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PRÁTICAS DE LETRAMENTO EM PLE DESENVOLVIDAS EM 2009.2

No segundo semestre de 2009, desenvolvemos práticas de letramento com uma turma de PLE de nível avançado. Fizeram parte efetivamente dessa turma 3 (três) estudantes congoleses, 2 (dois) estudantes ingleses, sendo um do gênero feminino e outro do gênero masculino, e uma estudante alemã. Nas primeiras aulas, contamos com a presença de um estudante alemão e um estudante venezuelano. No decorrer das aulas, também recebemos a visita de um estudante espanhol. Porém, esses três estudantes não continuaram o curso de PLE, provavelmente devido a questões de horário.

O gráfico seguinte possibilita-nos uma melhor visualização dos dados apresentados anteriormente, em termos percentuais, quanto aos estudantes e suas respectivas nacionalidades e/ou língua-materna (ou língua oficial/de identificação social):

Gráfico 8: Percentuais de estudantes por nacionalidade/idioma (PLE avançado 2009.2)

Conforme se depreende do gráfico, se excetuarmos o estudante alemão e os dois estudantes falantes de espanhol que não deram continuidade aos estudos, levando, assim, em consideração, apenas os estudantes que participaram dessa turma de modo mais efetivo, teremos a seguinte configuração:

Gráfico 9: Estudantes efetivos por nacionalidade/idioma (PLE avançado 2009.2) Congoleses - Francês 34% Ingleses - Inglês 22% Alemães - Alemão 22% Venezuelano - Espanhol 11% Espanhol - Espanhol 11% Congoleses - Francês 50% Ingleses - Inglês 33% Alemã - Alemão 17%

Nessa turma de nível avançado, foram desenvolvidas produções textuais escritas representativas dos seguintes gêneros de texto: relato (comparando a cidade de João Pessoa à cidade natal do estudante), gênero epistolar, sinopse, resenha, relato de memórias educativas e editorial.

O quadro, a seguir, possibilita-nos uma melhor visualização dos gêneros elaborados que compuseram o nosso corpus, assim como a quantidade de produções desenvolvidas por cada estudante.

Estudantes Relato comparativo

Carta Pública

Sinopse Resenha Relato de memórias educativas Editorial Hannah Bauliss 1 1 1 1 1 Joel Mutombo 1 1 1 1 1 Nyarwaya 1 1 1 1 1

Quadro 7: Gêneros textuais elaborados por estudantes de PLE (avançado 2009.2)

As memórias educativas, em geral obtidas no fim do curso, dessa vez foram produzidas logo no início. No capítulo seguinte, apresentaremos a análise do relato elaborado pela estudante inglesa Hannah Bauliss. Por não termos obtido o consentimento da estudante alemã em tempo hábil, suas memórias não foram contempladas em nossa pesquisa, embora nos ajudem a compreender o sistema de ensino alemão, também mencionado por Franz Mapudungum (2009.1), em suas memórias. Optamos também por não apresentar análises das produções do estudante inglês, tendo em vista o baixo nível de frequência na sala de aula, o que levou o estudante a enviá-las predominantemente por “e-mail”. Em verdade, essa foi praticamente a única turma a apresentar resistência à nossa proposta de letramento, alegando que desejavam aulas mais voltadas para questões gramaticais e que as discussões desenvolvidas a partir de suas produções eram elementares. Explicamos que há questões gramaticais que, por mais óbvias, nem sempre são tão básicas como, por exemplo, no caso do uso da crase, que costuma apresentar dificuldades para muitos brasileiros. Cerca de duas aulas posteriores, ao abordamos aspectos puramente estruturais do gênero carta, houve estudante que ficou surpreso ao deparar com o uso da “crase” diante da expressão “À Coordenação do PLEI” e pelo fato de, em outra passagem, ter visto o verbo ser, conjugado na terceira pessoa do singular, com um acento gráfico: “é”. A partir dessas ocorrências, que para muitos poderiam ser consideradas como básicas, procuramos demonstrar para os estudantes a

relevância das práticas de letramento para a aprendizagem de línguas e que mesmo um estudante de nível avançado não estaria isento de se deparar com situações em que certas questões gramaticais não tivessem sido ainda completamente sanadas. Aspectos gramaticais, portanto, não seriam garantia de um desempenho adequado, tendo em vista uma dada situação.

Quanto ao gênero epistolar, tanto os dois estudantes congoleses quanto os dois estudantes ingleses produziram, cada um, uma carta formal. As cartas foram produzidas a partir de uma situação real: o problema da falta de sala de aula. Pelo menos em um, dos dois dias da semana que costumávamos nos encontrar para nossas aulas, estávamos enfrentando esse problema. Direcionando sua carta para a coordenação do PLEI, os estudantes expuseram a situação pela qual estavam passando. No capítulo seguinte, apresentaremos as análises da carta da estudante congolesa Nyarwaya.

Além das práticas desenvolvidas com a turma do avançado, acompanhamos também, em caráter particular, dois estudantes, um de nível básico, e outro, de nível intermediário. Vale ressaltar que o pseudônimo sugerido pelo estudante de nível básico foi idêntico ao nome sugerido pelo estudante norte-americano de nível básico do período 2008.1, a saber, John Smith. A fim de evitar eventual confusão, por parte do leitor desta pesquisa, optamos por marcar tal pseudônimo seguido pela menção ao semestre letivo, já que um cursou aulas de PLE, no primeiro semestre de 2009 (2009.1), e o outro, no segundo semestre (2009.2). Dessas práticas, chamou a nossa atenção, a produção de um texto cujas características nos remetem ao gênero epistolar. Tal texto, desenvolvido por John Smith (2009.2), também foi elaborado a partir de uma situação real: após relatar oralmente um problema ocorrido no bairro onde estava residindo, em João Pessoa, ou seja, que para fazer valer a coleta de lixo seletiva, tinha de se dirigir até outro local, uma vez que tal coleta não era realizada em seu bairro, o professor sugeriu que investigasse na internet, no site da prefeitura, qual instância seria responsável por esse tipo de ação na cidade. Então, deveria produzir um texto, a ser enviado por “e-mail”, para essa pessoa, relatando a situação de sua vizinhança e solicitando que a coleta fosse realizada em seu bairro. A análise dessa produção será apresentada no capítulo seguinte.

A seguir, apresentaremos as análises de dez produções escritas representativas daquilo que julgamos relevante para o que vínhamos investigando. Em primeiro lugar, apresentaremos as análises referentes às produções representativas do gênero de texto: relato de memórias educativas, elaboradas por Makisati e Patrick, estudantes de nível básico do período 2008.1, por Franz Mapudungun, estudante de nível avançado do período 2009.1, e por Hannah

Bauliss, estudante de nível avançado do período 2009.2. Em seguida, apresentaremos as análises referentes às produções representativas do gênero epistolar, subdividindo-se em cartas pessoais e cartas públicas. Dentre as seis cartas selecionadas, três cartas pessoais foram elaboradas, respectivamente, por Safari, estudante de nível básico do período 2008.1, por John Smith, estudante de nível básico do período 2009.1, e por Alexandra Mora, estudante de nível avançado do período 2009.1. As outras três cartas, nesse caso, endereçadas a instâncias públicas, foram elaboradas respectivamente por John Smith, estudante de nível básico do período 2009.2, por Alexandra Mora, estudante de nível avançado do período 2009.1, e por Nyarwaya, estudante de nível avançado do período 2009.2.

4 ANÁLISES DAS PRODUÇÕES ESCRITAS EM PLE

À luz das contribuições do ISD, demonstraremos agora nossas análises relacionadas às produções elaboradas pelos estudantes de PLE. Os textos selecionados são exemplos representativos do que julgamos ser relevante para validar nossa metodologia, ou seja, fundamentada em práticas de letramento, detendo-nos, mais especificamente, na questão dos posicionamentos ou marcas enunciativas (modalizações) e o imbricamento entre o linguístico e o enunciativo como representação dos mundos formais (objetivo, social e subjetivo). Conforme já observamos no capítulo 2, no qual discutimos os aportes teóricos, os posicionamentos empreendidos pelo enunciador fornecem pistas para a compreensão do texto e estão fortemente relacionados aos gêneros de texto, revelando, portanto, os desdobramentos das práticas de letramento em PLE, assim como os impactos dessas práticas nas elaborações dos gêneros propostos, a exemplo dos relatos de memórias educativas e das cartas ou textos caracteristicamente representativos do gênero epistolar.