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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.5.1 PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS

Em laboratório, as amostras coletadas receberam um tratamento prévio, próprio para deixá-las em condições de se procederem as análises de granulométria, morfoscopia e químicas.

As amostras foram primeiramente lavadas para dessalinizaçào, secas em estufas a temperaturas inferiores a 60°C e homogeneizadas em graal e pistilo de borracha, para obtenção de um material mais uniforme, do qual, parte será destinada a granuiometria e outra, as análises químicas.

A fração da amostra destinada a análise química foi cuidadosamente homogeneizada e passada em uma peneira com malha de 2,0 mm. Quando

necessário, as amostras foram descarbonatadas.

4.5.2 - Sedimentometria

4.5.2.1 - Granulométria

Para a granulométria, as amostras foram quarteadas por "amostrador de câmaras do tipo Jones", para que se obtenha uma fração do peso total, sem perder a representatividade da amostra.

As amostras devem apresentar um peso variável entre 10 e 30 gramas, com maior peso para aquelas amostras com sedimentos mais grosseiros (SUGUIO, 1973).

Obtido o peso "ideal", procedeu-se a separaçáo do material em diferentes intervalos de tamanhos de grãos, da seguinte forma:

- Método da Peneiração (WENTWORTH, 1926):

Utilizado para a separação de areias e graos mais grosseiros com diâmetros acima de 0,062mm. A amostra é peneirada por 10 minutos em um jogo de peneiras com aberturas de 4,0; 3,36; 2,82; 2,37; 2,00; 1,69; 1,41; 1,19; 1,00; 0,84; 0,71; 0,59; 0,50; 0,420; 0,351; 0,297; 0,250; 0,210; 0,177; 0,149; 0,125; 0,105; 0,088; 0,074 e 0,062mm de diâmetro

(1/2 0 - INMAN, 1952), conforme WENTWORTH (1922), em peneirador automático tipo "rot-tap".

Após a separação dos sedimentos em diferentes classes de tamanho e anotado o peso de cada intervalo, e a partir daí os diferentes tamanhos de graos que ocorrem na amostra sao obtidos.

- Método da Pipetagem (KRUMBEIN, 1932):

Utilizado para análise do material com diâmetro menor que 0,062mm, correspondente as frações de silte e argila.

É um método indireto que consiste na retirada de material com uma pipeta de 20 m , de uma proveta de 1000 ml, contendo água e sedimento, obedecendo a "Lei de Stokes" (STOKES, 1851), de «tecamtaçao de partículas em meio fluído. Através desse método, sao separados os sedimentos finos nos seguintes intervalos de tamanhos: 0,0313; 0,0156; 0,0078; 0,0039; 0,002; 0,001; 0,0005; 0,0001 mm, correspondente a le» INAMAN, 1962), conforme WENTWORTH (1922).

As pipetagens por sua vez, foram realizadas em série, sendo mantida durante a realização das análises, uma temperatura ambiente em torno de

20°C . Como agente defloculante foi utilizado o reagente Oxalato de Sódio.

Após a separação dos sedimentos em diferentes classes de tamanho, foram preenchidas fichas granulométricas para finos e grosseiros.

Para análise estatística convencional, foi aplicado o programa de computador proposto por TOLDO & MEDEIROS (1985), gerado em linguagem BASIC e que efetua os cálculos de porcentagens simples e acumulada;

determina por interpolação, os percentis da curva acumulada para o

cálculo dos parâmetros estatísticos de FOLK & WARD ( 1957)(mediana, tamanho médio, desvio padrão, assimetria e curtose) e efetua o cálculo dos mesmos; determina o número de classes texturais; classifica o sedimento pela média e por SHEPARD (1954) e ainda, dá a porcentagem de cascalho, areia, silte e argila de cada amostra.

Estes dados permitiram um tratamento gráfico com:

- a construção de histogramas de freqüência simples, para uma melhor visualização das propriedades de tamanho como classe modal, dispersão e número de classes texturais (segundo SUGUIO, 1973);

- a confecção do diagrama triangular de Shepard (1954), onde são lançados os valores percentuais relativos a areia-silte-argila e, é possível a identificação das facies texturais;

- e diagramas dispersos de correlação das diferentes propriedades

estatísticas ( Mz® x , Hz® x Ski e Hz® x Kg), que apresentam a relação

existente entre cada um dos quatro momentos estatístico e a sensibi1 idade de cada um deles ao regime deposicional.

As escalas de variação de tamanhos de grãos (Anexo 02) e dos parâmetros estatísticos e seus respectivos significados são interpretados conforme SUGUIO (1973).

Assim, a nomenclatura adotada para a interpretação dos valores de mediana (Md®) e do tamanho médio (Média-Mz®), são as escalas de tamanho de WENTWORTH (1922), em milímetros ( mm ) e KRUMBEIN (1934) que expressa os valores em "Phi" (®)( Anexo 02).

Para o desvio padrão «Ti ) ou grau de seleção, FOLK & WARD (1957)

sugerem uma escala qualitativa, que apresenta os seguintes limites. i < 0,35 = muito bem selecionado;

0 , 3 5 a 0, 5 0 = bem selecionado;

0 , 5 0 a 1,00 = moderadamente selecionado; 1.00 a 2,00 - pobremente selecionado;

2.00 a 4,00 = muito pobremente selecionado i > 4,00 = extremamente mal selecionado

Para a descrição dos valores de assimetria (Skj), ou grau de assimetria, a nomenclatura adotada é a seguinte:

Skj entre:

- 1,00 e - 0,30 = assimetria muito negativa; - 0,30 e - 0,10 = assimetria negativa;

- 0,10 e + 0,10 = aproximadamente simétrica; + 0,10 e + 0,30 * assimetria positiva;

+ 0,30 e + 1,00 = assimetria muito positiva.

Para classificar as curvas, segundo os valores obtidos para a curtose (KG), ou grau de agudez dos picos, utilizamos os seguintes limites: KG < 0,67 = muito platicúrtica ; 0,67 a 0,90 » platicúrtica; 0,90 a 1,11 = mesocúrtica; 1,11 a 1,50 = leptocúrtica ; / 1,50 a 3,00 = muito leptocúrtica; KG > 3,00 = extremamente leptocúrtica. 4.5.2.2 - Morfoscopia

A forma e o arredondamento dos graos de areia e dos seixos, tem sido utilizados desde ha muito tempo, para decifrar historias dos depósitos sedimentares, dos quais eles fazem parte (SUGUIO, 1973J.

Para à análise morfoscópica , foram analisados no minimo 100 graos, num total de 400 graos por amostra, nos intervalos de tamanho de 0.50, 0.250, 0.125 e 0,062 mm, com o auxílio de microscópio estereoscópico (lupa). 0 estudo foi desenvolvido sobre uma única espécie mineral, no caso especifico o quartzo, devido representar 'o mineral de maior ocorrência no sedimento.

0 estudo morfométrico foi desenvolvido com os atributos de arredondamento, esfericidade e textura superficial, segundo KRUMBEIN & PETTIJOHN (1938); RITTENHOISE (1943) e KRUMBEIN & SLOSS (1963); e

- Arredondamento:

0 exame do grau de arredondamento de uma partícula sedimentar, é realizado através da observação da presença ou não, de angularidade na superfície «xfcerna do grão.

A tabela comparativa de KRUMBEIN & PETTIJOHN (1938), define a seguinte nomenclatura e valores no estudo do arredondamento de partículas sedimentares : - 0,0 a 0,1 = angular; - 0,1 a 0,3 = subangular; - 0 , 3 a 0 , 5 = s u b a r r e d o n d a d o ; - 0 , 5 a 0 , 7 = a r r e d o n d a d o ; - 0 , 7 a 0 , 9 = b e m a r r e d o n d a d o . - Esfericidade:

A esfericidade ou forma, corresponde a uma medida comparativa entre uma partícula sedimentar e uma esfera.

A técnica utilizada para a determinação do grau de esfericidade de uma partícula sedimentar é a comparativa, através da tabela e valores propostos por RITTENHOUSE (1943):

- 0,0 a 0,1 = esfericidade muito pobre; - 0,1 a 0,3 = esfericidade pobre; - 0,3 a 0,5 = esfericidade média; - 0 , 5 a 0 ,7 = esfericidade boa; - 0 , 7 a 0 , 9 = e s f e r i c i d a d e m u i t o boa. P a r a um m e i h o r e n t e n d i m e n t o das r e l a ç õ e s g e o m é t r i c a s e n t r e a r r e d o n d a m e n t o e e s f e r i c i d a d e , foi u t i l i z a d a t a m b é m , a t a b e i a de c o m p a r a ç ã o v i s u a l p r o p o s t a por K R U M B E I N & S L O S S ( 1 9 6 3 ) . - Textura Superficial:

Outro atributo a ser utilizado é a textura superficial, que é expressa pela ornamentação das faces dos grãos e pela presença ou

ausência de brilho.

A ornamentaçâo das superficies dos graos, pode ser analisada através da ciassificaçao proposta por BIGARELLA et ai. (1955), em tres tipos principáis:

- graos sacaróides; - grâos mamelonados; - graos lisos..

Também, segundo o mesmo autor, os graos podem ser:

- polidos (com superfícies brilhantes); - foscos (sem superfícies brilhantes).

Tal como no caso das distribuições granulométricas dos sedimentos, os graus de esfericidade, arredondamento e textura superficial, também podem ser expressos em função da distribuição dos seus valores (KRUNBEIN & SLOSS, 1963).

Em nosso trabalho, após tabelados e analisados, os resultados foram representados graficamente através de histogramas de freqüência simples, relacionando a propriedade morfoscópica ao número de gráos analisados em cada fraçao de tamanho para uma mesma amostra de sedimento, segundo

KRUMBE1N & SLOSS (1963) e BIGARELLA et a. (1955), in: SUGUIO (1973).

4.5.2.3 - Maturidade textural

Maturidade textural, segundo SUGUIO (1973) é a medida da

aproximação dos sedimentos clásticos de um tipo final estável, que é ocasionada por processos de formação agindo sobre os mesmos.

A maturidade pode ser expressa tanto em termos texturais

(granulométria ) bem como em termos composicionais (químicos ou

mi neralógicos ) .

Não tendo efetuado análise mineralógica, para efeito deste trabalho trataremos somente da maturidade textural.

Para a definição dos estadios de maturidade textural dos sedimentos da Lagoa da Conceição, utilizamos o método proposto por FOLK (1951). 0 autor define maturidade textural de um sedimento como uma tradução do estágio de diferenciação que o mesmo apresenta, em confronto com o seu material de proveniência, no tocante ao teor de argila e os graus de seleção e arredondamento da fração grosseira.

Assim, para o autor, a passagem de um sedimento inicialmente argiloso, pobremente selecionado e com grãos angulares, para uma areia completamente matura, arredondada e selecionada é marcada por etapas sucessivas, que permitem reconhecer 4 estádios de maturidade textural:

- Estádio Imaturo: neste estádio, o sedimento contêm considerável

quantidade de argila e mica fina, a porção nao argilosa é pobremente selecionada e os grãos são angulares. Quando uma boa parte da argila e eliminada, o segundo estádio é atingido.

- Estádio Submaturo: atingindo este estádio, o sedimento contém pouca ou nenhuma argila, mas a porção nao argilosa (silte, areia e cascalho), é ainda pobremente selecionada e os grãos são angulares ou subangulares ou subarredondados. Tão logo o sedimento se torne bem selecionado, o terceiro estádio é atingido.

- Estádio Maturo: no estádio maturo, o sedimento não contém mais a fração argila e os grãos de areia são bem selecionados, mais ainda subangulares. Quanto os ^graos se tornam bem arredondados, o último estádio de maturação textural é atingido.

~ Estádio Supermaturo: no último estádio de maturação textural, o sedimento nao contem argila, a fração arenosa é bem selecionada e os grãos são bem arredondados.

Após essas etapas, nenhuma modificação é possível.

Para facilitar o entendimento dos significados das expressões como

"bem selecionado ' , "pouca argila", etc., FOLK (1951), propos um diagrama

para definição mais precisa dos limites dos estádios e da energia necessária, requerida para que ocorra as modificações dos estádios (Anexo 03a ) .

Além deste diagrama, FOLK (1968) propos também, outro gráfico de caráter qualitativo, onde procurou correlacionar os diferentes estágios de maturidade textural dos sedimentos com os ambientes de sedimentação, baseando-se principalmente no nível energético de cada ambiente (Anexo 03b ).

Em nosso trabalho, para o estabelecimento dos estádios de

maturidade textural dos sedimentos, utilizamos os valores do desvio padrão ou grau de seleção, os graus de arredondamento das partículas, a porcentagem da fração argila e ainda a razao areia/si 1te + argila.

Além disso, foram utilizados os diagramas propostos por FOLK (1951 e 1968) e foram também, confeccionados mapas temáticos com curvas de isovalores para as frações areia, silte e argila.

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