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4. Investigação Empírica: Produção audiovisual para apoio à reabilitação do AVC em

4.4. Processo de construção do 1º vídeo

4.4.1. Pré-Produção

Na 3ª etapa da investigação, depois da recolha de dados, da análise destes e das conclusões tiradas, foram pensadas algumas ideias para o 1º produto audiovisual, de modo a que este se enquadre da melhor maneira tanto às necessidades dos doentes vítimas de AVC, como ao que os especialistas dizem ser mais importante na sua recuperação.

A ideia final consiste numa sessão de fisioterapia em vídeo, com o objetivo de ser acompanhada pelos doentes vítimas de AVC num contexto domiciliário. Seguindo o dia-a- dia do doente, o vídeo apresenta desde de manhã, passando pelas refeições e pequenas tarefas do dia-a-dia, exercícios de diferentes graus de dificuldade e para diferentes partes do corpo, intencionados para serem realizados em casa, com objetos presentes na rotina diária e facilitando a realização das AVD. O fisioterapeuta e o doente surgem os dois no mesmo plano, em que o fisioterapeuta explica o exercício e a sua importância, o doente exemplifica-o e depois realiza o exercício durante a contagem do fisioterapeuta. O principal propósito é mostrar ao doente que pode ter algum grau de independência e autonomia, executando pequenas tarefas diárias ao mesmo tempo que contribui para a sua reabilitação e recuperação.

Os exercícios escolhidos resultaram da pesquisa feita durante a fase exploratória da investigação e da entrevista com o especialista de saúde, durante a fase de recolha de dados. Pretendia-se que fossem exercícios de diferentes graus de dificuldade, sem uma ordem específica, apenas que se adaptem-se a situações do dia-a-dia e a atividades da vida diária para ambos os sexos. Os exercícios mais simples são repetidos 15 vezes e os mas simples 10 vezes, de modo a que seja uma repetição considerável para apresentar resultados rápidos e eficazes. Começando pela manhã, os primeiros exercícios foram pensados ainda no conforto da cama, aproveitando para exercitar já todos os possíveis membros afetados: braço, mão e perna. Depois, durante as várias refeições do dia-a-dia, surgem mais oportunidades para exercitar o membro superior afetado, movimentando um objeto presente na refeição, como um copo, ou aproveitar uma tarefa específica para

movimentar o membro, como limpar a mesa. Por fim, ao longo do dia, enquanto o sénior vê televisão no seu sofá, pode igualmente aproveitar para exercitar os diferentes membros afetados, superior e inferior.

Uma parte muito importante no vídeo é a parte motivacional, fundamental para que este cumpra o seu propósito de motivar os doentes para a reabilitação em contexto doméstico, trazendo vários exercícios diferentes e direcionados para um objetivo. Para isso, o fisioterapeuta motiva e parabeniza o doente sempre que este realiza os exercícios e o quando termina cada exercício. Expressões como “Boa!”, “Isso mesmo!”, “Mais x vezes!”, “Está quase!”, “Mais uma vez!”, “Muito bem!”, “Sei que está cansado, mas continue!” e outras variações, são algumas das que estarão presentes no vídeo. O objetivo é motivar o doente em casa, levando-o a realizar os exercícios (ao mesmo tempo que vê o vídeo ou sempre que se lembrar) e mostrando que estes são facilmente realizáveis, pela sua praticidade no dia-a-dia. Uma linguagem motivacional por parte do fisioterapeuta e uma atitude positiva por parte tanto do fisioterapeuta como do doente, são os fatores mais importantes para tornar o audiovisual num suporte motivacional para a reabilitação dos doentes vítimas de AVC no contexto doméstico.

O produto audiovisual embora queira passar uma mensagem real, é ficcional. As personagens são ficcionais e as pessoas escolhidas não correspondem na vida real ao papel que desempenham no vídeo. A opção em não usar um doente vítima de AVC deve- se a vários fatores. Não só pela confidencialidade e anonimato que foi garantido a todos os doentes envolvidos na investigação, como pela característica motivacional que se pretende dar ao vídeo. Devido às dificuldades físicas e cognitivas de um doente de AVC, filmar uma vítima poderia passar a ideia de que os exercícios são difíceis, demorados e aborrecidos, que são precisamente as características que se pretendem contrariar, criando um vídeo com exercícios simples, fáceis, rápidos e motivantes, para uma recuperação rápida e eficaz das AVD. Foi então escolhida uma pessoa, que não sofreu um AVC, mas com o qual qualquer sénior se possa relacionar pela idade e aparência. O personagem ser do sexo feminino não tem nenhuma razão, apenas não se sentiu a necessidade de apresentar um sexo específico ou os dois sexos, pela ideia que se pretende transmitir da generalidade dos exercícios apresentados. A escolha da pessoa que interpretou a fisioterapeuta não apresenta razões importantes, para além da proximidade à investigadora e consequente facilidade de encontros para as gravações. Apenas existiu o cuidado de ser uma aluna da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro, o que ajudou no acesso a uma sala da escola com os equipamentos necessários (maca, cadeira, mesa, etc.), e à bata branca, para uma maior credibilidade do produto audiovisual.

Estipulados os exercícios, escolhidos a história/contexto e pensadas a linguagem e as caraterísticas do produto audiovisual, de modo a que este se adeque da melhor maneira ao seu público-alvo, foi criado um guião técnico. A escrita do guião é o momento fundamental na criação de uma obra audiovisual, é o momento em que as ideias passam para o papel de uma forma organizada e detalhada. Em particular, o guião técnico procura descrever antecipadamente aquilo que o vídeo vai ser depois de filmado e montado. De uma forma geral, o guião técnico apresenta a composição dos eventos, plano a plano. Para além disso, é neste documento que se decidem algumas das mais relevantes escolhas num produto audiovisual: as exigências logísticas e os procedimentos necessários à concretização do vídeo, indicando todas as escolhas técnicas e estilísticas (Nogueira, 2010). Dessa forma, no guião estão presentes todas as informações necessárias de como passar a ideia para o ecrã como: a ordem dos acontecimentos, as personagens, o local, os planos, os ângulos de câmara, os adereços, as falas, entre outros.