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CAPÍTULO 4 – PRESERVAÇÃO E OCUPAÇÃO: DILEMAS DA

4.1 Potencialidades e limites do Planejamento Ambiental

As potencialidades da aplicação do planejamento ambiental na RDSEPT estão associadas, fundamentalmente, ao ato de sua criação, fruto da resistência de seus moradores pela preservação do seu território e dos modos de vida tradicionais e à implantação do seu Conselho Gestor. A criação do Conselho favorece a organização da população local com os representantes das três esferas de governo e da sociedade civil, garantindo maior transparência e fiscalização sobre a gestão da unidade e estabelecendo um fórum permanente de discussão das questões pertinentes à Reserva.

A formação dos Grupos de Trabalho (GTs) possibilita a sistematização e ampliação do conhecimento sobre os recursos naturais e culturais da região, tanto pela população local, quanto pelos técnicos dos diferentes órgãos envolvidos na sua gestão. As questões sobre o manejo da pesca e da mariscagem, como a adequação dos barcos e redes para a preservação das espécies e a elaboração de projetos específicos voltados ao arranjo produtivo, são amplamente discutidos por pescadores, marisqueiras, colônia de pescadores.

No entanto, com relação à dimensão espacial das ocupações, o planejamento ambiental aplicado na Reserva não tem possibilitado que os problemas identificados sejam superados, tanto pela ausência da aplicação dos instrumentos próprios da Política Urbana pelo município, como pela própria natureza da Política Ambiental, cuja definição de parâmetros de uso e ocupação do solo não fazem parte do seu escopo. Visto que as diversas formas de aplicação do planejamento ambiental levam a diferentes resultados, as diretrizes estabelecidas pela Política Ambiental para a Reserva não são suficientes para uma regulamentação de uso e ocupação dos espaços edificados.

A seguir, os Quadros 3 e 4 apresentam uma síntese das potencialidades e dos conflitos presentes nos assentamentos de Diogo Lopes, Sertãzinho e Barreiras, a partir da relação entre a legislação ambiental existente e os elementos da sua estrutura urbana, que informam sobre o processo de consolidação e expansão.

Quadro 3 – Síntese das Potencialidades INSTRUMENTOS

POLÍTICA AMBIENTAL

ELEMENTOS DA ESTRUTURA URBANA – Diogo Lopes, Sertãzinho e Barreiras TENDENCIA DE CRESCIMENTO TRAÇADO E PARCELAMENTO TIPOLOGIA SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES CÓDIGO DO MEIO AMBIENTE DO MUNICÍPIO DE MACAU

Segundo a Lei, o município deve definir e controlar a ocupação e uso dos espaços territoriais de acordo com suas limitações e

condicionantes ecológicas e ambientais.

Segundo a Lei, os projetos de parcelamento do solo deverão ser aprovados pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do município.

Segundo a Lei, as construções que se realizarem nas áreas do território municipal com relevante valor paisagístico, terão que harmonizar-se obrigatoriamente em sua concepção e desenho, com o valor da área circundante.

Segundo a Lei, não será permitida a urbanização e a edificação pública ou privada que impeça o livre acesso do povo às praias e ao mar. LEI DE CRIAÇÃO DA RESERVA Limita o crescimento de empreendimentos de grande porte.

Favorece a manutenção dos modos de vida locais e conseqüentemente a manutenção do traçado e parcelamento originais dos assentamentos.

Favorece a manutenção dos modos de vida locais e

conseqüentemente a manutenção original da tipologia das

habitações preservando aspectos arquitetônicos locais.

Favorece que os espaços livres públicos sejam apropriados pela população local para práticas sociais.

ZONEAMENTO ECOLOGICO- ECONÔMICO Não regulamentado (somente minuta) Delimita zonas de preservação nas APPs; Prevê a implantação de conjuntos habitacionais destinados a acomodar o crescimento da população na área do tabuleiro, que é mais propícia a ocupação.

A abertura de novas ruas e a implantação de novas

edificações ficam condicionadas às orientações do Programa de Intervenção Programada, Urbanização e Re- ordenamento.

Regula o gabarito das edificações, preservando aspectos da paisagem.

Prevê a implantação de equipamentos públicos estruturantes de uso comunitário, desde que de forma dispersa ao longo da estrada, para minimizar cortes no fluxo de sedimentos entre os campos de dunas.

CONSELHO

Quadro 3 – Síntese das Potencialidades (continuação) INSTRUMENTOS

POLÍTICA AMBIENTAL

ELEMENTOS DA ESTRUTURA URBANA – Diogo Lopes, Sertãzinho e Barreiras TENDENCIA DE CRESCIMENTO TRAÇADO E PARCELAMENTO TIPOLOGIA SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DA RESERVA Não regulamentada

A expansão urbana tem se limitado ao crescimento informal da própria comunidade.

A ocupação informal favorece que algumas vias se

mantenham naturais; O tamanho dos lotes não propicia a edificação de construções de grande porte.

A ocupação informal mantém as tipologias próprias das

comunidades.

Os espaços livres públicos são apropriados pelas comunidades para práticas sociais

LICENCIAMENTO

Controle da expansão das ocupações formais através da aplicação da legislação federal incidente e diretrizes gerais contidas nas leis estaduais e na Lei de Criação da Reserva.

Aplicação da legislação federal incidente e diretrizes gerais contidas nas leis estaduais e na Lei de Criação da Reserva.

PROJETO ORLA

Reconhecimento da função social da propriedade e definição de ações fundamentais:  Instituir o Plano Diretor Municipal;

 Elaborar o ZEE e Plano de Manejo da RDSEPT;

 Remover as ocupações indevidas (cercas e muros) nas dunas e orla;

 Definir procedimentos para resolução dos conflitos de uso x proteção x legislação patrimonial.  Implantar saneamento ambiental.

Recuperação das áreas públicas indevidamente ocupadas

Quadro 4 – Síntese dos Conflitos INSTRUMENTOS

POLÍTICA AMBIENTAL

ELEMENTOS DA ESTRUTURA URBANA – Diogo Lopes, Sertãzinho e Barreiras TENDENCIA DE CRESCIMENTO TRAÇADO E PARCELAMENTO TIPOLOGIA SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES CÓDIGO DO MEIO AMBIENTE DO MUNICÍPIO DE MACAU

Loteamentos sobre dunas protegidas e às margens do canal (planícies de maré).

Dificuldades de acessibilidade e mobilidade;

Pavimentação das vias sem planejamento de sistemas de infraestrutura adaptados.

Verticalização com

comprometimento da paisagem.

Ocupações sem previsão de espaços livres públicos; As ações do poder municipal promovem a impermeabilização dos espaços livres públicos existentes. LEI DE CRIAÇÃO DA RESERVA As tendências de crescimento contradizem os objetivos específicos de sustentabilidade ambiental.

A pavimentação das vias não se coaduna com os objetivos específicos de sustentabilidade ambiental.

As construções não se adéquam aos objetivos específicos de sustentabilidade ambiental.

As ocupações em áreas públicas não asseguram o espaço comum para os moradores, conforme indicam os objetivos específicos. ZONEAMENTO ECOLOGICO- ECONÔMICO Não regulamentado (somente minuta)

Loteamentos nas áreas zoneadas como de preservação. Indefinição de parâmetros, remetendo as definições ao “Programa de Intervenção Programada, Urbanização e Re-ordenamento”.

Estabelece apenas parâmetros referentes ao gabarito das edificações. Indefinição de parâmetros, remetendo as definições ao “Programa de Intervenção Programada, Urbanização e Re-ordenamento”. CONSELHO

GESTOR Não tem conseguido controlar as tendências do crescimento informal.

Não tem controle sobre as intervenções do Poder Público Municipal que trazem prejuízos à sustentabilidade ambiental.

Não tem conseguido controlar os processos de verticalização.

Não tem conseguido controlar os processos de ocupação em áreas públicas.

Quadro 4 – Síntese dos Conflitos (continuação) INSTRUMENTOS

POLÍTICA AMBIENTAL

ELEMENTOS DA ESTRUTURA URBANA – Diogo Lopes, Sertãzinho e Barreiras TENDENCIA DE CRESCIMENTO TRAÇADO E PARCELAMENTO TIPOLOGIA SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA Não regulamentada

A fragilidade dos órgãos públicos na

operacionalização de programas de regularização fundiária concorre para o crescimento da informalidade urbana, agravando os processos de degradação ambiental.

O traçado urbano irregular gera problemas de acessibilidade.

Processo de verticalização que compromete a paisagem; Ausência de recuos.

Ocupações em áreas públicas.

LICENCIAMENTO Não controla a expansão informal. Inexistência de parâmetros legais que orientem os licenciamentos.

PROJETO ORLA A realização da regularização fundiária de posses existentes em terrenos da união passíveis de ocupação pode ocorrer dissociada de um Plano de Regularização Fundiária Sustentável.