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ESPAÇOS DE ACESSO À INTERNET E SEUS USOS, POR UMA INCLUSÃO DIGITAL PARA A CIDADANIA E A CRIATIVIDADE: A EXPERIÊNCIA DA INTERNET LIVRE DO SESCSP Mestrado em Comunicação e Semiótica

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ANA CAROLINA WEFFORT DE ANDRADE

ESPAÇOS DE ACESSO À INTERNET E SEUS USOS,

POR UMA INCLUSÃO DIGITAL PARA A CIDADANIA E A CRIATIVIDADE:

A EXPERIÊNCIA DA INTERNET LIVRE DO SESC/SP

Mestrado em Comunicação e Semiótica

São Paulo

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ANA CAROLINA WEFFORT DE ANDRADE

ESPAÇOS DE ACESSO À INTERNET E SEUS USOS,

POR UMA INCLUSÃO DIGITAL PARA A CIDADANIA E A CRIATIVIDADE:

A EXPERIÊNCIA DA INTERNET LIVRE DO SESC/SP

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do título de mestre em Comunicação e Semiótica, sob orientação do Professor Dr. Rogerio da Costa Santos.

SÃO PAULO

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Espaços de acesso a Internet e seus usos: por uma inclusão digital para a cidadania e a criatividade: a experiência da Internet livre do SESC/SP

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Spaces for Internet access and its uses, inclusion of a digital citizenship

and creativity: The experience of Internet Livre of SESC/SP

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Resumo Abstract

Agradecimentos Dedicatória

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Agradeço à PUC/SP, por ter possibilitado que essa pesquisa ocorresse.

Do mesmo modo, agradeço ao SESC/SP por me dar a oportunidade e o incentivo para olhar com atenção ao nosso cotidiano de trabalho e assim buscar novos horizontes. Agradeço à todos os colegas de SESC que me receberam e contribuíram para enriquecer essa dissertação.

Agradeço a meu orientador, Prof. Rogério, que me acolheu no meio da jornada e com seu olhar enriqueceu minha pesquisa.

Agradeço aos professores das disciplinas que cursei e que muito contribuíram para a realização desse trabalho.

À minha mãe, Noely, que me acompanhou desde o princípio, foi minha ouvinte e conselheira.

Aos meus amigos, Rogério, Juliana, Jo, Felipe, João, Fábio e outros que estiveram ao meu lado durante esta jornada. E aqueles que conheci durante a realização das aulas.

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Criar meu web site Fazer minha home-page Com quantos gigabytes Se faz uma jangada Um barco que veleja ... Que veleje nesse informar Que aproveite a vazante da infomaré Que leve um oriki do meu orixá Ao porto de um disquete de um micro em Taipé

Um barco que veleje nesse infomar Que aproveite a vazante da infomaré Que leve meu e-mail até Calcutá Depois de um hot-link Num site de Helsinque Para abastecer

Eu quero entrar na rede Promover um debate Juntar via Internet Um grupo de tietes de Connecticut

De Connecticut de acessar O chefe da Mac Milícia de Milão Um hacker mafioso acaba de soltar Um vírus para atacar os programas no Japão

Eu quero entrar na rede para contatar Os lares do Nepal,os bares do Gabão Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular

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O século XX foi marcado por profundas transformações em diferentes campos da sociedade a partir do desenvolvimento de técnicas e tecnologias e estas modificaram a forma de pensar e agir dos indivíduos, tal situação fez com que Pierre Levy afirmasse que é

necessário “reconhecer a técnica como um dos mais importantes temas filosóficos e políticos de nosso tempo.”

Com o desenvolvimento de métodos, aparelhos e sistemas, principalmente com a criação do computador e do conceito de redes para comunicação, a máquina que a princípio tinha funções e contato restritos passou a fazer parte do cotidiano das pessoas, se tornando tecnologias da vida, assim como afirmou o sociólogo Manuel Castells.

As descobertas nas telecomunicações e na informática ao lado de pessoas interessadas em testar o que havia sido criado foram fundamentais para o surgimento de um novo modelo de sociedade, que ainda está sendo pensado e discutido por pesquisadores, mas que tem sido chamada de Sociedade em Rede, fruto de uma cultura criada a partir desse ambiente digital e que convencionou-se chamar de cibercultura.

A partir desse ambiente, a conexão tecnologicamente amparada adquiriu o status de articulador das relações no período e a necessidade da conexão constante e permanente se tornou fundamental para a existência do individuo em sociedade, assim como afirmou Eugênio Trivinho em sua teoria a respeito da dromocracia cibercultural.

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para ele, as habilidades para atuar no ambiente de conexão e participação constante.

Entretanto, parte da população no Brasil, segundo dados de pesquisa da Fecomércio/RJ/Ipsos, os números não alcançam nem a metade da população, não tem pleno acesso ao computador e a Internet, apesar de nos últimos anos a situação ter melhorado, então se tornou necessário pensar em políticas públicas para aproximar a tecnologia do cotidiano das pessoas. São estratégias de órgãos públicos e entidades privadas, em vários sentidos e também na forma da realização de tal trabalho.

A presente pesquisa se propõe a analisar o processo de inclusão digital realizado por entidades públicas e privadas, com especial atenção sobre o Programa Internet Livre do SESC/SP para analisar a importância do trabalho realizado, além das formas de atuação em um programa que pretende estimular o uso criativo das tecnologias.

Falar a respeito dos impactos das tecnologias no cotidiano e da

inclusão digital não é novo para o campo acadêmico. O tema já foi diversas vezes abordado pela Sociologia, Psicologia, Educação e Comunicação. Aqui o enfoque será sobre o processo comunicativo que ocorre no real e no virtual em espaços de acesso gratuito à Internet e de sua importância para uma utilização de suas potencialidades ao máximo.

É a partir desse contexto, de uma tecnologia aplicada ao cotidiano das pessoas, que transforma e modifica comportamentos dos indivíduos e cria uma sociedade em rede, assim como falou Castells, que

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Compreender o processo de alfabetização tecnológico a partir do cenário atual da produção de conteúdos e criticar a colaboração e interação das pessoas nas redes sociais é um dos objetivos dessa dissertação. Analisar as habilidades e competências necessárias para atuar criticamente nesse ambiente também é um dos objetivos dessa pesquisa, ao lado da importância de se questionar a respeito da função

exercida por tais entidades públicas e privadas no desenvolvimento de estratégias de promoção e difusão da cultura digital entre a população como um todo.

Portanto, a presente pesquisa se propõe a analisar o papel de instituições públicas que pretendem estimular o uso crítico das novas tecnologias da informação e comunicação através de programas de inclusão e alfabetização digital e pensar nas maneiras de alcançar esse objetivo. Compreender de que forma ocorre a dinâmica de trabalho, quem são os atores dessa história, quais são seus questionamentos.

Realizar essa pesquisa é colocar foco em temas atuais que passam pela inclusão e alfabetização digital, pela função exercida por instituições públicas no favorecimento de acesso à Internet pela população que ainda não tem condições de estar conectado; Há ainda a questão do estímulo ao uso crítico e consciente das Tecnologias de Informação e Comunicação disponíveis, além do produção de conteúdos amparados por elas.

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A pesquisa está dividido em três capítulos, no primeiro, sob o título “ Tecnologias e mudanças”, que aborda o processo que se deu a partir da criação e implementação das tecnologias no cotidiano dos indivíduos e desse processo amparado por uma infraestrutura adequada e pessoas interessadas em explorar as possibilidades que surgiam a sociedade foi se aproximando e em conexão constante e desse ambiente

surgem novas formas de atuação, novas habilidades são requeridas, enfim, um novo modelo de sociedade está se estabelecendo e essa temática é abordada no capítulo.

O capítulo seguinte “ A questão da inclusão” trata a respeito da inclusão digital, sua conceituação teórica e os projetos desenvolvidos tanto no âmbito público quanto do privado. Compreender que no contexto de sociedade da informação no qual estamos inseridos a inclusão digital é um elemento fundamental e além de realizar uma breve analise a respeito das formas como e com que objetivos o trabalho é desenvolvido pelo poder público e pela iniciativa privada.

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A metodologia utilizada para alcançar os objetivos propostos para essa dissertação teve início com um levantamento bibliográfico de materiais publicados sobre o assunto, entre os quais livros, dissertações e teses, artigos, revistas e toda referência que tratasse do assunto.

O referencial adotado consistiu na utilização de teorias científicas reconhecidas no campo da Comunicação através da análise do processo comunicativo e do meio para a comunicação surgida a partir dos avanços tecnológicos das últimas décadas. Conway e Mckeley (1970, p.30) disseram que “(...) os problemas de pesquisa não se materializam do nada, eles evoluem com o próprio indivíduo”.

A fundamentação teórica se deu através da obra de MARTIN-BARBERO e sua investigação sobre a comunicação no cenário cultural e as múltiplas formas de mediação de mensagens; CASTELLS, catedrático de sociologia na Universidade da Califórnia, tem uma ampla pesquisa a respeito de um modelo de sociedade que vem surgindo baseado nos avanços tecnológicos de telecomunicações e informática. CASTELLS E BARBERO me auxiliaram a analisar a importância da criação de um ambiente comunicativo para criação e trocas no ambiente virtual.

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De tais avanços se verifica uma necessidade de conexão constante e permanente a obra de TRIVINHO foi essencial para a análise do processo de imperativo de conexão verificado no contexto de conexão. E de toda a situação apresentada, se percebe uma revolução social, temática abordada por RHEINGOLD.

A partir dessa importância fica explicita a necessidade de se pensar em formas de incluir digitalmente todas as pessoas para possibilitar um amplo acesso à cultura e a educação, tema abordado na obra de AMADEU e CASSINO. A obra de FLUSSER auxilia a pensar em como seriam os locais para estimular a criação de novos conteúdos e uma utilização pertinente das novas tecnologias. E a teoria desenvolvida por JENKINS a respeito das habilidades necessárias para existir e criar no ambiente digital, local este que possibilita a convergência de mídias e a criação múltipla e, requer o desenvolvimento de capacidades.

Também são analisadas as políticas públicas e privadas que se dedicam a realizar esse trabalho através da divulgação em mídia digital e também em trabalhos como o de HOLANDA e os ditames para a inclusão digital.

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1.1 A digitalização do cotidiano

Durante o século XX o Homem desenvolveu técnicas e tecnologias para a realização das tarefas cotidianas e esse foi um dos agentes de transformação das sociedades atuais. Foi um processo, de certa forma rápido, em termos cronológicos, aproximadamente um século, mas de consequências profundas e com grandes implicações para a forma de viver dos indivíduos. De mudanças bem perceptíveis e outras mais sutis, mas, não menos importantes.

O surgimento de tais técnicas, em especial as que envolvem as telecomunicações e a informática, foi das que mais impactaram de maneira mais visível na forma de viver das sociedades. A união entre técnicas ou ferramentas, que criam novas formas de atuação, e pessoas dispostas a pensar usos para esses dispositivos promoveram o cenário ideal para que o processo se desenvolvesse.

Nas últimas décadas assistimos à um processo de digitalização do nosso cotidiano através do surgimento de uma grande quantidade de aparelhos e dispositivos tecnológicos, gerando novas formas de mediação entre as máquinas e entre nós, a relação entre máquina e seres

humanos, assim como afirmou Levy

Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo

elaboradas no mundo das telecomunicações e da informática. As relações entre os homens, o trabalho, a própria inteligência dependem, na verdade, da metamorfose incessante de dispositivos de todos os tipos” (LEVI,2010)

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Nesse período o computador era grande, ocupava grandes salas e ainda estava bem distante da aparência atual, por exemplo, ainda não tinha mouse ou monitor. Sua operação ficava restrita à engenheiros, cientistas e militares.

No mesmo período, também com fins militares, mas com o objetivo de operacionalizar a troca de dados entre diferentes pontos, foi desenvolvida a ideia de uma rede de comunicação a fim de possibilitar o processo. Surgia assim o que anos mais tarde viria a ser o que conhecemos hoje como Internet e já traçava como uma de suas funções “estimular a pesquisa em computação interativa”, como afirmou Castells em seu livro “A Galáxia da Internet”.

Contudo, as pessoas envolvidas no desenvolvimento do computador, da Internet e, consequentemente, nos programas necessários para a operação dos sistemas perceberam que havia mais possibilidades para aquela máquina. A máquina era capaz de ir além do calculo ou da simples troca de dados entre as estações de produção.

Novas funções passavam a ser pensadas, usos cada vez mais próximos do cotidiano das pessoas e distantes dos laboratórios tanto é que já nos anos 1960 se previa que o computador e as tecnologias teriam um papel fundamental nas sociedades e isso era representado até em desenho animado, como na série de animação Os Jetsons, clássico

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da década que narrava o cotidiano de uma família do futuro e as tecnologias interferindo no modo de vida daquelas pessoas.

Com o passar de alguns anos, o aprimoramento de hardwares e softwares, desenvolvimento de dispositivos e aplicativos e a descoberta de novas funções para o computador ele, de fato, deixou os laboratórios e as salas fechadas e passou a fazer parte do dia a dia das pessoas. O c No mesmo período, outros softwares e aplicativos foram desenvolvidos e estudados por cientistas e estudiosos, desenvolvendo os padrões que a Internet viria a ter e debates que apenas muitos anos depois ganhariam o conhecimento do grande público, esse foi um processo silencioso. Em seus primórdios a Internet foi desenvolvida em parceria entre o governo e diferentes instituições de ensino para ser liberada da parte militar em 1990 e a administração passou para à National Science Foundation, mas isso durou pouco e já em 1995 tem início a operação privada da Internet:omputador ficou menor, mais funcional com o desenvolvimento de softwares destinados à diferentes finalidades e ganhou novos espaços.

“Embora a Internet tivesse começado na mente dos cientistas da computação no início da década de 1960, uma rede de

comunicações por computador tivesse sido formada em 1969, e comunidades dispersas de computação reunindo

cientistas e hackers tivessem brotado desde o final da década de 1970, para a maioria das pessoas, para os empresários e para a sociedade em geral, foi em 1995

que ela nasceu.”(CASTELLS, 2003)

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Com o surgimento de uma de rede de comunicação aberta ao público em geral percebeu-se o nascimento de um espaço comunicativo disponível para a troca e o compartilhamento de dados e múltiplas informações. Espaço esse que veio a ser chamado de ciberespaço, que segundo definição de Pierre Levy é “o novo meio de comunicação que

surge da interconexão mundial de computadores”.(LEVY, 1993) Ainda segundo Levy, especifica não apenas a questão de infraestrutura material, mas as informações ali veiculadas e os seres humanos que abastecem o ambiente de conteúdo e, portanto, estão ali presentes.

O número de computadores pessoais no mundo só fez crescer nesse período. No ano de 2008 a expectativa era que existissem 1 bilhão de PCs no planeta. No Brasil, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas, no ano de 2011 já eram encontrados 85 milhões de máquinas no país, com expectativa de que no ano seguinte esse número alcançasse 98 milhões e que já em 2014 o número alcance a marca de 140 milhões de computadores.

Desde então notou-se que a comunicação tecnologicamente mediada, amparada por ideias de técnica e da ciência, além da necessidade do progresso tecnológico foi, como afirmou Eugênio Trivinho em sua obra “A dromocracia cibercultural”, “...a comunicação à distância

foi, de forma inédita, alçada ao patamar de vetor majoritário de articulação e mediação da vida social, cultural, política e econômica.” (TRIVINHO,2007).

Dessa articulação entre homens e máquinas e a consequente mediação criada é que surgem práticas, códigos, expressões de um processo comunicativo existente e, portanto, surgem denominações possíveis que pretendem conceituar o mesmo. Antes, porém, é preciso lembrar que segundo Castells “A cultura da Internet é a cultura dos

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Ainda não há um consenso a respeito de qual a melhor nomenclatura a se utilizar para denominar tal processo, mas são vários os termos adotados. Cultura digital, cibercultura, sociedade da informação, era digital, entre outros. Aqui utilizaremos cibercultura ou cultura digital e sua definição vem da obra “Cibercultura” de Pierre Levy. Assim, “ “

cibercultura, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de

valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço.”(LEVY,2001)

Quem desenvolveu essa cultura foram os seus criadores e desenvolvedores, mais uma vez citando a obra de Castells “Os sistemas

tecnológicos são socialmente produzidos. A produção social é estruturada culturalmente. A internet não é exceção. A cultura dos produtores da Internet moldou o meio”. E segundo ele são caracterizados por uma estrutura de quatro camadas: a cultura tecnomeritocrática, a cultura hacker, a cultura comunitária virtual e a cultura empresarial.

Cada uma possui um papel, pois, segundo Castells, a cultura tecnomeritocrática age como cultura hacker ao incorporar normas e costumes a redes de cooperação de projetos tecnológicos. Por sua vez, a cultura comunitária virtual fornece uma dimensão social ao compartilhamento tecnológico, tornando a rede um meio de interação social e integração simbólica. Por fim, a cultura empresarial ajuda a difundir as práticas da Internet a fim de gerar lucro. Portanto, a Internet necessita da articulação de tais culturas para obter êxito em suas ações.

Para além dessa base conceitual há uma série de ações, expressões que tornam cada vez mais perceptível essa cultura do digital, que segundo Rogério da Costa pode ser descrita como “... à ideia da

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A ideia de interatividade permanente está atrelada à necessidade da parte de estrutura física composta de cabos, sinais de Internet via rádio ao lado de aplicativos como softwares, sites e outras ferramentas que estimulam a troca de informações e favorecem a comunicação entre seus usuários e acabam por, de certa forma, caracterizar a cultura digital baseados na ideia de interconexão e

inter-relação entre os homens e as informações amparados por computadores e a Internet.

O desenvolvimento de tais dispositivos e de seus sistemas de operação acabaram por mudar a forma de acesso à informação e ao entretenimento, e como são várias as opções temos a navegação em múltiplas janelas, que ampliam as formas de cognição das pessoas. Surgem novas formas de consumo; todas as mídias convergem para o computador, que se torna o centralizador de conteúdos; possibilita e estimula a ideia de troca de informações e conhecimento em escala planetária através das comunidades virtuais que configuram o conceito de uma inteligência coletiva consequente conhecimento distribuído.

Entretanto, se configura um aumento do controle do que se faz nas redes, gerando um avanço da sociedade de controle daquilo que se faz.

1.2 A Sociedade em Rede

Vivemos em tempos confusos, como muitas vezes é o caso em períodos de transição entre diferentes formas de sociedade. Isso acontece porque as categorias intelectuais que usamos para compreender o que acontece à nossa volta foram cunhadas em circunstâncias diferentes e dificilmente podem dar conta do que é novo referindo-se ao passado. Afirmo que, por volta do final do segundo milênio da Era Cristã, várias transformações sociais, tecnológicas, econômicas e culturais importantes se uniram para dar origem a uma nova forma de sociedade...”(CASTELLS, 2001)

O crescimento do ciberespaço foi identificado principalmente a partir dos anos 2000 quando “jovens ávidos para experimentar,

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Tecnologias de Informação e comunicação ou mais popularmente TICs. Este é o nome atribuído às ferramentas que tornam o ciberespaço mais atraente e aberto a participação, e também chamando pela colaboração do público na produção e gestão de seus conteúdos.

Nesse momento assistimos ao surgimento e expansão de sites de relacionamento como Orkut, MySpace, Facebook, Youtube, a multiplicação de blogs, fotologs, videologs, do uso cada vez maior dos comunicadores instantâneos como MSN. Todas com o objetivo de possibilitar que o “navegante” crie, divulgue, compartilhe, debata, enfim, interaja com as informações encontradas na rede, não apenas busque e encontre informações na rede.

Ao mesmo tempo em que esses sites, criados a fim de estimular uma participação efetiva do público na produção e gestão de conteúdos disponíveis na Internet, foi constatada uma simplificação de computadores, celulares e outros aparelhos com conexão à rede, agora, mais fáceis de operar e com preços acessíveis à grande parte da população. O cenário se tornava cada vez mais atrativo ao uso de tais tecnologias com a criação de aparelhos e aplicativos convidativos.

A Internet passou a centralizar a busca por serviços e informações em geral, uma vez que, empresas de diversos setores “descobriram” na rede uma forma de divulgação de seu trabalho, além da possibilidade de uma maior proximidade com seu público e oferecendo serviços para facilitar a vida de seus clientes. Sites de bancos, instituições financeiras, órgãos públicos, empresas em geral passaram a utilizar a rede como uma central de dados e serviços.

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Sociedade em Rede, a ideia a respeito de um modelo de sociedade que está surgindo a partir do impacto das TICs na estrutura social.

Tal teoria é abordada em uma trilogia de livros de mesmo nome, de Manuel Castells, e surge do pensamento a respeito desse modelo de sociedade que está sendo criada e é baseada na interconexão permanente de seus participantes e seus impactos na cultura, economia, política, enfim, na sociedade em geral.

A presença dos computadores e da Internet e, consequentemente, as possibilidades surgidas a partir dessa interação com o público impacta no modo de viver das pessoas. A tecnologia, que ao longo da história surge com o objetivo de facilitar a realização de tarefas pelo Homem, ou ainda desenvolvia maneiras para aumentar a produtividade nas fábricas, assim como foi apresentado no filme “Tempos Modernos”, de Charles Chapplin. Ganhava outra função, também modificando a forma de produção, mas também na forma de viver e pensar dos indivíduos em sociedade.

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entretenimento, informação, lazer e a moeda do momento é a informação. Acesso e produção se tornam fundamentais nas relações.

Da importância atribuída a informação, sua produção, troca e compartilhamento está, segundo Pierre Levy, baseada na questão de que agora a tecnologia está atrelada a ideia de pensar e não apenas do fazer, o que a transforma em algo completamente diferente daquilo visto anteriormente. Portanto, dessa Sociedade em rede criada a partir de inúmeras facilidades tecnológicas vemos o surgimento de uma sociedade da informação.

Na história verifica-se a importância de materiais tais como propulsores das sociedades. Já houve o tempo das especiarias, dos metais e pedras preciosas, ou ainda de determinado conhecimento, o desenvolvimento de técnicas estimulavam o avanço de seu tempo, que agora percebe essa importância na informação como moeda de troca material e imaterial pelo mundo. Vemos o surgimento de um modelo de sociedade no qual se objetiva pela interconexão das pessoas e da relevância do que cada um tem a dizer, possibilitados por esse ambiente comunicativo do ciberespaço.

1.3 Novas habilidades em ambiente conectado

O ciberespaço vem ganhando força como meio articulador de ideias e ações das pessoas, se a princípio a ideia de rede era da união entre computadores, agora e cada vez mais a rede une as pessoas e suas ideias.

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produzido e publicado. Em qualquer espaço e tempo é possível se conectar e narrar um fato relevante.

Tal fato demonstra que a inteligência se tornou algo coletivo, os temas são debatidos em âmbito geral. As questões, demandas, problemas ou porque não as soluções são discutidas de maneira conjunta e para isso não é preciso acontecer fisicamente, a divulgação e debate das demandas podem acontecer nesse meio comunicativo possibilitado pelas tecnologias.

Tanto assim que já no início dos anos 2000 o jornalista Howard Rheingold escrevia a respeito da importância das comunidades virtuais e das mobilizações inteligentes, em uma livre tradução de “Smart mobs. Para ele, a conexão permanente e em qualquer lugar graças aos celulares com acesso à Internet criariam o ambiente necessário para uma revolução social por estimular e possibilitar as trocas de informação entre os indivíduos em tempo real e de qualquer lugar.

O ciberespaço ao criar esse “espaço” para divulgação de

informações, conteúdos, debater ideias, trocar com aquele que está distante fisicamente, mas próximo no pensamento. Se torna, um ambiente comunicativo e justamente por isso surge a necessidade de se pensar em maneiras de agir e criar a partir desse contexto que levam a se pensar em habilidades necessárias para atuar nesse ambiente.

Em virtude da Internet ter se tornado um ambiente comunicativo e, consequentemente, um espaço para comércio, trabalho, lazer e demais atividades comuns ao cotidiano alguns comportamentos se tornaram

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por parte dos usuários da rede e não apenas a repetição de modelos propostos pela “indústria” da Internet.

Portanto, para atuar nesse ambiente de comunicação surgem novas habilidades. Henry Jenckins, estudioso americano que trabalha com a ideia de criação colaborativa e transmídia, tem dedicado parte de seus estudos à pensar sobre quais habilidades se tornam necessárias em um ambiente no qual a participação do público é solicitada e publicou uma

lista com quais seriam essas habilidades para atuar no ciberespaço.

Segundo esse artigo1 essas habilidades seriam a participação, a performance, a simulação, a visualização, a navegação transmidiática, a ideia de trabalho em rede, a negociação, a inteligência coletiva, a cognição distribuída, o julgamento, a apropriação e ideia de trabalho em multi-tarefas. Para ele o aprendizado dessas capacidades se dá de maneira interdisciplinar e não apenas no ambiente escolar tradicional, ou em matérias, seria sim algo mais amplo no sentido de uma formação interdisciplinar do indivíduo relacionada a arte, a literatura, a matemática. Enfim, desenvolver essas habilidades seria uma ação do cotidiano,

realizadas indiretamente e auxiliada por um espírito crítico e questionador.

Na realidade do Brasil, para o pesquisador Sérgio Meira, é preciso criar os “intrepenerds”, ou seja, indivíduos capazes de interpretar, integrar, interagir com os dispositivos disponíveis atualmente, uma vez que os “nerds”, aqueles que desenvolvem sistemas e tecnologias já existem em boa quantidade no Brasil, entretanto, ainda não fomos capazes de produzir nenhum produto tecnológico da esfera de pensamento, apesar de termos um brasileiro na fundação do Facebook. O

estímulo à crítica e ao pensamento a respeito, provavelmente levarão à ampliação dessa criatividade na população.

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A partir do contexto apresentado no qual a tecnologia possui um papel fundamental como meio de acesso à informação e modo de comunicação entre as pessoas, o espaço para encontro e debate, lazer e trabalho estar conectado à tais ferramentas se torna uma maneira de cidadania e inclusão social, visto que boa parte das discussões de hoje se dão nesse ambiente, contudo ainda não são todas as pessoas que podem

se conectar às redes, por isso são desenvolvidas políticas para a inclusão digital delas.

No Brasil, há diversos esforços de fazer com que a maioria da população tenha acesso a tais tecnologias. São políticas de diferentes órgãos municipais, estaduais e federais que buscam promover o acesso de todos as Tecnologias da Informação e Comunicação e em vários sentidos, desde baratear o custo das máquinas e serviços, até a inclusão no ambiente escolar, passando por colocar à disposição da população mais serviços na rede, enfim, uma estrutura de serviço destinada à cidadania.

Para além do simples acesso já se pensa em estratégias para

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2.1 Inclusão digital

A partir do processo no qual as tecnologias e as formas de comunicação tecnologicamente mediada adquirem um papel chave como articulador das relações na sociedade contemporânea ter acesso a tais dispositivos se tornou fundamental para os indivíduos efetivarem sua

existência na Sociedade em Rede, dessa situação surge a necessidade de se pensar em incluídos e excluídos digitais.

Antes de existir incluídos e excluídos digitais é preciso compreender que esse conceito apenas se aplica à realidade atual de conexão permanente e acesso à bens tecnológicos, ele surge dos incluídos e excluídos sociais. E o que é isso? Inclusão social vem da ideia de possibilitar a todos o acesso à bens e serviços, trabalho e lazer, enfim, participar da sociedade em todas as suas esferas. Dessa forma, criou-se o conceito de indivíduos que por algum motivo não tem acesso à determinados produtos materiais e imateriais e, portanto, é preciso criar formas de aproximar essa população daquilo que não se tem acesso.

A exclusão pode acontecer em função de diferentes fatores, e essa motivação pode ser de ordem econômica, ou seja não possuir condições financeiras para adquirir determinado produto ou serviço; o indivíduo ter algum tipo de deficiência física ou intelectual; há ainda a exclusão em função do gênero da pessoa ou questão da racial. Há autores que afirmam não haver inclusão ou exclusão, uma vez que todos seriam frutos da sociedade.

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No Brasil a exclusão social e consequentemente digital ocorre na maioria das vezes em função de problemas econômicos, uma vez que, segundo dados do Censo de 2010 a renda média do brasileiro é de R$688,00, apesar de metade da população viver com R$ 375,00. Outra questão que influencia no problema diz respeito ao acesso à educação e a cultura, dado explicitado através da taxa de analfabetos com idade

acima de 15 anos que é de 9% da população.

Apesar de na última década os índices de desenvolvimento do país tais como níveis de emprego, renda, anos de estudo por parte da população apresentarem melhora, ainda há muito o que se fazer. No ano de 2011 o Brasil alcançou o 84º lugar no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), mas ainda está bem atrás de outros países da América do Sul como Chile (44º), Argentina (45º) e Uruguai (48º).

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de fios, cabos e demais aparelhos para expansão das redes de telecomunicações que também precisa ser ampliada para dar conta do processo de inclusão das tecnologias no cotidiano em curso no país.

A partir de uma realidade que ainda precisa de uma infraestrutura de rede, da ampliação do acesso ao computador com conexão à Internet e a educação e a cultura apresentam a questão da inclusão digital/social como muito mais do que simplesmente promover o contato puro da população com a tecnologia disponível atualmente.

O que se verifica é que de fatores econômicos e sociais acaba por surgir uma ampliação nas distâncias entre a população que tem condições de adquirir bens tecnológicos e aqueles que não conseguem participar do jogo tecnológico da atualidade “Todo período histórico

possui um conjunto de tecnologias que as sociedades dominantes – e dentro delas, suas elites – utilizam como fonte especial de poder e de reprodução da riqueza” (CASTELLS, 2000)

A lógica da Internet é a da participação de todos aqueles que

desejam ser ouvidos, fortalecendo a ideia de cidadania pois os serviços públicos e privados se tornam mais acessíveis a todos os participantes do ciberespaço, entretanto, em função de questões socioeconômicos, a sociedade da informação acaba por evidenciar as distâncias entre os que fazem parte do jogo tecnológico e aqueles que estão fora dela, expondo uma fratura social da sociedade informacional.

Apesar de nos últimos tempos ter havido um barateamento nos equipamentos e serviços relacionados à tecnologia além da melhora da

renda das pessoas no Brasil, há ainda, como afirmou Sérgio Amadeu há “...um total descompasso com o ritmo de inserção dos extratos mais

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Segundo dados do Ibope/ Nielsen do ano de 2011, no Brasil, teríamos em torno de 80 milhões de internautas e no período de 2007 a 2011, segundo pesquisa realizada pela Fecomércio/RJ/Ipsos, no mesmo ano, o percentual de brasileiros conectados à Internet teria passado de 27% para 48% da população, sendo que a maior parte do acesso, 31% seria feita em lan houses, 27% na própria residência e 25% dos acessos

realizados na casa de parentes ou amigos. Fato que demonstra que apesar do aumento no números de acesso nos últimos anos, ter um computador com acesso à Internet ainda está distante da realidade de boa parte da população.

Quando se pensa nas razões para se desenvolver estratégias para promover a inclusão digital, Amadeu afirma que é preciso, em primeiro lugar, definir seu objetivo principal, se voltada à cidadania, como forma de capacitar para o mercado de trabalho, ou voltada à educação como formação cultural em um ambiente no qual a tecnologia e a informação possuem papel central. Tais objetivos não são excludentes, uma vez que eles podem coexistir em um mesmo projeto, contudo, é a

partir de sua definição para as bases do trabalho.

Quando se define qual o objetivo a ser atingido ficam mais claros quais resultados são possíveis, e fica claro que um computador com acesso à Internet e softwares básicos para edição de conteúdos cria uma série de possibilidades e dá a noção que a inclusão digital é mais do que apenas o acesso à um computador e a rede mundial. Se tornava possível o acesso aos múltiplos conteúdos disponíveis, a ideia de ter uma identidade no ambiente digital, acesso à sites e programas diversos, um

espaço no qual é permitido criar e publicar diferentes conteúdos, expressar sua opinião em uma espécie de praça da contemporaneidade. “A Internet possibilita que a democratização de discurso, problemas

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Como se afirmou no primeiro capitulo a respeito da importância das tecnologias como fomentadoras de um modelo de sociedade

uma sociedade dependente de tecnologias da inteligência, ou seja, que ampliam imensamente a capacidade de gerar conhecimento, o

que requer um preparo e capacitação complexa de amplos

segmentos da sociedade.”(CASTELLS, 2001)

é preciso se pensar em maneiras de além de capacitar para o trabalho, formar cidadão aptos a viver nas “cibercidades” e que propõe a título de um artigo do pesquisador André Lemos, a selecionar informações em um ambiente onde há grande quantidade disponível, produzir e publicar conteúdos de diferentes formatos, enfim, atuar no contexto presente.

Se incluir no ambiente digital é mais do que conectar a Internet ou saber utilizar as funções básicas de um computador, se novos conhecimentos se tornam necessários no contexto, novas habilidades cognitivas para a compreensão da realidade presente fica evidente a urgência em pensar a respeito da formação ampla do indivíduo para a utilização consciente, criativa, crítica e pertinente das tecnologias digitais de comunicação, em virtude da importância de tais dispositivos como articuladores da vida em sociedade, ou seja, saber usar bem e em toda a sua potência a ferramenta é fundamental para existir no ambiente digital.

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São as habilidades pensadas por Jenkins e citadas no primeiro capítulo, e elas seriam a participação, a performance, a simulação, a visualização, a navegação transmidiática, a ideia de trabalho em rede, a negociação, a inteligência coletiva, a cognição distribuída, o julgamento, a apropriação e ideia de trabalho em multi-tarefas para atuar no ciberespaço e de quem é a função de realizar esse trabalho? Da Escola

tradicional, de centros destinados à formação? Qual o espaço para esse processo?

Ainda não se sabe ao certo, Vilém Flusser, filósofo tcheco que viveu alguns anos no Brasil e escreveu a respeito do impacto das tecnologias no cotidiano, em seu artigo intitulado “A Fábrica”, afirma que é nesse local, nessa fábrica da contemporaneidade pois é desse espaço onde são “produzidos” Homens “as fábricas são lugares onde sempre são produzidas novas formas de homens: primeiro, o homem - mão, depois, o homem –

ferramenta e, finalmente, o homem – aparelhos – eletrônicos.”(FLUSSER, 2000)

Esse espaço, para Flusser denominado de fábrica do futuro seria um “...lugar onde as potencialidades criativas do Homo Faber

poderão se realizar.” Seriam lugares de aprendizagem, uma vez que os aparelhos eletrônicos exigem a criação de um novo processo de aprendizagem mais abstrato a fim de se adequar às novas demandas, seria, assim, como uma escola. E descobrir em conjunto, Homem e Máquina, o quê, para quê e a forma de colocar as descobertas em uso. Assim, ainda segundo Flusser

“O que importa é que a fábrica do futuro deverá ser o lugar

em que o Homo Faber se converterá em Homo Sapiens

Sapies, porque reconhecerá que fabricar significa o mesmo

que aprender, isto é, adquirir informações, produzi-las e

divulgá-las”(FLUSSER, 2000)

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porque ainda se está pensando em como realizar a tarefa proposta, os papeis não estão definidos, se essa é uma função do Estado ou da sociedade civil, se da escola ou do trabalho, enfim, o que se sabe é da importância de se estar conectado às redes sociais através da Internet e de seu poder para a criação e a troca de informações entre as pessoas.

O modelo a ser adotado ainda não foi pensado, o processo ainda está em curso, entretanto, existem políticas públicas em diferentes esferas do poder executivo, ou seja, federal, estadual e municipal para empreender tal tarefa e ainda outras tantas de caráter privado, como o trabalho desenvolvido por ONGs, entidades sem fins lucrativos e empresas interessadas em ampliar o acesso à tecnologia por outras camadas da sociedade.

Para além da formação conceitual e no estímulo ao uso criativo do ciberespaço e das tecnologias, para uma efetiva inclusão da população é preciso que se reforce toda infraestrutura de telecomunicações no país e que sejam dadas as condições para todos, independente de qualquer limitação ter acesso pleno e irrestrito aos bens tecnológicos disponíveis hoje. A inclusão digital passa necessariamente pela inclusão social e pelo avanço econômico, educacional e científico do país, pois desta forma será possível com que todos independente de qualquer fator tenham plenas condições de acesso.

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2.2 Políticas Públicas para a Inclusão digital

A partir do momento que as tecnologias de informação e comunicação surgiram, passou a se pensar nas maneiras de cada vez mais aproximar os dispositivos das pessoas, para incluí-los no dia a dia e as tecnologias se tornarem ferramentas de vida. Então, foram desenvolvidas políticas públicas para efetivar o processo de inclusão digital.

A fim de compreender as políticas públicas destinadas a promover a inclusão digital é preciso, em primeiro lugar, definir o conceito de políticas públicas, que nada mais são do que a expressão do poder público em face dos problemas, demandas e desejos da sociedade. É dever do Estado pensar em ações destinadas a resolver questões, maneiras para atender as solicitações das pessoas, prover serviços de saúde, educação, lazer, trabalho, cultura, enfim gerenciar a vida em sociedade nas diferentes esferas do Estado, no nível federal, estadual e municipal são desenvolvidas políticas públicas com o objetivo de dirimir tais questões. E esse trabalho pode e deve ser realizado através de parcerias entre o Estado e a sociedade civil organizada e empresas que desejam investir em projetos de melhoria de vida.

Em virtude da importância adquirida pelas tecnologias de informação surgiu a necessidade de pensar em maneiras de colocar as pessoas em contato com os dispositivos e, assim, propostas políticas públicas para a inclusão digital da população e assim como as demais áreas e quais são elas?

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computador,celulares smartphones ou tablets; os softwares e aplicativos utilizados na operação do sistema; a Internet e as tecnologias para a conexão; a tecnologia como ferramenta educativa; o uso cidadão dos espaços comunicativos criados no ciberespaço.

Em um universo de possibilidades e de espaços para a atuação o passo inicial surge com a criação de projetos de leis e regulamentações em âmbito nacional, ou seja, através de ações do governo federal que atua em conjunto com as outras esferas do poder público, até chegar aos municípios que estão próximos ao cotidiano e as necessidades e especificidades de cada localidade. De projetos amplos e abrangência nacional até a realidade de uma das cidades do Brasil.

Um dos primeiros trabalhos para promover a inclusão digital foi a criação dos laboratórios de informática nas escolas, contudo foi a partir dos anos 2000 que surgiu a ideia de expandir as ações de inclusão e se pensar em maneiras de aproximar as tecnologias das pessoas. É desse ano que data o projeto que é tido como o pioneiro na ideia de inclusão digital, ele nasceu em São Paulo e em Julho daquele ano nascia o Acessa SP, projeto do Governo do Estado de São Paulo, que tinha o objetivo de prover o acesso a um computador com Internet e, por consequência, acessar os serviços públicos disponíveis na rede.

No ano 2000 a implantação de um projeto desse tipo propunha algo inovador hoje essa é das políticas públicas mais comuns para a inclusão digital. Por todo o Brasil existem projetos semelhantes, no Pará temos o NavegaPará, em Minas Gerais podem ser encontrados os CVT, o nome dado aos Centros Vocacionais Tecnológicos, ou ainda o projeto Ilhas Digitais do Ceará e tantas outras ações espalhadas pelos estados.

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desenvolvimento humano; o mercado não absorverá os extratos da sociedade desprovidos de um mínimo de conhecimento técnico; a formação de indivíduos aptos a participar das trocas de informações no ciberespaço depende da velocidade de inclusão das populações no jogo tecnológico e por fim a constatação de que ter acesso às tecnologias de comunicação é sinal de liberdade de expressão e cidadania.

Se a princípio o objetivo a ser alcançado através de tais ações era o acesso a rede com o passar dos ano se percebeu que se podia fazer mais com a ideia de apropriação e um uso mais qualitativo das ferramentas tecnológicas além da ampliação da estrutura dos projetos com mais salas e pessoas envolvidas no processo.

Em um levantamento realizado em 2008 pela Fundação Pensa Digital para a Universidade de Washington, foi constatado que há um grande interesse por parte do poder público de criar mais espaços de apropriação das tecnologias, os telecentros. Segundo essa pesquisa há mais disposição de implantar mais locais como esse do que investir em bibliotecas ou lanhouses ou cybercafés.

Esses espaços tem se tornado mais do que centro de serviços, são lugares destinados a cultura. Tanto é isso que em alguns estados houve uma mudança no órgão público que gerencia a ação. Foi o que ocorreu no Ceará quando o projeto passou de Secretaria da Ouvidoria geral e do meio ambiente do governo do estado para a Secretaria da Cultura.

O gerenciamento de políticas públicas passa pela questão das

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projetos de inclusão foi Minas Gerais, com R$ 19,3 milhões, seguido pela Bahia, com R$16 milhões e o estado de São Paulo, apesar de ser o mais rico e populoso da federação apareceu apenas em terceiro lugar na pesquisa com um investimento de R$ 6,3 milhões.

Paralelamente o governo federal, através de ações dos Ministério da Educação, Ministério das Comunicações, Ministério da Ciência e Tecnologia tem dado continuidade e ampliado as ações no sentido de incentivar a inclusão digital. As ações tem caminhado em várias direções, justamente no sentido de abranger as etapas para inclusão descritas anteriormente e fundamentais para a efetivação da sociedade da informação em nosso país.

Os projetos desenvolvidos atualmente para a ampliação da cibercultura no país passam da instalação de fábrica de componentes de aparelhos tecnológicos; incentivos fiscais para a fabricação de computadores, celulares, smartphones e tablets; o incentivo ao uso de software livre nas instituições governamentais; o barateamento dos serviços de conexão com a rede.

Hoje uma das principais ações em desenvolvimento é o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) do Ministério das Comunicações que foi lançado em 2010 com o objetivo de massificar o acesso a Internet de banda larga a população. A conexão seria de 1Mb a um custo de R$35,00 por mês pelo serviço. A expectativa do programa é atender entre 12 e 40 milhões de domicílios a um custo aproximado de pouco mais de R$ 12 milhões.

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Há ainda o projeto para a disponibilização de redes sem fio em lugares públicos sem custo aos usuários e assim em qualquer lugar e a qualquer tempo e o melhor sem custos a possibilidade de conexão. Atualmente, o governo federal através de diferentes ações promove mais de vinte projetos destinados a realizar o trabalho de inclusão digital no país.

Como se verifica a partir do que foi aqui apresentado a maior parte do que é proposto como política pública para o acesso ainda está baseado na ideia de prover o acesso simples a um computador ou aparelho semelhante e com conexão com a Internet. Dessa forma são desenvolvidas estratégias para tornar acessível a compra do equipamento e condição para adquirir o serviço de provedor de Internet.

Se percebe que são estratégias de infraestrutura, importantes, como já foi citado anteriormente, para a implantação plena dos programas de inclusão digital. Essa acaba sendo uma visão mais estrutural ou simplista do que realmente é esse processo, de uma certa forma se reduz a importância e o espectro de atuação na sociedade contemporânea das tecnologias de informação e comunicação.

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Politicas publicas para pensar não apenas na aproximação de pessoas e máquinas, mas na maneira de como fazer isso como um elemento de democratização da informação e do conhecimento e da cidadania.

2.3 Entidades Privadas e a Inclusão

O trabalho de inclusão digital não se restringe aos projetos desenvolvidos por órgãos governamentais. Na maior parte das vezes ocorre uma articulação entre o poder instituído e ações da sociedade civil organizada, empresas sem fins lucrativos ou ainda a instituição de projetos por empresas interessadas em desenvolver trabalhos ligados a qualidade de vida e que muitas vezes ainda contam com incentivos fiscais dos governos.

O trabalho realizado pelo terceiro setor que é o termo adotado para os projetos de caráter público realizado pela sociedade civil, assim como os trabalhos de inclusão social e melhoria de qualidade de vida não são ações novas e dedicadas exclusivamente à digitalização do cotidiano,

eles surgem com o objetivo de buscar solução para problemas que o poder público tem dificuldade de atender e em localidades carentes de serviços públicos. Por todo o país são encontrados exemplos de trabalhos de inclusão digital e eles possuem pontos em comum.

Por outro lado há o trabalho desenvolvido por empresas, que na maioria das vezes tem algum tipo de relação com as tecnologias, quer seja como produtora de equipamento ou softwares, quer como uma fornecedora de serviços, enfim, possui participação ativa no contexto

tecnológico e por essa razão desenvolve tais projetos em paralelo a suas atividades comerciais.

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computadores com acesso à Internet e softwares básicos de edição, contudo há um diferencial que reside na proposição de atividades culturais atreladas ao uso da tecnologias. Não que isso não ocorra nas ações desenvolvidas pelo poder público, porém, essa é uma prática iniciada em atividades do terceiro setor em razão, principalmente, porque esses são espaços de promoção cultural.

O processo desenvolvido por essas instituições estimula o uso criativo das ferramentas tecnológicas, por enxergar nos dispositivos um meio para adquirir informação, uma possibilidade de aprendizado e dessa forma a inserção no mundo do trabalho e uma forma de criação fundamentada na criatividade e na apropriação efetiva da tecnologia. Outro fator verificado nesse contexto diz respeito a cidadania, em virtude da divulgação de fatos e informações no ciberespaço, que facilita o debate sobre os problemas e a busca de soluções, além da clara proximidade com o poder público, reivindicar nunca esteve tão fácil.

Uma questão bastante debatida e trabalhada por instituições dessa natureza é a utilização de software livre que são programas nos quais o código de programação é livre para uso, cópia, estudo, modificação e redistribuição. É um aplicativo que estimula a criação colaborativa, pois é desenvolvido por todos os conhecedores das linguagens de programação.

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A Brasil Telecom, uma empresa de telecomunicações, baseado em seu plano de responsabilidade social tem investido em inclusão digital através da implantação de oficinas digitais, que tinha a previsão de até o ano de 2010 chegar a 500 atividades realizadas Brasil a fora em escolas que recebem computadores com acesso a Internet, impressora, scanner, câmera fotográfica e capacitação dos professores para utilizar a estrutura

disponibilizada.

Com um objetivo um pouco diferente a IBM busca parcerias com instituições de ensino superior a fim de desenvolver ferramentas educativas com o fim de ampliar o acesso à máquina e com softwares atrativos. A empresa também facilita a compra de computadores e programas por escolas, professores e alunos.

Se verifica assim que políticas públicas e privadas tem objetivos distintos e, portanto, são executadas de maneira diferentes. O que une os trabalho é que em ambos fica explicito a importância atribuída as tecnologias e a necessidade de realizar esforços para aproximar as ferramentas de um número cada vez maior de pessoas.

A realização de tal tarefa é fundamental no modelo de sociedade que está surgindo, principalmente por criar um ambiente comunicativo de possibilidades de acesso a serviços, cultura e lazer. Um espaço para a atuação do cidadão.

Portanto, pensar e gerir políticas públicas e trabalhos de inclusão digital é estar de acordo com um tema dos mais atuais, para proporcionar uma inclusão efetiva de toda a população e em todas as

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O que motivou a realização dessa pesquisa foi o fato de ser instrutora de Internet e multimídia do SESC/SP desde o ano de 2007 e a partir da minha vivência profissional surgiram algumas questões, que busquei, se não respostas mas caminhos possíveis a respeito da prática e das ideias de gestão do processo de mediação existente no cenário das salas de Internet Livre. Aqui narrarei um pouco da experiência que adquiri através do dia a dia, das conversas com colegas de profissão e instituição e um pouco do meu olhar sobre a importância do trabalho por nós desenvolvido.

Para entender o programa Internet Livre do SESC/SP é preciso conhecer as suas origens. No início dos anos 2000 o computador e a Internet passavam a fazer parte do cotidiano das pessoas e o SESC/SP, uma instituição privada, sem fins lucrativos e que trabalha com a temática da cultura, do lazer e da educação não formal dos trabalhadores do comércio, do serviço e das comunidades do entorno de suas unidades, desenvolveu um projeto que se chamava Internet Livre e que tinha como principal objetivo promover o acesso ao computador por parte de seus frequentadores.

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A ideia inicial era a de oferecer um serviço, ou seja, uma sala com computadores conectados à rede, impressora, scanner e instrutores capacitados a tirar dúvidas e auxiliar no que fosse necessário. O objetivo da instituição era de criar um espaço de comunicação entre seus usuários e as tecnologias, que se tornavam mais comuns, tornando mais próximos seu público e tais ferramentas, criando uma estrutura para

estimular a cultura digital e educar as pessoas para as tecnologias.

Inicialmente, foram programadas salas em unidades estratégicas por diferentes motivos, fosse pela localização, fosse por público ou ainda programação. Era um teste para o projeto e uma formação de pessoal habilitado a interagir com esses processos, ainda recentes na sociedade como um todo. Aquele era um momento de transformação e que trazia consigo novas dinâmicas, portanto, encontrar uma forma de trabalho e pessoas para desenvolver o conceito, essa seria a base para o andamento do projeto.

Uma das primeiras características que diferenciavam o projeto era o fato de não trabalhar com softwares proprietários, ou seja, programas que tem seus códigos de programação fechados e é preciso pagar para se ter a licença de uso. Nas salas do projeto só se utilizariam softwares livre, que são abertos para cópia, download, alteração e vive à base da troca de conhecimentos e da criação colaborativa, ou seja, se estimularia a ideia de conhecimento compartilhado desde o princípio.

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Em um curto espaço de tempo essas salas se tornariam das atrações mais visitadas em suas respectivas unidades, atraindo um público bastante diversificado de crianças à idosos, escolarizados ou não, comerciários ou não, no qual seu ponto de união é o desejo de utilizar uma das aplicações do computador. Da consulta de e-mail, jogos, criação de um currículo, ou ainda a busca de um serviço disponível na rede.

Naquele espaço de compartilhamento era possível perceber uma espécie de praça da contemporaneidade, espaço de troca e disseminação de informações, ideias, projetos entre seus atores.

O público costuma manter a sala constantemente lotada, em seus horários de acesso livre ou durante as atividades propostas. Aliás, por eles haveria bem mais navegação livre do que cursos e oficinas, uma vez que a simples conexão já estaria suficiente a maior parte de seus anseios, a máquina faz parte do seu cotidiano e quanto mais conectado estiverem melhor, exemplificando a teoria defendida por Eugênio Trivinho a respeito da Dromocracia Cibercultural, citado anteriormente.

Nessa estrutura os instrutores possuem papel fundamental, uma vez que são eles os articuladores do processo de mediação encontrado nesse contexto, pois através das atividades por eles propostas e da interlocução com os frequentadores é que se produzem saberes, informações e diferentes conteúdos. E quem foram essas pessoas? Desde o princípio se procurava um profissional com formação plural, não específica, com conhecimentos básicos de informática, de manuseio dos softwares mais comuns e habilitados a sanar as possíveis dúvidas do público. Alguém com conhecimento básico no uso do computador, mas

com a capacidade de trabalhar as potencialidades surgidas a partir da máquina.

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sentados no computador ao lado, ou com o seu amigo do outro lado do mundo. O trabalho de articulação se aliava a questão de pensar uma programação que atraísse as pessoas, tornasse atraente não apenas para a navegação simples, mas também para aprender o que era possível fazer com a máquina.

Com o passar do tempo, o sucesso da ideia e a necessidade cada vez maior de espaços de conexão, outras unidades ganharam uma sala de Internet Livre, cada uma atendendo a realidade da região na qual a unidade está inserida e o número de pessoas atendidas pelo projeto só aumenta. Atualmente existem 13 salas de Internet Livre na cidade de São Paulo e outras 13 nas unidades espalhadas pelo estado.

A sala acaba por se configurar realmente como um espaço de mediação em diferentes níveis de atuação. Mediação das pessoas com as demais usuárias, das pessoas com as máquinas, das pessoas com os que estão distantes e toda a informação que é produzida diariamente por esses atores que utilizam esse local como palco de suas criações. Local aonde discutem, criam e podem compartilhar para um público distante os diferentes formatos criados e quem gerencia todo esse processo é o instrutor, que como tutor orienta o público.

Entrei no processo quando ele já tinha pouco mais de cinco anos de existência e a questão acesso x programação ganhava corpo, em função do surgimento e ampliação de projetos da prefeitura da cidade de São Paulo e do governo estadual. Naquela altura já se percebia que não era possível brigar com projetos de esfera governamental, dado o seu amplo alcance através de números de salas e consequente computadores.

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diferente e a ideia era inovar nas programações. Antes do trabalho começar efetivamente fomos conhecer algumas salas do projeto e tomamos conhecimento do que havia sido desenvolvido no ano anterior. A missão era pensar experimentalmente possibilidades para o projeto como um todo.

A sala contava com 15 computadores com acesso à Internet e softwares livres, não fazia serviço de impressão ou scanner, um diferencial em relação ao restante da rede. Seu público era predominantemente formado por adultos e terceira idade; crianças e jovens eram frequentadores esporádicos. A sala de leitura e convivência da unidade ficava no mesmo andar, o que tornava a Internet Livre um dos espaços de maior público.

Dessa forma, a programação foi pensada no sentido de atender ao público frequentador, atendendo a demanda e estimulando novos conteúdos. Em função da terceira idade ser atuante de uma maneira geral nas demais unidades foi pensada uma programação destinada especificamente a eles e outras destinadas aos demais públicos, como o software Arduíno, trabalhos com software livre.

Com a utilização percebemos a necessidade de um conjunto de normas básicas para o funcionamento do espaço. Era preciso determinar o tempo de uso das máquinas, quantas vezes por dia, o tipo de conteúdo acessado, e ainda noções de cidadania e respeito aos demais presentes. Apesar de não cobrar pelo serviço e, portanto, não ser uma lan house a normatização foi baseada pela lei estadual nº 12.228/06, que exige a apresentação de documento com foto e o fornecimento de dados como endereço, telefone e e-mail de contato.

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da Avenida Paulista ficava claro a necessidade de identificar cada usuário e delimitar o que era permitido naquele espaço. Um dado importante presente na legislação é quanto à utilização de crianças e jovens. Menores de 12 só poderiam usar o computador acompanhados pelos pais e responsáveis; dos 12 aos 16 anos os pais deveriam autorizar a criança e informar o local e o horário no qual a criança estuda.

Uma particularidade marcante era a presença diária de albergados, moradores de rua, estrangeiros em situação ilegal com amplo conhecimento das ferramentas de comunicação e informação disponíveis através do computador. Sempre presentes e atuantes no espaço físico e no virtual, colocando conteúdos em redes sociais, blogs ou ainda escrevendo textos em diferentes línguas.

Um bom exemplo da utilização múltipla se deu quando da visita do Papa Bento XVI ao Brasil, um senhor albergado utilizava a sala diariamente para redigir uma carta endereçada ao pontífice. A carta contava com um detalhe bastante peculiar, ela foi escrita em três línguas, português, inglês e italiano.

A programação sempre buscou ousar e propor a ideia do conhecimento compartilhado, do estímulo ao uso do software livre, de novas estéticas amparadas pelas tecnologias. Ou seja, criação, publicação, distribuição e compartilhamento de conteúdos em diferentes formatos e uma utilização mais crítica de tais ferramentas.

Alguns projetos que caminhavam no sentido de experimentar foram o Projeto MultiPista, que fez parte da programação da Mostra Sesc

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sistema foi desenvolvido pelos participantes de outra oficina e a maioria deles nunca tinha tido qualquer contato com algo semelhante.

Contudo, o público tinha certa dificuldade em interagir com atividades mais densas, profundas ou não tão claras no uso da tecnologia. Quando se tratava de propostas introdutórias tais como criação de e-mail, utilização básica de softwares e introdução ao software livre a procura era bem maior.

A unidade também contava com outra particularidade, a existência de uma videoteca no espaço, com a realização do Festival VideoBrasil, também em 2007, no Sesc Avenida Paulista, a Internet Livre passou a contar com parte do acervo da mostra, o que tornou mais presente a realização de eventos relacionados ao audiovisual e a realização de oficinas para a produção desse tipo de conteúdo na sala.

Como a unidade era provisória foi fechada no ano de 2010 e fui transferida para a unidade Vila Mariana, distante poucas quadras da anterior e a realidade era a mesma? Não, de forma alguma. O que

encontrei foi uma situação bem diferente daquela na qual eu estava habituada.

A sala já estava estruturada, situada num andar elevado e exclusivo para a Internet Livre. A estrutura física do espaço já demonstrava uma das características mais marcantes. Eram duas salas, uma de acesso e outra para os cursos. Como uma unidade mais voltada aos serviços, havia a impressão e o scanner de documentos. O seu público era mais heterogêneo, com presença marcante de crianças e

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O público de pessoas em vulnerabilidade social2 também estava presente nessa unidade, que não tinha o mesmo esquema de cadastramento, mas possuía um software desenvolvido na própria unidade e continha as informações básicas de cada usuário, além de ter a foto de cada usuário, evitando possíveis fraudes.

Com relação à programação, assim como na Av. Paulista, buscava contemplar seus frequentadores, agora com programações para crianças, jovens, adultos e terceira idade. Contudo, a temática trabalhada tinha um viés mais tradicional, voltada principalmente à inclusão básica do uso do computador.

Um problema enfrentado pelas atividades propostas era e é a concorrência exercida pelas máquinas de uso livre e o isolamento da sala de cursos. Como atrair o público se não se conseguia ouvir e ser atraído pelos projetos e se o seu principal objetivo é o acesso à Internet e às redes sociais.

Outro elemento dificultador para o trabalho de aproximação das

máquinas com as pessoas e as atividades desenvolvidas era a localização da sala, no terceiro andar e isolada. Esse fato fazia com que só quem já soubesse de sua existência a procurasse, limitando o número de pessoas que participavam das atividades.

Dessa forma, uma sala estruturada passando por uma crise tanto de programação quanto da parte de organização. Estava em processo a formulação de um projeto político - pedagógico que embasasse as ações em ambas as esferas. Integrando as necessidades

dos funcionários, do público e percebendo aquele como um espaço de educação no todo e não apenas no sentido tecnológico. Infelizmente, não

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