• Nenhum resultado encontrado

5 METODOLOGIA DO SISTEMA AGRÁRIO

6 POSSIBILIDADES DA ELAEICULTURA NA GUINÉ-BISSAU

A estrutura econômica da Guiné baseasse atualmente na exportação e aproveitamento dos seus recursos agro-silvícolas, em que é potencialmente rica esta nossa parcela do território nacional.

Variedade Tenera Em óleo de palma

143 palmeiras x 30 kg de cachos x 22% de óleo nos cachos = 943,8 kg de óleo de palma

Em palmiste

143 palmeiras x 30 kg de cachos x 18% de palmiste (nozes) = 772,2kg de palmiste

VA = PB - CI - D

Assim, a exportação do amendoim em casca ou descascado do palmiste e das madeiras, é esteio da sua economia agrária de exportação.

Em relação a estes produtos, uma intensificação da produção unitária do amendoim, uma melhor racionalização da exploração florestal tendo em vista a sua maior industrialização local, e um incremento da exploração dos palmares subespontâneos, com o fim de um maior aproveitamento do cocorote, muito podem vir a contribuir para uma melhoria da balança de exportação. Seria também de aconselhar uma maior industrialização local do palmiste e amendoim.

O arroz, de que esta província tem produção apreciável, uma vez que este produto tem maior interesse para a economia interna da província do que para a exportação, dado que o que se produz, é quase totalmente consumido internamente, e apenas, em certos anos se fazem pequenas exportações. É o arroz uma cultura de largas possibilidades na Guiné, onde os seus povos, especialmente os balantas3, o cultivam com uma técnica bastante aceitável e esmerada.

Outros produtos ligados ao agro, como milho, o sorgo, o gergelim, etc, têm também na Guiné boas condições ecológicas do desenvolvimento, mas de momento, ainda estão na fase de serem agricultados tendo apenas em vista o consumo local das populações. Sem esquecer igualmente a larga possibilidade, especialmente no sul da província, da bananicultura e, em quase todo o território, do abacaxi e dos cítricos.

Em considerações sobre o seu potencial e futuro agro-florestal, sobre as possibilidades de uma cultura que pode constituir uma riqueza significativa desde que racionalmente orientada.

Trata-se da Elaeicultura, ou seja, a cultura da palmeira de dendê.

3 Balantas são as tribos da Guiné-Bissau.

Enormes extensões ao longo do litoral, desde S. Domingos a Catió e ao longo das linhas de água da Guiné, estão cobertas de palmeiras (Elaeis Guineensis) que em certos locais formam povoamentos estremes e extensos.

A área ocupada pelo Elaeis Guineensis calcula se em cerca de 90 mil hectares.

De uma forma geral estes extensos palmares não são totalmente explorados, e que apenas 10% a 15% da população são aproveitadas.

As populações rurais, duma forma geral rica e sem dificuldades de maior, apenas exploram uma pequena percentagem destes palmares limitando em muitos casos, à apanha, do chão, dos cachos que caem naturalmente das palmeiras, e das quais apenas aproveitam o palmiste.

Uma boa e bem orientada campanha de mentalização destas populações, e a instalação de postos de descasque manuais ou maçaricos, muito poderá contribuir para o incremento da exploração dos palmares subespontâneos, uma vez que o trabalho de quebre manual do palmiste é medroso e de pequeno rendimento, e normalmente consiste empreitada das mulheres e crianças.

Pode parecer, à primeira vista, um tanto descabido apresentar um trabalho sobre a possibilidade da elaeicultura na Guiné-Bissau se afirma existirem grandes áreas de palmar e que estes são pouco explorados.

Na verdade para quê falar em cultura de uma espécie vegetal que existe já em tão larga escala e sob a forma natural?

Assim seria certamente, se não fosse o fato de as palmeiras da Guiné produzirem cachos cujos frutos estão praticamente reduzidos ao palmiste com uma camada de polpa de escassos milímetros de espessura e, portanto, produzindo uma quantidade de óleo muito pequena em relação ao peso dos cachos.

Modernamente, e tendo em vista uma exploração econômica de um palmar, o produto principal é o óleo de polpa, aparecendo o palmiste como secundário.

Nos palmares subespontâneos da Guiné, dada a diminuta espessura da polpa nos frutos, dá-se justamente o inverso, isto é, dado o pequeno que este se obtém, o palmiste tem de se considerar como produto primário aparecendo o óleo como secundário, o que não pode tornar esta exploração, ao nível empresarial, como econômica.

A confirmar esta idéia posso apontar todos os trabalhos de melhoramento da palmeira que se faz na Nigéria, Costa do Marfim, Daomé, Angola, Brasil, Malaia, etc, em que aqueles são orientados no sentido de se obterem cultivares altamente produtivo em óleo de palma, dados o maior interesse econômico deste produto, e onde, as formações naturais de palmar, também extensas, não diferem muito da Guiné.

Na Guiné há possibilidades, aliás, já demonstradas, de se lançar a “Elaeicultura” no sentido da maior produção de óleo, atirando para segundo plano a produção do cocorote.

Os palmares emitentes no Posto Agrícola de Pessubé e em Catió pertencente aos Serviços Oficiais, e, plantações existentes no Sul da Província de firmas locais, são a prova real do que acabo de afirmar.

Para concretizar melhor esta idéia, seria de maior interesse transcrever alguns números e dados resultantes de estudos feitos em relação a palmares subespontâneos e palmares plantados, originários de sementes melhorados introduzidas já há alguns anos na Guiné-Bissau.

Os elementos seguintes, são os rendimentos das palmeiras dos povoamentos subespontâneos na área da Administração de Cacheu (Carreira, 1952).

TABELA 9: Rendimentos das palmeiras dos povoamentos subespontâneos Peso médio dos Cachos Percentagem de Sementes Percentagem de óleo Precentagem de palmiste em (500unidades) kg debulhadas em relação aos puro extraído da polpa descascado ( e sem impureza)

cachos em relação ao peso das em relação ao peso bruto de

sementes palmists (com casca)

Minimo Médio Máximo Mínimo Médio Máximo Mínimo Médio Máximo Mínimo Médio Máximo 3,562 4,423 6,531 57,86 54,95 61,75 5,42 6,94 8,25 31,07 32,68 34,3

FONTE: Boletim Cultural da Guiné-Bissau

Observam-se os dados obtidos nos palmares plantados no Posto Agrícola de Pessubé. As palmeiras que constituem as plantações deste Posto Experimental são de tipo duro, e ao que parece, toda a planta que as constituem são originárias de sementes colhidas numa plantação de uma antiga firma, denominada Gambiel, situada perto de Bambadinca. Ao que consta, aquela empresa importou as sementes que constituíram aquele palmar, diretamente de Sumatra.

TABELA 10: Produção de cachos por árvore adulta

FONTE: CARREIRA, 1952

Estes palmares do Pessubé foram objetos de intenso estudo, tendo em vista a obtenção de

genearcas para programa de melhoramento da Elaeis guineensis, quer em curto prazo, sobre a produtividade destas palmeiras e para o que se determinou, à sociedade, as características físicas e riqueza em óleo dos cachos produzidos por aquelas plantas.

Na tabela a seguir, são os valores, pois muitos outros foram determinados, que têm interesse comparar os obtidos por António Carreira, no seu valioso estudo sobre o potencial dos palmares naturais. Valores para as palmeiras adultas, isto é, em plena produção.

TABELA 11: Valores das Palmeiras adultas em plena produção

Produção de Cacho por Árvore Adulta 03 a 05 com peso de 04 a 05 kg

Rendimento Médio em Frutos Média de 05 cachos a 5 kg = 25 kg

Rendimento Médio de cada Cacho 61,75 no máximo

FONTE: CARREIRA, 1952

Uma rápida apreciação dos três quadros mostra-nos logo a substancial diferença entre os dois tipos de palmar, isto é, o subespontâneo da Guiné e o originário de material selecionado importado.

Assim, se o número de cachos produzido anualmente se assemelha bastante, o seu peso médio apresenta diferenças apreciáveis, sendo de 4,4kg para o material subespontâneo e de 23,9kg para o melhorado.Igualmente a percentagem de óleo no cacho (percentagem de óleo extraído da polpa em relação ao peso da semente vai de 16,7% para o material melhorado para 6,9% nos palmares naturais).

Esta diferença é, não só devido à maior percentagem de sementes debulhadas e relação dos regimes do material melhorado (71,5%) quando comparado com a que se registra nos palmares naturais (54,9%) mais também à maior percentagem de polpa em relação aos frutos (58,0%) existentes nos palmares originários de Sumatra.

Dos palmares naturais da Guiné, esta característica é francamente baixa, dado que os seus frutos apresentam, de uma forma geral, apenas uma delgada película de polpa em volta da semente.

Considerando um palmar teórico, de um hectare, formado por 143 palmeiras (compasso ideal) de origem local e de plantas idênticas às do Posto Agrícola do Pessubé, teríamos as seguintes produções unitárias.

Especificações Valores

Produção Média Anual de Cachos 109, 3 kg

Peso Médio dos Cachos 23,9 Kg

Número Médio dos Cachos 4 a 5

Percentagem de Óleo nos Cachos 16,70%

Percentagem de Palmiste nos Cachos 7,10%

6.1 PALMAR NATURAL (Subespontâneo)

6.1.1 Em óleo de palma

143 palmeiras x 25kg de regime x 6,9% de óleo nos cachos = 245,7kg de óleo.

6.1.2 Em palmiste

143 palmeiras x 25kg de cacho x 9,4% de palmiste = 336kg de palmiste.

6.2 PALMAR PLANTADO

6.2.1 Em óleo de Palma

143 palmeiras x 109,3kg x 16,7% de óleo no cacho= 2610,2kg de óleo de palma.

6.2.2 Em Palmiste

143 palmeiras x 109,3kg de cacho x 7,1% de palmiste nos cachos = 1109,8kg de palmiste.

Os resultados obtidos mostram-nos de uma forma indiscutível a melhor produtividade dum palmar feito com material selecionado quando comparado com os povoamentos naturais.

Na verdade no que respeita o óleo de palma a diferença é praticamente 10 vezes maior para o palmar originário de sementes selecionadas.

Chegados a este ponto, em que demonstra a nítida diferença, ponto de vista de produção, dos palmares plantados no Posto Agrícola de Pessubé, poderá surgir a pergunta ou a dúvida, se as altas produções ali verificadas se não devem a condições especiais, a um microclima, e se é possível encontrar condições idênticas no território da Guiné, com vista à implantação industrial, de palmares deste tipo.

Se bem que a resposta seja um tanto difícil, poder afirmar quase com certeza absoluta que, ao longo do litoral guineense, nas suas ilhas e especialmente no sul da província não é difícil encontrar largas manchas de terreno que apresentam condições idênticas às do Pessubé. Em Catió, o palmar ali feito pelos Serviços Oficiais e que tão boas perspectivas apresentava, foi

implantado em terrenos de tipo muito freqüente na Guiné, e dos quais é possível encontrar largas centenas ou mesmo milhares de hectares. É de interesse fazer uma breve análise às condições ecológicas julgadas ideais para a elaeicultura e também àquelas que existem na Guiné.

6.3 CONDIÇÕES ECOLÓGICAS

6.3.1 Altitude

É dada como fator limitante desta cultura a altitude de cerca de 700 metros. Ora o ponto mais elevado da Guiné-Bissau está muito, mas mesmo muito, abaixo da cota de 700 metros e, portanto, no que diz respeito a este fator, a Guiné encontra-se em condições ótimas.

6.3.2 Temperatura

O valor ótimo da temperatura média situa-se entre 24º e 26º centígrados e com pequenas oscilações ao longo dos meses. As temperaturas mínimas só excepcionalmente devem ser inferiores a 14º centígrados.

Às temperaturas são muito poucos; no entanto os que existem em relação às regiões de Catió, Caió, Farim, Bissau, Bolama e Bubaque podem dar elementos valiosos quanto às regiões onde as viabilidades da “elaeicultura” ou seja, nas ilhas, Sul da Província e ao longo das linhas de água. As diferenças médias mensais, ao longo do ano, são igualmente muito pequenas.

Temos, pois mais um elemento favorável a elaeicultura na Guiné, que é a temperatura e, os limites estão dentro das condições térmicas.

TABELA 12: Dados climáticos da Guiné-Bissau

Documentos relacionados