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Políticas públicas nacionais e estaduais alinhadas e analisadas com relação aos seis eixos propostos e Quadros-síntese por políticas eixos propostos e Quadros-síntese por políticas

VI RESULTADOS

6.1 Bloco 1 - Análise de políticas públicas ambientais com relação aos seis eixos propostos para o Plano SoloÁguaBr

6.1.2 Políticas públicas nacionais e estaduais alinhadas e analisadas com relação aos seis eixos propostos e Quadros-síntese por políticas eixos propostos e Quadros-síntese por políticas

Políticas públicas nacionais

Seguindo a estrutura metodológica, o primeiro critério utilizado foi o arcabouço legislativo utilizado para a elaboração Pronasolos, uma vez que o Plano SoloÁguaBr pretende, assim como o Pronasolos, atender a demanda das lacunas identificadas pelo Acórdão TC no

1942/2015 já descritas no capítulo do Marco Conceitual deste trabalho. Partindo da proposta de somar com as contribuições do Pronasolos no escopo da governança e de legislação específica para uso e manejo de solo e água, bem como na possibilidade de normatizar, coordenar e executar trabalhos de levantamento, mapeamento, manejo e conservação de solos, apresentamos o ponto de partida para o desenvolvimento do Projeto SoloÁguaBr em questão, com a identificação e seleção das sete políticas públicas federais (Tabela 20) vigentes, com mais de um ano de execução relacionadas às áreas rurais, que participam da governança brasileira do solo e da água:

Tabela 20: Detalhamento das políticas públicas nacionais selecionadas.

SIGLA /LEI POLÍTICA DESCRIÇÃO

PNMA n° 6.938/1981

Política Nacional do Meio

Ambiente

Estabelece medidas e padrões de proteção ambiental para garantir a qualidade ambiental dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população.

PNRH n° 9.433/1997

Política Nacional de Recursos Hídricos

Propõe a adequação da gestão sistemática dos recursos hídricos, em quantidade e qualidade, às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do país; a integração e articulação da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental e com a do uso da terra; a articulação do planejamento dos recursos hídricos com os setores usuários e com o planejamento regional, estadual e nacional; a integração do manejo das bacias hidrográficas com os sistemas estuários e as zonas costeiras.

Código Florestal n° 12.651/12

Lei de Proteção da Vegetação Nativa

Estabelece regras gerais sobre proteção de vegetação, Áreas de Proteção Permanente e Reservas Legais; exploração florestal, eliminação de matérias- primas florestais, controle da origem dos produtos florestais e controle e prevenção de incêndios florestais, além de fornecer instrumentos econômico- financeiros para alcançar seus objetivos.

PNAPO n° 7794/2012

Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica

Desenvolve, adapta e adota práticas e processos de manejo do solo com vieses agroecológicos por meio da integração, articulação e adaptação de políticas, programas e ações que induzem a transição agroecológica e a produção orgânica e agroecológica, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida da população, por meio do uso sustentável dos recursos naturais e do suprimento e consumo de alimentos saudáveis.

PNMC

n° 12.187/2009 Política Nacional sobre Mudança do Clima

Procura garantir que o desenvolvimento sustentável esteja alinhado ao crescimento econômico, à erradicação da pobreza e à redução das desigualdades sociais por meio da instituição de algumas diretrizes, como fomento a práticas que efetivamente reduzam as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e o estímulo a adoção de atividades e tecnologias de baixas emissões desses gases, além de padrões sustentáveis de produção e consumo PROVEG

n° 8.972/2017

Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa

Propõe a articulação, integração e promoção de políticas, programas e ações indutoras da recuperação de florestas e demais formas de vegetação nativa, além da regularização ambiental das propriedades rurais brasileiras, em área total de, no mínimo, doze milhões de hectares, até 2030.

PNCDMES nº 13.153/2015

Política Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca

Estabelece mecanismos de combate à desertificação e de mitigação dos efeitos da seca, introduzindo conceitos que provavelmente serão invocados para responsabilização por danos ambientais.

Fonte: Elaboração própria.

Políticas públicas estaduais

Como forma de complementar o arcabouço legislativo brasileiro em âmbito regional, foram pré-selecionadas pela equipe de gestão do Projeto SoloÁguaBr cinco políticas estaduais relacionadas ao Programa Nacional de Microbacias que possuem maior relevância no tema no país. A seleção destas políticas estaduais a fim de complementar as análises do presente estudo parte de uma proposta para a colaboração efetiva com a construção do Plano, levando em consideração, principalmente, a recomendação de boa prática nacional sinalizada pelo Relatório de auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU):

“Como boa prática nacional relacionada à implementação de planos e objetivos de ações de sustentabilidade do solo e da água, foram identificadas as experiências dos programas para o manejo sustentável de microbacias desenvolvidos nos estados do Paraná, de Santa Catarina, do rio Grande do Sul e de São Paulo, com destaque para a boa prática de planejamento estratégico desenvolvido pela Emater do Paraná em relação à sua gestão do solo e da água em áreas rurais” (TCU, 2015:15).

Complementando o exposto acima, ainda podem ser considerados os seguintes pontos:

1) que estas políticas estaduais foram construídas com a base de sua gestão em microbacias hidrográficas, a mesma unidade de gestão prevista para operacionalizar a governança do Plano, podendo assim contribuir com a experiência da prática no âmbito de microbacias; 2) que são políticas de governo local, e assim enxergam as especificidades sob uma ótica de perspectiva estadual, as quais tendem a trazer consigo suas peculiaridades socioculturais, administrativas e eco-regionais da (socio)agrobiodiversidade de cada localidade em questão - que podem aportar para o Plano a importância de levar em conta estas questões de respeito a estas diferenças, inclusão das comunidades locais e adaptação do Plano quando necessário a estas diferenças; 3) são políticas de vanguarda, consagradas pela literatura pelas contribuições que aportam no âmbito da forma de uma gestão descentralizada; e 4) estas políticas já haviam sido previamente selecionadas pelo Projeto SoloÁguaBr, fazendo parte de uma das atividades que embasa os estudos prospectivos com esta visão estratégica de de contribuição descrita acima. Desta forma, após levantamento feito em todos os Estados da Federação foram selecionados pelo Projeto

SoloÁguaBr os Programas dos Estados do RS, SC, PR, SP e RJ (Andrade e Freitas, 2019;

Hissa, 2021). São elas (Tabela 21):

Tabela 21: Detalhamento das políticas públicas estaduais pré-selecionadas pelo Projeto SoloÁguaBr.

SIGLA /LEI POLÍTICA DESCRIÇÃO

Paraná Rural-PR N° MOP/2015

Programa de Gestão de Solo e Água em

Microbacias

Propõe a recuperação e a manutenção da capacidade produtiva dos recursos naturais, com base na gestão de microbacias hidrográficas, e participação ativa da comunidade, que exercerá papel central em todas as fases, desde a concepção até a implementação e avaliação, modernizando o planejamento e a gestão ambiental para a correta utilização dos recursos naturais.

Microbacias- SC Nº 14.962/2009

Projeto de Recuperação,

Conservação e Manejo dos Recursos Naturais em Microbacias Hidrográficas

Visa o manejo integrado em microbacias hidrográficas por meio da recuperação e conservação da capacidade produtiva dos solos e controlar a contaminação ambiental, incrementando a produção, a produtividade e a renda da propriedade agrícola, através da adoção de práticas sustentáveis de manejo e conservação da água e do solo pelos agricultores.

PCSA-RS Nº 52.751/15

Política Estadual de Conservação do Solo e da Água do Rio Grande do Sul

Visa o estabelecimento de programas, diretrizes e instrumentos específicos, visando à proteção e conservação da qualidade do solo e da água, em harmonia com o desenvolvimento econômico-social, para assegurar a qualidade de vida da população rural e urbana e do meio ambiente do Rio Grande do Sul.

PEMH-SP Nº 41.990/ 1997

Programa Estadual de Microbacias

Hidrográficas em São Paulo

Tem como proposta promover o desenvolvimento rural através de sistemas de produção agropecuária que garantam a sustentabilidade socioeconômica e ambiental, assim como estimular a participação dos produtores rurais e da sociedade civil.

Rio Rural-RJ N° 38072/2005

Projeto de

Desenvolvimento Rural Sustentável em

Microbacias Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro

Pretende guiar a adoção e aumentar a conscientização em todos os níveis de práticas de manejo sustentável de recursos naturais com a abordagem de manejo integrado de ecossistemas, enfrentando as ameaças à biodiversidade da mata atlântica fluminense, para que seja possível também reverter a degradação de terras nas paisagens agrícolas, bem como o aumento do sequestro de carbono.

Fonte: Elaboração própria.

Identificação e análise de conteúdo das políticas públicas selecionadas com relação aos seis eixos propostos para o Plano SoloÁguaBr;

Com a intenção de traçar a conectividade entre estas sete políticas públicas selecionadas e as premissas dos seis eixos norteadores contidas no Projeto SoloÁguaBr para o Plano SoloÁguaBr, foi aplicada a metodologia de identificação dos eixos com as políticas. Vale destacar que estes eixos representam a proposta principal dos componentes de execução do referido Plano, os quais foram elaborados pelos mentores do Projeto SoloÁguaBr com a intenção de suprir as lacunas identificadas pelo TCU no arcabouço da legislação ambiental vigente no território nacional. Para que fosse possível então encontrar, dentro deste arcabouço normativo das políticas brasileiras, complementaridade às ações do Plano, foi realizado um

cruzamento entre as políticas públicas em âmbito nacional do meio rural vigentes, com pelo menos um ano de execução e os componentes (eixos) propostos para o Plano. Destaca-se mais uma vez que, devido a grande complexidade de regulamentos ambientais em um país de dimensões continentais como o Brasil (portarias, decretos, programas, planos, projetos especiais, políticas, etc), foi feito um recorte de sete políticas públicas mais aderentes ao Plano SoloÁguaBr, como já explicado no tópico anterior.

Para tal, foram extraídas as palavras-chave emblemáticas que mais representavam cada um dos eixos para que pudessem ser identificadas dentro dos corpos normativos e principais planos de implementação de cada uma das sete políticas (Tabela 22). Esta estratégia foi utilizada para enxergar a consonância do proposto Plano às políticas públicas existentes, buscando enxergar as possíveis lacunas dentro do arcabouço legislativo destas políticas, bem como as estratégias sinérgicas entre os dois objetos de comparação.

Vale destacar que as palavras-chave foram extraídas como uma representação sistemática dos principais contextos de cada um dos eixos, diante das quais foi levado também em consideração algumas de suas reflexões ortográficas, como exemplo: “integração”, considerando também as derivações integrado(a) e integrar. Vale destacar que, além de identificar a palavra-chave dentro do corpo normativo da política em questão e de seu principal plano de implantação, o contexto em que estava inserida também foi um componente chave para que pudesse valer a pontuação dentro do eixo. Em outras palavras, a combinação da palavra-chave e o contexto abordado no eixo foram os critérios de pontuação para cada uma das análises.

Desta forma, o segundo resultado representa o grau de presença ou ausência em cada uma das políticas analisadas de cada uma das cinco palavras-chave selecionadas para dar resposta aos seis eixos propostos pelo Projeto de construção do Plano SoloÁguaBr: Legislação, Integração, Planejamento, Conservação, Recuperação e Monitoramento, melhor detalhados na Tabela 22 (melhor detalhada de forma completa na seção de Metodologia). Isso significa que, ao identificar a palavra-chave no corpo normativo de cada política, somada ao escopo do contexto do tópico do eixo em questão, foi considerado um ponto; ao passo que quando não foi identificada a palavra-chave, não houve acréscimo na pontuação, bem como nos casos onde foram identificadas apenas a palavra-chave, mas sem abordar o contexto do eixo.

Tabela 22: Eixos, suas descrições gerais propostas para o Plano SoloÁguaBr, e as palavras-chave de síntese utilizadas para cada um dos eixos para a análise.

EIXOS DESCRIÇÃO PALAVRAS-CHAVE

PREVENÇÃO

Direcionado para melhorar o planejamento de uso das terras, coibir práticas inadequadas e promover o manejo sustentável

Prevenção Planejamento

Zoneamento Fiscalização

Manejo

CONSERVAÇÃO Visa promover o aumento da produtividade e da sustentabilidade dos agroecossistemas

Conservação Produtividade Ecossistemas PSA (Pagamento por Serviços Ambientais)

Sustentabilidade

RECUPERAÇÃO

Orientado para reinserir áreas já degradadas à produção agropecuária sustentável e/ou restaurar áreas de interesse ecológico

Recuperação Diagnóstico Cenários

Dados Erosão

MONITORAMENTO Objetiva avaliar e adequar as ações

Monitoramento Adequação

Gestão Informações

Benefícios

INTEGRAÇÃO

Visa estabelecer estratégias para ação coordenada de instituições de ensino, pesquisa, inovação, extensão e fiscalização para a gestão sustentável dos recursos solo e água

Integração Ensino Pesquisa Extensão Rural Educação Ambiental

LEGISLAÇÃO

Objetiva contribuir para a implementação do PN, assim como adequá-lo para bacias hidrográficas, estados e municípios

Implementação Divulgação

Municipal Advertência

Fundo Fonte: adaptado de Andrade et al. (2020) e Stuchi et al. (2020).

Assim, para cada uma das políticas foram analisadas, dentro do seu corpo normativo principal e de seu instrumento de implantação mais significativo, as potencialidades de contribuição para o Plano SoloÁguaBr. Essas potencialidades de contribuição foram extraídas do cruzamento destas palavras-chave, que totalizaram cinco por eixo, aos arcabouços legais de cada uma das políticas. Por conseguinte, para cada uma das políticas selecionadas foi feito uma análise de identificação a cada uma das propostas (representadas pelas palavras-chave) contidas em cada um dos seis eixos estipulados para o Plano SoloÁguaBr pelo Projeto SoloÁguaBr. A

pontuação mínima poderia oscilar de zero (no caso de não haver encontrado nenhuma das palavras-chave) até cinco (no caso de haver encontrado todas as cinco palavras-chave entre a política e o eixo analisado), detalhada no Anexo 2 deste estudo.

Desta forma, as palavras-chave foram extraídas da essência de cada um dos eixos, levando em consideração os tópicos que compõem estes eixos, bem como o contexto nos quais estão inseridos. Como exemplo extraído da Tabela 22 pode ser citado, dentro do eixo Legislação, o tópico “Proposição de um fundo para o recebimento de aportes financeiros e para a aplicação dos recursos em ações prioritárias” (Andrade et al., 2020:14-15), para o qual a palavra-chave que melhor representaria esta abordagem foi Fundo. Assim, para este tópico em específico, foi buscado dentro do corpo normativo de cada uma das sete políticas (bem como de seu principal plano de implementação), a palavra-chave Fundo, e contabilizada como presente sempre quando o texto da política esteve relacionado ao contexto do eixo e do tópico recém mencionado. Cabe aqui dois esclarecimentos fundamentais relacionados a esta questão:

o primeiro é que as palavras-chave foram identificadas por um grupo de cientistas envolvidos com o Projeto SoloÁguaBr, buscando extrair o principal conteúdo dos eixos e dos tópicos que os compõem (totalizando sempre cinco palavras-chave por eixo); o segundo é que as palavras- chave não se limitam apenas nas palavras em si, pois foram contabilizadas (dentro de sua presença ou ausência no corpo normativo de cada política) sempre relacionadas ao contexto no qual estavam inseridas, levando em consideração suas derivações (como os exemplos detalhados no Anexo 3 deste estudo).

Mesmo com todas as aderências e os aportes identificados, ainda que maiores ou menores em número, procurou-se encontrar para cada uma das políticas selecionadas as questões que apresentam potencial para a contribuição da construção do Plano SoloÁguaBr em cada um dos seis eixos. Desta forma, os eixos que apresentam a pontuação cinco, que é a máxima, foram os que tiveram aderência máxima ao eixo, ou seja, a todas as suas cinco palavras-chave (inseridas no contexto específico das especificidades do eixo) dentro do arcabouço legislativo de determinada política; ao passo que os eixos com a pontuação quatro, apresentaram aderência a quatro palavras-chave do determinado eixo com relação à política; já os eixos com pontuação três, aderiram a três palavras-chave; e assim por diante. Uma informação importante nesse ponto é que, embora os eixos apresentem maior ou menor aderência pelas palavras-chave (e ao contexto que estão inseridas), foi encontrado em todos os eixos, em alguma medida, capacidade de contribuição com o Plano SoloÁguaBr, que será mais bem detalhado a seguir. No entanto, por outro lado, foi identificado que nenhuma destas

políticas atinge em sua totalidade a abordagem proposta pelos seis eixos para a construção do referido Plano.

Essas pontuações serão explanadas a seguir para as sete políticas nacionais selecionadas na etapa anterior, e posteriormente, para as políticas estaduais (em menor detalhamento por não ser o principal foco do estudo, mas complementos adicionais, como já exposto acima).

Políticas nacionais

Da mesma forma, após a análise considerando a presença/ausência das palavras-chave vinculadas aos eixos do Plano SoloÁguaBr, verificou-se que todas as políticas nacionais apresentam um conjunto de estratégias e ações que podem contribuir significativamente para a construção do Plano SoloÁguaBr, principalmente no que tange à complementaridade entre elas. A Figura 11 apresenta, assim, para cada um dos eixos, a possibilidade de contribuição de cada uma das sete políticas, ilustrando o quanto cada uma delas tem potencialidade de aportar para o aperfeiçoamento de cada um dos seis eixos. Pode ser notado assim na Figura 17 que as pontuações das contribuições de cada política em cada um dos eixos foi somando aportes nas barras dos eixos, até que cada um deles pudesse ser visto sob uma perspectiva global.

Figura 17: Análise dos eixos em função das contribuições das sete políticas públicas nacionais para a construção do Plano SoloÁguaBr.

Sob uma leitura geral de cada um dos eixos relacionados às políticas podemos identificar que o eixo monitoramento apresentou a maior pontuação, representando a oportunidade de diversas contribuições para a formulação do plano por partes das políticas nacionais que serão analisadas. No escopo destas contribuições permeiam as questões relacionadas aos mecanismos para o estabelecimento de um sistema de provisão de informações gerenciais baseadas em indicadores e estatísticas relacionadas com as metas de alcance; estratégias e mecanismos que possibilitem ajustar e redirecionar as ações; assim como estimar os seus benefícios socioeconômicos e ambientais entregues a sociedade brasileira.

Cabe uma observação relacionada ao conteúdo do eixo Prevenção no que se refere aos:

i) mecanismos para potencializar a utilização das informações existentes (como estudos de Aptidão Agrícola das Terras, Zoneamentos de Risco Climático, Zoneamentos Agroecológicos, etc) para melhorar o planejamento do uso das terras brasileiras; ii) Estratégias para impedir a exploração de áreas de alta vulnerabilidade ambiental; iii) Estratégias para prevenir o processo de erosão e de contaminação dos recursos solo e água. Estes pontos, de fundamental importância, analisados no decorrer desta seção, foram sinalizados pelo Relatório de Auditoria do TCU da seguinte forma:

“Na falta destes planejamentos estratégicos de longo prazo, são empreendidas diversas iniciativas governamentais federais pulverizadas, que, no conjunto, carecem de encadeamento lógico para cumprir o propósito de garantir a ocupação e o uso sustentável do solo brasileiro, quais sejam: ZEE, Zoneamento Agroecológico (ZAE), Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), Plano Nacional da Reforma Agrária (PNRA), Regulação Fundiária, Certificação e Cadastro Rural, Cadastro Ambiental Rural (CAR), Plano Agricultura de Baixo Carbono (ABC), Programa Produtor de Água, Programa Bolsa Verde e Programa de Combate à Desertificação”(TCU, 2015:14).

Estes mecanismos e ferramentas estão presentes, com forte protagonismo, no corpo normativo de cada uma das sete políticas estudadas, a saber PNMA, Código Florestal, PROVEG, PNAPO, PNMC, PNRH e PNCDMES. Vale recordar que os critérios de seleção para a identificação das sete políticas do estudo foram: 1) políticas públicas nacionais

relacionadas à conservação do solo e da água; 2) relacionadas ao meio rural (não urbano); 3) que estejam vigentes e tenham sido implementadas há pelo menos um ano a partir de 2020; 4) que tenham servido do arcabouço legislativo na formulação do Pronasolos (Stuchi et al., 2020).

Diante do exposto, reforça-se a necessidade do olhar para estes mecanismos sob uma visão integrada, complementar e com o referido encadeamento lógico para que possam trazer para a gestão sustentável do solo e da água no Brasil respostas mais promissoras no que tange às questões de planejamento de ocupação das áreas agrícolas nacionais, principalmente porque afere ainda o TCU que os efeitos negativos desta situação encontrada apresentam um desalinhamento entre as ações e os objetivos das diversas iniciativas desenvolvidas pelas entidades, bem como os resultados esperados com a implementação destas iniciativas não se reforçam mutuamente. Ademais, elas se sobrepõem e se duplicam no que tangem aos seus esforços, bem como apresentam paralelismos (TCU, 2015).

Desta forma, cabe aos passos de construção do Plano SoloÁguaBr, principalmente nos espaços de interlocução que serão oferecidos nos workshops regionais nos passos seguintes a este estudo, identificar estes pontos desalinhados entre o uso destas ferramentas e mecanismos, otimizar estes esforços e articular as entidades para que possa suprir estas lacunas encontradas.

De uma forma transversal, as altas pontuações das políticas significam uma alta aderência destas com as propostas iniciais de base técnico-operacionais do Plano SoloÁguaBr, subdivididas dentro dos seis eixos. Assim, somando as contribuições em cada eixo é possível identificar se a política pública pré-selecionada por este estudo obteve maiores ou menores sinergias e possibilidades de contribuições com a estrutura do Plano SoloÁguaBr (Figura 18).

Figura 18: Pontuação da contribuição das políticas analisadas em função dos seis eixos propostos para a construção do Plano SoloÁguaBr.

Desta forma, das maiores contribuições para as menores pontuações entre e intra políticas, merecem uma ressalva as duas que apresentaram os destaques: a PNCDMES, com destaques para os eixos Prevenção, Recuperação, Monitoramento e Integração; e a PNRH, para os eixos Prevenção, Recuperação, Monitoramento e Legislação. Com uma alta aderência aos eixos, mas não tão representativa como as anteriormente citadas, estão identificadas as políticas PROVEG, mostrando uma pontuação que apresenta uma alta conectividade com as premissas na pontuação máxima dos eixos Conservação, Recuperação, Monitoramento e Integração; e a PNMA, com destaque para os eixos Prevenção e Legislação, e ainda que não com pontuação máxima, mas com todos os demais eixos que atingiram o valor 4 de 5, ou seja, diversas similaridades à totalidade do conteúdo do eixo, que representa, consequentemente, as diversas aderências para a contribuição da construção do Plano Nacional, mesmo sem apresentar a pontuação máxima de aderência. Ainda mostrando aderência aos eixos, mas com uma representatividade ainda menor, estão as políticas PNAPO, destacando os eixos Conservação, Monitoramento e Integração; e PNMC, com destaque para Prevenção e Conservação.

Finalmente, mas não menos importante, no Código Florestal foram identificadas as contribuições com menor aderência, que embora apresente pontuação máxima em três eixos,

como Prevenção, Conservação e Monitoramento, que significam significativos aportes para a elaboração do Plano SoloÁguaBr, para outros eixos a pontuação muito baixa (Figura 18).

Além da pontuação obtida pela presença ou ausência das palavras-chave por cada eixo, a seguir, são apresentadas as características que se destacaram considerando a aderência dessas políticas, tanto nacionais como estaduais, a cada um dos seis eixos estratégicos propostos para o processo de formulação do Plano SoloÁguaBr. É importante ressaltar que as contribuições contidas nos eixos propostos representam oportunidades para que seja possível complementar as propostas de cada eixo pautadas nas experiências já realizadas destas políticas para a construção de um Plano Nacional robusto, factível e sinérgico aos êxitos obtidos. No que tange às lacunas identificadas entre as propostas dos eixos e ao corpo normativo das políticas em questão, serão apresentados novos pareceres, permitindo assim que a legislação brasileira tenha condições de avançar estrategicamente nas principais falhas identificadas.

A análise de conteúdo aqui proposta pretende entregar as respostas além da pontuação gerada pela presença ou ausência das palavras-chave por cada eixo deste estudo, onde irá abordar inicialmente as sete políticas públicas nacionais com maior detalhamento, haja visto que o Plano SoloÁguaBr se assemelha a estas por abordar a esfera federal de atuação.

Posteriormente, contendo um nível complementar e menos aprofundado, serão pinceladas estratégias de destaque das políticas estaduais, que embora operem em escala localizada, apresentam importantes mecanismos para serem aprimorados e expandidos para todo o país.

Como já mencionado acima, para uma análise mais aprofundada, serão abordadas as contribuições que se destacaram de cada uma das sete políticas nacionais selecionadas dentro dos seis eixos propostos na construção do Plano de uma forma detalhada. Posteriormente, de uma forma complementar (mesmo que com menor detalhamento), serão identificados também os principais aportes de cada uma das cinco políticas estaduais pré-selecionadas pelo Projeto SoloÁguaBr para os eixos onde apresentaram destaques.

Diante do exposto, o quadro-síntese do alinhamento das políticas nacionais selecionadas aos seis eixos contidos no Plano SoloÁguaBr pode ser esquematizado pela Figura 19, que será detalhada de forma específica para cada uma das políticas, a seguir.