• Nenhum resultado encontrado

Quando percorremos um caminho, sempre chegamos a um destino, mesmo que este seja temporário. E esse destino, nem sempre é aquele no qual esperávamos chegar quando partimos. Não importa o quanto planejamos a nossa viagem, estamos sempre à mercê de imprevistos. No entanto, ao invés de atrapalhar, muitas vezes estes imprevistos nos servem de lição ou mesmo nos abrem os olhos para outro caminho, que até então não fazia parte do nosso roteiro.

Ao me confrontar criticamente com os glitchs presentes em ambos os meios aos quais essa investigação se dedica (a cidade e o smartphone), pude perceber que a influência destes no processo criativo vai além do que pode ser feito para a mídia, ou nela, mas também o que pode ser feito com ou ainda sobre a mídia. Segundo Giselle Beiguelman ao diferenciar arte para dispositivos móveis de arte com dispositivos móveis “a diferença não reside na preposição, mas nos formatos e objetivos de proposição. No primeiro caso -arte para dispositivos móveis- a palavra-chave é compartilhamento. No segundo, cibridismo (interconexão entre redes on e off line)”(Beiguelman, 2005). Beiguelman sugere que a arte com mídias móveis seria a utilização desse meio como interface entre o online e o offline, local onde a obra tomaria corpo, no entanto, aqui se sugere que dentro desta categoria ainda se poderia acrescentar a arte sobre mídias móveis, que também trabalha a interconexão entre redes online e offline, mas não apresenta como necessidade ou premissa o uso dos aparelhos, mas discute estes como fenômeno cultural na ambiência urbana usando diversas técnicas.

O acesso à internet através de mídias móveis como o smartphone, acaba por expandir ainda mais os conceitos de cidade e suas ambiências. Essa expansão também permeia o trabalho autoral do artista que trabalha na esfera do espaço público, desde o processo criativo até a sua disseminação. A web não se trata mais só de uma vitrine na qual o artista expõe o resultado de seu trabalho feito na cidade física, sendo também ambiente de criação, atração de público, contato com outros artistas e fonte de inspiração.

Dificuldades e questões que permeiam ambos os meios aqui estudados, se fundem e até se intensificam, uma vez que são trabalhados de forma simultânea. Apesar destes fatos já fazerem parte da consciência de artistas interessados nestas esferas, muitas vezes eles podem levar alguns artistas à desmotivação. No entanto, se encarados de forma crítica e processual, estes mesmos glitchs podem justamente impulsionar o trabalho, a criação e a curiosidade artística. As falhas, as contradições e os choques entre as ambiências online e offline também podem ser explorados de forma artística e crítica.

O artista inserido na prática criativa para o espaço público pode ser agora não só um nômade urbano offline, mas também um nômade urbano online, tecendo e estreitando as duas ambiências ao mesmo tempo que questiona, critica e aborda as relações entre ambas.

Nunca foi objetivo desta investigação pintar um retrato muito otimista em relação à estas tecnologias (embora muitas vezes o faça), muito menos pessimista, e sim admitir que são dispositivos que estão inseridos na dinâmica diária das novas cidades, e sendo assim, configuram mudanças nas relações urbanas. Estas mudanças também afetam o papel do artista, que tem que se adaptar a estas

89 novas relações. A adaptação aqui sugerida, não implica o uso da tecnologia em si, mas uma consciência crítica da sua inserção neste ambiente.

A sobreposição das ambiências urbanas online e offline ainda se apresenta como um assunto que carece ser discutido e trabalhado, fonte de diversas questões e potências. Acredita-se que apesar da investigação tentar discutir diversos conceitos importantes que atravessam a temática estudada, admite-se ser necessário um maior aprofundamento crítico em diversas questões que aqui foram tocadas de forma mais superficial. A minha curiosidade a cerca destes temas não acaba com esta investigação, pretendendo continuar tanto no âmbito acadêmico, quanto processual e prático. Espero chegar, ainda, a outros destinos. O caminhar continua...

90 Bibliografia

Anders, Peter. (1998). Cybrids - Integrating Cognitive and Physical Space in Architetcure. Paper presented at the Convergence Conference, Orlando.Volume 4 Number 1 Pages 85-105 Baudrillard, Jean. [1981] (1991). Simulacros e Simulação (Maria João da Costa Pereira, Trans.). Lisboa:

Relógio D'água.

Bauman, Zygmut. (1998). Globalização: As consequências humanas: Zahar. Beiguelman, Giselle. (2003). O livro depois do livro. São Paulo: Editora Peirópolis.

________________. (2004). Admirável Mundo Cíbrido. In André Brasil ; Luiz Carlos Assis Iasbeck (Ed.), Cultura em fluxo: novas mediações em rede (Vol. 1, pp. 264-282). Belo Horizonte: Editora PUC Minas.

________________. (Ed.). (2011). Nomadismos Tecnológicos. São Paulo: Senac.

Benjamin, Walter. [1936] (1975). A obra de Arte na Época de suas Técnicas de Reprodução (José Lino Grünnewald, Trans.) Textos de Walter Benjamin (pp. 10-34). São Paulo: Abril S.A. Cultura e Industrial.

________________. [1976] (1985). Charles Baudelaire: A Lyric Poet in the Era of High Capitalism. London: Verso.

Campbell, Scott W., & Kwak, Nojin. (2011). Mobile Communication and Civil Society: Linking Patterns and Places of Use to Engagement with Others in Public. Human Communication Research(37), 207 - 222.

Careri, Francesco. [2002] (2013). Walkscapes - O caminhar como prática estética. São Paulo Editora G.Gili.

Cézanne, Jeannette. (2007). Open your heart with Geocaching: mastering life through love of exploration. EUA: Dream Time Publishing, Inc.

Chambers, Iain. (2006). The Aural Walk. In Christoph Cox and Daniel Warner ed.by (Ed.), Audio Culture: readings in modern music (pp. 98-101). New York: The Continuum International Publishing Group Ltd.

Freitas, Eugênio Andrea da Cunha e. (1999). Toponímia Portuense: Editora Contemporânea. Gere, Charlie. [2002] (2008). Digital Culture (2º ed.). London: Reaction Books Ltd.

Haring, Keith.(September 1990) In. Jason Rubell.Keith Haring: The Last Interview. Arts Magazine. New York.

Harvey, David. [2001] (2005). A produção capitalista do Espaço. São Paulo: Annablume. ___________. (2008). The Right To The City. New Left Review(53 ), 23-40.

___________. (2013). A Liberdade da Cidade. In Carta Maior (Ed.), Cidades Rebeldes- Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil (pp. 47-61). São Paulo: Boitempo.

Jacobs, Jane. [1961] (2000). Morte e Vida de Grandes Cidades (Carlos S. Mendes Rosa, Trans. 1ª Edição ed.). São Paulo: Martins Fontes.

Jacques, Paola Berenstein. (2003). Apologia da deriva: escritos situasionistas sobre a cidade. Rio de Janeiro: Casa da Palavra.

_____________________. (2012). Elogio aos Errantes. Salvador: EDUFBA.

Jana, Mark Tribe ; Reena. (2007). New Media Art (Manuel Neto, Trans. Uta Grosenick Ed.). Köln: Taschen.

Lemos, André. (2007). Ciberespaço e Tecnologias Móveis. Processos de Territorialização e

Desterritorialização na Cibercultura. In Ana Silvia Médola ; Denise Araújo ; Fernanda Bruno (Ed.), Imagem, Visibilidade e Cultura Midiática (pp. 277-293). Porto Alegre: Editora Sulina. Lévy, Pierre. (1996). O que é o virtual? (Paulo Neves, Trans.). São Paulo: Editora 34.

Lispector, Clarice. (1964). A Paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Editora Rocco.

Miles, Malcolm. (1997). ART, SPACE AND THE CITY - Public art and urban futures. London: Routledge. Mitchell, William J. (1997). City of Bits - Space, Place, and the Infobahn. Massachusetts: The MIT Press.

91 Packer, Randall, & Jordan, Ken (Eds.). (2002). Multimedia: From Wagner to Virtual Reality: W. W. Norton

& Company.

Poe, Edgar Allan. [1840] (1978). The Man Of The Crowd. In Thomas Ollive Mabbott (Ed.), Tales and Sketches 1831-1842 (pp. 506 - 518). London: The Belknap Press of Harvard University Press. Rieser, Martin (Ed.). (2011). The Mobile Audience - Media Art and Mobile Technologies. New York:

Rodopi.

Schafer, R. Murray. (2001). A Afinação do mundo (Marisa Trench Fonterrada, Trans.). São Paulo: UNESP. Secco, Lincoln. (2013). A Jornadas de Junho. In Carta Maior (Ed.), Cidades Rebeldes: Passe Livre e as

manifestações que tomaram as ruas do Brasil (pp. 124-138): Boitempo.

Sennett, Richard. [1977] (1992). The Fall of Public Man (Reissue ed.). New York: W.W. Norton & Company.

_____________. [1994] (2008). Carne e Pedra (Marcos Aarão Reis, Trans.). Rio de Janeiro: BestBolso. Tuan, Yi-Fu. (1983). Espaço e Lugar: A perspectiva da experiência São Paulo: Difel.

Turkle, Sherry. (2011). Alone Together: Why we expect more from technology and Less from each Other. New York: Basic Books.

Webgrafia

Badger, Emily. (2012). An App to Help You Lose Yourself in the City - Drift wants you to "unfamiliarize" yourself in familiar places. Tech http://www.citylab.com/tech/2012/05/app-help-you-lose- yourself-city/2149/122 [Consult. 16/04/2015].

Barbrook;, Richard, & Cameron, Andy. (1995). The Californian Ideology. Imaginary Futures - From thinking machines to the global village. http://www.imaginaryfutures.net/2007/04/17/the- californian-ideology-2/104 [Consult. 09/12/2014].

Beiguelman, Giselle. (2005). A Arte sem Fio. Novo Mundo. Retrieved from Trópico

website.http://www.revistatropico.com.br/tropico/html/textos/2525,1.shl140 [Consult. 03/04/2015].

Bello, Marisol. (2014). Report: More cities pass laws that hurt the homeless. Retrieved from USA Today website.http://www.usatoday.com/story/news/nation/2014/07/16/criminalizing-homeless-no- camping-laws/12723745/128 [Consult. 20/05/2015].

Brum, Eliane. (2013). Os novos 'vândalos' do Brasil.

http://brasil.elpais.com/brasil/2013/12/23/opinion/1387799473_348730.html79 [Consult. 10/06/2014].

Cimino, James. (2011). "Estação continuará em Higienópolis", diz presidente do Metrô.

http://vejasp.abril.com.br/materia/presidente-do-metro-diz-que-estacao-continuara-em- higienopolis78

Costa;, Carlos Smaniotto, & Steinmeier, Gilsa. (abr. 2012). A caça ao tesouro ao ar livre. . Arquitextos. <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.143/4332>6 [Consult. 30/11/2013]. Diniz, Lilia. (2013). 'O jornalismo em tempo real da mídia ninja'.

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/o_jornalismo_em_tempo_real_da_mi dia_ninja76

Doumpa, Vivian. (2013). Can Augmented Reality Supermarkets Revitalize Vacant Urban Lots?

Technology. Retrieved from Pop Up City website.http://popupcity.net/can-augmented-reality- supermarkets-revitalize-vacant-urban-lots/138 [Consult. 23/12/2014].

Downey, Jonas. (2006). Glitch Art. Ninth Letter. http://jonas.do/assets/essays/glitch-art- jonasdowney.pdf144 [Consult. 20/01/2015].

Dzieza, Josh. (Agosto de 2014). I got destroyed at web-surfing competition: No keys, no search, no going back. http://www.theverge.com/2014/8/12/5991595/i-got-destroyed-at-a-web-surfing-

competition121 [Consult. 20/03/2015].

eMarketer. (2014). Smartphone Users Worldwide Will Total 1.75 Billion in 2014 - Mobile users pick up smartphones as they become more affordable, 3G and 4G networks advance. Retrieved from:

92 http://www.emarketer.com/Article/Smartphone-Users-Worldwide-Will-Total-175-Billion- 2014/1010536 [Consult. 26/05/2014].

Ericsson (Producer). (2012, 01/07/2014). Thinking cities in the Network Society. 'Network Society'. Retrieved from https://www.youtube.com/watch?v=p4zM3C1gLrI [Consult. 01/07/2014]. G1, Redação. (2013). Conheça a história dos 'rolezinhos' em São Paulo. http://g1.globo.com/sao-

paulo/noticia/2014/01/conheca-historia-dos-rolezinhos-em-sao-paulo.html80 [Consult. 11/06/2014].

Grabar, Henry. (2015). Cracks in the digital map: what the 'geoweb' gets wrong about real streets. Cities - Tech and the city. Retrieved from The Guardian

website.http://www.theguardian.com/cities/2015/jan/08/digital-map-what-geoweb-gets- wrong-about-real-streets139 [Consult. 07/03/2015].

Grabianowski, Ed. (2005). How Urban Gaming Works. Retrieved 10/12/2013, from

http://adventure.howstuffworks.com/outdoor-activities/urban-sports/urban-gaming1.htm Group, Blast Theory. (1991). About us. Retrieved 16/12/2013, from http://www.blasttheory.co.uk/our-

history-approach/

Gunja, Arwa. (2014). Chinese workers pay a toxic price for their jobs making Apple's iPhones and iPads. Business, Finances & Economics. Retrieved from PRI website.http://www.pri.org/stories/2014- 09-17/chinese-workers-pay-toxic-price-their-jobs-making-apples-iphones-and-ipads#133 [Consult. 02/11/2014].

Kennedy, Randy. (2009). Poster Boy Is Caught, or Is It a Stand-In? The New York Times

Lima, Karina Medeiros de. (2001). Determinismo Tecnológico. Paper presented at the INTERCOM - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação - XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação, Campo

Grande/MShttp://www.infoamerica.org/documentos_pdf/determinismo.pdf

Magalhães, Vagner. (2011). 'Com churrasco improvisado, protesto pede metrô em bairro de SP'. Retrieved 10/06/2014, from http://noticias.terra.com.br/brasil/cidades/com-churrasco- improvisado-protesto-pede-metro-em-bairro-de-

sp,5fb9dceae77ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html

McCann, Macquarie Dictionary campaign-. (2013). Phubbing: A Word is Born. Retrieved 10/12/2013, from http://www.youtube.com/watch?v=ZSOfuUYCV_0

MediaCT, Google/ Ipsos. (2013). Our Mobile Planet: Portugal. Retrieved 27/05/2014

http://services.google.com/fh/files/misc/omp-2013-pt-local.pdf [Consult. 27/05/2014]. Pope, Tara Parker. (2009). What Clown on a Unicycle? Studying Cellphone Distraction. Retrieved from

The New York Times website.http://well.blogs.nytimes.com/2009/10/22/what-clown-on-a- unicycle-studying-cell-phone-distraction/142 [Consult. 04/03/2015].

Re+Public. (2014). No Ad Retrieved 09/03/2015, from http://noad-app.com/about/

Renzo, Artur. (2013). O direito à cidade nas manifestações urbanas: entrevista inédita com David Harvey. Retrieved from http://blogdaboitempo.com.br/2013/08/29/o-direito-a-cidade-nas- manifestacoes-urbanas-entrevista-inedita-com-david-harvey/

Ritchell, Matt. (2010). Forget Gum. Walking and Using Phone Is Risky. Technology. Retrieved from The New York Times

website.http://www.nytimes.com/2010/01/17/technology/17distracted.html?_r=2&143 [Consult. 23/06/2014].

Rosenberger, Robert. (2014). How cities use design to drive homeless people away - Saying "you're not welcome here" - with spikes. The Atlantic.

http://www.theatlantic.com/business/archive/2014/06/how-cities-use-design-to-drive- homeless-people-away/373067/129 [Consult. Jun 19].

Sales, Cosma Silva de Araújo;Telma Bessa. (2012). Isso é conversa de candango - Memórias acerca da construção de Brasília (1956-1960). . Paper presented at the II Encontro Internacional de História, Memória, Oralidade e Culturas,

93 Fortalezahttp://www.uece.br/eventos/encontrointernacionalmahis/anais/trabalhos_completos /52-13192-18102012-170635.pdf

Seiler, Jordan. (2009). Who is Poster Boy? Who Cares? Retrieved from http://daily.publicadcampaign.com/2009_02_01_archive.html

Silveira, Tiago Pimentel e Sergio Amadeu da. (2013). CARTOGRAFIA DE ESPAÇOS HÍBRIDOS: AS MANIFESTAÇÕES DE JUNHO DE 2013. Retrieved 08/06/2014 http://interagentes.net/?p=62 [Consult. 08/06/2014].

Smith, Roger D. (1998). Simulation Article. Encyclopedia of Computer Science. Retrieved from Model Benders website.http://www.modelbenders.com/encyclopedia/encyclopedia.html137 [Consult. 20/02/2015].

Viana, Juliana Alencar. (2011). A mobilidade como aventura na cidade: jogos baseados em geolocalização (gps) e apropriação urbana. Movimento. Retrieved 20/11/2013, from http://redalyc.org/articulo.oa?id=115319264013

Filmografia

Kubrick, Stanley. (1968). 2001: A Space Odyssey. USA/UK: Metro Goldwyn Mayer (MGM). Lang, Fritz. (1927). Metropolis. Germany: Universum film UFA.

Wachowski, Andy Wachowski ; Lana. (1999). The Matrix USA/Australia: Warner Bros.

______________________________. (2003). The Matrix Reloaded. USA/Australia: Warner Bros. ______________________________. (2003). The Matrix Revolutions. USA/Australia: Warner Bros.

94

ANEXOS

TRADUÇÃO DE ENTREVISTA