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Viabilidade econômica do dendê: um estudo de caso da substituição das plantações nativas por dendezeiros geneticamente melhorados

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Academic year: 2021

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(1)ISIDORO SEMEDO. VIABILIDADE SUBSTITUIÇÃO. ECONÔMICA DAS. DO. DENDÊ:. PLANTAÇÕES. ESTUDO. NATIVAS. GENETICAMENTE MELHORADOS. SALVADOR 2002. UM. POR. DE. CASO. DA. DENDEZEIROS.

(2) ISIDORO SEMEDO. VIABILIDADE SUBSTITUIÇÃO. ECONÔMICA DAS. DO. DENDÊ:. PLANTAÇÕES. UM. ESTUDO. NATIVAS. POR. DE. CASO. DA. DENDEZEIROS. GENETICAMENTE MELHORADOS. Monografia apresentada no curso de graduação de Ciências Econômica da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas. Orientador: Prof. Dr. Vitor de Athayde Couto. SALVADOR 2002.

(3) SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES. 08. 1. INTRODUÇÃO. 10. 2. ASPECTOS GERAIS DA CULTURA. 13. 2.1. USOS DO DENDEZEIRO. 17. 2.2. BOTÂNICA/DESCRIÇÃO/VARIEDADE. 18. 2.3. NECESSIDADES DO DENDEZEIRO. 20. 2.4. FORMAÇÃO DE MUDAS. 20. 2.4.1 Plantio. 22. 2.4.2 Tratos Culturais. 24. 2.4.3 Pragas do Dendezeiro. 25. 2.4.4 Colheita/Produção. 27. 3. BENEFICIAMENTO DA PRODUÇÃO. 29. 3.1. PROCESSO DE RODÃO. 29. 3.2. PROCESSO INDUSTRIAL. 31. 3.3. COEFICIENTES TÉCNICOS. 36. 4. COMERCIALIZAÇÃO. 37. 5. METODOLOGIA DO SISTEMA AGRÁRIO. 5.1. ÁREA A SER ESTUDADA. 40. 42. 5.1.1 Taperoá – Resgate Histórico. 42. 5.2. 43. 5.3. MODELO VALOR AGREGADO CARACTERÍSTICAS E VALORES PRODUÇÃO INDUSTRIAL. ECONÔMICOS. DAS. VARIEDADES: 47.

(4) 5.3.1. Variedade Dura. 48. 5.3.2. Variedade Tenera. 49. 6. POSSIBILIDADES DA ELAEICULTURA NA GUINÉ-BISSAU. 51. 6.1. PALMAR NATURAL (SUBESPONTÂNEOS). 56. 6.1.1 Em Óleo de Palma. 56. 6.1.2 Em Palmiste.. 56. 6.2. Palmar Plantado. 56. 6.2.1. Em Óleo de Palma. 56. 6.2.2. Em Palmiste. 56. 6.3. CONDIÇÕES ECOLÓGICAS. 57. 6.3.1. Altitude. 57. 6.3.2. Temperatura. 57. 6.3.3. Luz Solar. 58. 6.3.4. Pluviosidade. 60. 6.3.5. Solos. 60. 7. CONCLUSÃO. 63. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 65.

(5) Ao puro amor que invade meu peito e torna-me capaz de coisas que próprio não sei: À mulher que possuí: Teresa Mariama Sona Biai Semedo; Aos meus pais: Fernanda Bela e José Semedo; À minha filha: N’goyama Fernanda Semedo; Aos meus irmãos: Osvaldo, Rita, Deolinda, Nelson, Mário João, Mariana, Lucinda, Lumumba, Deoclaciana e Darci..

(6) RESUMO. As economias em vias de desenvolvimento, em geral, caracterizam-se por ter elevada taxa de crescimento demográfico, permanecendo a agricultura não só como o setor principal da economia, mas também o setor onde se encontra a maior parcela da produção e menor renda per capita. Apesar disso, a agricultura exerce múltiplas funções no processo de desenvolvimento econômico. Basicamente, o assunto do presente trabalho monográfico abrange: aspectos gerais da cultura do dendê, particularizando-se, com base na metodologia de sistemas agrários, a comparação entre as variedades Dura (nativa, de ocorrência subespontânea) e Tenera (híbrida), sua industrialização e. comercialização, e as. potencialidades econômicas da elaeicultura na Guiné-Bissau, procurando-se reunir informações esparsas sobre o assunto..

(7) LISTA DE ILUSTRAÇÕES. LISTA DE TABELAS. TABELA 1 – Produção Mundial de Óleo de Palma. 14. TABELA 2 – Produção de Óleo de Dendê na Bahia e no Brasil. 15. TABELA 3 – Situação das Áreas de Dendê Cultivado na Bahia. 16. TABELA 4 – Quantidade de Mistura/Muda. 22. TABELA 5 – Adubação do Dendezeiro (Desenvolvimento e Produção). 25. TABELA 6–Rendimento Industrial do Dendê em Percentagem, Segundo as Variedades 36. TABELA 7 – Principais Municípios Fornecedores de Dendê (Bahia). 37. TABELA 8 – Preços dos Produtos Agrícolas. 45. TABELA 9 – Rendimentos das Palmeiras dos Povoamentos Subespontâneos. 54. TABELA 10 – Produção de Cachos por Árvore Adulta. 54. TABELA 11 – Valores das Palmeiras Adulta. 55. TABELA 12 – Dados Climáticos da Guiné-Bissau. 58. TABELA 13 – Bolama - Valores Médios de (24) Anos de Observação. 59.

(8) TABELA 14 – Bissau – Valores Médios de 08 Anos de Observação. 59. TABELA 15 – Elementos Relativos às % de Argila, Ph e % de Matéria Orgânica. 60. LISTA DE FOTOS. FOTO 1 – Plantação de Dendezeiro Híbrido em Taperoá (BA). 22. FOTO 2 – Cacho de Dendê. 28. FOTO 3 – Beneficiamento Artesanal (Rodão) do Dendê – Taperoá (BA). 30. LISTA DE FIGURAS. FIGURA 1 – Diagrama de Fluxo Industrial de Cachos de Frutos Frescos de Dendê e Extração de Óleo de Amêndoa. 32. FIGURA 2 – Diagrama de Fluxo Industrial de Amêndoa de Palmiste. 35. FIGURA 3 – As Etapas de uma Análise Diagnóstico dos Sistemas Agrários. 41.

(9) 1 INTRODUÇÃO. O dendê ocupa uma posição de destaque na produção de Óleos e Gordura Vegetal durante a Revolução Industrial, isto deveu se principalmente à aplicação na siderurgia, para a laminação de chapas. Cresceram as exportações, pois o óleo de dendê encontrou pronto uso nas indústrias de vela e sabão e, especialmente, como lubrificante nas estradas de ferro.. O objetivo geral desta monografia consiste em se avaliar a rentabilidade da substituição das plantações nativas por dendezeiros geneticamente melhorados. Especificamente, pretende-se: caracterizar a importância do cultivo do dendezeiro; estimar as receitas líquidas no período de vida útil das plantações nativas para medir a sua rentabilidade; estimar as receitas líquidas no período da vida útil para o dendezeiro híbrido (Tenera), comparando-os através do Valor agregado (VA).. O diagnóstico é baseado na análise dos sistemas de produção. O estudo realizado em propriedades de dendê (pequenas, médias e grandes) confirmou que, na média, as propriedades estão operando com prejuízo, devido à baixa produtividade das plantações nativas. Os modelos utilizados neste estudo, são duas funções de valor agregado, sendo uma para determinar a variedade nativa e outra para a variedade tenera, determinada pela diferença entre o valor do que se produziu e o valor do que se consumiu: VA=PB-CI-D. O segundo capítulo aborda os aspectos gerais da cultura do dendê, enfatizando as necessidades do dendezeiro, seus usos, a botânica/descrição/variedade, passando pela formação de mudas. O objetivo deste capítulo é mostrar que o bom desenvolvimento dessa cultura depende da aptidão climática e das exigências ecológicas para plenitude da produção..

(10) O terceiro capítulo mostra o beneficiamento do dendê no baixo sul da Bahia que é feito pelo processo artesanal denominado rodão e pelo processo industrial moderno para a extração de óleo de palma ou azeite de dendê, extraído da polpa e o da amêndoa (óleo de palmiste).. O quarto capítulo trata da comercialização do dendê realizada basicamente através do produto na região produtora onde participam no processo de comercialização duas grandes empresas que praticamente dominam o mercado regional.. O quinto capítulo apresenta a metodologia do sistema agrário para a análise do valor agregado para a substituição das plantas nativas pelas geneticamente melhoradas, mediante as diferentes óticas de beneficiamento das variedades de dendê.. O sexto capítulo contém um estudo das possibilidades da elaeicultura na Guiné-Bissau. Neste capítulo é apresentado um histórico da cultura do dendê com informações gerais, suas características e condições ecológicas dentro dos parâmetros estabelecidos para o desenvolvimento dessa cultura.. Como planta oleaginosa o dendezeiro apresenta as seguintes vantagens: 1. Sua produção de óleo supera as principais oleaginosas do mundo. 2. Preços estáveis no mercado internacional, com variação média de 10% em 30 anos. 3. Planta perene com ciclo de exploração em torno de 30 anos. 4. Baixo custo dos seus produtos e ampla margem de usos, permitindo liberar excedentes de óleos mais caros para exportação. 5. Não concorre com outras atividades agrícolas, utilizando as terras atuais.. Na maioria dos países produtores, a dendeicultura é considerada como atividade econômica de ponta e o grande desenvolvimento apresentado é diretamente proporcional à política adotada por cada governo com relação ao apoio e incentivos à cultura do dendê, como também pela receptividade da iniciativa privada..

(11) Uma das principais características do dendezeiro é permitir a utilização de áreas tropicais consideradas marginais para exploração de outras oleaginosas, principalmente culturas de subsistência.. Do ponto de vista social, a dendeicultura apresenta peculiaridade por ser uma atividade agrícola apropriada para regiões com reduzida capacidade de absorção de mão-de-obra. A distribuição da produção durante todo o ano e a possibilidade de emprego para toda a família constituem fatores importantes para fixação do homem no campo e aumento de renda familiar.. Essas características ocupacionais se aplicam tanto na forma de exploração agrícola familiar, empresarial, onde várias atividades podem ser empreitadas ao chefe de família e receber a colaboração dos demais componentes em sua execução. Este é importante para a empresa, que assim mantem a sua comunidade fornecedora de mão-de-obra, pela possibilidade de empregar a quase totalidade de sua população ativa.. A implantação do dendê requer ainda o estabelecimento de colônias agrícolas bem organizadas, conduzindo à realidade de investimentos em equipamentos que beneficiam a população rural envolvida na atividade.. O período de utilização econômica de dendê estimado em 30 anos permite que os custos fixos de sua implantação sejam rateados por inúmeras colheitas, favorecendo a obtenção de alto retorno sobre o capital investido. Por outro lado, o cultivo de dendê propicia a intercalação e seqüência de cultura de ciclo curto nos primeiros anos de formação bem como a criação de bovinos na fase de exploração econômica. Isso representa um importante argumento econômico para a participação de pequenos e médios produtores, na medida em que torna possível a obtenção de um fluxo de renda no período anterior à fase produtiva do dendezeiro. Dessa forma, a dendeicultura permite a utilização racional da terra não apenas por empresas, mas também por sistema associativista de pequenos e médios produtores familiares.. Conclui-se que adoção de novas técnicas do cultivo do dendezeiro no que se refere à introdução de material botânico selecionado, vez que as plantações geneticamente melhoradas,.

(12) apresentam rendimentos, bastantes superiores aos dendezeiros nativos. As condições de clima e solo são bastante favoráveis e permite possibilidades de expansão da cultura do dendê.. 2 ASPECTOS GERAIS DA CULTURA DO DENDEZEIRO. O Dendezeiro (Elaeis guineensis) é uma palmeira de origem africana que se desenvolve normalmente no clima quente e úmido das regiões tropicais. De seus frutos podem ser extraídas dois tipos de óleo: o óleo de polpa, chamado óleo de palma, conhecido no Brasil como azeite de dendê e o óleo de amêndoa (caroço) chamado óleo de palmiste, este muito parecido, na sua composição química, com os óleos de babaçu e do coco. Dados atuais informam que se pode extrair até 22% de óleo de polpa e até 3,5% de óleo da amêndoa ou caroço.. É a oleaginosa de maior produtividade conhecida em todo o mundo, podendo fornecer de 4 a 6 toneladas de óleo/ha, correspondendo de 20 a 30 toneladas cachos/ha. Sua superioridade em rendimento é evidenciada pelo conforto com a produtividade média em óleo de outras oleaginosas.. O dendê é uma cultura de caráter perene, com ciclo vital econômico de 25 a 30 anos, ao contrário da soja, do amendoim e de outras culturas anuais, que exigem renovação constante.. O dendezeiro começa a produzir aos 3º anos e atinge a plenitude da produção durante o 7º e 8º ano. Produz durante o ano todo, não estando sujeito a épocas de safra e assim a mão-de-obra é ocupada ininterruptamente..

(13) Após 30 anos, a colheita torna-se difícil por causa da altura da palmeira havendo então a necessidade do replantio.. As características especiais desse produto conferem-lhe grande versatilidade o que possibilita sua aceitação por indústrias mundiais diversas. A cultura do dendê é, provavelmente, a de maior potencial de crescimento no mundo dentre as culturas de significado econômico. Sua rentabilidade tem sido boa (apesar do investimento alto para a implantação) e os preços têm-se mantido estáveis em torno de USS 450 / tonelada de óleo de palma devido ao aumento de produção que tem acompanhado o crescimento do consumo..

(14) Países PRODUÇÃO Malásia Indonésia Nigéria Tailândia Colômbia Papua-Nova Guiné Equador Costa do Marfim Honduras Zaire Camarões Guatemala Outros CONSUMO Índia Indonesa China Malásia Paquistão Nigéria Tailândia Reino Unido Egito Alemanha Colômbia Países Baixos Outros IMPORTAÇÃO Índia China Paquistão Cingapura Países Baixos Reino Unido Outros EXPORTAÇÃO Malásia Indonésia Cingapura Países Baixos Papua-Nova Guiné Hong Kong Outros. TABELA 1 Produção Mundial de óleo de palma Mil Toneladas Métricas 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02* 14888 16207 17644 16973 19262 21765 23739 24707 7771 8264 9005 8508 9758 10491 12100 12600 4250 4850 5385 5000 5800 7200 7500 7800 570 590 600 650 740 760 730 760 300 370 400 470 400 707 720 720 370 387 440 424 490 500 520 550 223 236 248 280 300 320 340 360 194 220 200 225 245 238 245 300 286 304 285 295 305 280 270 275 77 88 94 105 125 123 148 161 111 112 115 125 135 145 155 155 125 130 161 135 136 140 140 140 23 31 36 60 84 108 124 124 588 625 675 696 744 742 747 762 14318 15434 16867 17025 18155 20524 23298 24595 456 970 1315 1600 2310 3500 4450 4425 2440 2745 3010 2660 2793 2940 3150 3250 1437 1063 1250 1300 1275 1200 1800 2000 1170 1370 1458 1366 1459 1594 1590 1700 1200 965 1060 1114 1051 1150 1245 1350 700 770 750 750 880 930 980 1040 300 371 415 475 490 580 645 665 447 478 479 448 437 520 605 635 370 390 405 400 450 520 505 510 377 386 415 422 392 455 441 470 358 377 384 355 406 395 427 452 241 258 291 350 294 294 408 445 4813 5291 5635 5785 5918 6521 7052 7653 10225 11680 11680 11790 13345 14456 16890 17929 480 1300 1300 1530 2900 3300 4400 4350 1667 1350 1350 1300 1275 1200 1800 2000 1210 1070 1070 1124 981 1225 1240 1350 975 975 975 975 1000 1120 1150 1200 443 649 649 704 712 573 685 720 462 516 516 461 463 552 635 665 4988 5820 5820 5696 6014 6486 6980 7644 10689 12268 12268 11978 13625 15203 17460 18311 6634 7544 7544 7421 8100 8845 10750 11150 1798 2427 2427 2358 3100 4000 4330 4600 829 829 829 829 900 900 900 1050 198 359 359 345 418 286 275 275 188 203 203 226 246 266 275 290 145 145 145 150 115 113 115 115 907 761 761 649 746 793 815 831. FONTE: AGRIANUAL, 2002.

(15) Brasil a área colhida (1995) de dendê foi de 68 mil hectares e a produção do óleo de palma/ano está em torno de 80 mil toneladas: o país consome 280 mil toneladas de óleo de dendê e derivados e importa em torno de 180 mil toneladas, mas tem mercado interno potencial de 400 mil toneladas/ano de óleo de dendê e derivados. O Pará (70% da produção), Bahia e Amapá são as unidades maiores produtoras de óleo do Brasil.. TABELA 2 Produção de óleo de dendê na Bahia e no Brasil ÁREA (hectares) PRODUÇÃO (toneladas) 1997 1998 1999 2000 2001* 1997 1998 1999* 2000* 2001* PARÁ 25455 24983 28002 38611 47654 70654 74690 80513 131277 162829 AMAPÁ 3500 n.d. 2000 3500 3500 4960 2900 n.d. 11900 11900 BAHIA 2000 2700 5600 9572 10372 2673 7400 9834 32545 35265 AMAZONAS n.d. 1200 1200 1900 1900 n.d. 2200 2800 6460 6460 TOTAL BRASIL 30955 28883 36802 53583 63663 78287 87190 93147 182182 216454. ESTADO. Fonte: AGRIANUAL, 2002. O Estado da Bahia possui uma diversidade excepcional de solos e clima para a cultura do dendezeiro; a área apta disponível é de 750 mil hectares de terras situadas em regiões litorâneas que se estendem desde o Recôncavo até os Tabuleiros do Sul da Bahia. A maior parte da produção (10 mil toneladas) de óleo de dendê é proveniente de dendezeiros subespontâneos de baixa produtividade e que somam cerca de 19.650 hectares; a área de dendezeiros cultivados é de 11.500 hectares (indústrias de extração e produtores independentes) o que corresponde a 1,53% da área disponível total. Esses dendezeiros também apresentam baixa produtividade notadamente por terem ultrapassado o período econômico de produção (25 anos) bem como por apresentarem estado sanitário precário.. O governo do Estado empenha-se em revalorizar a dendeicultura; concebeu um projeto para implantar e consolidar a exploração comercial da cultura de dendê, em terras de 29 municípios baianos agrupados nos pólos de Nazaré/Santo Amaro, Valença/Itacaré, Ilhéus/Canavieiras e de Belmonte/Prado.. A meta global é atingir a produção de 48 mil toneladas de óleo de palma num horizonte de 8 anos, com meta agrícola de plantio de 12 mil hectares em 3 anos. Em dezembro de 1999 o governo da Bahia celebrou convênio com a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola.

(16) (EBDA), Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), Banco do Nordeste do Brasil, e empresas Jaguaripe, Mutupiranga, OLDESA e OPALMA visando produzir 2.400.000 sementes pré-geminadas (via CEPLAC) e instalar viveiros para produzir 1.724.000 mudas de dendezeiro híbrido Tenera (via empresas de extração acima) em áreas de abrangência do programa de Desenvolvimento da Dendeicultura Baiana (viveiros em Santo Antônio/Muniz Ferreira, Nazaré, Taperoá e, possivelmente, em Igrapiuna). Assim os agricultores de dendê bem como os donos de roldões terão acesso ao programa que contempla a modernização dessas estruturas também. As organizações interessadas no programa de dendê são: a. Secretaria da Agricultura - DDA, em Salvador b. CEPLAC - Itabuna c. EBDA - Salvador e escritórios na área do programa d Empresas de extração - Jaguaripe (Muniz Ferreira), Mutupiranga (Nilo Peçanha), OLDESA (Nazaré/Valença) e OPALMA (Taperoá) TABELA 3: Situação das áreas de dendê cultivado na Bahia.

(17) Municípios. Área Planta (ha). Alcobaça Aratuípe Belmonte Cachoeira Cairu Camamu Caravelas Igrapiúna Ituberá Jaguaripe Muniz Ferreira Nazaré Nilo Peçanha Presidente Tancredo Neves Salinas da Margarida Santo Amaro Saubara Taperoá Una Uruçuca Valença Total do Estado. 150 1177 35 782 4765 4427 265 2682 2619 4513 770 990 2510 78 50 362 320 4865 2700 9 9956 44025. Área Colhida (ha) 150 1177 35 782 4765 4427 265 2682 2619 4513 770 990 2510 78 50 362 320 4865 2602 9 9956 43927. Quantidade Rendimento Produzida Médio (ton) (kg/ha) 390 2600 5132 1360 147 4200 3910 5000 13256 2781 12395 2800 689 2600 5906 2202 16105 5003 19677 4360 3357 4359 4316 4359 8805 3507 232 2974 218 4360 1810 5000 1600 5000 23946 4922 12620 4850 50 5555 29868 3000 161430 3674. FONTE: ANUÁRIO ESTATÍSTICO, 2001 SEI. 2.1 USOS DO DENDEZEIRO. Do dendezeiro utiliza-se o fruto, cachos vazios dos frutos, cascas da amêndoa (caroço) e tronco. Fruto: principal produto do dendezeiro; da sua polpa (mesocarpo) extrai-se o óleo de palma (óleo de dendê) e de sua amêndoa consegue-se o óleo de palmiste. Cada fruto produz nove partes de óleo de dendê para 1 parte de óleo de palmiste. Óleo de palma (palm oil):. O óleo de palma tem uso alimentício, medicinal, oleoquímico e industrial..

(18) a. Uso alimentício: direta/indiretamente o óleo faz parte de margarinas, de gorduras (para pães, biscoitos, massas, tortas) pó para sorvete, manteiga vegetal, óleo de cozinha, óleo de salada, azeite de dendê, vanaspati, entre outros; ainda é substituto para a manteiga de cacau e fornece vitamina E beta-caroteno (provitamina A). b. Uso medicinal: algumas substâncias componentes do óleo têm propriedades antioxidantes, podendo representar papel protetor para células humanas, prevenir doenças cardíacas e câncer. Ademais dietas com óleo de dendê promovem a elevação do índice de colesterol benéfico no sangue em detrimento do colesterol maléfico (LDL). c. Uso oleoquímico: o óleo de palma entra na composição de sabões, sabão em pó, sabonete, condicionador para cabelos, shampoos, velas, tintas, detergentes, laminação de aço (siderurgia), emulsificantes, entre outros. d. Uso industrial: é matéria prima para obtenção da estearina, oleína, glicerina, ácido láurico, acido oléico, ácidos graxos, ésteres, entre outros. e. Substituto Energético: A todos estes usos cabe acrescentar, no presente, a utilização energética, cuja oportunidade foi criada a partir da crise internacional gerada pela elevação progressiva e constante dos preços do petróleo, gerando a conveniência do aproveitamento de substitutivos. Nesta linha, o dendê se insere como alternativa ao óleo diesel, permitindo uma mistura de até 30% independentemente de adaptação nos motores.. Por outro lado, face á outras oleaginosas, o dendê oferece largas vantagens comparativas, por apresentar poder calorífico mais próximo ao do diesel (9.230kcal contra 10.200kcal), por se tratar de cultura permanente, não provocar distorções no mercado de abastecimento alimentar, e, no caso específico do Brasil, possibilitar a incorporação de áreas agrícolas ainda pouco utilizadas no momento, além de situadas em regiões subdesenvolvidas..

(19) Óleo de palmiste (palm kernel oil): De importância comercial, é disputado por indústrias alimentícias, de sabão e oleoquímicas; também pode ser substituto da manteiga do cacau e utilizado, também, na indústria de cosméticos.. Perda zero (zero waste): Os cachos (de frutos) vazios, os resíduos do processo de extração do óleo - fibras e casca das amêndoas (endocarpo) podem ser utilizados como combustíveis nas caldeiras (produzindo vapor para o processo de extração de óleos) bem como atuar usados para geração de energia elétrica, cujo excedente pode ser direcionado para agrovilas, rede pública, outros. Outros usos: Fibras das folhas e cacho de frutos vazios podem ser processados para confecção de materiais de média densidade para tampos de lareiras.. Os troncos derrubados, resultantes de replantios, podem ser transformados em móveis. Da extração do óleo de palmiste resulta a torta de palmiste que contém 18% de proteína que pode ser usada na alimentação de animais ou ser usada como adubo orgânico para plantas.. 2.2 BOTÂNICA/DESCRIÇÃO/VARIEDADES. O dendezeiro é conhecido cientificamente por Elaeis guineensis, Jacq., Monocotiledônea, Palmae. A planta também é conhecida como palma-de-guiné, dendê (Angola), palmeira dendê, coqueiro-de-dendê. O fruto é conhecido como dendê.. O dendezeiro é uma palmeira com até 15m de altura, com raízes fasciculadas, estipe (tronco) ereto, escuro, sem ramificações, anelado (devido a cicatrizes deixadas por folhas antigas). As folhas, podem alcançar até um metro de comprimento, tem bases recobertas com espinhos. As flores são creme amarelado e estão aglomeradas em cachos.. Os frutos, nozes pequenas e duras, possuem polpa (mesocarpo) fibrosa que envolve o endocarpo pétreo, nascem negros e quando estão maduros alcançam cor que varia do amarelo forte ao vermelho rosado passando por matriz de cor alaranjada e ferrugem. Ovóides (angulosos e alongados) nascem em cachos onde, por abundância, acabam se comprimindo e.

(20) se deformando. A polpa produz o óleo de dendê (óleo de palma), de cor amarela ou avermelhada (por presença de carotenóides), de sabor adocicado e cheiro sui-generis.. A semente ocupa totalmente a cavidade do fruto e contém o óleo de palmiste (palm kernel oil) que é esbranquiçado e quase sem cheiro e sabor.. No gênero Elaeis existem duas espécies de interesse comercial: Elaeis melanococca Gaertner: nativa da América Latina também é encontrada no Brasil e conhecida como caiaué. Tem sido procurada para obtenção de híbridos com a Elaeis guineensis. Elaeis guineensis: segundo a espessura do endocarpo do fruto é classificado em (tipos): a. Macrocaria: possui frutos com endocarpo com espessura acima de 6mm; sem importância econômica. b. Dura: fruto com endocarpo de espessura entre 2 a 6mm, com fibras dispersas na polpa. Usado como planta feminina na produção de híbridos comerciais. c. Psífera: frutos sem endocarpo separando polpa da amêndoa. Usada como fornecedora de pólen na produção de híbridos comerciais. d. Tenera: híbrido do cruzamento Psífera x Dura; tem endocarpo com espessura entre 0,5mm e 2,5mm e com anel de fibras ao redor do endocarpo. Suas sementes são recomendadas para plantios comerciais. Tem vida econômica entre 20-30 anos, produz 10-12 cachos anualmente, que pesam entre 20 a 30 kg (cada), portando 1.000 a 3.000 frutos (cada cacho). É boa produtora de inflorescências femininas.. 2.3 NECESSIDADES DO DENDEZEIRO.

(21) Clima: A planta requer temperatura média entre 25 e 27ºC (limites 24 e 32ºC) sem ocorrência de temperaturas mínimas abaixo de 19ºC por períodos prolongados; as chuvas devem proporcionar precipitações mensais mínimas acima de 100mm (150mm ideais) e total anual em 2.000mm ou mais. A luminosidade deve ser, pelo menos, 1.800 horas/luz/ano com mínimo de 5 horas/luz solar/dia. A umidade relativa do ar em torno de 80% é ideal para a planta. A temperatura tem efeito sobre o número de folhas emitidas, número de cachos produzidos e teor de óleo nos frutos; a disponibilidade constante de água no solo (segundo quantidade e distribuição das chuvas) determina produções elevadas de cachos de dendê. Plantios em regiões com déficit hídrico prolongado devem ter suprimento com irrigação artificial.. Solos: Devem ser profundos (profundidade efetiva acima de 90cm), não compactados permeáveis (boa aeração e boa circulação de água), bem drenados com boa retenção de água, areno-argilosos a argilo-arenosos (25 a 30% de partículas finas) e não devem ser pedregosos. Ainda os solos devem apresentar bom teor de matéria orgânica e bom equilíbrio de elementos minerais.. O dendezeiro adapta-se bem a solos ácidos e desenvolve-se, normalmente, numa faixa de pH entre 4 e 6. Os terrenos para plantio devem ser planos a ondulados (declividade máxima em 5%) e altitude até 600m.. 2.4 FORMAÇÃO DE MUDAS. A origem da planta e o processo de formação das mudas determinam o êxito da plantação comercial do dendezeiro. Na Bahia indica-se o uso de material reprodutivo da variedade Tenera para formação de mudas comerciais. A CEPLAC produz sementes pré-geminadas de Tenera. A formação de mudas passa pelas etapas de pré - viveiro e viveiro.. Pré - viveiro: ao receber as sementes pré - geminadas o produtor ou viveirista faz uma escolha separando aquelas que possuam caulículo e radícula com tamanho entre 10 e 15 milímetro para semeio imediato; as sementes restantes ficam por mais 4 a 8 dias na caixa de isopor que as trouxe para alcançarem tamanho de utilização. Em sacos de polietileno escuro de 10cm x.

(22) 20cm x 5mm (espessura), cheios com terriço de mata onde a semente pré - geminada é plantada; os sacos podem ser dispostos em canteiros com largura máxima de 1,2m e com sombra inicial de 50% que vai sendo retirada à medida que a plantinha se desenvolve. Após 4 meses a muda deve apresentar 4 folhas lanceoladas estando apta para o viveiro.. Viveiro: é feito a céu aberto, localizado perto de fonte de água abundante, em terreno plano com ligeira inclinação (p/drenagem). Os sacos de polietileno devem ter dimensões 40cm x 40cm x 20mm, de espessura contendo 28 furos no terço inferior e com capacidade para receber 20-25 Kg de terriço; este deve ser retirado dos primeiros 10cm de altura no solo, ser argilo-arenosos, rico em matéria orgânica. Passar o terriço através peneira (malha 2cm) para eliminar torrões, madeira, pedra, outros; os sacos são cheios a terra comprimida por 3 ou 4 vezes no enchimento - e as mudas transplantadas com terriço. Os sacos são dispostos no viveiro em forma de triângulo eqüilátero com pistas de acesso de 5m de largura. Se o tempo de viveiro for de 7-8 meses o espaçamento de viveiro deve ser 60cm. (entrelinhas) x 70cm (entresacos) com população de 19 mil mudas/hectare; se o tempo for de 8 a 10 meses o espaçamento será de 50cm com população de 14 mil mudas/ha e a duração for de 10 a 12 meses o espaçamento deverá ser de 85cm x 100cm com população de 10 mil mudas/ha.. Após colocação do saco em posição definitiva e antes da repicagem verificar se a superfície do terriço está 2-3cm abaixo da borda do saco. Os tratos indispensáveis ao viveiro são irrigação, monda, adubação e controle de pragas.. Irrigação: o fornecimento de água deve ser elevado à medida que a muda cresce; para irrigação por aspersão da planta de até 2 meses de viveiro necessita de 250ml/saco/dia (5mm); entre 2 e 4 meses 300ml/saco/dia; e de 4 a 6 meses 350ml/saco/dia. A partir de 7 meses o viveiro exige mínimo de 8mm/dia (80m3/ha/dia). Monda: deve-se efetuar a eliminação de ervas daninhas (2 a 3 vezes/mês).. Adubação: deve-se preparar mistura contendo 3Kg de uréia, 4Kg de superfosfato triplo, um kg de cloreto de potássio e 2Kg de sulfato de magnésio e aplicar no saco segundo tabela 4, abaixo:.

(23) TABELA 4: Quantidade de mistura / muda Idade de repicagem. grama de mistura / muda. 1 a 3 meses. 5. 4 a 6 meses. 10. 7 a 9 meses. 15. 10 a 11 meses. 20. Fonte: Manual, 1989. A muda estará apta para o plantio definitivo com cerca de 60cm de altura e 10 a 12 folhas definitivas. Necessita-se de 234 sementes pré-geminadas para formação de 143 mudas para plantio e mais 8-10 mudas para replantio.. 2.4.1 Plantio. FOTO 1: Plantação de dendezeiro híbrido.

(24) Fonte: Arquivo Pessoal do Autor, 2002. Fazenda Serra Grande/Taperoá (BA).. Escolha da área: deve ser plana preferencialmente, a ondulada (máximo 5% e aceitável até 8%) para facilitar as operações (preparo de área, tratos, colheita, transporte). Essa área deverá estar próxima à usina de beneficiamento.. Preparo da área: pode ser manual (broca, derruba, abertura de linhas e pontos de plantio); mecanizado (derruba, queima, enleiramento) ou misto (manual + mecanizado). Cada bloco ou talhão deve ficar separado do adjacente por uma faixa de 13,5m de largura (para estradas para tratos culturais e transporte).. Cobertura vegetal: após o preparo da área recomenda-se o plantio de uma cobertura verde que se estabeleça rapidamente; indica-se o uso da leguminosa Puerária phaseoloides (protege o solo, controla ervas daninhas e fixa ao solo nitrogênio atmosférico). A semeadura é feita em toda a área utilizando-se 1 a 2Kg de sementes por hectare, que tiverem a dormência quebrada por imersão em água quente (75ºC) de um dia para outro. Deve-se manter a leguminosa longe do dendezeiro fazendo-se 9 coroamentos da planta por ano..

(25) Coveamento/espaçamento: piquetea-se a área adotando-se o espaçamento de 9m x 9m, na forma de triângulo eqüilátero, que determina espaçamento de 7,8m entre as linhas de plantio e população de 143 dendezeiros por hectare. A cova, com dimensões de 40cm x 40cm pode ser feita manual ou mecanizada. Na abertura da cova separa-se a terra dos primeiros 15cm, que vai ser misturada a adubos e colocada no fundo da cova.. Plantio das mudas/consorciação: planta-se no início do período chuvoso; retira-se o saco plástico sem desmanchar o torrão e coloca-se a muda na cova com o coleto ao nível da superfície do solo. É necessário comprimir a terra em volta da muda e nivelar a área num raio de 1,5m do pé do dendezeiro. O plantio do dendezeiro é feito em blocos ou talhões de 250 a 300m de largura (28 a 33 plantas/linha) por 500 a 1.000m de comprimento (63 a 127 plantas/linha de plantio).. A planta admite consorciação desde início do desenvolvimento até o início de produção - com culturas anuais e hortaliças (milho, feijão, outras), desde que as linhas de cultura guardem distância da linha de plantio do dendezeiro sem estabelecer concorrência. 2.4.2 Tratos Culturais. Coroamento: Para evitar concorrência de ervas, afastar roedores e facilitar a colheita, capinase em torno do dendezeiro ou pratica-se o "coroamento". Nos primeiros anos o raio do coroamento deve ser de 1,5m em torno do dendezeiro o que pode ser aumentado para a colheita. Cinco coroamentos na época chuvosa e três no período menos chuvoso podem ser suficientes para proteger o dendezeiro.. Roçagem: A eliminação periódica da vegetação existente nas entrelinhas torna-se necessária nos primeiros anos pós-plantio; isto facilita o estabelecimento, desenvolvimento da leguminosa e favorece as operações de manutenção do dendezal..

(26) Adubação: Nos quatro primeiros anos pós-plantio a adubação do dendezal é feita em função da fertilidade natural do solo e de experiências com plantios na região. Para desenvolvimento e produção do dendezeiro e segundo resultados da análise de solo pode-se recomendar os seguintes níveis de elementos para o dendezeiro, a saber:. TABELA 5 - Adubação do dendezeiro (desenvolvimento e produção). NUTRIENTES (Resultados da Análise de Solos). MESES 2. 36(1). 12 24. N (kg/ha) Mineral ou Nitrogênio Orgânico. 13. 26 40. 52.

(27) P2O5 (kg/ha) Fósforo no Solo – ppmP (Mehlich) Até 5. 13. 26 40. 52. 6 a 15. 7. 13 20. 26. K2O (kg/ha) Potássio no Solo-ppmK (Mehlich) Até 45 46 a 100. 28,5 57 85 14. 28 42. 114 57. Fonte: Manual... 1989 1. - Repetir essas doses a partir do 3º ano OBS: Imprescindível o uso de cudzu tropical (Puerária); a adubação complementar nitrogenada poderá se repetir a cada 6 meses. No 1º, 2º e 3º anos adicionar, à adubação, 60, 80 e 120Kg de sulfato de magnésio.. 2.4.3 Pragas do Dendezeiro. Roedores: mamíferos que danificam o pecíolo das folhas podendo atingir o meristema central causando morte da planta.. Bicudo do coqueiro: Rhyncophorus palmarum, Coleóptera - O adulto é besouro negro, com 46-50mm de comprimento; a fêmea deposita seus ovos nos cortes das folhas e cachos. Esses ovos liberam lagartas esbranquiçadas sem patas, recurvadas que se alimentam do caule da planta abrindo galerias o que provoca secamento progressivo do dendezeiro. O bicudo é o principal transmissor do nematóide causador da doença anel vermelho.. O inseto é controlado com o auxilio de armadilhas feitas com pedaços de cana ou de tronco de palmeiras nativas (bacaba). Os pedaços são pulverizados com calda de Furadan 350 SL.

(28) (120ml para 20 litros de água). As armadilhas devem ser renovadas semanalmente e queimadas após uso.. Broca-das-raízes: Sagalassa valida, Lepidoptera - Adulto é borboleta pequena, antenas cor escura; forma jovem é lagarta branco-creme que ataca o sistema radicular do dendezeiro destruindo-o totalmente. O inseto é controlado através de pulverizações no solo, num raio de 50cm ao redor do tronco, com calda de Endosulfan (4g do princípio ativo por planta em um litro de água). Após 3 pulverizações anuais efetiva-se o controle.. Lagartas desfolhadoras: Sibine fusca - Brassolis sophorae, Lepidoptera.. Sibine: lagarta urticante, cor verde pálida a azul-clara, que vive em colônias de 10-60 indivíduos. Ataca, inicialmente, a parte inferior do folíolo e depois todo ele sobrando apenas a nervura central. O controle, com pulverizações com Carbaryl 85 M (Carvin, Sevin) com dose de 200g do produto/100 litros de água.. Brassolis: lagarta com cor marrom-avermelhada e estrias longitudinais marrom-claras. Vivem em grupos, escondem-se durante o dia em ninhos formados por folíolos e teias. O controle é feito pela destruição dos ninhos e pulverização com Dipel ou similar com calda de 300g/litro de água.. Castnia: Castnia daedalus, Lepidoptera - O adulto deposita ovos nas axilas das folhas; deles saem lagartas branco-creme que abrem galerias no pedúnculo do cacho (cabo), passam de cacho a cacho e vão ao tronco. Pulveriza-se o pedúnculo dos cachos com agroquímicos à base de triclorfom 50 (200-240g do produto comercial em 100 litros de água).. Anel vermelho: enfermidade produzida pelo nematóide Bursaphelenchus cocophilus – atacada, a planta reduz o crescimento das folhas centrais que permanecem juntas formando coluna compacta e ereta; os folíolos podem mostrar-se enrugados, por vezes. As folhas em.

(29) colunas começam a amarelecer e podem secar e apodrecer, as folhas intermediárias e baixas tornam-se amarelo-bronzeadas, há secamento foliar e morte da planta. Plantas afetadas devem ser destruídas.. Controle deve ser aplicado ao bicudo do coqueiro (principal transmissor do nematóide).. Fusariose: O agente causal é o fungo Fusaruim oxyspoorum f. sp elaedis; amarelecimento pálido (verde-limão) que progride das folhas mais velhas para as medianas como sintoma inicial. Com a evolução do amarelecimento o fungo provoca secamento rápido das folhas mais velhas que se quebram, folhas novas são atacadas até a morte da planta. Não há tratamento curativo. Indica-se uso de variedades resistentes ou tolerantes.. Amarelecimento fatal: moléstia causa amarelecimento dos folíolos basais das folhas centrais (entre quarta e décima folha). Não há medidas de controle.. Machitez: doença causada pelo protozoário Phytomonas sp; há coloração amarronzada nas extremidades do pecíolo das folhas mais velhas que progridem e causam secamento da folha. Deve-se eliminar plantas doentes e queimá-las.. 2.4.4 Colheita/Produção. A colheita é praticada ao longo do ano utilizando-se instrumentos variados (ferro de cova, foice) para coleta dos cachos (segundo idade e altura das plantas).. Quando frutos (não mais que dez) são encontrados soltos caídos ao pé da planta identifica-se o estágio ideal de maturação para fins de colheita. A maturação dos cachos ocorre ao longo de todo o ano o que exige que os intervalos de colheita sejam de 10 a 15 dias. O transporte dos cachos para o beneficiamento deve ser o mais rápido possível; das parcelas de plantio aos.

(30) pontos à beira das estradas o transporte é feito por bois, burros, microtratores; da estrada para as usinas o transporte é feito em caminhões ou carretas basculantes.. Um plantio bem conduzido inicia produção comercial ao final do terceiro ano pós-plantio com produção de 6 a 8 toneladas de cachos/hectare. No oitavo ano a produção alcança de 20 a 30 toneladas de cachos e até 35t/cachos/hectare. Até o décimo sexto ano esse nível de produção se mantém declinando, ligeiramente, até fim da vida útil produtiva do dendezeiro aos 25 anos. O rendimento do óleo de dendê é de 22% do peso dos cachos e rendimento do óleo de palmiste é de 3% do peso dos cachos.. FOTO 2: Cacho de dendê. Fonte: Arquivo Pessoal do Autor 2002. Parque Industrial de OPALMA/Taperoá..

(31) 3 BENEFICIAMENTO DA PRODUÇÃO. As razões econômicas pelas quais devemos nos esforçar pela industrialização do dendê estão, fundamentalmente, no fator comercial evidenciando na realidade de que os óleos (produto) valem muito mais do que as sementes (matéria-prima).. A natureza e valor econômico, também, de seus subprodutos, participando dos pontos capitais e secundários da indústria, representam um bom auxílio para o negócio, ou como matéria alimentar dos animais, ou como fertilizantes, a exemplo da maioria das outras tortas e farelo.. O dendê é uma oleaginosa que produz dois óleos, o da polpa e o da amêndoa. São produtos de estrutura física distinta e com processos específicos de extração.. Para extração do óleo de palma ou azeite de dendê utilizam-se duas modalidades: o processo rudimentar do emprego do “Rodão”1 e o processo industrial.. 3.1 PROCESSO DO “RODÃO”. Depois de colhidos, os cachos são transportados para os rodões através dos animais e armazenados por um período de 4 a 5 dias, quando os frutos são cortados e separados da peça para, em seguida, serem cozidos em um tacho com água a uma temperatura de 100º C durante 6 horas, aproximadamente.. Cozidos, os frutos são levados para o rodão, onde são esmagados até serem transformados em massa de polpa e nozes. Esta massa é levada para um tanque de cimento com capacidade de 2 a 3 mil litros, contendo água fria. A massa é agitada manualmente até a separação do óleo. 1. Roda de pedra de 150 kg movida por tração animal..

(32) bruto pela flutuação e decantação das nozes e fibras; o óleo bruto é transferido ao tacho para ser purificado, o que é conseguido ao fogo brando, durante mais ou menos 6 horas. O óleo é coletado cuidadosamente, para não revolver o material sedimentado e colocado em lata de aproximadamente 18kg, já pronto para a venda. As nozes retiradas do tanque de lavagem são espalhadas em área a céu abertas próxima ao rodão, onde permanecem durante duas semanas. Após a perda da umidade, facilita sua quebra para a extração do palmiste. Os palmistes são separados das cascas e depositados em sacos, prontos para a comercialização.. O rendimento do rodão é, de 10% a 11% de óleo/quilo beneficiado da variedade “dura” e de 13% a 14% na variedade “tênera”. Em face do lento processo de fabricação e das impurezas a que o óleo está sujeito, nesse método, o índice de acidez atinge entre 10% a 20%. Esta é a razão porque se torna impróprio ao fabrico de margarina e laminação de folhas de flandres, que exigem teores de acidez de 2% a 6%, no máximo.. FOTO 3: Beneficiamento artesanal (rodão) do dendê- Taperoá (BA).

(33) Fonte: Arquivo Pessoal do Autor, 2002. Fazenda Carapaça.. 3.2 PROCESSO INDUSTRIAL Esterilização/debulha do cacho: O cacho é submetido ao vapor da água a 130ºC e 2kg/cm2 de pressão, por 60 minutos; isto evita desenvolvimento da acidez e facilita desprendimento do fruto; em seguida, o cacho é levado ao debulhador para separar os frutos..

(34) Digestão da polpa/prensagem: Os frutos vão ao digestor para liberar o óleo das células oleífera, e a massa que sai do digestor é prensada e o óleo de dendê é extraído. O que resta, sementes + fibras (torta) passa pelo desfibrador para liberar a semente.. Descascação da semente / prensagem: Sementes são levadas ao polidor que retira restos de fibra, depois ao secador, por fim à descascadora centrífuga onde são quebradas. Separadas das cascas as amêndoas são trituradas e prensadas para liberar o óleo de palmiste e torta de palmiste. O óleo é então depurado e armazenado em tanques apropriados.. Óleo de dendê proveniente da prensagem - óleo bruto passa por um clarificador (que elimina mucilagens e impurezas) e pelo depurador (que elimina grande parte da umidade). Ainda após passar por um secador é armazenado em tanques providos de aquecimento constante.. O diagrama de fluxo a seguir (Figura1) mostra o processo de industrialização de cachos de frutos frescos de dendê.. FIGURA 1: Diagrama de fluxo industrialização de cachos de frutos frescos de dendê e extração de óleo amêndoa Cachos de Dendê.

(35) Esterilização. Debulhamento. Buchas Vazias. Frutos. Incineração. Digestão. Prensagem. Óleo. Fibra/Nozes. Desfibrador. Fibras. Nozes. Clarificação. Lodo. Óleo Bruto. Centrifugação. Centrifugação. Lodo Oleoso. Secagem. Caldeira. Água Mineral. de. Cascas. Amêndoa/Cascas. Amêndoas Fonte: DENPASA, 1981. Secagem. Óleo Bruto. Queda. Separação. Óleo. Secagem. Amêndoas (Palmiste).

(36) Extração de óleo de palmiste: Esta etapa pode ser considerada como uma pequena unidade industrial separada, dado o conjunto de máquinas (quebradoras, separadoras e secadoras), que visam a obter a amêndoa.. Da amêndoa é extraído um óleo palmiste. Tem cor branca ou ligeiramente amarelada e quase não apresenta cheiro.. O óleo de amêndoa corresponde de 9 a 10% da produção oleífera de dendezeiro. Quimicamente, o palmiste tem as seguintes características:. Ponto de fusão C – 26 – 29; % de óleo – 46 – 53 Índice saponificação – 246 – 249 Índice de iodo – 14,5 – 19. As nozes no silo secador permanecem aquecidas por cerca de 16 horas o que permite reduzir o teor de umidade, facilitando a quebra. As nozes secas são classificadas por peneiras especiais e seguem para o quebrador. A mistura de cascas, nozes e amêndoas são levadas para o hidrociclone que, por gravidade, separa as cascas das nozes não quebradas e amêndoas.. As amêndoas seguem para um silo secador, para evitar o aparecimento de fungos e fermentação durante o armazenamento. Na saída do silo secador, as amêndoas são ensacadas para serem comercializadas. As cascas são utilizadas na caldeira como combustível.. A principal vantagem do processo industrial sobre o beneficiamento do “rodão” é a obtenção de um óleo isento de impurezas e com baixa acidez, o que o torna especialmente indicado para a siderurgia e a indústria alimentar.. a) Pré-limpeza As amêndoas passam por um processo de limpeza em peneira vibratórias e oscilantes, que separam cascas, resíduos, etc. Depois, elas são enviadas a um silopulmão, com capacidade mínima de oito horas de trabalho contínuo na fábrica. Uma.

(37) balança de fluxo controla a produção. Em seguida, as amêndoas seguem para o moinho de martelo ou trituradores, que as quebram em seis a oito partes.. b) Laminação Já quebrada, as amêndoas passam por um laminador de cilindros de rolos lisos, os quais iniciam o rompimento das células oleaginosas.. c) Cozimento As amêndoas laminadas são cozidas a umidade, vapor e temperatura controlados adequadamente. Esse controle possibilita que, na etapa seguinte, suas células se rompam, facilitando a extração do óleo.. d) Prensagem A massa cozida entra na prensa helicoidal contínua tipo Expelle, onde, através de pressão mecânica, a maior parte do óleo é extraída pelo rompimento das células. Da prensa, saem dois produtos: óleo bruto e resíduo (torta) contendo ainda uma certa percentagem de óleo. Essa torta segue para um moinho de martelo, onde, depois de moída, é ensacada e comercializada como ração ou adubo.. e) Filtragem do óleo bruto O óleo extraído nas prensas contínuas tem uma pequena percentagem de impurezas (mucilagem ou farinetas), que devem ser eliminadas. Para tanto, ele passa através de uma rosca helicoidal que alimenta uma paineira vibratória. As impurezas retornam ao processo para recuperação do óleo. O óleo é, então, armazenado em um tanque (com serpentina de vapor) e bombeado a um filtro-prensa. O óleo bruto filtrado vem através de uma caneleta para um tanque (com serpentina de vapor), onde é armazenado, e bombeado aos tanques externos para armazenamento. Assim, temos o óleo limpo e pronto para a comercialização.. O diagrama de fluxo a seguir (Figura 2) mostra o processo de extração do óleo de palmiste..

(38) FIGURA 2: Diagrama de fluxo industrialização de amêndoa de palmiste. Palmiste. Pré-. Impurezas. Limpeza. Moagem. Laminação. Cozimento. Prensagem. Moagem. Torta. Torta. Extração. Moída. por Solvente. Moagem. Óleo Bruto. Filtragem.

(39) Farelo. Óleo Filtrado. Fonte: DENPASA, 1981. 3.3 COEFICIENTES TÉCNICOS. O aproveitamento industrial do dendê apresenta a composição percentual indicada no Tabela 06 para as variedades Tênera e Dura.. Vale ressaltar que os coeficientes são resultados de observação constante durante o processamento e de melhoria genética introduzida nos cultivos próprios da OPALMA e dos produtores individuais que recebem assistência técnica das indústrias.. TABELA 6: Rendimento industrial do dendê em percentagem, segundo as variedades.. Discriminação. Tênera. Dura. I. FRUTO. 61,0. 59,0. Pericarpo. 49,0. 30,0. -. Óleo de Palma. 21,0. 15,3. -. Água. 17,0. 9,5. -. Sólidos (resíduos). 11,0. 5,2. Nozes (coco). 12,0. 29,0. -. Casca. 7,9. 23,2. -. Amêndoa. 4,1. 5,8. II. BUCHA. 28,0. 30,0. III. ÁGUA. 10,0. 11,0. Total. 100,0. 100,0.

(40) Fonte: OPALMA, 1981. 4 COMERCIALIZAÇÃO. A comercialização do dendê realiza-se basicamente através do produto “in natura”. Na região produtora participam no processo de comercialização duas grandes empresas que praticamente dominam todo o mercado regional (Tabela 7).. TABELA 7: Principais municípios fornecedores de dendê (Bahia).

(41) Indústria. Localização. Municípios For-. necedores OPALMA-Óleo de Palma S/A. Iguape (Município de Santo Amaro). OLDESA-Óleo de Dendê S/A Valença. Distância do Município à indústria (km). Santo Amaro Cachoeira Maragogipe São Felipe Salvador. 11,0 38,6 61,8 91,4 71,2. Valença Nilo Peçanha Ituberá Cairu Camamu Taperoá Maurú. 27,5 46,2 45,5 73,2 20,4 216,8. Opalma- Óleo de Palma S/A. Taperoá. Taperoá Valença Camamu Cairú Ituberá Nlio Peçanha Maraú. 20,4 27,0 25,1 25,8 7,1 236,8. Oldesa- Óleo de Dendê S/A. Nazaré. Nazaré Jaguaripe Itaparica Aratuípe Muniz Ferreira Vera Cruz São Felipe D.Macedo Costa Santo Antônio de Jesus. 26,0 67,6 5,6 13,8 61,6 47,2 27,0 31,8. Pindorama- Agricultura Com. Ind. S/A. Ilhéus. Una. 80,0. FONTE: ASSOCIAÇÃO .... 1995. A matéria-prima é recebida nas próprias unidades industriais ou nos postos de compra disseminados por toda a zona produtora.. É por meio destes postos de compra que operam os elementos de ligação das unidades industriais com os produtores, chamados de “agentes intermediários”.Esses agentes conhecidos do mercado se remunera mediante taxas e comissões auferindo constantemente sues ganhos, pela aquisição de maior quantidade de matéria-prima..

(42) Nesse circuito comercial são considerados o comerciante atacadista e o retalhista, como elementos que dispõem de um maior grau de liberdade com relação às unidades industriais, e conseguem garantir sua margem de lucro pela diferença entre o preço pago ao produtor e a venda às unidades industriais.. As unidades industriais mantêm sempre um “fundo rotativo”, que funciona como capital de giro, utilizado por seus agentes intermediários para aquisição da matéria-prima. Os recursos de “fundo rotativo” como adiantamento das industrias aos agentes para movimentarem suas próprias casas comerciais, inclusive adiantando mercadorias ou dinheiro aos pequenos produtores, geram um mecanismo que agrava a situação de subordinação e aviltamento de preço dos produtores.(SILVA, 1974).. A questão do peço pago aos produtores tem sido apontado como um dos principais pontos de estrangulamento da economia do dendê. De início, as industrias que atuam na área e que hoje monopolizam a compra de matéria-prima incentivaram os agricultores, dando-lhes assistência técnica, proporcionando-lhes infra-estrutura econômica (construção e manutenção de estradas vicinais), bem como pagando preços razoáveis aos produtores. Porém, como a política destas empresas dirigiu-se para a auto-suficiência, pelo menos parcial, no que diz respeito à matériaprima, tendo em vista garantir seus compromissos com o mercado, como também a própria estrutura monopsônica da comercialização, terminaram por conduzir os produtores de dendê a uma situação caótica e de completo desestímulo, com o preço por kg da matéria-prima mal chegando cobrir os custos de produção, mesmo adquirido na fazenda.. Esta situação tem levado os produtores de dendê a buscarem outras opções econômicas, (economia de escopo) acelerando, desta forma, uma tendência para a diversificação das suas atividades produtivas. Hoje encontra, e pleno desenvolvimento nas regiões de Valença e Taperoá os cultivos de cacau, pimenta do reino, cravo-da-índia, guaraná, coco, piaçava, seringa, além da pesca e de manifestações de um forte potencial turístico..

(43) Mas, a corrida para outras alternativas, por parte dos produtores de dendê, tem preocupado menos as agroindústrias do que o fato de muito agricultor ter voltado a produzir o óleo de dendê nas suas próprias fazendas, diretamente, através de “rodões” manuais e mecânicos.. Este fato vem ocorrendo a partir do congelamento dos preços pelas agroindústrias compradores de matéria-prima. Segundo esses empresários, as pequenas unidades processadoras do óleo de dendê (firmas marginais) vêm concorrendo na aquisição da matériaprima, criando dificuldades, desta forma, para que possam manter com segurança sua oferta de óleo e outros subprodutos no mercado nacional.. Este problema, contudo, não parece ter caráter duradouro, posto que as pequenas unidades industriais já enfrentam dificuldades em processarem o óleo de dendê para o mercado alimentar, pois as grandes empresas também já entraram neste mercado, com preços bem abaixo dos vigentes.. O transporte da matéria-prima é um dos pontos problemáticos na comercialização do dendê. Geralmente o produto “in natura” é transportado das áreas de cultivo aos postos de compra; a partir daí, as indústrias assumem a responsabilidade, inclusive dos custos do transporte até as suas instalações. A pulverização das propriedades produtoras, bem como o precário sistema viário na região, mormente o que diz respeito a estradas vicinais, têm dificultado bastante a coleta do produto, comprometendo sua qualidade e causando elevadas perdas.. O sistema de armazenagem também é bastante precário, sendo suas unidades localizadas, freqüentemente, em áreas de difícil acesso. Como o processamento da matéria-prima deve realizar-se até 72 horas depois de colhido, o ideal seria o processamento no mesmo dia para que o azeite apresentasse um baixo índice de acidez, esta situação tem causado sérios problemas quanto à qualidade de óleo produzido pelas empresas. Como conseqüência, os lucros são diminuídos em função da redução no preço do produto final, quando entregue ao mercado consumidor..

(44) Este problema pode também ser indicado como uma das causas de política das empresas visando a expansão de plantações próprias, de modo a garantir o suprimento da matéria-prima nas condições desejadas.. 5 METODOLOGIA DO SISTEMA AGRÁRIO O método aplicado nesta análise da produção e do processo produtivo parte de um contexto geral ao particular, analisando diversos fatos ocorridos, mediante o resgate histórico da região e uma avaliação econômica dos diferentes sistemas de produção tanto do ponto de vista do produtor quanto do ponto de vista da sociedade, como complemento de renda e das estratégias de sobrevivências. Com o resgate histórico, pode-se analisar o passado, formulando-se hipóteses.. Como as diversificações de produção são as estratégias de sobrevivências na economia do pequeno produtor, necessariamente as realidades agrárias vêm sendo um conjunto homogêneo e contrastado do zoneamento agroecológico, da tipologia ou estudo dos diferentes tipos de produtores e da tipologia de sistema de produção.. A metodologia envolve a pesquisa de campo, a análise e a sistematização de informações das áreas pesquisadas e a literatura do guia metodológico da Análise Diagnóstico de Sistema Agrários.(Figura3).

(45) análise dos mapas e dos estudos já existentes. leitura de paisagem. Zoneamento agroecológico história do sistema agrário. Tipologia dos produtores e tipologia dos sistemas de produção. AMOSTRA DIRIGIDA. SISTEMAS DE PRODUÇÃO. Caracterização dos sistemas de produção. Estudo dos itinerários técnicos. Análise agronômica. Análise econômica. “Modelização”. eventualmente:. SISTEMA AGRÁRIO. resgate da história. AMOSTRA REPRESENTA eventualmente: quantificação dos diferentes tipos de sistemas de produção. síntese final do DIAGNÓSTICO. elaboração de PROPOSTAS para o DESENVOLVIMENTO RURAL. revisão das conclusões e das hipóteses anteriores. SISTEMA AGRÁRIO. FIGURA 03: As etapas de áli di ó i d.

(46) 5.1. ÁREA ESTUDADA. 5.1.1 Taperoá Resgate Histórico. O Município de Taperoá originou-se de uma aldeia indígena denominada São Miguel de Taperoá, fundada em 1561 pelos jesuítas.. Município criado com a transferência para a povoação de Taperoá, da sede do antigo Município de Nova Boipeba, pela Revolução Provincial de 29.05.1847, recebendo a denominação de Taperoá.. A sede, que, devido à transferência da inovação de Senhor do Bomfim de Nova Boipeba, esta criada em 1838, para a capela de São Brás, por resolução Provincial, de 21.07.1849, ganhava foros de freguesia, foi elevada à categoria de cidade, por força de Lei Estadual, de 18.04.1916.. Taperoá está localizada à margem do canal que se separa o continente do Arquipélago de Tinharé, denominado de Salgado. Além de uma bela praça com prédios históricos, a cidade tem uma fábrica de beneficiamento do Dendê e um lugar de atração no Canal de Taperoá, denominado da Ponte Nova, onde no passado, partia o vapor para Salvador. Hoje tem capacidade para receber escunas, saveiros e veleiros de calado de maior porte.. A Ponte Nova é hoje um ponto de apoio dos pescadores e dos barcos de pesca, além de servir como porto de desembarque da produção agrícola das ilhas, principalmente dendê, piaçava e coco.. O município possui grandes reservas florestais, onde predominam madeiras nobres como maçaranduba, sucupira, vinhático, putumuju e louro.. Na língua tupi, Taperoá significa o habitante das terras ou ruínas..

(47) A igreja de São Brás (século XVII), fica no ponto mais alto da cidade. O acesso à igreja se faz por uma longa escadaria do alto da igreja, descortina-se uma bela paisagem de toda a cidade e do braço do mar (salgado) e, ao fundo, vê-se a ilha de Cairu. O casario, e edificações geralmente térreas são do final do século XIX e início do século XX. Na zona rural, há belíssimas casas, tais como as da fazenda Bela Vista, Jenipapos e Bom Rotiro. Sobre a qualidade das águas dos balneários da região, é recomendável informar-se antes do banho. A superfície total é de 444 km2. A população de 20 mil habitantes, sendo que (60%) dessa população está localizada em áreas rurais contra (40%) em áreas urbanas. Na produção de dendê (30%) das famílias da população localizada em áreas rurais. A densidade demográfica está em torno de (45) habitantes por km2 e uma Taxa de Urbanização de 40 habitantes.. 5.2 MODELO VALOR AGREGADO. Para produzir, o agricultor consome alguns bens que são inteiramente transformados no processo: adubos, óleo diesel, sementes, agrotóxicos, ração e medicamentos para os animais, etc. Caso o produtor utilize equipamentos próprios, ele provavelmente também consumirá peças de reposição, lubrificantes, pneus, etc. Esses bens são denominados de consumos intermediários (CI).(ANÁLISE...,1985, p. 43-44).. O agricultor pode também ter custos de aluguel de equipamentos ou de contratação de serviços. Esses custos correspondem, também, em grande parte, a bens transformados no processo (consumos intermediários ou depreciação) e devem ser considerados na análise.. O agricultor utiliza, ainda, o capital fixo de que dispõe, em parte ou totalmente: máquinas, implementos, meios de transporte, equipamentos para processamento de produtos (triturador, debulhadeira, etc.), instalações (galpão, estábulo, cercas, reservas de água, açudes, etc.),.

(48) equipamentos de irrigação, ordenhadeira, animais de tração, etc. Embora esses bens não sejam inteiramente consumidos no processo, eles são parcialmente transformados, pois sofrem desgaste e perdem valor anualmente. Então, a depreciação do capital fixo (D) deve ser considerada.. Existem, evidentemente, outros custos de produção, tais como os impostos, os juros, os salários e o arrendamento da terra. Nenhum desses itens corresponde a bens consumidos e transformados no processo produtivo, por isso, eles serão considerados posteriormente.. O resultado da produção pode ser medido pelo produto bruto (PB), que corresponde ao valor total do que é produzido, seja para a venda, seja para o consumo da família. O leque de itens que deve ser levado em conta ao se medir o produto bruto pode ser extenso: produtos das culturas, dos pomares, das hortas, das criações e do extrativismo, lenha, objetos de artesanato produzidos no estabelecimento para o uso da família ou para a venda, etc. Quando a prestação de serviços envolve os equipamentos utilizados no sistema de produção (máquinas e implementos, tração animal, etc.), a receita daí obtida também deve ser incluída.. Quando o produtor acrescenta trabalho aos insumos e ao capital fixo de que dispõe, ele gera novas riquezas, agregando valor a essas mercadorias. O valor agregado (VA) do sistema de produção é igual ao valor do que se produziu menos o valor do que se consumiu:. VA = PB – CI – D. Do ponto de vista da sociedade, um valor agregado maior significa um melhor o aproveitamento dos recursos disponíveis.. Considerando um produtor com uma unidade de beneficiamento artesanal rodão de óleo de dendê cuja capacidade de 10t/cachos/semana e o custo de matéria-prima seja de R$120,00/ton e a taxa de extração de 10%. então:.

(49) PB = 10 ton x 120,00 = R$1.200,00 (custo de produção ou produto bruto). Com a taxa de extração de 10% , seria:. 10 ton. 10.000 kg x 0.1 = 1.000 kg de óleo bruto beneficiado.. Sendo o preço de comercialização (TABELA 8) de óleo beneficiado de R$ 20,00/17kg lata, em compensação adquire R$ 1.176,5. Então, o valor agregado no óleo de palma ou dendê passaria a ser: VA = 1.200 – 1.176,5 = 23,5. Porém, no subproduto (nozes), aos 10 toneladas beneficiadas na extração de azeite rende 250 latas de nozes de 14 kg/lata, corresponde a 3,5 toneladas de coquinhos a preço de R$ 80,00/ton, o produtor recebe R$ 280,00 na comercialização.Para calcular a renda familiar, desse beneficiamento, consideram-se os insumos intermediários como, por exemplo, lenhas cuja quantidade necessária para cozinhar essas dez toneladas são cinco metros equivalendo a 50 reais, e se o número de família fosse de cinco pessoas, a renda familiar ficaria assim:. RA = (PB- Cp)/Utf. 1.450 -1.250 = 206,50/5=R$41,3. TABELA 8: Preços dos produtos agrícolas Produtos Agrícolas Dendê Guaraná Cacau. Ton. kg Arroba. Unidade. Cravo - de - Índia Óleo de Dendê Óleo de Plamiste Piaçava Nozes. kg Lata de 17kg Ton. Arroba Ton. Pimenta do Reino Banana de Terra. Kg Cento. FONTE: :Coleta de dados do Autor (Elaboração Própria) 2002. Preços(R$) 110 a120 1,5 100 a 110. 6a7 20 2,3 16 a 20 100 3,3 5 a 10.

(50) Para os pequenos produtores, o valor agregado no beneficiamento de óleo de dendê só dá para pagar as despesas da produção ou do produto bruto. O ganho resulta da venda dos subprodutos (nozes) para a indústria de óleo palmiste. Tais indústrias comercializam óleo de palmiste, as cascas (utilizadas como carvão vegetal e ativado), e torta para ração animal.. Como maior complemento da renda familiar, existem outros subsistemas de cultivo ou cultura de significância na região, o guaraná, o cravo-da-índia, a pimenta do reino, o cacaueiro, a piaçava e a banana de terra. Outra fonte de renda baseia-se no sistema de criação, galinhas, porcos, cabras, mulas, bois e cavalos.. A grande maioria dos pequenos produtores não planta hortas como alternativa por causa das formigas cortadeiras ou saúva, preferindo melhor comprar esses produtos. Outro fator influenciador é o clima úmido da região, impossibilitando assim a atividade de pecuária extensiva, apesar de os gados serem mais be consorciados com a cultura de dendê.. Independentemente dos resultados de análise dos valores agregados da produção de duas variedades de dendê, os rendimentos do produtor familiar são praticamente voltados a subsistência, sem nenhuma perspectiva de desenvolvimento. A qualidade dos produtos não acompanha as exigências sanitárias, seus mercados dos produtos passam a ser tomadoras de preços, razões pelos quais os estrangulamentos na comercialização dos produtos é inevitável.. A viabilidade dessa cultura de caráter perene, com ciclo vital econômico de 30 anos, ao contrário da soja, do amendoim e de outras culturas anuais que exigem renovação constante, permite aos agricultores familiares a obtenção de rendas garantidas ou permanentes por período de tempo longo porque produz durante todo o ano, embora as maiores produtividades para cada cultura tenham sido obtidas nas monoculturas e nos tratamentos culturais.. O pequeno agricultor, quase nunca dispõe de capital para a utilização correta e oportuna da tecnologia agrícola recomendada e, de modo geral, só se sente encorajado a cultivar plantas.

Referências

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