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Subsistema Social

EXPRESSÕES Política Econômica Psicosso-

5.2.3 Políticas e Estratégias para a BID A Política de Defesa Nacional (PDN)

A Política de Defesa Nacional (PDN), que foi aprovada pelo Decreto Nº 5.484, de 30 de junho de 2005, representa uma referência de alto nível para o planejamento em Defesa que visa estabelecer “objetivos e diretrizes para o preparo e o emprego da capacitação nacional, com o envolvimento dos setores militar e civil, em todas as esferas do Poder Nacional”. Seus princípios estão em conformidade com a Constituição Federal. Embora o Brasil seja um país pacífico, “Um dos propósitos da Política de Defesa Nacional é conscientizar todos os segmentos da sociedade brasileira de que a defesa da Nação é um dever de todos os brasileiros”. A PDN está dividida em duas partes, a primeira de cunho político e a segunda estratégico, como apresentado a seguir: (BRASIL, 2005a).

A primeira parte consiste em:

a) Segurança e Defesa: onde Segurança significa a condição que permite ao País a preservação da soberania e da integridade territorial, a realização dos seus interesses nacionais, livre de pressões e ameaças de qualquer natureza, e a garantia aos cidadãos do exercício dos direitos e deveres constitucionais; e a Defesa Nacional significa um conjunto de medidas e ações do Estado, com ênfase na expressão militar, para a defesa do território, da soberania e dos interesses

preponderantemente externas, potenciais ou manifestas.

b) Ambiente internacional, que pode ser ameaçado por disputas de áreas marítimas, pelo domínio aeroespacial e por fontes de água doce e de energia, pela invasão das fronteiras, por crises econômicas globais, além das ameaças advindas dos avanços da TICs que criam vulnerabilidades que podem ser exploradas com o objetivo de inviabilizar o uso dos nossos sistemas ou facilitar a interferência à distância.

c) Ambiente regional e o entorno estratégico refere-se à situação geopolítica do Brasil no subcontinente da América do Sul. (BRASIL, 2005a)

A segunda parte consiste em:

a) Prevenção - reside na valorização da ação diplomática como instrumento primeiro de solução de conflitos e em postura estratégica baseada na existência de capacidade militar com credibilidade, apta a gerar efeito dissuasório.

b) Fortalecimento da capacitação do País no campo da defesa é essencial e deve ser obtido com o envolvimento permanente dos setores governamental, industrial e acadêmico, voltados à produção científica e tecnológica e para a inovação. O desenvolvimento da indústria de defesa, incluindo o domínio de tecnologias de uso dual, é fundamental para alcançar o abastecimento seguro e previsível de materiais e serviços de defesa.

d) Integração regional da indústria de defesa, a exemplo do Mercosul, deve ser objeto de medidas que propiciem o desenvolvimento mútuo, a ampliação dos

mercados e a obtenção de autonomia estratégica (BRASIL, 2005a).

Das diretrizes estabelecidas na PDN destacamos a seguir aquelas relacionadas a este estudo, que são (BRASIL, 2005a):

a) Garantir recursos suficientes e contínuos que proporcionem condições efetivas de preparo e emprego das Forças Armadas e demais órgãos envolvidos na Defesa Nacional, em consonância com a estatura político-estratégica do País.

b) Incentivar a conscientização da sociedade para os assuntos de Defesa Nacional.

c) Estimular a pesquisa científica, o desenvolvimento tecnológico e a capacidade de produção de materiais e serviços de interesse para a defesa.

d) Intensificar o intercâmbio das Forças Armadas entre si e com as universidades, instituições de pesquisa e indústrias, nas áreas de interesse de defesa.

e) Contribuir ativamente para o fortalecimento, a expansão e a consolidação da integração regional com ênfase no desenvolvimento de base industrial de defesa. f) Criar novas parcerias com países que possam contribuir para o desenvolvimento de tecnologias de interesse da defesa. (BRASIL, 2005a)

A Estratégia Nacional de Defesa (END)

A END, aprovada pelo Decreto Nº 6.703, de 18 de dezembro de 2008, estabelece ações estratégicas de médio e longo prazo, com objetivo de modernizar a estrutura nacional de defesa que se apoia em três eixos estruturantes: a reorganização das FA; a reestruturação da Indústria Brasileira de Material de Defesa; e a política de composição dos efetivos das FA. (BRASIL, 2008b, p. 5).

O interesse deste estudo recai sobre o eixo estruturante da reestruturação da Indústria de Defesa, que visa atender as necessidades de equipamento das FA enfatizando o desenvolvimento de tecnologias nacionais, para mitigar e eliminar a dependência estrangeira. Destacamos a seguinte citação que une a END à Estratégia Nacional de Desenvolvimento:

Estratégia acional de defesa é inseparável de estratégia nacional de desenvolvimento. Esta motiva aquela. Aquela fornece escudo para esta. Cada uma reforça as razões da outra. Em ambas, se desperta para a nacionalidade e constrói-se a Nação. Defendido, o Brasil terá como dizer não, quando tiver que dizer não. Terá capacidade para construir seu próprio modelo de desenvolvimento. [...]

Projeto forte de defesa favorece projeto forte de desenvolvimento. Forte é o projeto de desenvolvimento que, sejam quais forem suas demais orientações, se guie pelos seguintes princípios:

a) Independência nacional, efetivada pela mobilização de recursos físicos, econômicos e humanos, para o investimento no potencial produtivo do País. Aproveitar a poupança estrangeira, sem dela depender;

b) Independência nacional, alcançada pela capacitação tecnológica autônoma, inclusive nos estratégicos setores espacial, cibernético e nuclear. Não é independente quem não tem o domínio das tecnologias sensíveis, tanto para a defesa como para o desenvolvimento [...]. (BRASIL, 2008b, p. 8-9)

A diretriz sobre dissuasão de forças hostis prevê a prontidão das FA, que tem a tecnologia como um instrumento de apoio ao combate (BRASIL, 2008b, p. 11).

Quanto à reorganização da Indústria de Defesa, a END estabelece as seguintes diretrizes:

a. Dar prioridade ao desenvolvimento de capacitações tecnológicas independentes.

Essa meta condicionará as parcerias com países e empresas estrangeiras ao desenvolvimento progressivo de pesquisa e de produção no País.

b. Subordinar as considerações comerciais aos imperativos estratégicos.

Isso importa em organizar o regime legal, regulatório e tributário da indústria nacional de material de defesa para que reflita tal subordinação. c. Evitar que a indústria nacional de material de defesa polarize-se entre pesquisa avançada e produção rotineira.

Deve-se cuidar para que a pesquisa de vanguarda sirva à produção de vanguarda.

d. Usar o desenvolvimento de tecnologias de defesa como foco para o desenvolvimento de capacitações operacionais.

Isso implica buscar a modernização permanente das plataformas, seja pela reavaliação à luz da experiência operacional, seja pela incorporação de melhorias provindas do desenvolvimento tecnológico.

2. Estabelecer-se-á, para a indústria nacional de material de defesa, regime legal, regulatório e tributário especial.[...]

3. O componente estatal da indústria de material de defesa terá por vocação produzir o que o setor privado não possa projetar e fabricar, a curto e médio prazo, de maneira rentável. Atuará, portanto, no teto, e não no piso tecnológico. Manterá estreito vínculo com os centros avançados de pesquisa das próprias Forças Armadas e das instituições acadêmicas brasileiras.

4. O Estado ajudará a conquistar clientela estrangeira para a indústria nacional de material de defesa.[...]

9. Resguardados os interesses de segurança do Estado quanto ao acesso a informações, serão estimuladas iniciativas conjuntas entre organizações de pesquisa das Forças Armadas, instituições acadêmicas nacionais e empresas privadas brasileiras. O objetivo será fomentar o desenvolvimento de um complexo militar- universitário-empresarial capaz de atuar na fronteira de tecnologias que terão quase sempre utilidade dual, militar e civil. (BRASIL, 2008b, p. 34-37)

A END reconhece a existência de vulnerabilidades na estrutura de defesa do Brasil, tais como:

- obsolescência da maioria dos equipamentos das Forças Armadas; elevado grau de dependência em relação a produtos de defesa estrangeiros; e ausência de direção unificada para aquisições de produtos de defesa;

- limitados recursos aplicados em pesquisa científica e tecnológica para o desenvolvimento de material de emprego militar e produtos de defesa, associados ao incipiente nível de integração entre os órgãos militares de pesquisa, e entre estes e os institutos civis de pesquisa;

- inexistência de planejamento nacional para desenvolvimento de produtos de elevado conteúdo tecnológico, com participação coordenada dos centros de pesquisa das universidades, das Forças Armadas e da indústria;

- inexistência de regras claras de prioridade à indústria nacional, no caso de produtos de defesa fabricados no País;

- bloqueios tecnológicos impostos por países desenvolvidos, retardando os projetos estratégicos de concepção brasileira. (BRASIL, 2008b, p. 42- 43)

Do mesmo modo, a END aponta oportunidades, tais como:

- otimização dos esforços em Ciência, Tecnologia e Inovação para a Defesa, por intermédio, dentre outras, das seguintes medidas:

(a) maior integração entre as instituições científicas e tecnológicas, tanto militares como civis, e a indústria nacional de defesa;

(b) definição de pesquisas de uso dual; e

(c) fomento à pesquisa e ao desenvolvimento de produtos de interesse da defesa. [...]

- maior integração entre as indústrias estatal e privada de material de defesa, com a definição de um modelo de participação na produção nacional de meios de defesa; [...]

- integração e definição centralizada na aquisição de produtos de defesa de uso comum, compatíveis

com as prioridades estabelecidas. (BRASIL, 2008b, p.44)

Política Nacional da Indústria de defesa (PNID – 2005)

A Política Nacional da Indústria de Defesa (PNID), foi aprovada pela Portaria Normativa Nº 899/2005, tem como objetivo geral o fortalecimento da BID, como também (BRASIL, 2005b):

 Conscientização da sociedade em geral quanto à necessidade de o País dispor de uma forte BID.

 Diminuição progressiva da dependência externa de produtos estratégicos de defesa, desenvolvendo-os e produzindo-os internamente.  Redução da carga tributária incidente sobre a BID, com especial atenção às distorções relativas aos produtos importados.

 Ampliação da capacidade de aquisição de produtos estratégicos de defesa da indústria nacional pelas Forças Armadas.

 Melhoria da qualidade tecnológica dos produtos estratégicos de defesa.

 Aumento da competitividade da BID brasileira para expandir as exportações.

 Melhoria da capacidade de mobilização industrial na BID (BRASIL, 2005b).

5.2.4 Agentes