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CAPÍTULO I INTERLOCUÇÃO ENTRE ENSINO DE FILOSOFIA E O PIBID

1.2 ESTRATÉGIAS DE PESQUISA

1.2.1 Porque Pesquisa Bibliográfica?

A pesquisa bibliográfica como estratégia de obtenção dos dados foi a opção escolhida, uma vez que o estudo analisa as narrativas referentes ao ensino de Filosofia elaboradas pelos subprojetos PIBID Filosofia. Outro critério que influenciou a opção por essa técnica de obtenção de dados foi a constatação, quando se fez o levantamento bibliográfico inicial, que o volume de publicação era extenso o que deixava difícil a sua seleção. Encontrou-se uma multiplicidade de textos, narrando as experiências, expondo propostas de trabalho, discutindo questões teórico- metodológicas do ensino de Filosofia e analisando a condição concreta do processo7.

Desse modo, o estudo analisa as narrativas elaboradas pelos subprojetos PIBID Filosofia sobre o ensino de Filosofia, que estão publicadas online. A escolha de trabalhar somente com textos online deve-se à intenção de disponibilizar uma relação de artigos, resumos, livros e descrição dos materiais didáticos sobre Filosofia, para que estejam acessíveis aos professores e futuros professores dessa disciplina e não só aos envolvidos no PIBID, pois, muitas vezes, o texto impresso circula entre os participantes do programa, mas não chega aos demais, acadêmicos, professores e pesquisadores de Filosofia. É essencial que essa produção, com análises e proposições múltiplas sobre o ensino de Filosofia esteja disponível aos professores, seja em formação inicial ou continuada. Isto posto, os textos analisados e os textos catalogados neste estudo poderão ser acessados consideravelmente, uma vez que a internet proporciona essa possibilidade. Em anexo, serão disponibilizadas listas de

7 Em anexo, encontram-se algumas listas de trabalhos publicados nos principais eventos sobre o PIBID, relatando as experiências do subprojeto PIBID Filosofia.

texto, de vários registros, sobre o ensino de Filosofia sob o olhar do PIBID. Embora as entrevistas, os questionários e outras fontes pensadas inicialmente sejam importantes para a compreensão do tema pesquisado, foi preciso fazer uma opção teórica para tornar plausível o estudo.

Os textos online apresentam conteúdo suficiente para a análise substancial. Observou-se que as questões que representam os problemas filosóficos que orientam as discussões sobre a Filosofia do ensino de Filosofia, a saber “O que ensinar? Como ensinar? Para que ensinar Filosofia? O que é Filosofia? ” constam em muitos textos. Logo, reafirma-se que os conteúdos, a metodologia e o objetivo do ensino de Filosofia são temas que dão identidade ao ensino de Filosofia como um problema filosófico.

Muitos subprojetos, para além do propósito de proporcionar aos bolsistas a iniciação na escola, tratam sobre a metodologia do ensino de Filosofia. Outra questão recorrente quando se trata de ensino de Filosofia que diz respeito aos conteúdos de ensino, embora seja tematizada, aparece em poucos subprojetos como objetivo principal.

Na delimitação corpus de pesquisa, procurou-se narrativas sobre propostas de ensino não usuais ou pouco comuns ao ensino de Filosofia, que potencializem a ensinabilidade da Filosofia. De acordo com Moraes, para a delimitação do corpus, “seleciona-se uma amostra capaz de produzir resultados válidos e representativos em relação aos fenômenos investigados” (2003, p. 194).

A pesquisa traz como foco as narrativas do PIBID com a intenção de buscar substratos que permitam constatar o quanto o ensino de Filosofia sofreu alterações a partir da implantação do PIBID e a sua proximidade com o universo cultural dos jovens, como foi referido anteriormente. Deste ponto em diante, foi possível decidir que ferramentas utilizar para chegar ao objetivo proposto, sobre o que analisar dentre tantas possibilidades e amplo referencial teórico. Inicialmente, havia intenção de realizar-se entrevistas com os professores de Filosofia, que são supervisores do PIBID das escolas públicas de Educação Básica, com os professores das licenciaturas, coordenadores de área do subprojeto PIBID Filosofia e a formação de um grupo focal com os bolsistas. Porém, devido à quantidade significativa de artigos, livros e materiais didáticos referentes ao tema em questão foi necessário reavaliar o que deveria constituir o corpus da pesquisa.

No levantamento inicial da materialidade ou das fontes de pesquisa, foram selecionados 48 textos8 entre: artigos em livros institucionais (19 artigos); materiais

didáticos disponíveis em blogs, anais, sites, livros específicos de material didático (18); artigos em revista, anais ou em livro sobre PIBID Filosofia (11 artigos).

O corpus de pesquisa foi delimitado, posteriormente, em sete textos9 para

análise qualitativa e, conforme foi indicado anteriormente, que apresentassem narrativas sobre o ensino de Filosofia de propostas teórico-metodológicas com potencialidade para transformar esse ensino e que fossem coerentes ao universo do jovem. Portanto, as fontes de informação teórica desta pesquisa serão as publicações resultantes dos subprojetos PIBID Filosofia, que apresentam as experiências e os resultados práticos obtidos nas escolas públicas.

Ao iniciar a pesquisa sobre a relação PIBID e Ensino de Filosofia no nível médio, a estratégia de busca das fontes de informação teve duas etapas. Na primeira etapa, foi realizada pesquisa sobre o estado do conhecimento de teses e dissertações sobre o ensino de Filosofia e PIBID, no Banco de Teses e Dissertações da CAPES,

da UNICAMP, da UFPR, da UFRGS e da UNESP, instituições onde há pesquisas

referentes aos descritores elencados no projeto de tese que são: Ensino de Filosofia, Filosofia no Ensino Médio e PIBID. A intenção de realizar o “estado do conhecimento” sobre as teses e as dissertações publicadas nas Universidades brasileiras sobre o PIBID Filosofia, de 2010 a 2014, e sobre o ensino de Filosofia foi um pressuposto para a compreensão das ações do PIBID, durante o mesmo período. Os dados sobre as dissertações e as teses foram pesquisados nos resumos dos referidos trabalhos. De acordo com as pesquisas sobre o estado do conhecimento das produções acadêmicas relativas ao PIBID e as suas contribuições ao ensino de Filosofia no nível médio, não foi encontrada nenhuma tese de doutorado que desenvolva um estudo sobre o PIBID como um programa que pode proporcionar um movimento significativo no ensino de Filosofia.

Optou-se por desenvolver um estudo do tipo estado do conhecimento e não estado da arte, em função de se estar fazendo um recorte em uma temática geral, que é o PIBID e o ensino de Filosofia nos últimos quatro anos, centrando a pesquisa no subprojeto PIBID Filosofia. Romanowski e Ens (2006) advertem que estado da arte

8APÊNDICE A - Seleção Inicial de Materiais para a Pesquisa - Publicações PIBID/Subprojeto Filosofia

aplica-se a estudos amplos e aprofundados sobre uma área de conhecimento e quando delimitamos mais a pesquisa convém chamar de estado do conhecimento:

Os estudos realizados a partir de uma sistematização de dados, denominado “estado da arte”, recebem esta denominação quando abrangem toda uma área do conhecimento, nos diferentes aspectos que geraram produções. Por exemplo: para realizar um “estado da arte” sobre “Formação de Professores no Brasil” não basta apenas estudar os resumos de dissertações e teses, são necessários estudos sobre as produções em congressos na área, estudos sobre as publicações em periódicos da área. O estudo que aborda apenas um setor das publicações sobre o tema estudado vem sendo denomina “estado do Conhecimento”. (2006, p. 39).

A segunda etapa de busca de informações foi realizada na Internet, procurando em sites e blogs textos que narrassem as atividades que os subprojetos PIBID Filosofia desenvolveram e desenvolvem nas escolas públicas, que estivessem disponíveis online.

Como estratégia de análise das informações, optou-se por utilizar a análise textual discursiva, sobre a qual Moraes e Galiazzi esclarecem que:

Corresponde a um conjunto variado de metodologias trabalhando com textos, as análises textuais incluem desde a análise de discurso num extremo, até a análise de conteúdo num outro limite. A análise textual discursiva [grifo dos autores]corresponde a uma metodologia de análise de dados e informações de natureza qualitativa com a finalidade de produzir novas compreensões sobre os fenômenos e discursos. Insere-se entre os extremos da análise de conteúdo tradicional e a análise de discurso, representando um movimento interpretativo de caráter hermenêutico. (2007, p. 7).

Moraes e Galiazzi (2007) explicam que a análise textual discursiva é uma metodologia que se propõe a reconstruir os discursos investigados de forma aprofundada e desenvolve-se a partir dos seguintes desdobramentos: desmontagem dos textos, estabelecimento de relações, captando o novo emergente resultando em um processo auto-organizado. A desmontagem dos textos (ou processo de unitarização) caracteriza-se por decompor os textos para examiná-los detalhadamente e, com isso, atingir os enunciados que dizem respeito ao que está sendo investigado. O momento de estabelecimento de relações ou de categorização deve compor as relações das categorias produzidas na etapa anterior, objetivando o entendimento do problema investigado. Captando o novo emergente refere-se ao novo entendimento das questões inicialmente postas, já desdobradas nos dois momentos anteriores, possibilitando, de acordo com Moraes e Galiazzi (2007), a

construção de metatextos analíticos. Esse processo de análise encerra-se com o que os autores chamam de um processo auto-organizado, que expressa o resultado de toda a análise textual discursiva, que produz compreensões diferenciadas, ampliadas a partir de uma proposta organizada de análise.

Essa metodologia de análise textual permite ao pesquisador utilizar materiais de diversas fontes, “como cartas, cartazes, jornais, revistas, informes, livros, relatos autobiográficos, discos, gravações, entrevistas, diários pessoais, filmes, fotografias, vídeos, etc.” (MORAES, 1999, p.2), abrindo um rol de possibilidades para o pesquisador, especialmente quando se trata de pesquisa qualitativa. Ao interpretar os textos produzidos pelos bolsistas e professores envolvidos no PIBID, com a intenção de compreender os desdobramentos que ocorrem no ensino de Filosofia a partir da inserção desiste programa, considera-se a análise textual discursiva o método de análise de dados apropriado para realizar a compreensão deles.

CAPÍTULO II – FILOSOFIA E ENSINO DE FILOSOFIA: DEFINIÇÃO NÃO