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3. APRESENTAÇÃO DOS DADOS

3.1 HISTÓRICO POLÍTICO ECONÔMICO DE PORTUGAL

3.1.2 Preparação para o Euro

Após a assinatura do Tratado de Maastricht, que passou a denominar a Comunidade Econômica Europeia como União Europeia e estabeleceu prazos limites para a consecução das etapas da União Econômica e Monetária no bloco, Portugal passou a controlar seus indicadores econômicos com mais disciplina e rigor, com o objetivo de adotar a moeda única desde o seu início.

O país cumpriu em 1998 os critérios de convergência estabelecidos no Tratado de Maastricht. Os progressos obtidos no controle das finanças, além das boas taxas de juros e inflação registradas no período foram fundamentais para que o país estivesse apto a abandonar o escudo e adotar a moeda única europeia (BRASILGLOBALNET, 2007). Além disso, Portugal seria um dos fundadores da moeda única, fato que superou as expectativas dos países céticos quanto a participação do país no bloco.

Desde a assinatura do tratado, o nível de crescimento de Portugal vinha sendo inferior ao da maioria dos Estados-membros do bloco. No entanto, de acordo com relatórios do Banco de Portugal, com os recursos fornecidos pela CEE, Portugal viu seus indicadores econômicos melhorarem gradativamente.

Conforme o relatório desenvolvido pelo Fundo Monetário Internacional, “Perspectivas da Economia Mundial: Reequilibrar o crescimento” divulgado no ano de 2010, a taxa de crescimento econômico de Portugal verificada no período de 1992 a 2001, que corresponde exatamente ao período de preparação para a introdução da moeda única, foi de 2,9%, abaixo de taxas de países como EUA, China e Irlanda, este último também membro da União Europeia. No entanto, apresentou índices superiores aos apresentados pela Grécia e pela própria Zona do Euro, que teve uma média de crescimento de 2,1% no mesmo período, conforme Tabela 1.

Tabela 1 – Taxa Média de Crescimento verificado no período 1992-2001

País Taxa Média

EUA 3,5% Zona do Euro 2,1% Portugal 2,9% Grécia 2,5% Espanha 3,0% Finlândia 2,9% Irlanda 7,5% China 10,3%

Baseado em: Fundo Monetário Internacional: Perspectivas da Economia Mundial: Reequilibrar o

crescimento, 2010.

Com esta taxa média de crescimento econômico no período, Portugal conseguiu convergir para a média da União Europeia e, portanto, tornou-se apto a aderir ao euro já em seu lançamento.

Na época da introdução do euro, o clima era de otimismo em Portugal, uma vez que os índices apresentados nos últimos anos eram positivos e demonstravam o desenvolvimento do país valendo-se dos recursos disponibilizados pelo bloco. Conforme destaca Pinho (2010), o Banco de Portugal expressou em seu Relatório Anual em 1998 que “a participação na área do euro representa uma importante mudança estrutural, com efeitos expansivos na procura interna privada (consumo e investimento)”.

Para que uma união monetária e econômica ganhe forma, culminando na introdução de uma moeda única para os Estados-membros do bloco, é necessário que haja vontade dos países, porém, abandonar várias moedas nacionais e adotar uma única moeda, depende da evolução econômica, histórica e política de cada país.

A respeito da União Econômica e Monetária Europeia, Carvalho (2006) aponta:

O Euro e a União Económica e Monetária representam uma séria limitação à soberania dos Estados da Zona do Euro, passando para a esfera supranacional a política monetária e cambial, e põe em causa uma prerrogativa de um Estado soberano a par dos impostos – a capacidade de emitir moeda. Os governos perdem o controle das taxas de juro para controlar a massa monetária e a liquidez da economia, perdem a capacidade de utilizar a política cambial para responder a choques externos ou para controlar o saldo da balança comercial (balança das transacções correntes) e perdem a receita fiscal (direitos de “senhoriagem”) inerente à emissão da moeda.

Antes de a moeda única entrar em circulação, coube aos líderes europeus a tarefa de decidir qual seria seu nome, seu desenho e como se daria a troca das moedas nacionais. Em 1995, na cidade de Madri, na Espanha, foi acordado que a nova moeda seria chamada “Euro”. Foram propostos outros nomes como “ecu” e franken”. Propôs-se também que a palavra euro fosse utilizada como prefixo aos nomes das moedas nacionais. Dessa maneira, em Portugal, por exemplo, a moeda seria conhecida como “euroescudo”. Na Itália, a moeda seria denominada “eurolira”. Optou-se então somente pela palavra “euro”, de fácil pronúncia em todos os idiomas oficiais da União Europeia. Além disso, tratava-se de um nome simples e que representava a Europa (BANCO CENTRAL EUROPEU, 2012).

A decisão de construir uma união monetária foi uma das mais importantes no continente europeu. De acordo com Silva (1996), a criação de uma moeda única para circulação nos territórios dos países-membros do bloco poderia ser considerada um teste quanto à vontade dos líderes em aprofundar a integração econômica e financeira e avançar na integração política. No caso específico de Portugal, que era um dos países mais pobres da Europa, a adoção à moeda única significava também a possibilidade de garantir progresso e estabilidade econômica no futuro.

Nestes anos contando com a moeda única, Portugal ganhou prestígio na comunidade internacional, já que passou a contar com uma moeda mais estável e valorizada perante as demais moedas. De acordo com Coelho (2005), as mudanças perceptíveis na economia portuguesa após a adesão ao euro são enormes e a maioria delas tornou-se possível em função das exigências e investimentos por parte da União Europeia. O desenvolvimento em Portugal também se deu com a intensificação das relações com os Estados-membros do bloco, onde as empresas portuguesas passaram a enfrentar forte concorrência de países mais especializados, porém o mercado para as suas empresas tornou-se maior.

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