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Capítulo IV Intervenção Pedagógica em contexto do 1.º Ciclo do Ensino Básico

4.3 Momentos de Aprendizagem

4.3.1 Português

Os autores Niza e Martins (1998) alertam-nos para a importância de aperfeiçoar a aprendizagem da escrita, tanto nos jardins-de-infância como no Ensino Básico. No entanto, Pereira e Azevedo (2005) referem que as competências não são algo que se possa ensinar, têm sim que ser criadas condições favoráveis à sua apreensão.

Neste sentido, atualmente as tentativas de leitura e escrita das crianças são cada vez mais valorizadas, pois é a partir desses primeiros esboços que as mesmas vão construir novos saberes, que as permitirão ler e escrever corretamente (Niza & Martins, 1998).

As atividades de Português foram sempre pensadas de acordo com as diretrizes fornecidas pela professora cooperante e em congruência com o Programa e Metas de Português para 1.º CEB (Ciclo do Ensino Básico).

Leitura da obra – O Coelhinho Branco

Segundo o Programa e Metas Curriculares de Português do Ensino Básico (ME, 2015), é afirmado que o 1.º Ciclo se apresenta como uma fase indispensável a todos os alunos, pois compete a este ciclo “aprofundar o conhecimento e o domínio da linguagem oral”. Além de todos os outros domínios que devem ser abordados, salienta-se a importância do domínio da Iniciação à Educação Literária, em que os alunos tomam gosto pela leitura e fortalecem a sua compreensão e interpretação dos textos abordados. Assim sendo, foi criada uma lista de obras e textos para dar início à educação literária no 1.º ano de escolaridade.

Posto isto, escolheu-se uma dessas obras para trabalhar com a turma, intitulando- se “O Coelhinho Branco”, de António Torrado. Foi uma história muito engraçada, à qual todas as crianças demonstraram sempre grande interesse e entusiasmo em aprendê-la e explorá-la. Dada a motivação foram realizadas imensas atividades em torno da obra e como já foi mencionado anteriormente, há que trabalhar a articulação das áreas curriculares, salientando que além do Português foram também trabalhadas outras áreas como a Matemática e o Estudo do Meio. Amor (2003) afirma que o facto de se permitir momentos de contato direto com um livro, que sejam estimuladores para os alunos, faz com que esteja a ser feita uma promoção de leitura, que é o que se espera de um professor de português, pois cada vez mais se apela a que haja um maior gosto pela leitura.

Inicialmente fez-se a exploração da capa, a partir de uma imagem em A3, fixada no quadro, através de questões orientadoras como por exemplo: “O que será que retrata

esta história?”; “O Coelhinho será que é amigo da Cabra?”; “O que é que a Cabra está fazendo ao Coelhinho?”. Desta forma as crianças foram alargando a sua imaginação e dando as suas opiniões acerca do que pensavam falar a história.

Figura 7 – Capa do livro “O Coelhinho Branco”

Após a exploração da capa, fez-se uma proposta de criação de um livro, criado pelas crianças, sobre esta obra, que seria composto por pequenas atividades, atribuídas pelo professor, relacionada com a obra. Salienta-se que no fim do estágio cada criança tinha o seu livro em formato A4.

Dado que os alunos ainda não sabiam ler, foi apresentado o vídeo da história, para que pudessem visualizá-la de uma forma mais dinâmica e ao mesmo tempo ficar a conhecê-la na totalidade.

Na segunda semana de estágio, e uma vez que a história já tinha sido falada diversas vezes, sugeriu-se que fosse apresentada aos colegas da sala, através de uma peça de teatro com fantoches de palito.

Figura 8 – Fantoches de palito da história “O Coelhinho Branco”

Desta forma, foram reunidos grupos de seis alunos, para apresentarem à vez a peça de teatro. Para tal, teve-se o apoio de um biombo que pertencia à escola, em que os alunos conseguiam se colocar por trás, de maneira a se movimentarem no decorrer da peça.

Figura 9 – Apresentação da peça de teatro

É de referir que a peça foi repetida quatro vezes e que a primeira vez foi a que correu menos bem, o que por lado pode ser compreensível já que inicialmente as crianças estavam um bocado intimidadas e começavam a rir umas das outras. Note-se que na quarta vez foram selecionadas as crianças com melhor desempenho, nas peças anteriores, para representarem uma última vez. No entanto, a partir da primeira visualização, foi criada uma maior auto-estima e confiança e a realização da peça de teatro decorreu da melhor forma possível.

o Concluindo…

O feedback recebido pela professora cooperante foi muito positivo, pois como os alunos não estavam habituados a realizar dramatizações, os resultados finais foram surpreendentes. É engraçado ver a capacidade de improvisação das crianças, pois apesar da história já ter sido dada anteriormente, já se tinha passado uma semana e mesmo não sabendo tal e qual as falas, conseguiram ultrapassar os obstáculos e formar novas falas de maneira a manter o conteúdo da obra.

Caso de leitura al, el, il, ol, ul

Como já foi referido, os alunos pertenciam ao 1º ano de escolaridade, o que pressupõe a aprendizagem das letras para que posteriormente possam ser lidas e escritas. No entanto, Amor (2003) menciona que os erros dados na escrita provêm muitas vezes dos maus hábitos de leitura. Neste sentido é necessário motivarmos a leitura, para que os alunos possam ter sucesso na escrita. A autora refere ainda que para tal é essencial que os alunos tenham oportunidades de leitura e de escrita livre, ou seja, sem um tema associado e sem a pressão de saberem que estão sendo avaliados.

No seguimento da ideia anterior e na consequente aprendizagem da letra l que tinha sido realizada na semana anterior, pensou-se na demonstração de uma tabela que continha, (l + a = la; l + e = le; l + i = li; l + o = lo; l + u = lu), para que os alunos, pausadamente, pudessem ler, conforme o professor fosse apontando.

Após este momento, com o intuito de desafiar os alunos, questionou-se como ficaria a leitura das sílabas, se trocássemos a ordem das letras. Inicialmente tiveram tempo

para refletir, sendo mostrada em seguida outra tabela que continha (a + l = al; e + l = el; i + l = il; o + l = ol; u + l = ul), para que a sua leitura fosse mais simples.

Posteriormente o quadro foi dividido em cinco colunas, cada uma delas contendo la/al, le/el, li/il, lo/ol e lu/ul, respetivamente, e com a ajuda dos alunos colocou-se cartões com palavras que contivessem as sílabas acima indicadas e ilustradas pelas figuras correspondentes. As ilustrações serviam para auxiliar os alunos, uma vez que ainda não tinham aprendido todas as letras do abecedário.

Depois de percebida a lógica da atividade, o professor passou pelos alunos com um saco que continha outras palavras, também em cartões, para serem colocadas à vez nas respetivas colunas.

De seguida perguntei: “E se fizéssemos magia e as letras trocassem, como ficariam?”. Então mostrei outra tabela com a + l = al; e + l = el; i + l = il; o + l = ol; u + l = ul e voltámos a ler em conjunto. Ao início tiveram alguma dificuldade em conseguir ler corretamente, mas depois de alguma insistência, acabaram por perceber.

Figura 10 – Atividade do caso de leitura

Por fim, após terminarem todos os cartões, com algumas indicações, os alunos acabaram de preencher as colunas com outras palavras.

Para que os alunos assentassem bem este conteúdo, foram colados cinco poemas, em formato A4, no quadro, que apresentavam nos seus versos algumas palavras com as sílabas abordadas no caso de leitura. Numa primeira fase entregaram-se panfletos que continham os cinco poemas expostos no quadro e numa segunda fase o objetivo era que os alunos circundassem as sílabas “al, el, il, ol, ul”, após a leitura, feita pela professora em voz alta, ser concluída. Conforme os poemas eram lidos, todos tinham que ir seguindo o texto pelo panfleto distribuído, linha a linha.

Figura 11 – Panfleto dos poemas

o Concluindo…

Esta foi uma atividade bem sucedida, uma vez que, através das imagens todos os alunos conseguiram identificar corretamente as palavras e por conseguinte colocá-las na coluna pretendida. Já no que toca à leitura dos poemas, conseguiram acompanhar frase a frase com o dedo enquanto o docente lia em voz alta e por fim uns com mais facilidade outros com menos, acabaram por nomear acertadamente as palavras que continham as sílabas al, el, il, ol e ul.