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A ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR ESTADUAL NA BAHIA: A EXPANSÃO VIGIADA

TABELA II DISTRIBUIÇÃO DO PIB DOS PRINCIPAIS MUNICÍPIOS DA BAHIA

MUNICÍPIO PIB (R$ MILHÕES) %

SALVADOR 19.936,47 25,21

CAMAÇARI 8.850,53 11,19

SÃO FRANCISCO DO CONDE 4.892,7.176/97 6,19

SIMÕES FILHO 1.825,82 2,31 CANDEIAS 1.485,7.176/97 1,88 LAURO DE FREITAS 1.231,83 1,56 SUB-TOTAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR 38.223,07 48,33 FEIRA DE SANTANA 2.827,14 3,57 ILHÉUS 1.445,17 1,83 VITÓRIA DA CONQUISTA 1.375,81 1,74 ITABUNA 1.308,06 1,65 JEQUIÉ 885,81 1,12 ALAGOINHAS 711,11 0,90 TEIXEIRA DE FREITAS 523,14 0,66 PORTO SEGURO 464,26 0,59 ITAPETINGA 307,25 0,39 VALENÇA 274,50 0,35 JACOBINA 238,86 0,30

63

SANTO ANTONIO DE JESUS 184,40 0,23

TOTAL DO PIB BAIANO 79.083,20 100%

Fonte: Elaboração da autora/ SEI - 2004

Os dados acima apresentados ajudam ainda a revelar que metade do PIB baiano localizado na RMS concentra-se na cidade de Salvador. A capital baiana já na década de 1960 e início de 1970 beneficiou-se da política adotada por Antônio Carlos Magalhães que estando pela primeira vez à frente do executivo municipal (1967-1970) e empossado governador do Estado em 15 de março de 1971, procurou adequar a imagem daquela cidade ao processo de modernização urbana investindo, portanto, recursos na construção e ampliação de corredores viários tendo em vista por um lado, à adequação daquele município aos novos fluxos de desenvolvimento, a expansão da industrialização do Pólo Petroquímico de Camaçari, a construção da Avenida Luís Viana Filho (Paralela) e o Centro Administrativo da Bahia (CAB); e, por outro lado, expandir seu projeto político pessoal. Segundo Gomes (2001, p. 64), Antônio Carlos Magalhães utilizou, sem que tenha feito qualquer referência ao autor, o projeto de modernização elaborado pelo arquiteto Mário Leal Ferreira, falecido em 1946, que planejara a interligação dos vales existentes em amplo sistema de vias de acesso.

Reconhece-se que várias medidas assumidas na época contribuíram sobremaneira para que a economia baiana adquirisse relevância na política nacional e estadual refletindo, portanto, o projeto desenvolvimentista. A educação também compunha esse projeto sendo a sua assimetria identificada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961 (Lei 4.024/61). A Bahia, a exemplo do restante dos estados brasileiros, refletiu a dinâmica desse processo. Esse fato pode ser apreciado quando identifica-se a articulação entre os pólos de desenvolvimento econômico no interior e as regiões em que foram organizadas as primeiras faculdades de formação de

64 professores do Estado, que posteriormente se transformaram nos principais núcleos das universidades estaduais baianas.

2.1 PRENÚNCIOS DA EDUCAÇÃO SUPERIOR PÚBLICA ESTADUAL

Antes mesmo da sua gênese, a educação superior pública estadual experimentou a interferência do poder político do Estado na sua futura estrutura jurídica. No ano de 1967, o Governo do Estado, por meio da Lei N. º 2.454/67, na Seção VII, instituiu o Departamento da Educação Superior. Segundo a referida Lei no Artigo 18 estava entre as competências deste Departamento, promover, organizar, coordenar e supervisionar a educação superior e a expansão e difusão da cultura bem como preservar o patrimônio cultural do Estado. Nessa mesma Lei, o Artigo 20 estabelece como competência da Divisão de Ensino Superior promover em colaboração com o Centro de Estudos e de Planejamento e outros órgãos, estudos e pesquisas visando ao aperfeiçoamento da educação superior e sua adequação ao desenvolvimento

econômico do Estado (Lei N. º 2.454/67). Essa foi a primeira iniciativa, entre tantas, posteriormente, decretadas, reveladora do caráter autoritário do Governo Baiano no que diz respeito à questão da autonomia universitária.

Adotando como objeto de análise a relação entre educação superior e sociedade brasileira, Serpa e Cunha estabelecem alguns vínculos para destacar a associação das demandas do processo de desenvolvimento econômico com as novas políticas estabelecidas para a educação superior baiana. Segundo esses autores,

A criação da Escola de Geologia, integrada do Instituto de Geociências da UFBA, atendia à formação de geólogos, em face da exploração e refino do petróleo na Bahia; a Escola de Administração formava para os quadros burocráticos do setor publico e para a gestão de empresas emergentes, estimuladas pela Sudene, banco do Nordeste, Centro Industrial de Aratu e Pólo Petroquímico; as faculdades de formação de professores respondiam pela expansão dos

65 sistemas de ensino; a escola de Agronomia de Cruz das Almas estava vinculada à lavoura da cana. (SERPA &CUNHA, 2006).

Estudar a organização da educação superior do Estado Baiano pressupõe o exercício que desmistifique a suposta homogeneidade do modelo brasileiro uma vez que esta difere em vários aspectos dos modelos desenvolvidos no contexto do Sul e Sudeste do país, principalmente se considerarmos a organização das universidades federais e o crescimento de estabelecimentos particulares de educação superior nestas regiões.

O Golpe de 1964, com a conseqüente instauração da ditadura militar, levou o país a viver um regime político de exceção, cujos objetivos eram revelados na desnacionalização da economia e na concentração de renda. Na Bahia, esse processo foi fundamental para fechar os canais de expressão dos segmentos progressistas que vinham, nos últimos anos, atuando para sedimentar o personalismo e o autoritarismo do poder oligárquico. Essa assertiva pode ser inclusive constatada no depoimento expresso por um dos maiores representantes da ala conservadora baiana que, mesmo passados quatorze anos do término do regime militar, ainda reverenciava o regime ditatorial. Segundo Antônio Carlos Magalhães, os problemas surgidos durante o regime militar foram poucos em relação ao muito que foi feito (Jornal Folha de São Paulo, 22/1/1998).

Ao longo do processo de instauração do governo ditatorial não faltaram manifestações em apoio ao novo regime. A elite conservadora baiana identificava esse tipo de governo imprescindível para manter os privilégios, na esfera político-social, e afastar o país do ―perigo‖ da subversão e, da barbárie comunista conforme discutido por Andrade (2000). Segundo Dantas Neto,

O golpe militar não representou ruptura, só ajustes, nos planos modernizantes da elite baiana. Ao contrário, removeu obstáculos que, no plano nacional, interpunham-se ao seu projeto e, ainda, abriu brecha ao protagonismo de grupos políticos regionais que se faziam

66 porta-vozes daqueles interesses modernizantes (DANTAS NETO, 2003, p. 222).

Os governadores baianos, durante o regime militar, alinhados com o projeto político ideológico nacional, procuraram nomear para a Secretaria de Educação e Cultura pessoas que comungassem com os seus princípios ideológicos para assim poder dar vazão ao projeto de educação desenhado para este período. O Quadro I apresenta os governadores baianos – representantes de partidos conservadores e de direita23 – que

assumiram a direção do Estado durante o regime militar e seus respectivos Secretários de Educação.

QUADRO I - GOVERNADORES DA BAHIA E OS RESPECTIVOS