• Nenhum resultado encontrado

4.4 DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO CUSTO-EFETIVIDADE DAS

4.4.1 Premissas de cálculo

Para o cálculo da relação custo-efetividade foram seguidas as rotas 1 e 2 apresentadas na Figura 17. Na rota 1 foram utilizados os dados do programa LDAR vigente nas refinarias e na rota 2 os cálculos foram realizados a partir dos dados coletados durante a aplicação das metodologias nas refinarias.

A relação custo-efetividade foi calculada a partir da Equação (2) apresentada no item 2.6.1, que considera o custo líquido de implantação de uma alternativa de controle e a efetividade obtida. Algumas premissas foram adotadas na avaliação. Para o presente estudo foram utilizados custos médios de forma a preservar dados restritos das refinarias.

No caso das refinarias avaliadas, como o programa LDAR é conduzido por uma empresa contratada, a maior parte dos custos estão incluídos no valor do contrato, exceto os custos com manutenção, que é realizada por equipe da própria refinaria. O valor total do serviço inclui então os custos de mão-de-obra, material, equipamentos e administrativos. Exemplos destes custos são: medições no campo, gerenciamento dos dados no sistema informatizado, levantamento e cadastramento dos componentes da planta, aquisição, manutenção e depreciação de equipamentos, transporte de funcionários, custos trabalhistas, dias não trabalhados, treinamentos, confecção de relatórios, material de escritório, entre outros. Há ainda os custos fixos, como a manutenção dos componentes com vazamento e os custos variáveis, como a perda de produtos.

Os custos de manutenção variam com a tipologia do componente, o tipo de reparo, a necessidade de troca de componentes e a necessidade de parada da unidade de processo. Os registros de manutenção do programa LDAR das refinarias avaliadas e a pesquisa bibliográfica mostram que a maioria dos reparos realizados é simples. O custo de manutenção é dado em valor do HH (homem-hora) do técnico de manutenção e é exigida uma equipe de no mínimo dois técnicos para fazer as intervenções na área industrial. Caso ainda seja necessária a montagem de andaime ou alguma estrutura para realizar o reparo, a equipe mínima e o custo de HH para a montagem da estrutura dependem da sua complexidade e do local do equipamento. Não foi considerada a necessidade de montagem de estrutura de acesso e de reposição de materiais ou parada de equipamentos na apuração de custos de manutenção.

Embora a literatura apresente metodologia para cálculo da viabilidade econômica de se realizar o reparo, a avaliação realizada não levou em conta este fator. Todos os reparos foram considerados viáveis economicamente. Para a rota de avaliação que utilizou dados medidos em campo considerou-se que os vazamentos identificados teriam seus reparos realizados com 100% de eficácia. Também não foi levada em conta a vida útil do reparo, uma vez que o período avaliado é relativamente pequeno para alterações significativas nas manutenções realizadas.

Em relação aos custos diretos e indiretos, como nas duas refinarias avaliadas o programa LDAR é realizado por uma empresa contratada, foram utilizados para a análise os

custos médios da prestação do serviço. Estes custos variam entre as refinarias A e B em função, por exemplo, da necessidade de viagens e da quantidade de pontos a serem monitorados (ganho de escala). A maior parcela do valor do contrato, entretanto, é referente ao monitoramento, que é definido por ponto medido e diárias dos técnicos para realizar os monitoramentos após os reparos. Também já estão incluídos nos valores utilizados, o lucro da empresa, a aquisição e manutenções em equipamentos e a sua depreciação.

Para o programa Smart LDAR as principais diferenças nos custos associados são aqueles referentes à aquisição da câmera de imagem ótica de infravermelho e à mão-de-obra, especialmente pela necessidade de treinamento mais especializado dos técnicos. O preço de aquisição de uma câmera é bem mais elevado do que o de um analisador TVA. Outro fator importante é que os custos para o Smart LDAR variam dependendo do tipo de programa adotado: com ou sem medição de concentração dos componentes com o TVA. A avaliação realizada nesta pesquisa considerou a medição com o TVA somente dos componentes que tiveram vazamentos identificados pela câmera e o custo por ponto medido foi considerado o mesmo utilizado na avaliação do LDAR convencional.

A diária do técnico para monitoramento com a câmera de imagem ótica foi estimada considerando um reajuste de 40% na diária média para monitoramento com o TVA. Para o cálculo deste percentual de reajuste foram feitas as seguintes etapas:

- Cálculo do percentual de contribuição total do item monitoramento no contrato de serviço da refinaria B (valor mais elevado comparado à refinaria A). Este item correspondeu a 78% do valor total do contrato;

- Acréscimo do valor de aquisição da câmera (reajustado em 10%), obtido com o fornecedor, na parcela de 78% dos custos;

- Cálculo do percentual de aumento do valor total do contrato de LDAR com a aquisição da câmera de imagem ótica. Este percentual foi adotado para o reajuste da diária de monitoramento com a câmera.

Alguns serviços associados ao programa LDAR também são os mesmos para um programa Smart LDAR, como por exemplo: levantamento e cadastramento dos componentes no sistema informatizado, gestão dos dados e geração de relatórios. Assume-se que eles tenham o mesmo custo unitário para os dois programas. Na apuração dos custos de manutenção também foram consideradas as mesmas premissas adotadas na avaliação do programa LDAR.

Em resumo, para a variável C da Equação (2) foram considerados, tanto para a avaliação do LDAR como para o Smart LDAR, os custos de manutenção dos vazamentos, os custos por ponto monitorado e diárias dos técnicos para operar a câmera e realizar o monitoramento dos pontos que sofreram reparos. Estas são as parcelas mais significativas para o custo total.

A parcela referente ao ganho monetário com a perda de produto por emissão fugitiva (variável B) não foi considerada nos cálculos realizados. A estimativa de quantidade de produto perdido por emissão deve ser feita com a determinação da vazão e concentração do vazamento e composição da corrente. Além disso, é necessário considerar o fato de que a perda do produto ocorre ao longo do tempo. Nos trabalhos de campo a vazão dos vazamentos não foi determinada e, incluir esta variável aumentaria o erro associado ao cálculo da relação custo-efetividade, uma vez que a estimativa de emissões fugitivas através de protocolos de cálculo não leva em conta a vazão do vazamento. Assim, optou-se por uma situação mais conservativa, considerando somente o custo associado ao programa, sem ganhos monetários.

A redução de emissões foi utilizada como medida de efetividade. Para o caso do cálculo da relação custo-efetividade utilizando dados do programa LDAR vigente nas refinarias, foram consideradas as emissões estimadas nos seus respectivos sistemas de gerenciamento. A redução de emissões foi calculada considerando a diferença entre as emissões dos componentes com concentração acima do limite de vazamento antes e após seus reparos, estimadas em campanhas anuais consecutivas do LDAR, para uma mesma amostra de componentes monitorados. Em relação às emissões referentes aos pontos sem vazamentos, ou seja, com concentrações abaixo de 10.000 ppmv, foi considerado que estas não sofreram variações significativas entre as campanhas e, por isso, não foram incluídas no cálculo.

As refinarias estudadas não aplicam a metodologia Smart LDAR, por isso, para o cálculo da sua relação custo-efetividade foi feita uma simulação de aplicação desta metodologia. Para tal foram feitas algumas considerações baseadas nas observações de campo e na pesquisa bibliográfica. Como nas medições realizadas em campo cerca de 80% dos componentes com vazamentos detectados pela câmera apresentavam concentrações acima do limite de detecção de vazamento do TVA, considerou-se que, se fosse utilizada a câmera para monitoramento do total de pontos, esta só visualizaria os vazamentos com concentração acima de 99.999 ppmv. Esta consideração é corroborada pela pesquisa bibliográfica, que mostra que a câmera é útil para a detecção de grandes vazamentos, uma vez que seu limite de detecção é relativamente elevado e ainda não está completamente definido.

Da mesma forma que foi realizado para o programa LDAR, o cálculo da redução de emissões pela metodologia Smart LDAR utilizou dados do programa de controle vigente e foram consideradas somente as emissões dos vazamentos com concentração acima de 99.999 ppmv, antes e após os reparos. Para os demais pontos considerou-se que suas emissões permaneceram as mesmas entre campanhas de monitoramentos consecutivas.

A relação custo-efetividade também foi calculada utilizando os dados coletados durante a aplicação das duas metodologias nas refinarias em estudo. O número de pontos avaliados e a escala temporal são bem menores que aqueles considerados no cálculo realizado com dados do programa LDAR vigente, porém o objetivo maior foi utilizar a câmera em campo para obter dados reais da aplicação da metodologia Smart LDAR.

Os custos utilizados foram os mesmos considerados na avaliação com dados do programa LDAR vigente, porém o custo unitário de monitoramento por componente foi unificado entre as duas refinarias.

As emissões dos componentes monitorados foram estimadas com as equações de correlação da EPA, apresentadas no Anexo I. A redução de emissões foi feita considerando que os componentes apresentariam, após o reparo, a concentração média correspondente aos pontos que não apresentaram vazamento, classificados por tipologia. Essa consideração foi feita, pois os componentes com vazamento não foram monitorados após o reparo, uma vez que entraram na programação da equipe de manutenção de cada refinaria com diferentes prazos de conclusão.

Para o cálculo da relação custo-efetividade do Smart LDAR utilizando dados de campo, a redução de emissões foi calculada com as mesmas considerações utilizadas na avaliação do LDAR.

Por fim, o efeito de variações em algumas variáveis na relação custo-efetividade foi avaliada através de uma análise de sensibilidade.

4.4.2 Custo-efetividade das metodologias LDAR e Smart LDAR com dados do programa