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APÊNDICE A: CURVA DE OFERTA DE CONSERVAÇÃO

Mapa 6: Preços da terra em R$ por hectare, preços de 2013, Modelo COT E

Fonte: Elaboração própria.

Esse modelo possui a vantagem adicional de apresentar maior variação entre municípios. Há algumas situações onde os resultados encontrados fogem ao esperado, notadamente no elevado preço da terra no Norte do Pará e litoral do Amapá. Isso se deve possivelmente à influência de variáveis de natureza geográfica (altitude,

132 declividade e precipitação), mas, como um todo, os resultados vão ao encontro do esperado e convergem com os valores dos modelos anteriores.

Os dados acima fazem referência ao preço de venda da terra. Para se chegar a uma expressão do valor dos contratos de arrendamento, novamente recorreram-se as taxas de juros reais, cujos valores foram definidos anteriormente pelos critérios já mencionados. A média da distribuição apontou para um valor de R$ 621,37 por hectare/ ano, enquanto o custo de oportunidade mediano foi de R$ 458,31 por hectare para o ano de 2013.

Tabela 13: Custo de Oportunidade da Terra em 2013 – (R$/Ha)

Estatística 4% 5% 6% 7% 8% 9%

Média 414,25 517,81 621,37 724,93 828,49 932,06

Mediana 305,54 381,93 458,31 534,70 611,08 687,47

Fonte: Elaboração própria

A Figura 7 sintetiza o custo de oferta de conservação pelo custo de oportunidade da terra, segundo o modelo COT - E. O valor da mediana (R$ 458,31 por hectare/ano) é superior ao obtido nas demais estimativas (R$ 243 no Modelo COT – L, e R$ 324 no Modelo COT – E), mas ainda sim possui ordem de grandeza dentro dos limites dos valores pagos em PSAs implementados no Brasil.

Figura 7: Curva de Oferta de PSA consolidada para o Brasil, em R$ por hectare/ano, preços de 2013 (Modelo COT – E)

Fonte: Elaboração própria 000 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 4.000 4.500 5.000 5.500 6.000 - 50.000.000 100.000.000 150.000.000 200.000.000 250.000.000 300.000.000 L uc ro por h ec tar e - R$/h a/an o Área em Hectare

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1.2.1. Considerações sobre os Diferentes Modelos de Estimação de Custos de

Oportunidade da Terra

Esta seção do relatório se ocupou em apresentar três modelos distintos para estimar o custo de oportunidade da terra; um fundamentado na estimação do lucro por hectare, e os demais apoiados nos dados referentes ao preço da terra no Brasil. Cada uma das metodologias apresentou uma série de limitações devido à qualidade e disponibilidade dos dados sobre os quais se debruçaram os três exercícios propostos. Como as informações sobre lucratividade das atividades agropecuárias e sobre o mercado de terra são escassas no país, torna-se inviável precisar qual metodologia se aproxima mais da realidade. Assim sendo, cada uma das metodologias se apresenta meramente como alternativa às demais, sem pretensão de se impor como a solução mais acertada.

Os resultados apontaram um custo de oportunidade mediano entre R$ 241,32 e R$ 458,31 (Tabela 14), dada uma taxa de juros real fixada em 6% ao ano. Dentro deste intervalo, caso fosse efetivado um PSA remunerando os valores acima mencionados como compensação pelo custo de oportunidade da terra. a área conservada iria de 103 milhões de hectares a 130 milhões de hectares15.

Tabela 14: Análise de sensibilidade: variação dos valores médios e medianos dos diferentes modelos de custo de oportunidade da terra (R$/ha/ano) em função da variação da taxa de juros

Estatística TRJLP Modelo COT - L Modelo COT – P Modelo COT - E Média (3 Modelos)

Média 4% 326,35 289,42 414,25 346,02 5% 361,78 517,81 405,05 6% 434,14 621,37 463,57 7% 506,49 724,93 523,12 8% 578,85 828,49 582,15 9% 651,20 932,06 641,19 Mediana 4% 241,32 215,74 305,54 299,22 5% 269,67 381,93 351,89 6% 323,60 458,31 402,57

15 Inicialmente, a taxa de juros foi fixada em 6% em razão dos valores médios da relação

arrendamento/preço da terra e da taxa de juros real. Caso o parâmetro fosse escolhido apenas em função da trajetória da taxa real de juros no ultimo decênio, o patamar mais adequado seria o de 5%. Nota-se, nesse caso, uma proximidade maior entre os resultados dos diferentes modelos. A trajetória declinante da razão arrendamento/preço exposta na tabela 14 também aponta para a possibilidade de se operar com uma taxa anual mais baixa, próxima dos 5% ao ano. Todavia, como a série histórica sobre o arrendamento foi interrompida em 2006, julgou-se prudente assumir um parâmetro mais conservador, mesmo sabendo que o período que vai de 2006 a 2013 foi marcado por taxas de juros mais baixas..

134

7% 377,54 534,70 453,99

8% 431,47 611,08 505,57

9% 485,41 687,47 554,60

Fonte: Elaboração própria

Ademais de se pensar em intervalos de custo de oportunidade, outra possibilidade é dada pela consolidação de uma média dos resultados dos três modelos propostos. Dado que não há razão, a priori, para afirmar a superioridade de um método em relação aos demais, o uso da média aritmética dos valores encontrados por município tem a vantagem de diluir eventuais erros e valores extremos. Assim, os valores de referência do custo de oportunidade da terra usados na comparação com os benefícios (conservação de serviços ambientais) são os da média aritmética dos resultados obtidos em cada modelo. Porém, está sendo entregue junto com esse relatório um conjunto de planilhas que permite reestimar os valores a partir da especificação desejada pelo usuário (ou seja, o usuário pode optar em trabalhar com o resultado do modelo de sua escolha).

Nesse caso, nota-se que o valor mediano para o custo de oportunidade da terra em 2013 foi da ordem de R$ 402,57 por hectare/ano, novamente para uma taxa de juros real fixada em 6% anuais (Figura 8).

Figura 8: Curva de oferta de conservação de PSA para o Brasil, em R$ por hectare/ano, preços de 2013 – média dos modelos propostos

Fonte: Elaboração própria - 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 0 50.000.000 100.000.000 150.000.000 200.000.000 250.000.000 300.000.000 L uc ro p or h ec tar e - R $/ ha/ an o Área em hectare

135 1.3.Custo de recuperação florestal

Para as áreas onde não há mais tendência de desmatamento por escassez dos remanescentes florestais, a estimativa do custo de implementação do PSA deve levar em consideração, além do custo de oportunidade da terra, o custo de recuperação ou recuperação de vegetação nativa em áreas já desmatadas. Esta seção desenvolve um modelo de estimação dos custos de recuperação florestal para o território nacional.

1.3.1. Metodologia, Fontes de Informação e Variáveis

Foi efetuado um levantamento da bibliografia sobre os custos referentes ao cercamento do terreno, sem semear árvores, e recuperação com espécies florestais diversas. Os passos metodológicos foram os seguintes:

a) Revisão de informação secundária e estudos técnicos por bioma para identificação de quantidades por hectare ou por muda para as atividades de cercamento e recuperação.

b) Definição de uma estrutura de quantidades básicas por hectare ou por muda diferenciada para cada um dos biomas brasileiros, para cercamento e recuperação.

c) Identificação de bases de dados (estaduais ou municipais) com preços dos insumos empregados na estrutura de quantidades básicas.

d) Criação de uma base de dados sobre custos de cercamento e recuperação, por hectare por município.

e) Geração de uma planilha de consulta que permite variação de alguns preços e quantidades, para geração de diferentes cenários.

Com essas informações foi possível estabelecer a seguinte equação para os custos de cercamento das áreas em recuperação florestal:

Equação 08.

𝐶𝐶𝑘 = [(∑𝑛𝑖=1𝑃𝐼𝑖𝑗∗ 𝑄𝐼𝑖) + 𝑃𝑀𝑗 ∗ 𝑄𝑀] ∗ 𝑄𝐶𝑚 (8)

136  CCk é o custo de cercamento no município k por hectare em recuperação

 PIij é o preço estadual do insumo i, no estado j

 QI são as quantidades do insumos empregados no cercamento, por quilômetro linear

 PMj é o preço da mão de obra no estado j

 QM é a quantidade de mão de obra empregada para o cercamento por quilômetro linear

 QCm é um fator que mostra a quantidade de quilômetros lineares de cerca a empregar por cada hectare de área em recuperação

Os custos de recuperação são apresentados na equação 09:

Equação 09

CRk = CL + CE +CM2 + CM3 (9)

Onde:

 CL é custo de limpeza do terreno

 CE são os custos de estabelecimento das mudas  CM2 é custo de manutenção no ano 2

 CM3 é custo de manutenção no ano 3.

A equação 09 pode ser reordenada segundo as quantidades e preços empregados em cada fase da seguinte forma:

Equação 10.

CRk = (QILib*PIij + QMLb*PMj) + (QIEib* PIj * QAb + QMEb PMj *QAb )+ (QIim2b PIij QAb+ QMm2b PMj*QAb)+ (QMm3b PMj*QAb) (10)

Onde:

 CRk são os custos de recuperação por hectare no município k

 QILib é a quantidade de insumo i a empregar por hectare, para o bioma b, durante limpeza da área a recuperar

137  QMLb é a quantidade de mão de obra por hectare para o bioma b, na limpeza da

área a recuperar

 QIEib é a quantidade de insumo i por muda, para o bioma b, a empregar durante o estabelecimento

 QAb é a quantidade de mudas por hectare para o bioma b

 QMEb é a quantidade de mão de obra por muda para o bioma b, para o estabelecimento.

 PMj é o preço de mão de obra no estado j

 QIim2b é a quantidade do insumo i por muda, na manutenção do segundo ano, para o bioma b.

 QMm2b é a quantidade de mão de obra por muda, na manutenção do segundo ano, para o bioma b

 QMm3b é a quantidade de mão de obra por muda, na manutenção do terceiro ano, para o bioma b

Dentro da planilha de cálculo foram incorporados dois custos adicionais, tanto para os custos de cercamento como para os custos de recuperação. Primeiro, o custo de transporte de insumos até o local de trabalho foi calculado como uma porcentagem dos custos dos insumos e foi somado aos custos totais (o valor de referência de este custo e 15%). Segundo, foi incorporado um custo de administração do projeto, que foi somado aos custos totais anteriores, que já incluem os custos de transporte (o valor de referência de este custo e 10%).

A revisão de informação secundária e estudos técnicos identificou onze estudos para determinar os insumos empregados com maior frequência para a recuperação da vegetação nativa e as quantidades desses insumos por hectare. Principalmente foram procuradas informações sobre mão-de-obra agrícola, fertilizantes, agroquímicos e quantidade de mudas.

Para os custos de cercamento foram identificados cinco estudos com quantidades e preços de uso dos seguintes insumos: mourões, esticadores, arame, lascas e mão de obra. Os estudos com informação relevante foram: De Andrade (2012), Plaster et al. (2008), Cury & Carvalho Jr. (2011), Silva, Cavalcante & De Araújo (2011).

A Tabela 15 identifica os trabalhos sobre recuperação com espécies nativas em diferentes biomas brasileiros.

138 Tabela 15: Referência de custos de recuperação a cobertura vegetal por bioma

Insumos Fonte Bioma M ão de obr a M aquinár io M uda s S emente s Ar ame L as ca s /es tac as M our õe s/ es ti ca dor es Agr oquím ico s Adubo quím ico /or gâ nico C ondiciona do r de s olo

Cury e Carvalho (2011) Amazônia x x x x x x x x x

Plaster et al. (2008) Amazônia x x x x x x

TNC (2013) Amazônia x x x x x x Junior et al (2008) Amazônia x x Deprá et al (2009) Mata Atlântica x x x x Rodigheri, H. R. (2000) Mata Atlântica x x x x x De Andrade, T. (2012) Mata Atlântica x x x x x x x Silva, Cavalcante e De Araújo (2011) Cerrado x x x x x x MMA (n.d.) Cerrado x x x x x x x x x

Corrêa e Ferreira (2007) Cerrado x

Silveira e Coelho (2008). Cerrado x x x x x x

Fonte: Elaboração própria.

Além das informações sobre os insumos mais empregados para a recuperação da vegetação nativa e as quantidades desses insumos por hectare, foram consultados doze estudos sobre as espécies florestais que são recomendadas para a recuperação nos diferentes biomas brasileiros. Os estudos encontrados com as sugestões das diferentes espécies florestais, discriminados por biomas são apresentados na tabela 16.

Tabela 16: Fontes consultadas para custos de insumos agrícolas e mão de obra.

Bioma Fonte Espécies

Mata Atlântica Nave, Rodrigues, e Brancalion

(2012) Madeira inicial, média, final, complementar Mata Atlântica Rodrigues, Brancalion e

Isernhagen (2009) Madeira inicial, média, final, complementar

Mata Atlântica De Andrade (2012) Conforme terreno: árido, semiárido, úmido, subsumido

Mata Atlântica Castro, Mello, e Poester (2012) Pioneiras, secundárias, climáticas Mata Atlântica Noffs, Galli, e Gonçalves

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Mata Atlântica Moraes et al. (2013) Pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias, clímaxes; Floresta de Baixada, Floresta Serrana, Floresta Estacional

Amazônia TNC (2013) Recobrimento, diversidade, intolerante à

sombra, intolerante à sombra, potencial comercial

Cerrado Corrêa e Ferreira (2007) Pioneira, secundária, clímax, heliófita. Mata Mesofítica, Mata de Galeria, Cerrado, Cerradão, campos, Brejo.

% de sobrevivência Caatinga, Mata

Atlântica, Amazônia

Cerqueira e Carvalho (2007) Pioneiras, não pioneiras, raramente inundados, inundados periodicamente.

Pampa Tatsch (2011) Pioneiras, secundárias

Fonte: Elaboração própria.

Após estimar a quantidade por hectare de mudas recomendadas para a recuperação dos diferentes biomas brasileiros por espécie florestal, foram identificados os preços atuais para insumos agrícolas, como fertilizantes, herbicidas, inseticidas e praguicidas. Também foram consultados alguns fornecedores de mudas para recuperação de áreas florestais com o objetivo de conhecer não apenas os valores das mudas, mas igualmente os custos de mão de obra para as atividades de recuperação. As informações sobre os insumos têm diferentes níveis de agregação: alguns têm abrangência nacional, outros têm abrangência estadual, e muito poucos com abrangência municipal, como se pode observar na Tabela 17.

Tabela 17: Fontes consultadas para custos de insumos agrícolas e mão de obra.

Dado Fonte Abrangência Unidade de

Medida Preço fertilizantes IEA-SP (2015) Municipal (para todo estado de São Paulo) R$/kg

Preço fertilizantes Epagri-SC (2015) Estadual (Santa Catarina) R$/kg

Preço fertilizantes SAA-PR (2015) Estadual (Paraná) R$/kg

Preço fertilizantes CONAB (2015) Estadual (BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG,

MS, MT, PI, RO, RS, TO) R$/kg

Preço fertilizantes BN (2015) Nacional R$/kg

Preço herbicidas IEA-SP (2015) Municipal (para todo estado de São Paulo) R$/kg ou R$*/l

Preço herbicidas Epagri-SC (2015) Estadual (Santa Catarina) R$/kg ou R$*/l

Preço herbicidas SAA-PR (2015) Estadual (Paraná) R$/kg ou R$*/l

Preço herbicidas CONAB (2015) Estadual (BA, DF, ES, GO, MA, MG, MS,

MT, RO, RS, TO) R$/kg ou R$*/l

Preço herbicidas BN (2015) Nacional R$/kg ou R$*/l

Preço inseticidas IEA-SP (2015) Municipal (para todo estado de São Paulo) R$/kg ou R$*/l

Preço inseticidas Epagri-SC (2015) Estadual (Santa Catarina) R$/kg ou R$*/l

140

Preço inseticidas CONAB (2015) Estadual (BA, DF, ES, GO, MA, MG, MS,

MT, RO, RS, TO) R$/kg ou R$*/l

Preço inseticidas BN (2015) Nacional R$/kg ou R$*/l

Preço fungicidas IEA-SP (2015) Municipal (para todo estado de São Paulo) R$/kg ou R$*/l

Preço fungicidas Epagri-SC (2015) Estadual (Santa Catarina) R$/kg ou R$*/l

Preço fungicidas SAA-PR (2015) Estadual (Paraná) R$/kg ou R$*/l

Preço fungicidas CONAB (2015) Estadual (BA, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, RO, RS, TO)

R$/kg ou R$*/l

Preço fungicidas BN (2015) Nacional R$/kg ou R$*/l

Preço mão de obra

agrícola IEA-SP (2015) Municipal (para todo estado de São Paulo) R$/mês Preço mão de obra

agrícola Epagri-SC (2015) Estadual (Santa Catarina) R$/mês

Preço mão de obra

agrícola SAA-PR (2015) Estadual (Paraná) R$/mês

Preço mudas IEA-SP (2015) Municipal (para todo estado de São Paulo) R$/muda

Preço mudas Epagri-SC (2015) Estadual (Santa Catarina) R$/muda

Preço mudas SAA-PR (2015) Estadual (Paraná) R$/muda

Preço mudas IBF (2015) Nacional R$/muda

Preço mudas Fruticultura Viçosa (2015)

Nacional R$/muda

Fonte: Elaboração própria.

Apenas em dois casos (São Paulo e Santa Catarina) foi possível obter informações para custos de insumos agrícolas e mão de obra ao nível municipal. Nos outros casos, existem informações estaduais, contudo, tem-se em consideração que os dados obtidos refletiram as varações entre os diferentes estados.

Os preços das mudas tiveram variações importantes a partir da fonte de informações coletadas e algumas fontes possuíam tanto o preço para o atacado quanto para o varejo16.

Na base SISGEMA, que acompanha este relatório, é possível encontrar as diferentes tabelas de custos de recuperação das florestas dos estudos mencionados na Tabela 17, e uma lista das espécies sugeridas para o reflorestamento.

Depois de levantadas as informações para as quantidades por hectare dos insumos e seus respectivos preços, foi possível construir as matrizes de custos de recuperação por bioma, estado e município, segundo os melhores dados disponíveis. Por ausência de informações municipais, as bases de preços foram consolidadas a nível estadual, enquanto os custos foram gerados a nível municipal.

16 O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) tem um registro de empresas produtoras de mudas. O MAPA disponibiliza uma lista de todas as empresas registradas no Brasil, mas, só fornece o nome da empresa e um telefone de contato, por tanto não foi possível contatar as empresas adicionais. A lista de empresas registradas pelo MAPA está disponível No CD que acompanha este relatório.

141 Outro elemento que foi considerado dentro da estrutura de custos de recuperação ambiental é a declividade do terreno. Segundo as estimativas de Depra et al. (2009) para Santa Catarina, a declividade é um fator chave pois a quantidade de mudas a empregar nas áreas que tinham previamente vegetação herbácea é proporcional à declividade. Acolhendo essa proposta, foi feita uma estimativa de densidade alta (declividade maior que 25%) e baixa (declividade inferior a 25%) para os diferentes biomas do Brasil.

Tabela 18: Número de mudas por hectare para diferentes tipos de declividade, por biomas no Brasil.

Biomas Sistema Amazônia Pampa, Mata Atlântica Pantanal, Caatinga, Cerrado Baixa densidade (declividade <25%) 1.406 1.666 1.334 Alta densidades (declividade > 25%) 2.500. 2.500 2.224

Fonte: Elaboração própria.

A Tabela 18 mostra que as densidades de mudas por hectare podem variar de 1.300 até 1.600 em baixa densidade, e de 2.200 até 2.500 em alta densidade. As análises foram feitas com a densidade pela declividade média dos municípios brasileiros. Trata-se de uma aproximação necessária para a escala nacional do exercício proposto; para áreas menores, é preciso realizar ajustes nas densidades de plantio segundo as necessidades e características da área a recuperar.

1.3.2. Resultados

Após a análise das informações secundárias sobre os custos de cercamento, foi possível estabelecer os seguintes custos de referência por hectare:

Tabela 19: Custo de cercamento por quilômetro, R$ de 2013.

Insumos Quantidade / Km Unidade Observações unidade (R$) Custo por Custo total (R$)

Mourões/esticador 6 Unidade Cada 166 metros 52,12 312,70

Estacas/lascas 250 Unidade Cada 4 metros 13,36 3.340,78

Arame 4000 M 4 fios 0,54 2.144,17

Grampos 2 Kg 7,53 15,06

142

Mão de obra 14,75 Diárias Media Br. 42,45 626,14

Custo total médio 6.438,85

Fonte: Cálculo dos autores com base em informação secundária e dados IBGE para mão de obra.

Os maiores custos do cercamento têm relação com o preço das estacas. Para este exercício foi empregado o menor preço das mesmas, sendo este relacionado com materiais provenientes de espécies florestais não nativas, como o eucalipto. O preço das espécies florestais nativas foi muito maior devido a sua escassez e altos preços pagos para outras atividades comerciais.

O preço da mão de obra no Brasil foi calculado com base no valor do rendimento médio mensal de homens de 15 anos ou mais anos de idade, na área rural, a nível estadual, segundo os dados do IBGE. Esses dados mostram que existem diferenças importantes entre os preços médios pagos para o cercamento ao longo das diferentes regiões do Brasil, como consequência dos diferentes preços pagos aos principais insumos empregados.

Tabela 20: Rendimento médio mensal, homens maiores de 15 anos, na zona rural, para Brasil e grandes regiões, 2013.

Região (R$) Brasil 849 Norte 717 Nordeste 535 Sudeste 1.195 Sul 1.348 Centro-Oeste 1.269 Fonte: IBGE (2015)

A tabela 20 mostra que os maiores pagamentos para a mão de obra no setor rural, encontram-se na região Sul, e os mais baixos na região Nordeste. Em 2013, os valores pagos na região Sul foram 2,5 vezes maiores que aqueles pagos na região Nordeste, e 1,8 vezes maiores que na região Norte. Portanto, os custos de cercamento das áreas de interesse para recuperação florestal tiveram diferenças segundo os preços dos insumos empregados e o preço da mão de obra.

As seguintes suposições foram necessárias para estimar os custos de cercamento. Primeiro, a área de cercamento foi calculada como uma parte da área total de interesse

143 para conservação. Para estimá-la, supôs-se que um hectare para conservação tem uma largura de 30 m e comprimento de 333 m, ou seja, são necessários 333 metros de cerca por hectare. Os valores de remuneração da mão de obra estaduais são válidos a nível municipal, e as quantidades de insumos empregadas são iguais em todo o território Brasileiro.

Assim, é possível estimar custos de cercamento entre R$ 2.043 e R$ 2.342 por hectare. O valor médio foi de R$ 2.185, e a variabilidade dos dados foi baixa, pois no intervalor de preços R$ 2.086 e R$ 2.284, é possível encontrar 90% de todos os valores municipais estimados para o Brasil17.

Adicionalmente, se considerados custos de transporte de insumos e os custos de administração, os valores oscilam entre R$ 2.650 R$ 2.981, com média de R$ 2.808. Analisando os valores médios, a incorporação de custos de transporte e administração incrementaram os custos de cercamento em 28,5%.

O Mapa 7 ilustra os diferentes valores municipais de custos de cercamento sem incluir custos de transporte e administração. Os maiores custos estão nas regiões Sul, Centro Oeste e parte do Sudeste, enquanto os menores valores ocorrem no Nordeste e Norte.

144 Mapa 7: Custos de cercamento por hectare (exclusive custos de transporte de

insumos e de administração), R$ /ha, preços de 2013

Fonte: Elaboração própria.

A variação do preço das mudas foi também considerado para quantificação dos custos das atividades de recuperação florestal. Uma primeira fonte de dados analisados foi o Instituto Brasileiro de Florestas (IBF, 2015). Aqueles dados foram classificados segundo o grupo ecológico entre espécies: clímax, pioneiras, secundárias iniciais e secundárias tardias. Também foi gerada uma classificação para espécies exóticas e nativas. A Tabela 21 apresenta os resultados das análises de preço para os diferentes tipos de mudas.

Tabela 21: Preços de mudas, atacado, varejo e por classe sucessional.

Nativa,

Exótica Ecológico Grupo

Média do preço varejo, R$ de 2013 Média do preço atacado, R$ de 2013 % de mix de mudas Preço ponderado, R$ de 2013 Exótica ND 75,88 3,55 15% 0,53 Nativa Clímax 9,96 3,39 25% 0,85