• Nenhum resultado encontrado

O ICGFI (“International Consultive Group of Food Irradiation”), patrocinado pela Organização Mundial da Saúde (OMS); a “Food and Agricultural Organization” (FAO) e a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) posicionam-se favoravelmente sobre a salubridade de alimentos irradiados, desde 1980, e vêm estudando a irradiação de alimentos e fornecendo subsídios tecnológicos e científicos para sua aprovação internacional. (EMBRARAD, 2008)

Inúmeras pesquisas foram realizadas, grande parte delas nos EUA. Durante muito tempo, os alimentos irradiados foram servidos a voluntários, astronautas, pacientes imunodeprimidos e militares de várias partes do mundo. (AZEVEDO, 2006)

Entre 1964 e 1997, a Organização Mundial de Saúde acompanhou os resultados desses estudos, em conjunto com Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) através de uma série de reuniões com especialistas de diversos países do mundo. Na última reunião em setembro de 1997, a conclusão final foi divulgada: a OMS aprova e recomenda a irradiação de alimentos, em doses que não comprometam suas características organolépticas, sem a necessidade de testes toxicológicos. De lá para cá, a irradiação de alimentos foi aprovada pelas autoridades de saúde de 40 países. (EMBRARAD, 2008 )

Estas são algumas das organizações que apóiam a irradiação de alimentos: “American Council on Science and Health”, “American Dietetic Association”, “American Farm Bureau Federation”, “American Feed Industry Association”, “American Meat Institute”, “American Medical Association”, “American Veterinary Medical Association”, “Animal Health Institute”, “Apple Processors Association”, “Chocolate Manufacturers Association”, “Council for Agricultural Science and Technology”, “Florida Fruit and Vegetable Association”, “Food and Drug Administration”, “Food Distributors International”, “Food and Agriculture Organization” (FAO), “Grocery Manufacturers of America”, “Health Physics Society”, “Institute of Food Technologists”, “International Atomic Energy Agency”, “International Food Information Council” (IFIC), “The Mayo Clinic”, “Millers' National Federation”, “National Confectioners' Association”, “National Cattlemen's Beef Association”, “National Food Processors Association”, “National Fisheries Institute”, “National Meat Association”, ”National Food Processors Association”, “National Turkey Federation”, “National Pork Producers Council”, “Northwest Horticulture Association”, “New England Journal of Medicine (reported in the Scientific Committee of the European Union)”, “Produce Marketing Association”, “Scientific Committee of the European Union”, United Egg Association”, “UK Institute of Food Science & Technology”, “United Fresh Fruit & Vegetable Association”, “United Egg Producers”, “United Nation Food and Agricultural Organization” (FAO), “U.S. Department of Agriculture”, “Western Growers Association”, “World Health Organization” (WHO). (EMBRARAD, 2008)

9 CONTROVÉRSIAS

A tecnologia ainda gera controvérsias sobre tudo perante as organizações não governamentais. Destacam-se como opositores as “ONG’s Public Citizen” (EUA), a “Stop Food Irradiation Alliance” (SFIA - Austrália) e, no Brasil, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC, 2002).

Há muitos aspectos controversos. Um deles está ligado à própria eficiência da eliminação de microorganismos patogênicos. Pois segundo o IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), a irradiação elimina não só os microorganismos que causam doenças, mas também podem eliminar aqueles que fazem parte da flora intestinal e que são encontrados apenas nos alimentos. (AZEVEDO, 2006)

Outros críticos citam como principais problemas, verificados em pesquisas, a diminuição do peso e da sobrevivência (inclusive intra-uterina) de animais de laboratório, maior incidência de certos tipos de câncer, queda na fertilidade, mutações, deficiências nutricionais, morte pré-natal e outros problemas reprodutivos, hemorragia interna fatal, sistemas imunológicos destruídos, danos a órgãos e crescimento atrofiado e níveis consideráveis de radioatividade em órgãos de ratos tratados com sacarose irradiada. (PEROZZI, 2007)

Falam ainda de acidentes ambientais ocorridos em plantas irradiadoras de alimentos e problemas decorrentes da má operacionalização das máquinas. Instalações de irradiação que funcionam com césio-137 ou cobalto-60 radioativos ameaçam trabalhadores e comunidades devido à possibilidade de vazamentos e acidentes radioativos. (PUBLIC CITZEN BRASIL, 2008).

A irradiação pode matar bactérias, mas não mata vírus ou remove sujeira, toxinas, urina, fezes e fuligem, adquiridos nos matadouros ou em instalações de processamento com precárias condições de higiene. (PUBLIC CITZEN BRASIL, 2008). Sabemos que a legislação brasileira exige que tenha o Manual de Boas Práticas de Fabricação nas instalações para que o produto seja irradiado e isso diminui e muito, a possibilidade da presença de fezes, urina ou outros tipos de

sujidades nesses alimentos.

A maior preocupação desses críticos é uma substância chamada ciclobutanona, produzida pela irradiação de alimentos ricos em gordura. A ciclobutanona possui propriedades citotóxicas [isto é, de gerar alterações celulares] e genotóxicas [de gerar alterações no material genético das células], o que levanta a suspeita de que sejam prejudiciais à saúde humana. Entretanto, para que ocorram efeitos tóxicos no ser humano seria necessária uma quantidade de ciclobutanona mil vezes mais alta do que aquelas encontradas em produtos irradiados e nenhum produto tem quantidade suficiente para oferecer algum risco para a saúde. (AZEVEDO, 2006)

O alimento irradiado também tem seu valor nutritivo reduzido. Por exemplo, segundo os próprios cientistas da FDA (Departamento de Saúde dos Estados Unidos) - a irradiação elimina até 90% da vitamina A no frango, 86% da vitamina B em aveia, 70% da vitamina C em sucos de fruta, metade do beta-caroteno do suco de laranja e 95% da vitamina B em beterraba, pêssegos e carne (PUBLIC CITZEN BRASIL, 2008).

Ovos irradiados perdem 80% de vitamina A depois de um mês de armazenamento. Este problema é potencializado pelo tempo de armazenamento do produto, porque enquanto está armazenado, seu valor nutritivo diminui. Se os alimentos irradiados forem armazenados por mais tempo e transportados a uma distância cada vez maior de seu local de produção, chegarão à mesa do consumidor com quase nenhum valor nutritivo. (AZEVEDO, 2006)

A aveia, por exemplo, perde 3% da vitamina B durante a irradiação, outros 18% durante o armazenamento e 19% durante o cozimento. Uma perda total de 74%. Em comparação, o total perdido de vitamina B para aveia não irradiada após o armazenamento e cozimento é de apenas 8%. Se o alimento é cozido, um processo

que também destrói uma boa porcentagem de nutrientes, a combinação desses processos resulta em comida significativamente deficiente em nutrientes (PUBLIC CITZEN BRASIL, 2008)

O alimento irradiado pode voltar a ser contaminado por bactérias, que se propagam rapidamente, pois as “boas” bactérias que trabalham como defesa para o alimento também são eliminadas pela irradiação. Todos esses efeitos foram pesquisados em vários graus e são largamente aceitos como resultados diretos da irradiação. Entretanto, os estudos sobre os efeitos de longo prazo da ingestão de alimentos irradiados ainda não são suficientes. (DIVERSI, 2002)

10 COMERCIALIZAÇÃO E ATITUDES DO CONSUMIDOR

A tecnologia de irradiação de alimentos recebeu, durante os anos noventa, um grande interesse do público, da imprensa e da indústria alimentícia. Isto se deve, principalmente, à instalação na Flórida, do primeiro irradiador Norte Americano totalmente dedicado à irradiação de alimentos, ao marketing inicial de alimentos tratados naquela instalação e a aprovação governamental da irradiação de carne de frango. (CAMPOS, 2003)

Fatores econômicos e sociais como custo, disponibilidade e hábitos alimentares têm, tradicionalmente, influência sobre a escolha do consumidor. Atualmente, outros fatores como legislação, aumento da quantidade de refeições realizadas fora de casa e o emprego de novas tecnologias têm sido também, parâmetros de decisão. Neste sentido, esclarecimentos a respeito da conservação de alimentos são necessários, uma vez que o uso comercial da irradiação dos alimentos tem sido lento em função de interpretações errôneas por parte dos consumidores

(ORNELLAS et al., 2006).

FRANÇA (2000) e BOAVENTURA (2004) atribuem a dificuldade de aceitação por parte das pessoas à confusão que fazem de irradiação com radioatividade. O preconceito pode ter se originado da imagem negativa que passou a revestir a energia nuclear depois da Segunda Guerra Mundial e da bomba atômica. Diferentemente de contaminação radioativa, que pressupõe o contato físico com uma fonte radioativa, a irradiação é a energia emitida de uma fonte de radiação e no caso da irradiação de alimentos, estes não se tornam radioativos, pois não contêm a fonte de radiação e as doses utilizadas para este tratamento não são suficientes para desencadear uma reação nuclear no produto, ou seja, radioatividade. Uma vez interrompida a emissão de energia, os efeitos da irradiação não persistem no material irradiado.

Segundo CROWLEY et al. apud ORNELLAS et al. (2006), há uma correlação positiva entre a consciência sobre o assunto e a disposição para comprar e, em sua pesquisa de opinião, 85% dos consumidores já haviam ouvido falar sobre a irradiação de alimentos e 70% deles demonstraram desejo em comprar estes produtos. Em um questionário houve justificativas positivas para a aquisição de alimentos irradiados, sendo a questão sanitária a mais importante delas, ou seja, estudos de atitude e testes de compra demonstraram que, quando é oferecida a oportunidade de conhecimento com expectativa de benefícios e menores riscos à saúde, os consumidores aceitam bem os alimentos irradiados, entretanto, a maioria não tem tido esta opção e seus conhecimentos são limitados sobre esta tecnologia.

Estudos relacionados com o consumo, em base nacional, indicam que 45% a 55% dos consumidores desejariam comprar carne vermelha ou de frango irradiadas e, por isto, com o índice reduzido de bactérias. O endosso do processo por entidades

como o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e a Associação Médica Americana (AMA), deram ao processo uma grande credibilidade junto aos consumidores. Testes de mercado em mercearias e demonstrações confirmaram o nível de aceitação do consumidor. (CAMPOS, 2003)

ORNELLAS et al. (2006) afirmam que a falta de conhecimento gera dúvidas e colabora para um posicionamento de repulsa diante dos alimentos tratados por esta tecnologia, os consumidores acham difícil avaliar os benefícios desta técnica e a falta de informação por parte dos mesmos tem limitado o uso deste tratamento no Brasil, o que fica evidenciado com os resultados de sua pesquisa, onde observaram que 59,6% dos consumidores brasileiros entrevistados não sabiam que a irradiação é um método de conservação de alimentos e não souberam responder se consumiriam produtos irradiados, 16% acreditavam que alimentos irradiados significam o mesmo que alimentos radioativos, 62% responderam não saber se a irradiação de alimentos pode trazer danos à saúde do consumidor e/ou ao meio ambiente Além disto, 89% dos entrevistados consumiriam alimentos irradiados se soubessem que a irradiação aumentasse a segurança alimentar.

Produtos irradiados da Flórida estão à disposição dos consumidores em certos mercados dos Estados Unidos, desde 1992. Morangos e cogumelos irradiados muitas vezes superaram, em volume de venda, os produtos não irradiados na proporção de 10 para 1 ou até mais. (CAMPOS, 2003)

Carne de frango tem sido irradiada para controlar a Salmonella spp. e colocada à disposição de mercados, limitados aos EUA desde 1993. Mais recentemente, o mercado de alimentos tem utilizado frango irradiado em quantidades crescentes. Estabelecimentos tais como hospitais e restaurantes têm utilizado este produto em bases regulares. Usando normalmente em suas cozinhas frango irradiado

para redução de bactérias patogênicas, estes estabelecimentos reduzem o risco de contaminação cruzada de outros alimentos, durante a sua preparação. (CAMPOS, 2003)

Entrevistas realizadas em 2006 com voluntários entre 18 e

Documentos relacionados