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2.2 A EXPANSÃO DA PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR NO MUNICÍPIO DE RIO

2.2.3 Transformações Socioeconômicas

2.2.3.1 População

Ao analisarmos os dados relativos à população do município de Rio Brilhante/MS, referentes aos anos de 2000, 2007 e 2010, é perceptível que o município vem apresentando elevadas taxas de crescimento demográfico (Tabela 2.2). Apesar de não haver dados estatísticos secundários referentes aos anos de 2005 e 2006, de acordo com o Secretario Municipal de Desenvolvimento Econômico, o crescimento populacional se deu de forma exponencial a partir do ano de 2007 vinculado à migração diretamente ligada à produção de cana-de-açúcar, em especial à expansão da produção da usina Passa Tempo e à dinâmica de instalação e produção da usina Rio Brilhante.

116 Tabela 2.2 – População residente por situação do domicílio no município de Rio Brilhante nos anos de 1991, 2000, 2007, 2010

ANO Situação Domicílio TOTAL

1991 Urbana 14.734 22.509 Rural 7.775 2000 Urbana 16.677 22.640 Rural 5.963 2007 Urbana - 26.560 Rural - 2010 Urbana 24.557 30.663 Rural 6.106 % Urbana 66% 36% Rural -27%

Fonte: IBGE: Censo Demográfico (1991, 2000, 2010), Contagem da População (2007).

A relativa manutenção da população rural no período de 2000 a 2010, observado na Tabela 2.2, está diretamente relacionada, segundo a Prefeitura de Rio Brilhante, aos assentamentos rurais efetivados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Atualmente o município possui 10 assentamentos rurais, com um total de 768 famílias assentadas (PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRILHANTE, 2009)

Segundo dados do IBGE (2010), 50% da população de Mato Grosso do Sul não é natural do estado. Como já exposto anteriormente, no que se refere ao município de Rio Brilhante/MS, a história de ocupação está intimamente ligada às correntes migratórias originárias das regiões sul e sudeste. De acordo com o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, foi comum a migração sazonal de nordestinos até o ano de 2006, especialmente em períodos da colheita da cana-de-açúcar produzida para a usina Passa Tempo e Eldorado, quando estas ainda não se encontravam totalmente mecanizadas. A migração ocorrida a partir do ano de 2007, segundo a Secretaria Municipal de Educação e de Assistência Social, difere-se da ocorrida na década de 1970, a qual se deu basicamente de sulistas. Trata-se de migrantes oriundos de diversas regiões do país, destacando-se migrantes dos estados do nordeste, do estado de São Paulo e Goiás.

Segundo dados do Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil (2002), no período compreendido entre 1991 e 2000, a renda per capita média do município diminuiu 4.44%, passando de R$ 244,70, em 1991, para R$ 233,84 em 2000; a pobreza diminuiu 19%, passando de 37,9 para 31,8; o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M, 2002) aumentou 7.17%, passando de 0.697 para 0.747 (configurando-se, segundo a classificação do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), como de médio desenvolvimento humano - IDH entre 0,5 e 0,8), o IDH relativo à educação passou de 0,73 para 0,84, o de longevidade de 0,66 para 0,71, e o diminuiu de 0,69 para 0,68; e a desigualdade diminuiu: o índice de gini passou de 0.63 em 1991 para 0.58 em 2000.

117 Já os índices de IDH apresentados pelo IPEA, caminham na mesma direção, destacando-se os índices de renda, que conforme esta fonte de dados diminuiu de forma mais intensa, conforme pode ser visto na Tabela 2.3.

Tabela 2.3 – Índice de desenvolvimento Humano segundo o IPEA

Município de Rio Brilhante 1970 1980 1991 2000

IDH 0,44 0,70 0,72 0,75

IDH Educação 0,50 0,57 0,74 0,84

Renda 0,36 0,95 0,94 0,69

Longevidade 0,46 0,58 0,66 0,72

Fonte: IPEA. In: IPEAData, 2011 (http://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx)

Conforme os dados do IBGE, no ano de 2003, o índice de gini foi de 0,45 e incidência da pobreza 37,00, conforme dados do IBGE (Mapa da pobreza e desigualdade municipal brasileira, 2003).

Segundo o Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal-IFDM, no ano de 2007, Rio Brilhante/MS ocupou o 12º lugar no Ranking IFDM do estado de Mato Grosso do Sul e o 1.209 do Brasil. As séries históricas dos Índices FIRJAN de Desenvolvimento Municipal- IFDM são elaboradas pelo Sistema FIRJAN, tendo com base exclusiva os dados oficiais relativos às três principais áreas de desenvolvimento: emprego e renda, educação e saúde.

A Tabela 2.4 apresenta os IFDMs para o município, dando uma visão geral da evolução dos índices de emprego e renda, educação e saúde na última década. Como pode ser observado, o IFDM municipal tem se mantido praticamente inalterado desde o ano 2000, sofrendo uma pequena queda no ano de 2007 (0,70), em relação ao ano de 2006 (0,74).

No desmembramento do índice geral, observa-se que o índice relativo a emprego e renda apresenta variações ao longo do período de 2000 a 2007. O ano de 2007 foi o que apresentou o pior resultado (0,53) seguido do ano de 2005 (0,57).

Observa-se um movimento contrário no que se refere aos índices relativos à educação e à saúde que, desde o primeiro ano (2000) vêm apresentando uma evolução positiva, atingindo em 2007 o mais alto valor da série.

118 Tabela 2.4 – Índices FIRJAN de Desenvolvimento Municipal-IFDM

IFDMs de Rio Brilhante 2000 2005 2006 2007

IFDM 0,71 0,70 0,74 0,70

IFDM Emprego e Renda 0,69 0,57 0,70 0,52

IFDM Saúde 0,77 0,83 0,84 0,86

IFDM Educação 0,68 0,69 0,68 0,71

Fonte: Sistema FIJAN, in: IPEAData, 2011 (http://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx)

De acordo com o IBGE (2009), não houve uma mudança importante no setor educacional de Rio Brilhante/MS entre os anos de 2005 a 2009 (o número de matrículas no ensino fundamental aumentou de 5.080 para 5.567; houve diminuição de 95 matrículas de ensino médio; diminuição de 12 docentes de nível fundamental e contratação de dois de nível médio; o número de escolas de nível fundamental e médio não aumentou). Entretanto, segundo a Secretaria Municipal de Educação, apesar dos dados não demonstrarem, uma escola de nível fundamental foi construída, no ano de 2008, assim como a maior parte das escolas foram ampliadas.

De acordo com a Secretaria, a maior demanda está direcionada às creches: em 2005 a demanda foi de 180 vagas, passando para 780 em 2011. Para atender a essa demanda, quatro novas creches foram construídas, sendo que dessas três já se encontram em funcionamento. Programas como o Projovem e de incentivo a alfabetização de adultos tem sido realizados no município, buscando a melhoria da educação da população e inserção no mercado de trabalho. O número de alfabetizados tem crescido anualmente, chegando a 186 alfabetizados no ano de 2010, enquanto que no ano de 2005, apenas 17 adultos foram alfabetizados.

Ainda segundo a Secretaria, cursos de qualificação profissional têm sido disponibilizados pelo governo municipal por meio de diversas parcerias, assim como a disponibilidade de empregos com melhores salários tem aumentado paulatinamente a busca pelos ensinos fundamental e médio. Dados estes que, segundo a Secretaria, só serão verificados em estatísticas posteriores.

Segundo Assato (2010) foi verificado a diminuição dos trabalhadores formais no setor canavieiro que possuíam até a quinta série incompleta, passando de 49% em 2000 para 32% em 2008. A diminuição dos analfabetos passou de 12% em 2000 para 3% em 2008. Já participação dos trabalhadores com ensino fundamental completo ou maior escolaridade aumentou de 13% para 36%, representando um crescimento da escolaridade média dos trabalhadores formais do setor, conforme pode ser verificado no Gráfico 2.3.

119 Gráfico 2.3 – Instrução dos trabalhadores formais no setor canavieiro de Rio Brilhante/MS, entre os anos de 2000 e 2008.

Fonte: Dados da RAIS coletados por pesquisador do GEMT (http://www.esalq.usp.br), apud ASSATO (2010).

Relativamente à saúde, de acordo com o IBGE (2009), o número de estabelecimento público de saúde passou de sete para 18 entre os anos de 2005 a 2009. Em 2005, os sete estabelecimentos pertenciam a esfera municipal. Em 2009, eram 17 estabelecimentos municipais e um federal. O município conta desde o ano de 2005 com a apenas um hospital. O aumento no número de estabelecimentos é representado pela construção de postos de saúde. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, com a construção dos poços de saúde, a demanda pelos serviços tem sido equacionada

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, não houve significativo aumento no número patologias, intoxicações por meio de agrotóxicos e acidentes de trabalho em função da atividade canavieira, os dados propriamente ditos não foram disponibilizados.

No que tange as questões de moradia, além do programa federal “Minha Casa Minha Vida”, o município conta com programas municipais de doação de lotes e casas o que, segundo a Secretaria Municipal de Administração tem equacionado os problemas de déficit de moradias e inflacionários nos preços dos imóveis, assim como fixar a população migrante. Os programas municipais de habitação no município já disponibilizaram, em média, 1600 lotes e 200 casas. Os lotes são doados àqueles moradores que comprovam terem condição de construir; os que não apresentam condições ficam na fila e concorrem ao recebimento da casa própria, o que é feito por sorteio público. Para participar dos programas habitacionais, o morador precisa residir no município há, pelo menos, dois anos e não possuir imóvel próprio. Já o programa federal “Minha Casa Minha Vida” tem seus próprios critérios.