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Política Nacional Integral de Saúde da população negra

A Política Nacional de Saúde da População Negra lançada em 2004 e instituída por meio da portaria n. 992, de 13 de maio de 2009, foi uma reivindicação do Movimento Negro Brasileiro, que reconhece ser necessário um tratamento diferenciado em saúde para a população negra, visando atingir as doenças mais prevalentes neste grupo, por intermédio de enfrentamentos como o racismo institucional, porém até o momento poucas medidas foram implementadas para atingir esse objetivo.

Ela se insere na dinâmica do SUS, por meio de estratégias de gestão solidária e participativa, que incluem: utilização do quesito cor na produção de informações epidemiológicas para a definição de prioridades e tomada de decisão; ampliação e fortalecimento do controle social; desenvolvimento de ações e estratégias de identificação; abordagem, combate e prevenção do racismo institucional no ambiente de trabalho, nos processos de formação e educação permanente de profissionais; implementação de ações afirmativas para alcançar a equidade em saúde e promover a igualdade racial. (POLITICA NACIONAL INTEGRAL DE SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA 2007, p.14)

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33 As organizações não governamentais, grupos ligados ao Movimento Negro, e o

próprio Movimento e o Estado, reconhecem ser o racismo institucional o grande entrave para a não assistência da saúde no SUS, com equidade e qualidade, para a população negra. O negro sofre vários reveses quando se discute a qualidade da saúde que é prestada para essa população. O fator socioeconômicos de uma grande parcela da população negra ajuda a direciona-la para o atendimento no SUS, no entanto, devido o racismo institucional, a assistência prestada fica prejudicada no sentido da qualidade do serviço que está sendo prestado.

O enfretamento para combater o racismo institucional deve ser iniciado dentro do próprio SUS, envolvendo e sensibilizando os profissionais que prestam serviço para a população. A população negra quando sofre racismo dentro do serviço deveria ser incentivada a denunciar o ocorrido para que sua cidadania seja realmente resguardada e respeitada. Não obstante, poucas denúncias são notificadas para os órgãos competentes.

As histórias dos usuários retratam o cotidiano vivenciado por homens e mulheres negros ao acessarem os serviços públicos de saúde. De um lado, revelam o racismo operante nas relações sociais entre negros e não-negros, entre usuários e agentes de saúde; de outro, revelam também o despreparo à atenção de especificidades desta população quanto aos processos de saúde, doença e cuidado. A garantia de atendimento igualitário à população passa, na atualidade, por diferenciações de atendimento no interior dos serviços públicos de saúde, especialmente por Estratégia Saúde da Família (ESF), Programa de DST e Aids ações de combate à hipertensão, diabetes e ao fumo. E se estende à politicas, programas e ações direcionadas à população negra, indígena, deficiente, mulher, criança, idoso, trabalhador (dentre outras), o que nos remete ao principio da equidade instituído pelo SUS quando de sua criação.(BATISTA 2010, p. 2).

As politicas públicas são criadas e aperfeiçoadas pelo Estado para atingir determinados grupos ou a universalidade da população. Essas politicas devem ser pensadas pelos legisladores no sentido que sua eficácia e efetividade seja contemplada. A população que é contemplada com tais politicas publicas, não apresentam transformações ou se beneficiam, se não existir pelo Estado ou grupo envolvido a preocupação que mecanismos

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34 sejam criados para sua efetivação. Em relação da Politica Nacional Integral da População

Negra, o racismo institucional deve ser enfrentado.

O racismo institucional constitui-se na produção sistemática da segregação étnico- racial, nos processos institucionais. Manifesta-se por meio de normas, praticas e comportamentos discriminatórios adotados no cotidiano de trabalho, resultantes da ignorância, falta de atenção, preconceitos ou estereótipos racistas. Em qualquer caso, sempre coloca pessoas de grupos raciais ou étnicos discriminados em situação de desvantagem no acesso a benefícios gerados pela ação das instituições e organizações. .(POLITICA NACIONAL INTEGRAL DE SAPUDE DA POPULAÇÃO NEGRA 2007, p.30)

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Outro aspecto que deve ser analisado em relação à Política Nacional Integral de Saúde da População Negra é a sua focalização, que de acordo com autores como Sarmiento e Artega, as políticas focalizadas “compreende um método prático para a superar a exclusão

social dos mais pobres. No entanto, a critica às politicas focais tem mostrado o quanto elas limitam a superação dos elementos fundantes das desigualdades sociais que mantêm parcela da população na pobreza”.(SARMIENTO e ARTEGA 1998, XVIII (29.

A Política Nacional Integral de Saúde da População Negra é defendida por outros autores como Maio e Monteiro como uma política focal: focalização da população, descentralização das ações, como segue:

(...) no alvorecer do século XXVI voltam à cena pública as relações entre raça e saúde, a partir da proposta de criação de uma política focal direcionada à população negra. Esta se baseia na concepção de que as desigualdades raciais repercutem de forma específica na esfera da saúde pública e, por conseguinte, devem ser objeto de ação governamental para supera-las. Com base numa articulação que envolve ONGS vinculadas ao movimento negro, agências estatais, fundações filantrópicas norte- americanas, instituições multilaterais e fóruns internacionais, especialmente no plano dos Direitos Humanos, a nova política anti-racista surge no contexto da discussão sobre políticas de ação afirmativa no Brasil, iniciada nos anos 90”.( MAIO e MONTEIRO 2005, p. 421 ).

O sociólogo Batista discorda da afirmação dos autores acima, devido a generalização em relação as ações afirmativas, voltadas para a população negra desencadeadas principalmente nos primeiros anos do presente século, como políticas apenas focais:

quanto ao PNSIPN,..., destaca a atenção específica à população negra no interior de uma política universal, não vinculando à perspectiva assistencialista ou compensatória de combate à pobreza, se insere no âmbito do aperfeiçoamento do SUS. Além do que, a PNSIPN não se restringe,..., na concepção de que as desigualdades raciais repercutem na esfera da saúde, mas considera também que há

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especificidades inerentes a esta(e outras) populações que justificam a necessidade de uma política ou programas específicos”(BATISTA 2010, p.2)

Ampliando a análise sobre políticas publicas para o idoso e negro é necessário visualizar a situação atual das politicas de saúde no Brasil: Andrade e Barreto (2007, p.1053) pondera citando Lima-Costa, e Veras (2003) que , de acordo com o panorama das políticas de saúde brasileiras, deve enfrentar“ o envelhecimento populacional que desafia a habilidade

de produzir políticas de saúde que respondam às necessidades das pessoas idosas. A proporção de usuários idosos de todos os serviços prestados tende a ser cada vez maior, quer pelo acesso às informações do referido grupo etário, quer pelo seu expressivo aumento relativo e absoluto na população brasileira”.

2.2 Doenças Crônicas; prevalentes no idoso negro: hipertensão arterial e

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