• Nenhum resultado encontrado

Em um dia qualquer, uma menina estava se arrumando para ir à escola, quando escutou alguém te chamando. Era o espelho de sua penteadeira.

– Helena... Helena... – Ela ficou muito assustada. Helena chegou mais perto e sentiu uma coisa diferente, ela estava sendo muito atraída para dentro do espelho. Com medo, se afastou e desceu para tomar café.

Ao chegar na escola, a garota contou o que havia acontecido para a sua melhor amiga, a Laura. Elas conversaram e Laura não acreditou muito nessa história, achou que era uma brincadeira.

Durante o intervalo da aula, Helena visitou a biblioteca. Ela estava à procura de um livro que explicasse o que estava acontecendo. Depois de vasculhar muito ela encontrou no capítulo 666 em um livro bem velho e empoeirado um texto que falava sobre uma garota que morreu aos 10 anos e ninguém sabia o porquê dela ter morrido. Muitos dizem que espíritos levaram ela para dentro de uma penteadeira e que o seu nome era Marisa. Nesse livro também tinha a foto dessa penteadeira, e foi aí que a ficha caiu para Helena. Ela percebeu que era igualzinha a sua. Ela ficou em choque com tudo isso.

Ao chegar em casa, ela foi direto para o seu quarto e tentou quebrar o espelho da penteadeira. Ela fez tudo, mas parecia que ele possuía um feitiço que era impossível quebrá-lo. Então ela foi pedir a mãe para vender a penteadeira, dando a desculpa que ela já estava muito velha, mas como era uma peça de família a sua mãe não deixou.

Quando anoiteceu, Helena tomou o seu banho, escovou os dentes e se deitou para dormir, pois na manhã seguinte ela tinha aula. Nessa noite ela teve pesadelos estranhos, viu espíritos no espelho, escutou o telefone tocando, ouviu o espelho te chamando novamente. Quando o relógio marcou meia-noite, viu uma menina que parecia a Marisa, espírito tocando piano... Então ela acordou muito assustada com um telefonema de um número desconhecido e era o mesmo número que ela tinha visto no pesadelo “666”. Ela decidiu atender e ouviu a seguinte mensagem:

152 Ela ficou apavorada com o que ouviu, porém, a menina continuou a sua rotina e guardou aquilo para si mesma, pois já sabia que ninguém iria acreditar nela.

Depois de colocar a sua farda ela sentou na penteadeira e se olhou no espelho. Nesse momento, ela percebeu que não estava só o seu reflexo no espelho, tinha também alguns espíritos, e o espelho começou a chama-la novamente. Helena estava sendo muito atraída para dentro do espelho, a menina encostou no espelho e foi sugada pelo Portal. Helena gritava, mas ninguém podia te ouvir.

Quando Helena chegou nesse “mundo” ela viu os espíritos com máscaras e lá também estava uma garota que lembrava muito a Marisa.

Helena só perguntava:

– Por que estou aqui?

Helena chegou perto da garota que seria a possível Marisa e perguntou:

– Você é Marisa?

– Sim, mas fique calada, não quero mais ouvir a sua voz – disse Marisa.

Trancaram a garota em um quarto pequeno e escuro. Ela se deitou e lembrou de quando a sua mãe falou que a penteadeira era uma peça de família e ela percebeu que Marisa era bastante parecida com a sua mãe e que ela tinha contado a Helena que a sua irmã havia morrido aos 10 anos (a mesma idade que Marisa tinha).

Então Helena resolveu se arriscar e conversar com a Marisa, que agora não é mais uma menina, pois muitos anos já se passaram. A menina conversou com a Marisa e ela confirmou que a penteadeira que Helena tinha já foi dela e as mesmas coisas que estavam acontecendo com a menina já aconteceram com ela.

– Então quer que eu morra? – Perguntou Helena.

– Ainda não, mas já está perto do ritual da sua morte – disse a Marisa.

– Sabia que a minha mãe é sua irmã e você é a minha tia? – falou Helena.

– O quê?

– Eu já sei que vocês são irmãs. Mas você está morta?

– Infelizmente, sim.

– Então você morreu porque foi sugada e fizeram o ritual? – perguntou Helena.

– Sim, e isso aconteceu com todos que estão aqui.

– Por favor, deixe-me ir!

– Jamais!

A Marisa pensou bem em deixar a garota ir embora. Ela passou a noite pensando nisso.

153 No dia seguinte a Marisa disse para a Helena que ela poderia ir embora, mas ela queria uma coisa em troca. Helena estava tão feliz que foi libertada que aceitou o que a Marisa falou sem nem perguntar qual era essa tal coisa em troca.

Helena voltou para o seu quarto e foi direto falar com sua mãe o que havia acontecido. Depois que ela contou realmente tudo que tinha acontecido a sua mãe te disse que a Marisa era realmente a sua irmã e agora ela sabia o porquê dela ter morrido. E ela ficou surpresa, porque ela já teve aquela penteadeira e não sabia desses poderes que ela tinha.

Logo em seguida que tudo foi esclarecido, Helena e a sua mãe venderam a penteadeira e quase tudo voltou ao normal. Depois que ela voltou do Portal, ela ainda não tinha coragem de se olhar em nenhum espelho. Então ela foi e levou o maior susto, porque não visualizou o seu reflexo.

O tempo foi passando, e não se olhar no espelho virou uma coisa normal da rotina de Helena. Semanas depois ela percebeu que ninguém mais falava com ela, a tratavam como se não existisse. Foi aí que ela percebeu o que a Marisa queria em troca dela ser libertada. Ela havia morrido.

APRECIAÇÃO

A história é narrada por um narrador observador, que tudo sabe sobre o que acontece. A escolha do título é bem apropriada pois, além de orientar o percurso da narrativa dando a entender ao leitor que se trata de uma história de terror, cumpre a pretensão de despertar a curiosidade deste, sendo, assim, um verdadeiro dispositivo de entrada para o texto.

A abertura anuncia um tempo indefinido: “Em um dia qualquer”. O conflito se instaura desde o primeiro instante, quando a personagem escuta vozes no momento em que está diante da penteadeira. O enredo se desenrola por outros ambientes, como um portal, para onde a personagem principal é atraída.

A história se passa em um tempo cronológico, sinalizado pelo uso abundante de marcadores temporais que garantem a continuidade da trama. Apesar de descrever pouco os lugares e as personagens, a autora oferece detalhamento na descrição das ações, permitindo aos seus leitores reconstituí- las. Também é possível perceber que, com relativa facilidade, ela vai inserindo elementos da ficção em seu texto: os personagens não históricos, o mistério da

154

penteadeira, o ritual de “passagem”, o reencontro com a tia falecida quando criança. Entre os momentos em que acontecem fatos inusitados, com desdobramentos para o “fantástico”, podemos destacar: o momento em que Helena escuta o espelho da penteadeira a chamá-la; a visão de espíritos que se refletem em seu espelho; a atração para o portal; a escuta de vozes em um telefonema; a descoberta (em um livro) da maldição/do ritual que estava por acontecer; a tentativa de quebrar o espelho sem conseguir; sua estada no novo mundo entre os espíritos que usam máscaras; a conversa com Marisa, sua tia já falecida; enfim, seu retorno ao mundo real e a descoberta de que estava morta.

Além dessa capacidade/engenhosidade para lidar com o mistério, Melissa ainda cria um desfecho inusitado, revelando apenas no final do texto que a personagem havia morrido.

Ao ler sua história para a turma, Melissa revela haver-se inspirado principalmente em um filme de terror. Diríamos que também é possível registrar, em sua história algumas aproximações com outros textos ficcionais, a exemplo de

Alice no país das maravilhas (quando acontece a entrada da personagem para

um novo mundo) e Cinderela (quando a autora informa que, exatamente à meia- noite, a personagem tem um pesadelo durante o qual vê um espírito tocando piano).

Ao planejar a sua segunda história de ficção, Melissa assim responde às questões mediadoras da definição do personagem.

Quadro 13 – Planejamento da 2ª história de ficção (Melissa)

QUEM PODERIA SER O PERSONAGEM

PRINCIPAL?

Uma menina chamada Vitória. Ela tem 12 anos.

QUAIS SÃO SUAS CARACTERÍSTICAS

FÍSICAS E PSICOLÓGICAS?

Será uma garota loira dos olhos cor de mel e sardinhas.

Personalidade: divertida, vaidosa, alegre, sincera,

ciumenta, companheira e com ótimo senso de humor. Ela tem um amor muito grande pela família e pelos amigos e gosta de tirar muitas fotos. Essa personagem parece comigo.

EM QUE ÉPOCA ELE VIVERIA? ONDE ELE

MORARIA?

Ela viveria nos anos atuais. Ela moraria nos Estados Unidos.

COM QUEM SEU PERSONAGEM PODERIA

CONVIVER?

Com os pais, uma irmã de 7 anos e um irmão de 10 anos.

QUAIS PODERIAM SER OS HÁBITOS DESSE

Ela iria para a escola de manhã, brincaria com os amigos, iria ser estudiosa e dedicada. Gosta de ir ao shopping

155 PERSONAGEM? O QUE

ELE GOSTARIA DE FAZER? COMO SERIA O

SEU DIA A DIA?

fazer compras e ela era um modelo que todos conheciam.

Como podemos constatar, ao pensar em seu próximo texto, Melissa traça o perfil de uma personagem que, fisicamente e psicologicamente, se parece muito com ela, fato, aliás, que ela mesma reconhece. O lugar escolhido para a história se desenvolver (fora do país), provavelmente está relacionado com o que ela considera coerente com a fama e a riqueza a ser alcançadas por sua personagem em sua carreira de modelo (carreira que a própria Melissa planeja para si).

Diferentemente de sua atitude em relação à construção do primeiro texto, para o qual dedicou muito tempo, Melissa escreve a história intitulada O grande

sonho no limite do tempo destinado, inicialmente, para o cumprimento dessa

atividade.

SEGUNDA HISTÓRIA (VERSÃO ÚNICA)