• Nenhum resultado encontrado

As Práticas como Componente Curricular (PCC) estão contempladas nos Projetos Políticos Pedagógicos das IES, sejam na categoria administrativa Estadual, Federal ou Privada. É uma prática enriquecedora pela qual se estima formar o elo entre a teoria e a prática. Com obrigatoriedade prevista em lei, temcomo objetivo para o acadêmico: vivenciar o ambiente profissional no qual está designado a trabalhar ao término de sua graduação, favorecer a descoberta, ser um processo dinâmico de aprendizagem em diferentes áreas de atuação no campo profissional, dentro de situações reais, de forma que o acadêmico possa conhecer, compreender e aplicar, na realidade escolhida, a união da teoria com a prática.

Algumas IES seguem as orientações presentes no Parecer nº 009/2001 do Conselho Nacional de Educação (CNE), no que se refere à organização da matriz curricular. As IES devem buscar formas inovadoras de organização dos conhecimentos para além da organização em disciplinas; promover atividades coletivas e interativas de comunicação entre os profissionais em formação e os profissionais formadores; incentivar estudos disciplinares que possibilitem a inter-relação entre os conhecimentos mobilizados na formação; articular a formação comum com a formação específica; os conhecimentos educacionais e pedagógicos com os conhecimentos de formação específica; além da teoria com a prática desde o início da formação. Estas orientações devem ser tomadas como um conjunto de atividades ligadas à formação profissional e voltadas para a compreensão de práticas educacionais distintas e de diferentes aspectos da cultura das instituições de educação. Dentre essas atividades, inserem- se aquelas que possibilitem a compreensão sistemática dos processos educacionais, que

ocorrem no espaço escolar ou em outros ambientes educativos, do trabalho docente, das atividades discentes, da gestão escolar, etc; (INEP, 2010).

Conforme a Resolução CNE/CP nº 01/2002, a PCC foi definida como eixo articulador das dimensões teóricas e práticas, apresentando como princípio metodológico geral que ”todo fazer implica uma reflexão e toda reflexão implica um fazer, ainda que nem sempre este se materialize”. Isto significa que o professor (a), além de saber e de saber fazer deve compreender o que faz. Esta Resolução aponta que a Prática deve acontecer desde o início do processo formativo e se estender ao longo de todo o curso, não ficando reduzida a um espaço isolado, que a restrinja ao estágio, desarticulado do restante do curso.

Nessa perspectiva, o planejamento dos cursos de formação deve prever situações didáticas em que os futuros profissionais coloquem em uso os conhecimentos que aprenderem, ao mesmo tempo em que possam mobilizar outros, de diferentes naturezas e oriundos de diferentes experiências, em diferentes tempos e espaços curriculares.

Alguns Projetos Político-Pedagógicos definem as PCC’s como a oportunidade para o acadêmico ter contato com as mais diversas práticas de ensino e pesquisa. A produção de material didático, as oficinas de pesquisa, os núcleos de estudos, bem como a parte prática dos conteúdos pedagógicos, logo nos primeiros anos. A carga horária pode variar de Instituição para Instituição e é obrigatória para a aprovação em determinadas disciplinas.

A seguir, no Gráfico 9, tem-se dados referentes as PCC´s nas IES pesquisadas.

89

46

135

12 13

25

Licenciatura Bacharelado Total

Cursos que oferecem PCC Cursos que não oferecem PCC

Como repara-se no Gráfico 9, é possível analisar que dentre as IES pesquisadas, 25 não oferecem PCC na disciplina na área da AFA e as outros 135 cursos oferecem PCC. Outro dado a ser analisado é com relação à comparação entre os cursos de Licenciatura e Bacharelado. Em Licenciatura, encontrou-se 101 IES, sendo que destas, 12 não oferecem PCC. Já no Bacharelado, de 59 resultados encontrados, 13 não oferecem esta prática. É notório que há diferença em relação às duas áreas, logo que, no Bacharelado houve a participação em menor número de IES. Nota-se ocorrência maior nas IES que não oferecem PCC em relação à Licenciatura. Há, portanto, uma incidência significativamente maior de IES que não oferecem PCC em cursos de Bacharelado do que nos de Licenciatura.

Okuma (l996, p. 79) aponta uma outra visão a respeito das vivências práticas num curso de formação profissional em Educação Física. A autora nos apresenta que “tão importante quanto a aquisição de conhecimento, são as vivências práticas, à medida que tais vivências forneçam subsídios necessários para que o graduando aprenda a lidar com pessoas com deficiência e possa conduzir sua ação profissional num nível de excelência”.

Entende-se que o bom profissional de Educação Física não é aquele que pratica e sabe executar determinada tarefa motora, mas aquele que compreende as necessidades do aluno e respeita as suas limitações, porque seu conhecimento permite perceber seu nível de aprendizagem e suas capacidades e, além disso, é capaz de despertar nas pessoas a consciência de que a atividade física é efetiva para proporcionar um nível de excelência em sua qualidade de vida.

Ressalta-se que na área da AFA, principalmente no campo desportivo, há necessidade de categorizar o grupo, dada a natureza de tais atividades. Mesmo assim, a elaboração de programas de intervenção ou adaptações necessárias a serem efetuadas de materiais curriculares e metodológicos devem obedecer rigorosamente às individualidades.

Ao ponderar-se sobre o contexto, é importante ainda mencionar sobre a significância de desenvolver técnicas, recursos e procedimentos que possibilitarão ensinar diferentes tarefas para diferentes pessoas com dificuldade e/ou impedimento, informando que esses conhecimentos são necessários e úteis para o desenvolvimento de procedimentos didático- pedagógicos em atendimento à proposta, sem esquecer que todos os profissionais necessitam serem formados no paradigma da diversidade e da inclusão.

Duarte e Lima (2003, p. 97) consideram que, por meio desta prática “os acadêmicos estarão se aproximando do cotidiano, que se reformula em uma dinâmica constante e que se constitui e determina a história”. Ainda complementam dizendo que essas interlocuções dão oportunidade de ver, conhecer e reconhecer saberes.

As experiências nesse ensinar e aprender passam então a ser percebidas e não apenas conhecidas. Mais do que prover conhecimento teórico e prático, é importante auxiliar os acadêmicos (futuros profissionais) desde o início do curso, a refletir sobre o exercício docente para a construção de diferentes teorias.

A proposta é de estabelecer uma formação acadêmica que direcione o olhar para a diversidade humana na construção de relações e questões educacionais que buscam melhor vinculação entre teoria e prática.