o exercício profissional de administração de carteiras; II - a estratégia de alocação dos recursos entre os diversos segmentos de aplicação e as respectivas carteiras de investimentos;

III - os parâmetros de rentabilidade perseguidos, que deverão buscar compatibilidade com o perfil de suas obrigações, tendo em vista a necessidade de busca e manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial [...].

§ 1º Justificadamente, a política anual de investimentos poderá ser revista no curso de sua execução, com vistas à adequação ao mercado ou à nova legislação (CMN, 2010, s/p).

Lucia Vieira (2013) afirma que em muitos Institutos de Previdência há deficiências na administração dos gestores e que sua principal causa se dá em função da constante troca de gestão porque é atrelado ao executivo, ou seja, os prefeitos indicam os responsáveis pelo instituto, contudo, há cidades que podem ocorrer por eleição.

Na opinião de Vieira (2013) as pessoas aptas a realizarem investimentos seguros precisam ter a certificação da CPA-10 ou da CPA-20 que são Certificações Profissionais efetivadas pela Anbima por meio de provas de conhecimentos específicos para entidades

38 Entrevista concedida por VIEIRA, Lúcia Helena. Entrevista I. [25 fev. 2013]. Entrevistadora: Janaina de

Oliveira, São Bernardo do Campo, 2013. A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Apêndice C desta dissertação.

que atuam no mercado financeiro e em consonância com a APIMEC39. A presidente da

associação comenta que se os gestores e o corpo de funcionários - área financeira - possuírem as certificações da CPA estão aptos a trabalharem nos RPPS e não encontrarão problemas para elaborarem os minuciosos relatórios para o Tribunal de Contas, o que ajuda a transparência das contas pública assim como a aprovação ou reprovação dos RPPS junto ao MPS. Neste sentido, este processo descrito acima ajuda os RPPS a:

ƒ Cumprirem rigorosamente os prazos;

ƒ Conhecer a Lei Orgânica e o Regimento Interno do Tribunal de Contas;

ƒ Prestar com clareza as informações solicitadas;

ƒ Acompanhar os processos no Tribunal de Contas.

Os objetivos das CPAs, citados por Vieira (2013) em sua entrevista, são cumprir a legislação que vigora os investimentos no mercado financeiro o que institui um mecanismo de aferição do conhecimento dos principais aspectos relacionados ao processo de venda de produtos. O profissional que deseja obter a CPA deve demonstrar conhecer as principais características dos produtos ofertados e o padrão ético de comportamento que deve ser adotado no relacionamento com os clientes. Isto deve ocorrer para que os produtos adquiridos pelos clientes atinjam os objetivos e expectativas desejadas. Ou seja, os profissionais certificados pela Ambima devem ser aptos a desempenhar as atividades de consultoria financeira. A citação abaixo enfatiza a necessidade dos profissionais que atuam no mercado financeiro obterem as certificações CPA-10 ou CPA-20:

Acredita-se que esse esforço adicional de modernização do mercado de capitais, através da maior disponibilidade de informações de melhor qualidade sobre os produtos de investimento – em especial sobre os principais fatores de risco – e a decorrente melhoria do atendimento ao investidor resultarão em estímulos complementares à concorrência leal, à padronização de procedimentos e a adoção das melhores práticas operacionais, que aproximarão o mercado de capitais nacional dos mercados das economias mais avançadas (AMBIMA, 2013, s/p).

Citamos no texto a existência da CPA série 10 e série 20 que são distintas e o público alvo de cada certificação possui objetivos específicos. A primeira, CPA-10, na prova de obtenção desta certificação as exigências são menores que para a CPA-20. Assim, a série10 de certificações se destina a certificar Profissionais das Instituições

39 A Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais - Apimec Nacional

foi criada em junho de 1988, com a finalidade de congregar todas as Apimecs Regionais - Distrito Federal, Minas Gerais, Nordeste, Rio de Janeiro, São Paulo e Sul (APIMEC, 2014).

Participantes que desempenham atividades de comercialização e distribuição de produtos de investimento diretamente ao público investidor, inclusive em agências bancárias ou Plataformas de Atendimento. Os profissionais que podem se inscrever para realizar a prova desta série são estudantes ou profissionais sem vínculo com instituição fiscalizada pelo Banco Central - Bacen - ou pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM40.

Dessa forma, vale ressaltar que a CPA-20 se destina a certificar profissionais das instituições participantes da Ambima "que desempenham atividades de comercialização e distribuição de produtos de investimento diretamente junto a investidores qualificados, bem como para os segmentos private, corporate e investidores institucionais, que atendam em agências bancárias ou de Atendimento" (AMBIMA, 2013). Assim, esta certificação afirma que se a instituição for adepta ao Código de Regulação e Melhores Práticas para Fundos de Investimentos, os profissionais que atuam com o tema devem possuir obrigatoriamente a CPA-20. Esta certificação inclui o conceito de investidor qualificado a partir da CVM n.º 409 em seu artigo 109 que se destina a instituições financeiras; companhias seguradoras e sociedades de capitalização; entidades abertas e fechadas de previdência complementar; pessoas físicas ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor superior a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais). A partir da Instrução n.º 450 do CVM passaram a ser considerados investidores qualificados os RPPS instituídos pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou por Municípios.

As definições das séries 10 e 20 das CPAs demonstram a necessidade dos gestores financeiros dos RPPS se atualizarem e obterem as certificações necessárias para atuarem junto com consultores dos institutos diante dos desafios do mercado financeiro para escolherem de fundos de investimentos rentáveis.