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A prática da avaliação formativa por observação das crianças da educação pré-

formativa por observação das

crianças da educação pré-escolar

A prática da avaliação formativa realizada no estágio na educação pré-escolar foi concretizada através da observação instrumentada das crianças no decorrer das atividades, com recurso ao diário de bordo, como único instrumento de registo.

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A prática da avaliação formativa na educação pré-escolar concretizou-se pela observação das crianças na realização de diferentes tarefas, como atividades de Expressão Dramática, de Expressão Motora, atividades do domínio da Matemática e do Português, atividades de Expressão Musical, de Expressão Plástica e até mesmo em atividades de escolha livre.

Considera-se que a observação consiste numa técnica privilegiada para a recolha de informações relativas aos processos de aprendizagem dos alunos. Como referem Pais e Monteiro (1996, p. 54), “praticando a observação, o professor aprende a identificar e a responder às necessidades de cada aluno e, consequentemente, a planificação a efetuar será mais fácil”. Assim, para efetuar a observação é necessário que a mesma seja estruturada, respondendo às seguintes questões: o quê, quem, como, quando e porquê observar (Ferreira, 2004; Valadares & Graça, 1998), o que implica a sua planificação.

A observação deve acontecer durante a realização das tarefas pelos alunos, uma vez que é neste processo que os alunos revelam os seus recursos afetivos, cognitivos e psicomotores, o que possibilita verificar as suas capacidades e competências. Assim, é possível ao observador diagnosticar as aprendizagens que estão a ser feitas e as dificuldades que vão surgindo (Neves & Ferreira, 2015; Ferreira, 2007). No decorrer da prática de ensino supervisionada, mais concretamente no âmbito da prática da avaliação formativa, a observação ocorreu em variadas atividades, como já mencionado anteriormente, com registos no diário de bordo.

Este é um instrumento que o professor deve ter sempre presente e que é utilizado para o registo de situações, ocorrências, comportamentos, diálogos, gestos, manifestações de agrado ou desagrado perante uma tarefa, etc, observados nas crianças e que não estejam contemplados nos outros instrumentos de avaliação utilizados (Ferreira, 2005).

Este instrumento é, também, frequentemente utilizado para o registo de incidentes críticos, que consistem em “comportamentos, positivos ou negativos, que se revelam espontaneamente numa situação natural, permitindo evidenciar factos significativos” (Pais & Moteiro, 1996, p. 56).

Na minha prática de avaliação dos processos de aprendizagem das crianças, no âmbito da avaliação formativa realizada, efetuei registos diversificados, como sejam sobre o interesse demonstrado pelas crianças no decorrer das tarefas, as dificuldades evidenciadas, bem como a superação das mesmas. De forma esporádica, registei situações

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ou momentos relevantes para o desenvolvimento pessoal da criança, como por exemplo em momento de recreio ou atividades livres.

Fig.1 – Registo de uma atividade dramática no diário de bordo.

Através deste registo foi possível verificar a capacidade de compreensão e de iniciativa própria de duas crianças, fazendo também nele referência à participação de uma terceira criança de forma entusiasmada. Optei por dar destaque a estas três crianças por o comportamento demonstrado no decorrer desta atividade surpreender de forma positiva, pois eram crianças que, em grande parte das atividades, revelaram dificuldade na compreensão das mesmas e, consequentemente, o seu desinteresse era notório. Na atividade em questão, estas crianças demonstraram interesse e compreensão. Já a terceira criança sobressaiu pela sua participação, pois era pouco comunicativa e pouco participativa, revelando nesta atividade bastante entusiasmo. Através destas anotações “(…) é possível compreender melhor o processo de aprendizagem do aluno e verificar a sua evolução” (Ferreira, 2005, p.44), pois permite ao professor a compreensão detalhada de atuações significativas dos alunos através da análise dos comportamentos das crianças.

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Fig. 2 – Registo de uma atividade motora no diário de bordo.

Fig.3 – Registo de uma atividade motora no diário de bordo.

Ao analisar as figuras dois e três, foco a atenção no mesmo aluno. Relativamente a estas duas sessões motoras, foi de destacar um comportamento comum às duas crianças, que foi a falta de equilíbrio. Para que se possa fazer uma inferência sobre este comportamento, Pais e Monteiro (1996) referem que é necessário que estes comportamentos ocorram algumas vezes, tendo sido verificado a falta de equilíbrio nas duas atividades de Expressão Motora.

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Estas informações registadas foram posteriormente analisadas e objeto de reflexão do professor, com vista à compreensão desses comportamentos, à verificação das suas implicações ou relações com o processo de aprendizagem e à delineação de possíveis estratégias de intervenção pedagógica, numa lógica de regulação interativa do processo de aprendizagem nos seus vários domínios (Ferreira, 2005).

Através dos registos obtidos, procurei desenvolver atividades que permitissem a superação das dificuldades demonstradas pelas crianças, através de atividades motoras onde essas mesmas dificuldades fossem trabalhadas.

Destacando novamente a criança com dificuldades no equilíbrio, procurei incorporar em todas as atividades motoras pelo menos um exercício onde esta capacidade fosse trabalhada. Desde a implementação desta estratégia até ao final da minha prática de estágio foi percetível uma ligeira melhoria, embora, de forma a obter informações mais concretas relativas ao sucesso da mesma, fosse necessário um maior período de tempo.

Relativamente aos registos da figura 1 e de forma a conseguir proporcionar os comportamentos demonstrados por estas três crianças, optei por procurar atividades semelhantes àquela em que foi evidenciada a dificuldade, com o intuito de fazer com que este comportamento se tornasse numa aprendizagem.

Os registos no diário de bordo também ocorreram em atividades de Expressão Plástica, Expressão Musical, de Português e de Matemática, bem como em atividades relacionadas com o desenvolvimento cognitivo das crianças.

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Fig. 4 – Registo de uma atividade de desenvolvimento cognitivo no diário de bordo.

Esta atividade, intitulada “Jogo da memória”, foi pensada de forma conjunta por mim e pela Educadora titular da turma, como forma de estimular as capacidades cognitivas das crianças. Esta atividade consistia num jogo de associação de imagens, com diferentes graus de dificuldade. Numa fase inicial, a criança podia ver o cartão que tinha na mão as vezes que achasse necessário. Posteriormente, apenas poderia ver uma única vez. A finalidade deste jogo era a associação da imagem que a criança tinha na mão, com a respetiva imagem do jogo, dispersa entre outras.

Analisado a figura 4, destaquei quatro crianças que noutras atividades evidenciaram algumas dificuldades de memorização. No último registo, destaquei apenas uma criança, pois, apesar de demonstrar dificuldades na memorização, conseguiu resolver corretamente as tarefas propostas, num grau de dificuldade considerável para a sua faixa etária.

Ao longo da minha prática de ensino supervisionada, realizei diversas atividades, em todas as áreas, onde nem sempre foi possível realizar a observação instrumentada das mesmas, nomeadamente no diário de bordo. Esta dificuldade deveu-se essencialmente à não anotação das ocorrências logo após o término de uma atividade, ou nas horas seguintes, o que impossibilitou um registo fiel dos acontecimentos.

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Apesar de os registos das observações no diário de bordo não terem sido sistemáticos, o recurso a este instrumento de observação possibilitou ter uma perceção global e individual da turma, sobre as suas dificuldades, a relação interpessoal, as suas aprendizagens, os seus progressos, para desta forma conseguir planear a minha prática de acordo com as necessidades reais das crianças.

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Conclusão

Nos dias de hoje, verifica-se uma grande preocupação com questões relacionadas com a avaliação das aprendizagens, uma vez que o seu objetivo é criar condições pedagógicas que proporcionem a todos os alunos essas mesmas condições e as mesmas oportunidades no sucesso escolar.

Tal avaliação tem como suporte um interesse social, político, cultural e didático, levando a que se reflita sobre o conceito, o objeto, as finalidades e os procedimentos utilizados na sua realização. (Ferreira, 2007)

Para uma melhor avaliação, é necessário avaliar, além dos níveis mais simples do domínio cognitivo através de fichas/testes, as atitudes, as competências e os processos que os alunos utilizam para as conseguir. Desta forma, para além de se concluir se o aluno atingiu ou não determinados objetivos e atribuir uma nota, é muito importante compreender o motivo que levou o aluno a fracassar num ou noutro objetivo, identificar as dificuldades surgidas e ajudar o aluno a melhorar a sua aprendizagem. É por este motivo que existe uma necessidade de diversificação dos instrumentos de avaliação, que se pretendem adequados às finalidades, ao objeto e aos intervenientes na avaliação. Estes instrumentos devem proporcionar informações relativas aos resultados de aprendizagem mas, sobretudo, aos processos da aprendizagem, permitindo uma tomada de decisões pela intervenção atempada e adequada a esses processos.

Para que tal aconteça, é fundamental haver uma observação planificada e estruturada dos alunos enquanto realizam as tarefas e o registo em instrumentos de observação das aprendizagens previamente construídos.

Do ponto de vista pessoal e profissional, a prática de ensino supervisionada permitiu-nos estar em contacto com a realidade educativa na qual pretendemos trabalhar, mostrando-nos as dificuldades que fomos enfrentando e ultrapassando. Deste modo, julgamos ter adquirido as competências práticas de análise e de resolução de problemas profissionais, o que nos permitiu evoluir e aprender.

Acredito que durante todo este período conseguimos crescer profissional e pessoalmente, crescimento este que será muito importante no nosso futuro profissional.

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Referências Bibliográficas

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Avaliação Formativa Num Ensino Diferenciado (pp.?). Coimbra: Livraria Almedina.

-Fernandes, Domingos (2005). Avaliação das Aprendizagens: Desafios às Teorias,

Práticas e Políticas. Lisboa: Texto Editores.

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-Ferreira, Carlos Alberto (2007). A Avaliação no Quotidiano da Sala de Aula. Porto: Porto Editora.

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-Portugal, Gabriela. (2012). Avaliar as Aprendizagens das Crianças. In: Cardona, Maria; Guimarães, Célia (2012): Avaliação na Educação de Infância (pp.?) Viseu: Psicosoma. -Pais, A. & Monteiro, M. (1996). Avaliação- Uma Prática Diária. Lisboa: Editorial Presença.

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Referências legislativas

Circular nº.: 4 /DGIDC/DSDC/2011, de 11 de abril de 2011. Disponível em www.dge.mec.pt.

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