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CAPÍTULO 2: POLÍTICAS EDUCACIONAIS E O ESTADO

2.2 Políticas de Formação dos Profissionais de Educação na Década de 1990

A formação dos professores foi uma temática que sempre esteve na ordem do dia das políticas do MEC na década de 1990, gerando debates em torno dos projetos de formação. Sua regulamentação aparece no título IV Dos Profissionais da Educação no artigo 62 da Lei 9.394/96, que estabelece:

A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal.

26 Nesta tese, os termos: formação do educador, formação dos profissionais de educação, formação de

O artigo já antecipa a inclusão dos Institutos Superiores de Educação (ISE) como um dos locais para a formação e, em conseqüência disso, a regulamenta por meio de decretos, pareceres e resoluções, como podemos identificar no quadro V.

QUADRO V - LEGISLAÇÃO FEDERAL

Nº LEGISLAÇÃO EMENTA

1 Resolução CNE/CP

02/1997 Dispõe sobre os programas especiais de formação de docente para as disciplinas do currículo fundamental do Ensino Médio

2 Resolução CNE

01/1999 Dispõe sobre os Institutos Superiores de Educação

3 Decreto 3.276 de 12/99 Dispõe sobre a formação em nível superior de professores para atuar na Educação Básica, dá outras providências. 4 Decreto 3.554/00 Dá nova redação ao §2º do art.3º do Decreto 3.276 de

10/1999 que dispõe sobre a formação em nível superior de professores para atuar na Educação Básica

5 Parecer CNE/CP

009/2001 Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena

6 Parecer CNE/ CP

028/2001 Dá nova redação ao Parecer CNE/CP 21/2001, que estabelece a duração e a carga horária dos cursos de Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura de graduação plena

7 Resolução CNE/CP

01/2002 Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena

8 Resolução CNE/CP

01/2002 Institui a duração e a carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena de formação de professores da Educação Básica de nível superior

9 Portaria MEC nº

1.403/2003 Institui Sistema Nacional de certificação e Formação continuada de professores

Tal arcabouço legal foi sendo implantado aos poucos, constituindo-se parte de um projeto que atribuiu um caráter de aligeiramento à formação dos professores, com o objetivo de atender às demandas do mercado27, num contexto que favorece o setor privado

27 Para maior aprofundamento ver Freitas, H, 1999, 2002; Scheibe 2003; Scheibe &Aguiar, 1999. Brzezinski,

1999 e dois números especiais da Revista Educação e Sociedade que trazem vários artigos referentes à temática: o nº 68 “Formação de Profissionais de Educação: políticas e tendências” e o n º 75 “Dossiê: Políticas Educacionais”

e a educação como um negócio. Numa instigante análise dessa conjuntura, Freitas H. (2002) argumenta com clareza as implicações desse processo para a política de formação:

Todo esse processo tem se configurado como um precário processo de certificação e/ou diplomação docente e não qualificação e formação para o aprimoramento das condições do exercício profissional. A formação em serviço da imensa maioria de professores passa a ser vista como um lucrativo negócio nas mãos do setor privado e não como política pública de responsabilidade do Estado e dos poderes públicos. O ‘aligeiramento’ da formação inicial dos professores em exercício começa a ser operacionalizado, na medida em que tal formação passa a ser autorizada fora dos cursos de licenciatura plena como até então ocorria e como estabelece o artigo 62 da LDB. (FREITAS, H. 2002)

Corroborando com a autora, os participantes do PROLICEN/UFPB também discordam da política de formação “aligeirada” do MEC e, em contrapartida, propõem alternativas para capacitar professores nos cursos de licenciatura da UFPB. Tal iniciativa estimulou a criação do Programa Estudante Convênio-Rede Pública (PEC-RP)28 como alternativa para formar o professor dentro dos seus cursos de licenciatura. De acordo com a Resolução nº 36/98 do CONSEPE/UFPB:

O PEC-RP destinar-se-á ao ingresso de professores de Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), pertencentes a Instituições Públicas de Ensino, para a realização de Cursos de Licenciatura, mediante celebração de convênios ou de termo aditivo aos convênios firmados entre a UFPB e as respectivas Instituições (UFPB/PEC-RP, 1998).

Essa posição também é reforçada por um dos entrevistados que destaca a importância do PEC-RP:

Temos vários programas que têm favorecido tanto o PROLICEN ... , temos o PEC, que também é um outro programa de capacitação de professores que tem formação, ...inicial e que tem sido bom..., de grande contribuição para o Estado. O PEC que é um programa de formação de professores da rede pública municipal e estadual- que entra num processo de seleção diferenciada, do PSS, que é um vestibular comum, é para favorecer professores, além deles se capacitarem dentro das salas comuns como alunos do PSS, esses professores ainda recebem uma bolsa,....do Estado e dos seus Municípios, para poder fazer e realizar sua capacitação. (EC5)

28 O PEC-RP - Programa Estudante Convênio-Rede Pública – foi criado em 1997 com o objetivo de oferecer

aos professores pertencentes às instituições públicas de ensino oportunidade de realizar um curso de licenciatura na UFPB.

O PEC-RP que visa capacitar os professores da rede pública do Estado da Paraíba estabelece convênio com as escolas públicas de vários municípios Paraibanos, conforme o art. 32 da Resolução nº 61/ 97 do CONSEPE pela qual está regulamentado.