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2. A Questão da Inclusão

2.2 Políticas Públicas para a Inclusão digital

A partir do momento que as tecnologias de informação e comunicação surgiram, passou a se pensar nas maneiras de cada vez mais aproximar os dispositivos das pessoas, para incluí-los no dia a dia e as tecnologias se tornarem ferramentas de vida. Então, foram desenvolvidas políticas públicas para efetivar o processo de inclusão digital.

A fim de compreender as políticas públicas destinadas a promover a inclusão digital é preciso, em primeiro lugar, definir o conceito de políticas públicas, que nada mais são do que a expressão do poder público em face dos problemas, demandas e desejos da sociedade. É dever do Estado pensar em ações destinadas a resolver questões, maneiras para atender as solicitações das pessoas, prover serviços de saúde, educação, lazer, trabalho, cultura, enfim gerenciar a vida em sociedade nas diferentes esferas do Estado, no nível federal, estadual e municipal são desenvolvidas políticas públicas com o objetivo de dirimir tais questões. E esse trabalho pode e deve ser realizado através de parcerias entre o Estado e a sociedade civil organizada e empresas que desejam investir em projetos de melhoria de vida.

Em virtude da importância adquirida pelas tecnologias de informação surgiu a necessidade de pensar em maneiras de colocar as pessoas em contato com os dispositivos e, assim, propostas políticas públicas para a inclusão digital da população e assim como as demais áreas e quais são elas?

As políticas públicas de inclusão digital também partem de ações do governo federal, estadual e municipal; de diferentes ministérios, secretarias e órgãos. Como visto anteriormente a inclusão digital não diz respeito apenas ao computador ou a Internet, ou ainda ambos juntos. A inclusão digital passa por questões estruturais, o problema do

computador,celulares smartphones ou tablets; os softwares e aplicativos utilizados na operação do sistema; a Internet e as tecnologias para a conexão; a tecnologia como ferramenta educativa; o uso cidadão dos espaços comunicativos criados no ciberespaço.

Em um universo de possibilidades e de espaços para a atuação o passo inicial surge com a criação de projetos de leis e regulamentações em âmbito nacional, ou seja, através de ações do governo federal que atua em conjunto com as outras esferas do poder público, até chegar aos municípios que estão próximos ao cotidiano e as necessidades e especificidades de cada localidade. De projetos amplos e abrangência nacional até a realidade de uma das cidades do Brasil.

Um dos primeiros trabalhos para promover a inclusão digital foi a criação dos laboratórios de informática nas escolas, contudo foi a partir dos anos 2000 que surgiu a ideia de expandir as ações de inclusão e se pensar em maneiras de aproximar as tecnologias das pessoas. É desse ano que data o projeto que é tido como o pioneiro na ideia de inclusão digital, ele nasceu em São Paulo e em Julho daquele ano nascia o Acessa SP, projeto do Governo do Estado de São Paulo, que tinha o objetivo de prover o acesso a um computador com Internet e, por consequência, acessar os serviços públicos disponíveis na rede.

No ano 2000 a implantação de um projeto desse tipo propunha algo inovador hoje essa é das políticas públicas mais comuns para a inclusão digital. Por todo o Brasil existem projetos semelhantes, no Pará temos o NavegaPará, em Minas Gerais podem ser encontrados os CVT, o nome dado aos Centros Vocacionais Tecnológicos, ou ainda o projeto Ilhas Digitais do Ceará e tantas outras ações espalhadas pelos estados.

Ao desenvolver as políticas públicas para a inclusão digital são reconhecidos alguns pressupostos, segundo Amadeu, e eles seriam o reconhecimento que a exclusão digital amplia a miséria e dificulta o

desenvolvimento humano; o mercado não absorverá os extratos da sociedade desprovidos de um mínimo de conhecimento técnico; a formação de indivíduos aptos a participar das trocas de informações no ciberespaço depende da velocidade de inclusão das populações no jogo tecnológico e por fim a constatação de que ter acesso às tecnologias de comunicação é sinal de liberdade de expressão e cidadania.

Se a princípio o objetivo a ser alcançado através de tais ações era o acesso a rede com o passar dos ano se percebeu que se podia fazer mais com a ideia de apropriação e um uso mais qualitativo das ferramentas tecnológicas além da ampliação da estrutura dos projetos com mais salas e pessoas envolvidas no processo.

Em um levantamento realizado em 2008 pela Fundação Pensa Digital para a Universidade de Washington, foi constatado que há um grande interesse por parte do poder público de criar mais espaços de apropriação das tecnologias, os telecentros. Segundo essa pesquisa há mais disposição de implantar mais locais como esse do que investir em bibliotecas ou lanhouses ou cybercafés.

Esses espaços tem se tornado mais do que centro de serviços, são lugares destinados a cultura. Tanto é isso que em alguns estados houve uma mudança no órgão público que gerencia a ação. Foi o que ocorreu no Ceará quando o projeto passou de Secretaria da Ouvidoria geral e do meio ambiente do governo do estado para a Secretaria da Cultura.

O gerenciamento de políticas públicas passa pela questão das verbas destinadas aos programas, quanto é dirigido para todas as etapas do projeto desde a parte estrutural, manutenção e custeio de aparelhos e do espaço, pessoal para trabalhar no espaço, desenvolvimento de atividades. Muitas vezes a verba é pequena para o que é necessário para a execução do projeto. No ano de 2008 o estado que mais investiu em

projetos de inclusão foi Minas Gerais, com R$ 19,3 milhões, seguido pela Bahia, com R$16 milhões e o estado de São Paulo, apesar de ser o mais rico e populoso da federação apareceu apenas em terceiro lugar na pesquisa com um investimento de R$ 6,3 milhões.

Paralelamente o governo federal, através de ações dos Ministério da Educação, Ministério das Comunicações, Ministério da Ciência e Tecnologia tem dado continuidade e ampliado as ações no sentido de incentivar a inclusão digital. As ações tem caminhado em várias direções, justamente no sentido de abranger as etapas para inclusão descritas anteriormente e fundamentais para a efetivação da sociedade da informação em nosso país.

Os projetos desenvolvidos atualmente para a ampliação da cibercultura no país passam da instalação de fábrica de componentes de aparelhos tecnológicos; incentivos fiscais para a fabricação de computadores, celulares, smartphones e tablets; o incentivo ao uso de software livre nas instituições governamentais; o barateamento dos serviços de conexão com a rede.

Hoje uma das principais ações em desenvolvimento é o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) do Ministério das Comunicações que foi lançado em 2010 com o objetivo de massificar o acesso a Internet de banda larga a população. A conexão seria de 1Mb a um custo de R$35,00 por mês pelo serviço. A expectativa do programa é atender entre 12 e 40 milhões de domicílios a um custo aproximado de pouco mais de R$ 12 milhões.

Outro projeto recentemente anunciado pelo governo federal é a distribuição de tablets aos alunos das escolas públicas espalhados pelo país. Ideia semelhante já foi testada com o desenvolvimento e distribuição de um computador portátil e de baixo custo, aproximadamente $100,00 para ser utilizado na escola.

Há ainda o projeto para a disponibilização de redes sem fio em lugares públicos sem custo aos usuários e assim em qualquer lugar e a qualquer tempo e o melhor sem custos a possibilidade de conexão. Atualmente, o governo federal através de diferentes ações promove mais de vinte projetos destinados a realizar o trabalho de inclusão digital no país.

Como se verifica a partir do que foi aqui apresentado a maior parte do que é proposto como política pública para o acesso ainda está baseado na ideia de prover o acesso simples a um computador ou aparelho semelhante e com conexão com a Internet. Dessa forma são desenvolvidas estratégias para tornar acessível a compra do equipamento e condição para adquirir o serviço de provedor de Internet.

Se percebe que são estratégias de infraestrutura, importantes, como já foi citado anteriormente, para a implantação plena dos programas de inclusão digital. Essa acaba sendo uma visão mais estrutural ou simplista do que realmente é esse processo, de uma certa forma se reduz a importância e o espectro de atuação na sociedade contemporânea das tecnologias de informação e comunicação.

Ainda há um trabalho a se fazer no que diz respeito a questão educacional e cultural envolvida na temática da inclusão digital e o exemplo dessa situação é a distribuição de computadores nas escolas sem se trabalhar com questões básicas de por que? E como realizar essa tarefa? Além de não preparar o professor para interagir com a máquina, como inserir a ferramenta no dia a dia do ambiente escolar e consequentemente dos alunos e professores. O que se nota é a dificuldade em perceber o potencial criativo das tecnologias e as novas formas de cognição surgidas da cibercultura até mesmo por gestores de telecentros Brasil a fora.

Politicas publicas para pensar não apenas na aproximação de pessoas e máquinas, mas na maneira de como fazer isso como um elemento de democratização da informação e do conhecimento e da cidadania.

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