• Nenhum resultado encontrado

Preditores criminais de agressões sexuais cometidas por adolescentes

Preditores criminais de agressões sexuais cometidas por adolescentes Andreia Leite & Ricardo Barroso

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Departamento de Educação e Psicologia, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Dissertação apresentada à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para o cumprimento de requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em

Psicologia, realizada sob a orientação científica do Doutor Ricardo Barroso. Correspondência acerca deste artigo deve ser endereçada para Andreia Leite, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Departamento de Educação e Psicologia, Quinta de Prados, Edifício Complexo Pedagógico – Apartado 1013, 5001-

Resumo

Atualmente existe uma maior preocupação com os comportamentos sexuais abusivos cometidos por jovens menores de idade, dado que vários estudos têm vindo a evidenciar que alguns agressores sexuais adultos iniciaram comportamentos agressivos durante a adolescência. Avaliar os possíveis preditores criminais de jovens agressores sexuais pode auxiliar a compreender o modo como os crimes são cometidos e permitir o aperfeiçoamento de intervenções para prevenir e minimizar a violência sexual. O objetivo do presente estudo foi o de explorar quais as variáveis criminais que predizem as agressões sexuais cometidas por jovens. Para o efeito recorreu-se auma amostra constituída por 142 jovens agressores sexuais. A recolha de dados foi efetuada em instituições sob a alçada da Direcção-Geral de Reinserção e serviços prisionais, mais especificamente em estabelecimentos prisionais, centros educativos e equipas tutelares educativas.Os resultados obtidos permitiram verificar que as agressões sexuais não possuem uma causa ou processos evidentemente definidos, sendo necessário aprofundar melhor diversos motivos, dinâmicas e processos subjacentes a este tipo de

comportamento bem como á sua evolução. Permitiram ainda refletir sobre a necessidade da prática clínica interventiva para com esta população. No entanto, através da análise de um conjunto de fatores, foi possível verificar que o consumo regular de substâncias foi explicativo de diversas variáveis, assim como o consumo de pornografia se revelou uma variável explicativa no modo de cometer o crime. Quanto às variáveis contextuais, estas foram explicativas de uma panóplia de fatores associados ao ato criminal.

Abstract

Currently, there is a greater concern with sexually abusive behavior committed by underaged youth, as several studies have been showing that some adult sex offenders already had an aggressive behavior during adolescence. Evaluating the possible criminal predictors of young sex offenders may help to understand how the crimes are committed and could improve the interventions to prevent and minimize sexual violence.The purpose of this study was to explore which variables would predict criminal sexual assault committed by young people. For this purpose we used a sample consisting of 142 young sex offenders. Data collection was carried out in institutions under the overview of the Directorate General of Rehabilitation and Prison Services, specifically in prisons, educational centers and educational guardianship teams.The results allow us to check that sexual assaults do not have a cause or processes clearly defined, requiring deepen various reasons, and dynamic processes underlying this type of behavior and its evolution. They also enable to reflect on the need for interventional clinical practice towards this persons.However through the analysis of a set of factors it was possible to verify that the regular consumption of illicit substances was explanatory of several variables as the consumption of pornography was an explanatory reason for committing a crime. As the contextual variable, those were explanatory of a panoply of factors associated with the criminal act.

Enquadramento teórico

A adolescência é um período de desenvolvimento marcado por uma enorme variedade de aprendizagens, comportamentos, processos de autodefinição e de

estruturação da ação no mundo e nas relações interpessoais, sendo um período também caracterizado por curiosidades e explorações sexuais, bem como pela busca das

primeiras relações íntimas, o que por sua vez, leva a que comportamentos sexuais desadequados para esta faixa etária sejam complicados de qualificar (Barroso, 2012). Para Araújo (2008), o reduzido número de casos denunciados de violência sexual praticada por jovens, prende-se com o facto de se confundir este tipo de violência com as razões apontadas acima por Barroso (2012), acabando isto por se tornar resolvido em ambiente familiar e não se acusando o agressor, preferindo protegê-lo, considerando na maior parte das vezes que é prejudicial expor o jovem a sanções penais. Segundo a mesma autora, o envolvimento de crianças e adolescentes em relações sexuais,

concentra uma série de consequências negativas indesejáveis, visto que estes jovens não têm consciência da noção de capacidade e de maturidade, acabando isto por se traduzir na falta de discernimento e condições para a tomada de decisões e escolhas adequadas e autónomas.

A partir de meados dos anos 80, diversos profissionais como clínicos e

investigadores começaram a entender que os comportamentos sexualmente agressivos destes jovens pareciam ser mais do que uma mera curiosidade sexual (Barbaree & Marshall, 2006). No entanto, o estudo científico de JAS tem provocado pouca atenção, no âmbito português, o que por sua vez agrava a situação no que concerne á

investigação e intervenção voltada para os jovens que cometem este tipo de violência (Barroso, 2012). O tema deste artigo, parece ainda ser um pouco obscuro para uma parte da sociedade, pois segundo Silva e Lins (2013), estes casos acabam por ser

desvalorizados e vistos como algo que não provoca sequelas às vítimas. No entanto, para os mesmos autores, isto é um ciclo vicioso de difícil registo e notificação, com inúmeros efeitos irreversíveis e que provocam uma revitimização constante. Vitriol et al. (2006), mencionam que a revitimização é um efeito forte a longo prazo, isto é, a criança tende a repetir o comportamento que experienciou no passado com outras crianças, apresentando atitudes e curiosidades sexuais que não correspondem á faixa etária, bem como brincadeiras erotizadas dirigidas ao sexo. Desta forma, para estes autores, a criança que sofreu de violência sexual reproduz aquilo que viveu.

Para Garcia, Gomes e Almeida (2005), a violência sexual pode ser definida como uma violência de género, que se exprime no abuso de poder, sendo a vítima forçada ou aliciada a praticar relações sexuais, sem o seu consentimento. Para além da brutalidade direta e física, trata-se ainda de pressão e chantagem afetiva. Barroso (2012), considera que os comportamentos sexuais desviantes ocorrem sem consentimento da vítima, sem igualdade e como resultado de uma coerção. Estes comportamentos têm sido notórios em jovens com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos, mas alguns autores consideram que até se observam estes comportamentos em jovens com idades inferiores, o que acaba por criar algumas polémicas em relação á avaliação, intervenção e condenação judicial desses jovens. Miner et al., (2006) definem um jovem agressor sexual como um indivíduo com uma idade compreendida entre os 12 e os 18 anos e que tenha efectuado um acto considerado legalmente como um crime sexual.Segundo Huss (2011), o conceito de agressor sexual está sempre auxiliado de uma conotação negativa e é utilizado para descrever um indivíduo que realizou uma agressão sexual, recorrendo á força física ou á ameaça para garantir a relação sexual. Para o mesmo autor, os agressores sexuais são um grupo heterogéneo, pois existe uma diversidade considerável no tipo e no modo em como eles cometem os crimes. Para Messerschmidt (2000), a violência e o abuso sexual estão associados a situações de “desafios á masculinidade”, ou seja, quando um adolescente não encontra outra

alternativa para traçar uma “identidade masculina”, recorre a abusos com o propósito de se intitular como homem na sociedade em que está inserido. Deste modo, a violência sexual aparece como uma maneira que estes jovens encontram para se assumirem, pois os sentimentos de inadequação em relação às normas da masculinidade são atenuados em situações de controlo e dominação, o que envolve o uso do poder sexual. A

violência sexual acaba por, segundo Araújo (2008), ser vista como uma violência cruel que deveria ser severamente punida mas ao mesmo tempo é extremamente banalizada, especialmente quando é cometida por jovens. Ora, as consequências que resultam deste tipo de violência são mais evidenciadas na forma física, não dando a devida importância aos efeitos psicológicos que se geraram. Para Serafim, Saffi, Rigonatti, Casoy e Barros (2009), as experiências que uma criança ou adolescente vivencia correlacionam-se com crises psicológicas e comportamentais na vida adulta, sendo reconhecidas associações entre o abuso sexual de crianças e os distúrbios psiquiátricos, como o stress pós traumático, as perturbações de humor e as perturbações psicóticas. Silva, Cazella e Costa (2010) consideram que várias perturbações têm sido associadas a eventos

traumáticos que ocorreram durante a infância, com graus de gravidade que alternam com o tipo de abuso sofrido, a duração do mesmo e o nível de relacionamento que a vítima possui com o agressor. O tipo de violência a que a vítima foi sujeita e a

capacidade da mesma para reagir a fatores potenciadores de stress é que ditam a futura adaptação social da vítima. Para Mattos (2002), as crianças com uma idade

compreendida entre os três e os cinco anos são as mais vulneráveis às tentativas de sedução e ameaças, pois quanto maior é o nível de aproximação do agressor e da vítima, maior se torna a confusão entre o conceito de proteção e abuso.

Assim, ao nível desenvolvimental, as vivências de uma criança durante o período da infância influenciam os progressos e os comportamentos dos adolescentes, sendo que um meio problemático poderá originar riscos significativos a vários níveis, como psicológico e biológico (Feldman, 2007; Manita, 2008; Séto & Lálumiere, 2010). No entanto, Araújo (2008) considera que não se devem generalizar os possíveis fatores de risco para uma conduta sexual abusiva, dado que muitos jovens vivenciam as

mesmas situações/experiências e não incorrem nenhuma forma de violência, bem como nem todos os autores de abuso tiveram experiências similares. Para Mora (2002), os comportamentos sexuais abusivos ocorrem devido a uma forma anormal de

desenvolvimento, distorções da sexualidade e reações desadaptadas. Whittle, Balley e Kurtz (2006) afirmam que abusos sexuais ocorrem devido aos efeitos de abusos sexuais que estes jovens sofreram no passado, explicam que estes jovens tendem a imitar os modelos de comportamentos agressivos a que assistiram anteriormente na interação com outros. Para além disto, segundo estes autores, há uma série de características que são comuns a estes adolescentes, sendo elas as dificuldades de aprendizagem, a

impulsividade, perturbação de conduta, abuso de drogas, baixa autoestima e competências sociais, delinquência, problemas de saúde mental, imaturidade e dificuldades para criar e conservar relações interpessoais saudáveis. Filho (2007), também refere algumas características que ocorrem normalmente em crianças que foram vítimas de abusos sexuais, como os níveis de impulsividade, os comportamentos

suicidas e autodestrutivos, a auto desvalorização e os sentimentos contraditórios, sendo que estas consequências se podem tornar em perturbações de ansiedade, fobias,

depressão e comportamentos sexuais desviantes na vida adulta.

As especificidades dos crimes praticados por JAS deve ter sida em consideração, pois é importante perceber quais as particularidades associadas á vítima, ao tipo de atos

sexuais praticados, a relação entre a vítima e o agressor, as características do local onde ocorreu o crime sexual e o modus operandi (Barroso, 2012). Para Leclerc, Proulx e Mckibben (2005), o modus operandi é o continuum de um crime, que inclui as

estratégias utilizadas pelo agressor para ganhar a confiança da vítima, levar a vítima a participar na atividade sexual e por fim, impedir a mesma de falar com alguém sobre o contacto sexual, ou seja, é o procedimento do agressor quando efetua um crime. Para estes autores,os JAS selecionam principalmente vítimas interfamiliares, oferecendo presentes para conquistar mais facilmente a confiança das mesmas. Para além disso, estes jovens agressores também dão amor e atenção às vítimas, ameaçando-as que lhes retiram benefícios caso o silêncio seja quebrado. De referir ainda que os agressores sexuais extrafamiliares recorrem com mais frequência ao uso de álcool e drogas em comparação com os agressores interfamiliares. Quanto á idade dos agressores sexuais, Kaufman et al. (1998) verificaram diferenças importantes entre agressores sexuais jovens e adultos, sendo que os adolescentes recorrem com mais frequência a violência e a estratégias para materializar a agressão do que os agressores adultos, pois o último grupo beneficia de um estatuto especial que não requerem o recurso a estratégias que normalmente são usadas por adolescentes. Leclerc, Proulx e Beauregard (2009) referem ainda que a presença de fantasias sexuais desviantes é um fator relevante no modus operandi. Contudo, as fantasias sexuais não são preditores do modus operandi de JAS pois a adolescência é caracterizada por um aumento concomitante de interações e experimentações sexuais e o incremento da atividade e interesse sexual são processos normais neste estágio de desenvolvimento humano.

Segundo os mesmos autores, ao longo de todos os estágios de modus operandi, os agressores adotam determinadas estratégias que consistem em demonstrar afeto, atenção e apreciação por alguém. Para obter a confiança da vítima, o agressor é capaz de despender bastante tempo, prestando-lhes uma enorme atenção, brincando com as mesmas ou levando-as a diversos locais. Para Douglas e Munn (1992), o modus operandi pode permanecer inalterável, o que acontece muito excecionalmente, ou pode sofrer transformações ao longo do tempo, como consequência de uma progressão e habilidade quanto ao ato criminoso. O agressor vai aprendendo com os seus próprios erros, o que acaba por criar mutações e avanços nos seus modos de agir, evoluindo assim no sentido de eficácia do crime.

Metodologia

A investigação é de carácter transversal e quantitativo. Na presente investigação recorreu-se a uma amostra de 142jovens agressores sexuais, institucionalizados em CE (centros educativos), EP (estabelecimentos prisionais) e em equipas tutelares

educativas. Os participantes desta amostra responderam individualmente, a uma Grelha de Recolha de Dados que possibilitou estudar as variáveis em estudo, com o objetivo de colaborar teórica e metodologicamente para a compreensão das características e

especificidades destes jovens, no que se refere ao modo como a agressão sexual foi cometida. Apesar da amostra deste estudo empírico ser composta por 142 participantes, nem sempre foi possível obter esse número nas observações estatísticas pois em alguns sujeitos, certas informações não constavam no processo.

Procedimento e instrumento

Uma vez que as investigações existentes afirmam que a grande maioria dos crimes sexuais são cometidos por elementos do sexo masculino, este foi um dos critérios de seleção. Em algumas situações, foi comunicado que embora determinado adolescente possuísse os critérios de inclusão para este estudo, não seria possível adquirir informações individuais por motivos de segurança ou, casualmente por este se encontrar em isolamento temporário.

Recorreu-se a um instrumento com qualidade psicométrica satisfatória e

adaptado á população portuguesa, sendo a Grelha de Recolha de Dados, para se obter informações demográficas e criminais dos jovens agressores. Este instrumento é preenchido pelo investigador através da leitura dos dados constantes no processo individual dos sujeitos (Barroso, 2012). Através da utilização deste instrumento, foi possível obter informações sobre diversas variáveis como o número de vítimas do crime sexual, a relação entre o agressor e a vítima, a idade do agressor, a reincidência do crime, a qualidade do grupo de pares, a pertença a gangs, a avaliação do contexto comunitário, história de comportamentos delinquentes, de institucionalização, relacionamentos afetivos, escolaridade, sexualidade, variáveis jurídicas e história médica.

Resultados

Tabela 1. Comparação entre JAS e JANS em diferentes variáveis. p

Acompanhamento terapêutico ns Consumo regular de drogas < .001 Consumo regular de Álcool .004

Consumo de pornografia Ns

Consumo de pornografia na Internet .064 Idade inicial do consumo de Pornografia Ns Exposição a comportamentos sexuais (no

contexto familiar, grupo de pares) < .001 Outros Problemas Adolescente Ns Qualidades Positivas Adolescente ns Problemas de Comportamento Obsessivo

Compulsivo ns

Como se pode constatar na Tabela 1, os JAS apresentaram valores

significativamente superiores de “Exposição a comportamentos sexuais (no contexto familiar, grupo de pares” (M = 1.27, DP = 0.99) comparativamente aos JANS (M = 0.10, DP = 0.44). O mesmo ocorre relativamente ao fator “Consumo de pornografia na Internet” (1.57 vs. 1.11). No que concerne ao consumo de pornografia, alguns autores têm observado uma forte relação entre este e a violência sexual (White, Kadlec, & Schrist, 2006), sendo esta uma dimensão que outros autores assumem como

diferenciando JAS e JANS, com os primeiros a exibirem uma maior tendência para o consumo de produtos desta natureza (Seto & Lalumiere, 2010). Nesta amostra, contudo, não se verificaram diferenças significativas entre os grupos, sendo o consumo uma prática comum em ambos, exceção apenas para o consumo de pornografia através da internet, que foi significativamente superior nesta amostra de JAS.

Tabela 2. Potenciais preditores.

%JAS %JANS Wald’s

Test

Hosmer- Lemshow Historial de Violência

Violência Familiar 73.2% 56.1% 3.98 0.73

Variáveis Relativas ao Crime

Quantidade de Vítimas 93.2% 69.4% 25.08 0.17

Idade das Vítimas 93.2% 69.4% 21.16 0.17

Idade do Agressor 93.2% 69.4% 13.00 0.17 Escolaridade Nível de Escolaridade 45.8% 86.6% 6.21 0.26 Absentismo Escolar 45.8% 86.6% 5.81 0.26 Avaliação Cognitiva 52.7% 61.4% 4.94 0.97 Sexualidade

Idade da 1ª Experiência Sexual 36.0% 82.5% 4.82 0.51

As variáveis de consumo etílico e agressão à vítima apresentaram maiores índices preditivos, quando comparadas com outras variáveis. Os JANS indicaram maiores índices de consumo de drogas, enquanto que os JAS apresentaram maiores valores relativos ao historial de violência familiar, quantidade de vítimas e médias de idade do agressor e da vítima na prática dos crimes.

Uma das questões que se coloca frequentemente é a de saber se os perfis dos agressores sexuais menores são diferentes de outros agressores adolescentes. Alguns autores (Farrington, 2007;Barroso, Manita & Nobre, 2011) sugerem que as

características apresentadas por estes jovens agressores não são diferenciáveis, sendo explicadas como uma manifestação de tendências antissociais mais gerais, o que acaba por se verificar num conjunto de características já apontadas no artigo 1, bem como nos potenciais preditores, sendo que na maioria dos fatores testados não se verificaram diferenças entre JAS e JANS.

Porém, resultados de outras investigações e meta-análises (Carpentier & Proulx, 2011; Seto & Lalumiére, 2010) apontaram para a existência de diferenças significativas entre jovens agressores sexuais e jovens agressores não sexuais, num conjunto de características e de fatores. No que diz respeito às explicações etiológicas, as

perspetivas teóricas multifatoriais das agressões sexuais têm vindo a ser crescentemente utilizadas nesta população, sendo uma das razões o facto de estas perspetivas serem desenvolvimentistas, destacando, por exemplo, os efeitos da vinculação ou de

experiências precoces adversas (Seto & Lalumiére, 2010). Marshall e Barbaree (1990) sugerem que experiências problemáticas no início da vida, nomeadamente o abuso infantil, poderiam desencadear um conjunto de problemas ao nível do controlo inibitório (competências de autorregulação) de comportamentos tendencialmente agressivos ou de motivação sexual(Barroso, Manita & Nobre, 2011). Nesta amostra, apenas o Historial de Violência Familiar se revelou um fator diferenciador de JAS e JANS, sendo mais prevalente em JAS.

Fatores preditores das variáveis criminais nos JAS – Análise de Regressões Lineares

Tabela 3. Variáveis explicativas do número de vítimas dos JAS.

Variáveis Explicativas β R2 F (gl) p

Violência Cometida no Jovem 0.21 8.54 (2,56) .001 Violência Física Cometida no Jovem 0.25

Abuso Sexual Cometido no Jovem 0.28

Variáveis Contextuais 0.59 3.01 (3,101) .030 Avaliação do Contexto Comunitário

Qualidade do Grupo de Pares

Pertença a Gangs 0.25*

Idade Inicial do Consumo de Pornografia 0.71* 0.46 12.46 (1,13) .005

Competências Pessoais 0.20 8.53 (4,115) <.001 Competências de Resolução de Problemas -0.53**

Autocontrolo e Autorregulação 0.37* Competências Interpessoais Básicas

Competências (estilo interpessoal) 0.33**

Tolerância à Frustração -0.28

Consumo de Substâncias 0.07 5.20 (2,107) .007 Consumo Regular de Drogas -0.47*

Como se pode observar na Tabela 3, o número de vítimas dos JAS poderá ser predito por variáveis como a Violência cometida no Jovem (21%), as Variáveis Contextuais (59%), Competências Pessoais (20%) e Consumo de Substâncias (7%).

Tabela 4. Variáveis explicativas da idade da vítima dos JAS.

Os resultados obtidos através de regressão linear indicam que o Consumo regular de Substâncias, (7%) ou previamente à ocorrência do crime (6%), foram as variáveis com maior poder explicativo da Idade das Vítimas dos JAS.

Tabela 5. Variáveis explicativas da idade com que os JAS cometeram a agressão sexual.

Variáveis Explicativas β Δ R2 F (gl) p

Consumo de Substâncias Anteriormente

ao Crime 0.06 4.75 (2,116) .010 Consumo de Drogas nas horas

precedentes ao crime

Consumo de Álcool nas horas precedentes ao crime

Consumo Regular de Substâncias 0.07 4.57 (2,107) .013 Consumo Regular de Drogas -0.28

Consumo Regular de Álcool

Documentos relacionados