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A ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR ESTADUAL NA BAHIA: A EXPANSÃO VIGIADA

POLÍTICO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO 1963-1966 Antônio Lomanto

Júnior

Partido Liberal

Luis Soares Palmeira Paulo Américo Eduardo Mamede

Alaor Coutinho 1967-1971 Luís Viana Filho Partido Libertador da

Bahia

Luís Navarro de Brito Edivaldo Machado Boaventura 1971-1975 Antônio Carlos

Magalhães

Aliança Renovadora Nacional- ARENA

Rômulo Galvão de Carvalho Kleber Pacheco 1975-1979 Roberto Santos ARENA Carlos Corrêa de Menezes

Sant‘Anna 1979-1982 Antônio Carlos Magalhães ARENA/Partido Democrático Social- PDS Eraldo Tinoco 1983-1986 João Durval Carneiro

PDS Edivaldo Machado Boaventura Fonte: Elaboração da autora mediante consulta aos dados disponibilizados pelos sites dos governos do Estado da Bahia e Relatórios da Secretaria de Educação do Estado da Bahia.

No processo de condução da política estadual, a identificação com os propósitos do Governo Militar, na Bahia, deu-se tanto em relação à forma quanto ao conteúdo. Um

23 Conservador e direita são utilizados, neste momento, como sinônimos. A compreensão destes termos no campo da política refere-se aos indivíduos que possuem pouca habilidade em lidar com situação diversa à situação vigente tornando-se assim refratário a reformas radicais especialmente àquelas que impliquem na instauração de igualdade política e/ou econômica entre os cidadãos.

67 dos exemplos dessa estreita identificação pode ser comprovado, no momento da posse do governador eleito indiretamente pela Assembléia Legislativa, em 1971, Antônio Carlos Magalhães, quando, ao proferir o seu discurso na sessão especial, orgulhosamente apresentava os critérios utilizados para a indicação do seu nome. O Governador, eleito indiretamente, revelava que

ninguém ignora como foram indicados os governadores no Brasil. Participaram desta escolha o organismo político, o SNI e os comandos militares. A maior demonstração de que eu passei em todos os testes foi ter sido indicado, e o presidente Médici tem reiteradamente declarado que eu não devia a minha escolha a ninguém, senão a mim mesmo (Assembléia Legislativa, 1971).

Situando a Bahia no contexto histórico nacional, identifica-se que as primeiras discussões acerca da ampliação da oferta de vagas na educação superior – via governo estadual – iniciada no início da década de 60, se intensificaram a partir dos anos de 1970. As camadas médias e populares, movidas pelos sentimentos de que o desenvolvimento do processo de industrialização ampliaria a participação dos setores médios e populares no campo econômico e político, aumentam a pressão para a expansão das matrículas na educação superior.

Segundo Serpa e Cunha (2006), o crescimento, desta demanda, no Brasil ocorreu em função da ampliação das vagas do setor público federal e pelo estímulo à expansão do setor privado resultando um aumento no número de instituições e vagas na educação superior conforme apresentado acima. Com relação ao setor público, constata- se que houve na universidade federal expansão no número de matrículas nas décadas de 1970 e meados de 1980, enquanto que na estadual esse incremento no número de matrículas ocorreu, especialmente, após o processo de reabertura política, ocorrido a partir da década de 1980. No setor privado, esse inchaço, ocorre especialmente após a

68 promulgação das Leis diretamente relacionadas ao segmento da educação superior, ou seja, após a promulgação da Lei 5.5440/68 que da excepcionalidade dos estabelecimentos isolados na verdade oportunizou o incremento nas vagas de instituições particulares. Contudo, no início da década de 1990 constata-se uma retração e volta a ampliar somente após a promulgação da Lei 9.394/96 em função das garantias que essa legislação apresentou à expansão dos estabelecimentos isolados.

Com a promulgação da Lei 5.540/68 – Reforma Universitária – o Governo da Bahia vê-se compelido a retomar as discussões sobre a instituição de faculdades voltadas para a formação de professores no interior do Estado. Conforme, orientação explicitada no Art. 30, a referida Lei estabelecia:

A formação de professores para o ensino de segundo grau, de disciplinas gerais ou técnicas, bem como o preparo de especialistas destinadas ao trabalho de planejamento, supervisão, administração, inspeção e orientação no âmbito de escolas e sistemas escolares, far- se-á em nível superior.

§ 1º A formação dos professores e especialistas previstos neste artigo realizar-se-á, nas universidades mediante a cooperação das unidades responsáveis pelos estudos incluídos nos currículos dos cursos respectivos.

§ 2º A formação a que se refere este artigo poderá concentrar-se em um só estabelecimento isolado ou resultar da cooperação de vários, devendo, na segunda hipótese, obedecer à coordenação que assegure a unidade dos estudos, na forma regimental (Lei 5.540/68).

Na Bahia, a expansão ocorre, principalmente, com a implantação da educação superior estadual, caracterizando o que alguns autores denominam da ―singularidade baiana‖. Ao tempo que revela sua complexidade, também constata-se a ausência de diretrizes político-administrativas voltadas para a sustentabilidade desse sistema (FIALHO, 2004, p.22). Cunha, ao referir-se a esse aspecto como ‗singularidade do caso baiano‘, afirma ser essa expansão,

69 [...] uma peculiaridade da educação superior brasileira [...] que se refere à ampliação da rede privada, não se efetiva na Bahia com a intensidade verificada em nível nacional. E, lugar desta rede, vai surgir um novo setor que promoverá a singularidade do caso baiano, nesse período: o Governo Estadual será o ator que vai assumir, para si, o movimento de expansão e interiorização da educação superior [...], como um traço muito forte nas suas políticas, a partir daí até os dias atuais (CUNHA, 2002, p. 77).

As contribuições dos autores acima podem também ser ilustradas pelos dados fornecidos pelos censos da educação superior realizados pelo MEC e Secretaria da Educação da Bahia conforme Tabela III e Histograma, abaixo.

TABELA III - NÚMERO DE MATRÍCULAS E TAXA DE CRESCIMENTO NA