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O e-Government apresenta vantagens para o desempenho da Função Pública, potenciando apoio na manutenção e reforço na governação efectiva da SIC, proporcionando um sector público mais aberto e transparente, mais produtivo e mais inclusivo (Gouveia, 2004).

Por outro lado, um dos problemas com que a Administração Pública se depara na implementação do governo electrónico é a burocracia. De acordo com Vidigal (2005:533), a burocracia é o resultado da complexidade progressiva das organizações caracterizada pela departamentalização e pela divisão funcional, em que cada organismo, trabalhando cada um para si, tem apenas em conta os serviços que presta isoladamente. A burocracia não está apenas ligada ao uso do papel, já que na era digital também se pode verificar a sua existência, através da criação de redundâncias e da exigência de trabalho em duplicado, em que os serviços concorrem uns com os outros e se exige aos cidadãos na mesma informação várias vezes, já que os vários serviços não a partilham. No entanto, numa visão de Administração Publica Electrónica, “os departamentos têm que trabalhar uns para os outros, numa perspectiva horizontal e sabendo apagar o seu protagonismo em favor dos actores principais que entram em cada cena” (Vidigal, 2005:532).

Os organismos públicos não podem pensar que apenas a aquisição de TIC’s e a implementação de informação digital disponibilizada online é o caminho para a implementação da visão de e-government. Essa informação não pode ser compartimentada por serviço ou organismo público, acessível apenas para os cidadãos que possuam determinadas ferramentas, mas antes ser uma informação disponível para todos, incluindo

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restantes serviços públicos, mediante a utilização de ferramentas que permitam que qualquer pessoa possa aceder à mesma.

É, portanto, de extrema importância a interoperabilidade e integração entre os inúmeros Sistemas de Informação presentes nos diversos serviços da Administração Pública. Será importante que os responsáveis estejam consciencializados para a necessidade dessa interoperabilidade, e para a eliminação das “ilhas isoladas de informação”, até agora existentes.

De acordo com Cunha (2005: 25), a integração dos sistemas de informação deverá respeitar a autonomia legítima de cada organismo, devendo interferir o menos possível nas soluções operacionais locais. Segundo o autor, a solução passa por garantir a integração de sistemas federados, que poderão ser, eles próprios federações de outros sistemas. Como exemplo aponta algumas situações já existentes, e outras soluções que poderiam vir a ser utilizadas na mesma lógica. Assim, o caso de um sistema apontado como exemplo para a existência da interoperabilidade é o de funcionamento das redes Multibanco, em que existe um sistema integrador que utiliza uma mesma função, a qual, embora os bancos possuam sistemas internos muitos diferentes entre si, é concretizada com soluções várias pelas diferentes instituições bancárias.

Tem sido preocupação da Administração Pública, tanto ao nível central como local, melhorar a qualidade, a eficiência e a acessibilidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos e às organizações, mediante a adopção de novas TIC.

Mas, apesar de na Administração Pública serem utilizados sistemas de informação como suporte das actividades e processos produtivos já há algum tempo, a conectividade, interoperabilidade e a partilha de dados era dispendiosa para a maioria das organizações. Conforme refere Delgado (2005: 89), actualmente verifica-se que cada entidade pública gere as comunicações de forma separada com base em critérios estratégicos, tácticos e operacionais próprios, suportados em equipas técnicas com competências e capacidades de intervenção também diferentes.

A interoperabilidade deve ser tratada a diversos níveis (Pina, 2005), apresentados na tabela 19.

Tabela 19 – Níveis de interoperabilidade

Tipo de interoperabilidade Descrição

Interoperabilidade organizacional

No contexto do Governo Electrónico, este nível refere-se à coordenação e alinhamento entre os processos de negócio e a arquitectura da informação que envolve toda a organização. A este nível, os benefícios só serão verificados se todas as partes envolvidas na troca de informação puderem utilizá-la nos seus próprios processos, procedimentos e estruturas organizacionais, numa perspectiva de prestação de serviços de forma agregada para o cliente final (cidadão). O objectivo final será, então, acrescentar valor ao serviço público prestado, ao mesmo tempo que permite reduzir o custo, eliminar a redundância, aumentar a produtividade e aumentar a qualidade do serviço prestado ao seu destinatário final.

Interoperabilidade semântica

Este nível refere-se à percepção e utilização da informação que é trocada pela pessoa ou aplicação receptora. Para tal, é preciso estabelecer medidas que permitam normalizar os significados, os formatos e os contextos em que os dados são criados e trocados.

Interoperabilidade técnica

Consiste na capacidade de interligar os sistemas informáticos com o objectivo de trocar informação ou utilizar uma funcionalidade. A sua ausência faz com que muitos serviços públicos online se tornem impossíveis, tal como acontece, por exemplo, na alteração de morada. Sem a interoperabilidade técnica, o cidadão terá ele de se deslocar aos vários serviços para que cada um, no seu sistema informático, promova a alteração pretendida. A este nível de interoperabilidade, através da definição de normas comuns, o cidadão solicitaria apenas num local aquela alteração, que seria integrada em todos os serviços e processo ao nível dor organismos da Administração Pública que se encontram interligados.

Fonte: Pina, António João Pires. (2005). Interoperabilidade de Plataformas para a Administração Pública

Electrónica.

O actual modelo de organização e funcionamento da Administração Pública caracteriza-se por ser centralizador, estruturado em sectores, funcionando de forma compartimentada em que não existe articulação entre os mesmos, em que coexistem várias gerações de tecnologias e arquitecturas de sistemas. Existem custos e ineficiências graves geradas pela existência de redundância de funções, processos e actividades, estruturas, equipamentos, pessoas e informação (Pina, 2005: 53).

Para a resolução da situação, será necessário o acordo sobre e criação de normas e especificações de interoperabilidade comuns aos diversos serviços dos diferentes organismos, que permitam promover a integração nas três vertentes de operacionalidade referidas.

Os vários serviços dos vários sectores da Administração Pública necessitam de saber fazer e manter actualizadas e alinhadas as arquitecturas de sistemas e tecnologias de informação,

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necessitando cada vez mais de adquirir competências para conceber e mapear bem os sistemas de informação assim como os respectivos processos, bem como promover a existência de repositórios únicos e fiáveis de informação, bem como a sua correspondente e adequada administração de dados a nível nacional e sectorial.

Numa visão futurista do e-government, Vidigal (2005: 528) refere que os funcionários públicos deixarão de usar canetas no desempenho das suas funções, por implementação da assinatura electrónica. O ambiente de trabalho dos recursos humanos da administração pública será maioritariamente o seu Portal, ambiente electrónico, onde desenvolvem tarefas administrativas virtuais em processos virtuais, integrados numa dinâmica de funcionamento em linha, no qual os órgãos e demais serviços da Administração Pública, central e local, partilham informações. Desta forma, permitirá ao cidadão que se dirija a qualquer um dos portais ter acesso à informação pretendida, sendo sempre que necessário automaticamente encaminhado ao organismo que deverá satisfazer as necessidades específicas por aquele manifestadas.

Através do e-government é expectável que se criem infra-estruturas partilhadas capazes de transformar cada local de atendimento num centro único de formalidades multifuncional, totalmente baseado me TIC’s, que pode ser ou não mediado por funcionários (Vidigal, 2005: 544). Como referido anteriormente, verifica-se a implementação de medidas no sentido de promover a interoperabilidade nos organismos da Administração Pública, nomeadamente, no sector do urbanismo, com a criação, pela Direcção-Geral das Autarquias Locais, do portal do urbanismo

Os funcionários a exercer funções de atendimento terão de possuir novas competências bem como novas atitudes e conhecimentos mais abrangentes sobre todas novas manifestações de serviços disponibilizados electronicamente.

Os portais do Governo e das próprias comunidades proporcionam o acesso a valiosos recursos para todos os que pretendam manter-se ao corrente e em contacto com todos os acontecimentos, comícios e encontros dos mais diversos tipos que ocorrem na sua cidade, freguesia, concelho, distrito, região ou país. Quanto maior for o volume de informação a que cada cidadão tem ao seu dispor, maior a possibilidade e participar a nível politico, promovendo uma escolha dos governantes mais consciente. (Groper in Pavlichev e Carson, 2004: 291).

Capítulo IV - A relação do Sector Público com a Sociedade da