• Nenhum resultado encontrado

PORTUGAL – CONTAS DAS ADMINISTRAÇÕES PÚBLICAS

No documento Textos de política e situação económica (páginas 36-39)

Textos de política e situação económica

PORTUGAL – CONTAS DAS ADMINISTRAÇÕES PÚBLICAS

1999 2000 1999(a) 2000

Em percentagem do PIB Taxas de crescimento

Receitas totais . . . 43.5 45.2 9.4 10.1

Receita corrente . . . 41.3 42.7 9.1 9.3

Impostos sobre o rendimento e património . . . 10.5 10.7 11.6 7.8

Impostos sobre a produção e a importação . . . 15.2 15.2 10.6 5.7

Contribuições sociais . . . 11.7 12.1 6.8 9.7

Outras receitas correntes. . . 1.8 2.4 0.2 40.9

Vendas . . . 2.1 2.3 7.5 13.5

Receitas de capital . . . 2.2 2.6 16.7 24.3

Despesas totais . . . 45.5 46.8 8.6 8.8

(Despesas totais excluindo UMTS) . . . (45.5) (47.1) (8.6) (9.6)

Despesa corrente . . . 39.0 40.7 8.2 10.4

Transferências correntes . . . 17.1 18.2 10.1 12.3

Prestações sociais . . . 13.7 14.3 8.7 10.6

Subsídios . . . 1.0 1.2 11.7 21.0

Outras transferências correntes. . . 2.3 2.6 18.5 18.3

Juros . . . 3.2 3.2 -1.4 5.4

Despesa com pessoal . . . 14.6 15.1 9.0 9.8

Consumo intermédio. . . 4.1 4.2 5.2 8.4

Despesas de capital . . . 6.5 6.1 11.4 -0.9

(Despesas de capital excluindo UMTS) . . . (6.5) (6.4) (11.4) (5.0)

Saldo total . . . -2.0 -1.5 (Saldo total excluindo UMTS) . . . (-2.0) (-1.9) Saldo primário . . . 1.2 1.7 Fonte: Ministério das Finanças, Direcção-Geral do Orçamento e Banco de Portugal.

Nota:

(a) Estimativas do Banco de Portugal, não totalmente comparáveis com as taxas de variação apuradas para 2000 a partir da informação disponibilizada pelo Ministério das Finanças.

(ISP). A quebra de receita do ISP resulta da políti- ca da fixação de preços dos combustíveis.

Do lado da despesa, observa-se um aumento das despesas correntes primárias em percentagem do PIB de 1.7 p.p. As despesas com pessoal deve- rão aumentar 9.8 por cento, muito acima da actua- lização da tabela de vencimentos, que se situou em 2.5 por cento. De facto, o crescimento do número de funcionários públicos, os efeitos de várias revi- sões de carreiras e o acentuado acréscimo do sub- sídio do Estado para a Caixa Geral de Aposenta- ções (CGA) contribuíram para a expansão desta rubrica significativamente acima da taxa de cresci- mento do PIB. De acordo com a informação do Mi- nistério das Finanças, as despesas em consumo in- termédio aumentarão 8.4 por cento, enquanto as prestações sociais deverão registar um aumento de 10.6 por cento, confirmando a tendência de forte crescimento observada nos últimos anos. De refe- rir que as prestações sociais do regime dos funcio- nários públicos estão a crescer a uma taxa superior às do regime geral.

Entre as notificações de Fevereiro e Agosto, as despesas em juros foram revistas para cima em 13.1 milhões de contos, reflectindo a subida das ta- xas de juro ao longo do ano.

As despesas de capital diminuem 0.9 por cento, reflectindo a contabilização, com o sinal negativo, das receitas da venda das licenças de UMTS. Ex- cluindo este efeito, as despesas de capital aumen- tariam 5.0 por cento, o que representa uma desace- leração relativamente a 1999. Esta evolução resulta da entrada em vigor tardia do Orçamento e do fac- to de 2000 ser o primeiro ano de um novo Quadro Comunitário de Apoio.

As estimativas do rácio da dívida no final de 1999 e de 2000 situam-se em 55.8 e 55.6 por cento, apresentando uma redução relativamente aos va- lores notificados em Fevereiro de 1.0 e 1.5 p.p., res- pectivamente, devida à revisão dos níveis do PIB nominal e do stock da dívida (quadro 8.1). Em 2000, o rácio da dívida previsto para o final do ano diminui 0.9 p.p. na sequência da revisão do PIB e 0.6 p.p. devido à redução do stock da dívida, parte dos quais explicados pela diminuição do valor considerado para as regularizações de dívidas pelo Tesouro.

9. CONCLUSÃO

A prolongada e substancial redução das taxas de juro nominais e reais que se observou até mea- dos de 1999 foi considerada em grande parte irre- versível porque associada a um novo regime ma- cro-económico caracterizado por estabilidade de preços. Tal levou a um aumento da riqueza e a um significativo abrandamento das restrições de liqui- dez sentidas pelas famílias e empresas, com os consequentes efeitos expansivos na procura inter- na e aumento de endividamento do sector priva- do. Estes efeitos expansivos foram excerbados por uma política orçamental pró-cíclica, traduzida em crescimentos muito acentuados do consumo públi- co.

Uma parte substancial da expansão da procura foi satisfeita por oferta externa, com repercussão mais limitada sobre o crescimento económico, con- tribuindo para um considerável alargamento do défice conjunto das balanças corrente e de capital, que teve como contrapartida um forte recurso a endividamento externo. Por sua vez, tornaram-se evidentes alguns sinais de perda de quota de mer- cado das exportações e de menor atractividade da economia portuguesa como destino de investi- mento directo estrangeiro. Neste período, os salá- rios cresceram claramente acima da produtivida- de, que por sua vez apresentou crescimentos insu- ficientes.

Conforme referido em Boletins Económicos ante- riores, não seria favorável que a economia portu- guesa continuasse a apresentar uma expansão tão forte da procura interna, porque tal levaria a atin- gir níveis de endividamento insustentáveis que implicariam numa excessiva vulnerabilidade a choques internos ou externos. Desta forma, a pre- vista desaceleração da procura interna e a inter- rupção da tendência de queda da taxa de poupan- ça dos particulares em 2000 insere-se no processo de ajustamento desejável da economia. Um maior crescimento da procura interna a curto prazo viria a ter como consequência, no médio prazo, ajusta- mentos mais acentuados e prolongados. Isto é par- ticularmente relevante num contexto em que os instrumentos ao dispor das autoridades para gerir uma situação deste tipo são bastante limitados.

Nestas circunstâncias, a questão fundamental prende-se com a necessidade de promover a com- petitividade da economia portuguesa num contex-

to de acrescida concorrência internacional, decor- rente de um processo de crescente integração eco- nómica e financeira internacional e, em particular, da participação na área do euro. Só com condições de competitividade melhoradas será possível au- mentar o potencial de crescimento e prosseguir o processo de convergência real. Para tal concorrem diversos factores: por um lado, importa garantir que os salários não continuarão a crescer acima da produtividade; por outro lado, convém ter presen- te que os efeitos desfavoráveis sobre a economia portuguesa do aumento do preço do petróleo, que se afigura mais persistente do que o antecipado, dependerão em larga medida da forma como este se transmitir aos salários. Dado que essa transmis- são não é evidente na generalidade dos países da área do euro, muito embora a repercussão sobre os preços no consumidor do aumento do preço inter- nacional do petróleo tenha sido mais intensa nes- ses países do que em Portugal, uma subida dos sa-

lários em Portugal em resultado da subida do pre- ço da energia traduzir-se-á necessariamente numa deterioração da competitividade da economia por- tuguesa em relação aos seus parceiros comerciais. Finalmente, numa perspectiva de médio prazo, é fundamental para o aumento do ritmo de cresci- mento do produto potencial da economia que ocorra uma melhoria da qualidade dos factores produtivos e da eficiência produtiva. O Estado po- derá desempenhar um papel importante a este ní- vel através das suas políticas de oferta, como seja o caso das políticas de educação. Para tal importa, contudo, garantir a aplicação de critérios de efi- ciência na implementação dessas políticas. Impor- ta igualmente garantir flexibilidade no mercado de trabalho português e evitar situações de desincen- tivo à oferta de trabalho.

Redigido com a informação disponível até 16 de Outubro de 2000

42 Banco de Portugal / Boletim económico / Setembro 2000

No documento Textos de política e situação económica (páginas 36-39)