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Mapa 4 – Projetos de assentamento de reforma agrária identificados (2005)

1. EDUCAÇÃO, TRABALHO E AS PRÁTICAS DE FORMAÇÃO

1.2. POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL

1.2.1. Aspectos históricos

A educação profissional brasileira foi instituída em 1909, pelo então presidente Nilo Peçanha, com a criação de 19 de Escolas Aprendizes Artífices, para atender ao crescente desenvolvimento industrial e ao ciclo de urbanização. Entretanto, é a década de 1930 que é considerada o marco histórico da educação profissional no Brasil, pois a industrialização do País possibilitou a instalação de cursos superiores para formar recursos humanos que atendessem aos processos produtivos. De igual importância foi a década de 1940, quando a formação profissional ganhou novo impulso graças à criação do Sistema S (WITTACZIK, 2008, p. 79-80). Hoje, o Sistema S é formado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Serviço Social da Indústria (Sesi), Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac), Serviço Social do Comércio (Sesc), do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), Serviço Social de Transporte (Sest), Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Custeado por recursos públicos gerados mediante deduções obrigatórias das folhas de pagamento dos trabalhadores, o Sistema S é, paradoxalmente, controlado somente pelas confederações patronais da indústria e do comércio. A gestão do sistema, sua estrutura e os seus programas, cursos e eventos são controlados pelos empresários. Aliás,

[...] todo o sistema de formação profissional do Brasil foi criado sob a gestão dos empresários e com a chancela e guarda do Estado se, contudo, contar com a participação crítica dos trabalhadores e das suas entidades de classe. Nem sequer o ideário do “tripartismo societário” (trabalhadores, Estado e

empresários), colaboracionista por excelência, se constituiu no Brasil (THOMAZ JÚNIOR, 2000, p. 6).

Frigotto (2007, p. 4) concorda com essa afirmação, declarando que nunca se colocou como necessidade, para a classe dominante brasileira, “[...] uma escolaridade e formação técnico-profissional para a maioria dos trabalhadores, a fim de prepará-los para o trabalho complexo que é o que agrega valor e efetiva competição intercapitalista”.

No regime militar, o Sistema S foi fortalecido por meio da criação, em 1975, do Sistema nacional de Emprego (Sine), que concedia incentivos fiscais a empresas com relocação de recursos em programas que visavam diminuir o desemprego.

A perda de exclusividade do Sistema S nas ações de formação profissional dá-se com o surgimento de outros atores em cena, inclusive da iniciativa privada. Organismos internacionais, como o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e a Comissão Econômica para o Desenvolvimento da América Latina apontaram, em relatórios, a defasagem da estrutura do Senai frente às exigências do mercado de trabalho.

Em 1988, um somatório de esforços do Estado, de setores do empresariado e de segmentos do movimento sindical culminou com institucionalização do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) no texto da constituição. A regulamentação do FAT aconteceu em janeiro de 1990, junto com a criação do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat). A partir daí, foram executados programas de formação profissional com este financiamento.

Em 1995, foi lançado o Plano Nacional de Formação Profissional (Planfor), como política estatal de formação profissional. Em 2003, esta proposta foi reestruturada no Plano Nacional de Qualificação (PNQ).

Silva e Invernizzi (2008) denunciam a falta de uma política de Estado no governo Lula, que conduz à

[...] dispersão da oferta de recursos e sobreposição dos recursos existentes entre programas de educação profissional, qualificação, requalificação e resgate social de jovens e adultos em situação de risco e exclusão, que garantem pouca efetividade social do ponto de vista da inclusão e emancipação humana (p. 111-112).

Podem-se identificar três linhas programáticas que direcionam a atual política governamental de educação profissional e tecnológica. A primeira delas compreende ações dos Conselhos Estaduais e Municipais do Trabalho, financiadas pelo FAT, no âmbito do PNQ. A segunda linha diz respeito ao programas que de fato vinculam educação profissional

e educação básica, como o Programa Nacional de Reforma Agrária (Pronera), o Programa de Expansão da Educação Profissional, o Programa Nacional de Inclusão de Jovens Educação, Qualificação e Ação Comunitária (Projovem) e o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional à Educação Básica, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos. A terceira linha engloba ações originadas no Plano Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego (SILVA; INVERNIZZI, 2008, p. 112).

1.2.2. Níveis da educação profissional

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, n. 9394/96, estabelece a educação profissional como uma das modalidades da educação, nos seus artigos 39 a 42. A regulamentação desses artigos deu-se em 1997, por meio do Decreto Federal nº. 2208. Foram, aí, estabelecidos três níveis de educação profissional:

a) Nível básico – Os cursos deste nível independem de escolaridade anterior, não estão sujeitos a regulamentação curricular, devem oferecer certificado de qualificação profissional, e podem ser oferecidos por empresas, escolas, sindicatos, etc.

b) Nível técnico – Seus cursos devem possuir estrutura organizativa e curricular independe do nível médio, podem ser oferecidos concomitante ou sequencialmente ao nível médio, e seu diploma somente é conferido àqueles que também concluírem o ensino médio.

c) Nível tecnológico – Corresponde ao nível superior da área tecnológica, e seus cursos destinam-se aos egressos dos níveis médio e/ou técnico.

Em 2004, o Decreto Federal nº. 5154 alterou o decreto anterior. Ele manteve as Diretrizes Curriculares Nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação, mas definiu que a educação profissional seria desenvolvida por meio de cursos e programas de

a) Formação inicial e continuada de trabalhadores – Com o objetivo de qualificar para o trabalho e elevar o nível de escolaridade do trabalhador, estes cursos devem ser preferencialmente oferecidos em articulação à Educação de Jovens e Adultos, conferindo certificados de formação inicial ou continuada àqueles que tiverem aproveitamento nos estudos.

b) Educação profissional técnica de nível médio – São cursos articulados ao ensino médio, sendo-lhes concomitante ou subseqüentemente oferecidos.

c) Educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação – Estes cursos destinam-se aos que já concluíram o ensino médio.

1.3. O THABA – SUAS AÇÕES DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL E PESQUISAS