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2. ANÁLISE QUANTITATIVA DA PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU DE

3.3 O processo do mestrado

3.3.2 Preparar o projeto antes de ingressar

Para os mestrandos de Medicina, preparar o projeto antes de ingressar foi mais presente do que para os mestrandos de Engenharia Civil e de Direito.

ECH1: quando eu me formei, já me chamaram para trabalhar lá, já com uma bolsa de mestrado e isto já facilitou para que eu pudesse fazer mestrado, mas era mais para aproveitamento de um projeto já feito.

MD1: já estava muito bem organizado, eu já estava com um terço dos pacientes vistos, quer dizer, depois que você vê o projeto, mas eu já tinha o projeto estruturado, então não foi uma coisa que eu tive que montar às pressas, já vim com o projeto organizado, já com levantamento bibliográfico, então eu acho que isto ajudou bem ... procurei antes, para poder pavimentar tudo, ... até para eu entender o mundo da pós- graduação, porque para você chegar com um projeto sem um orientador, sem conhecer o estilo do orientador, é difícil. MD3: eu reapresentei meu projeto de pesquisa de uma outra forma, e dialoguei com o pessoal da comissão de pós- graduação e acabei convencendo que era uma linha de pesquisa que justificava ter, porque não existia no Brasil. MD Or: já procuram antes, os residentes quando eles já estão no último ano e eles já procuram ah quero desenvolver este projeto, e já vem com uma idéia, procuram o orientador antes ... a orientação hoje é que você antes de entrar, quando você vai começar o projeto você já envia os papéis para evitar retardamento na pesquisa, ainda mais se você tem pacientes especiais, crianças, indígena, aí você tem prazo maior, vai para Brasília, para o Conep, aí nestes casos atrasa.

MDIP1: então um ano antes de ingressar eu fiz um projeto ... cheguei a escrever um e vi que não era viável, que era uma coorte com o que a gente ia procurar seria um trabalho insano e não ia ter resultado nenhum, aí a idéia era a mesma só que eu mudei o desenho, para transversal para ser viável, mesmo que não fosse o desenho ideal ... eu sinto com a pós que você tem que entrar já sabendo, entrar já sabendo algumas coisas, e tem que ser uma coisa bem estruturada e enxuta, porque não dá para alçar grandes vôos

MDIP2: muitos dados eu já tinha quando eu apresentei o projeto, isso eu já tinha, o estudo é prospectivo, mas alguma coisa eu já tinha.

MDIP3: fiz todo o trabalho de campo antes e na verdade meu campo, ... então o resultado, a análise do resultado da investigação deste fenômeno, que foi o que eu fiz no meu mestrado, ela foi posterior, então eu fiz este trabalho antes de ingressar e todo este trabalho já foi para orientação .. tive um tempo extenso para fazer a pesquisa bibliográfica, a ponto que nos publicamos um artigo com os resultados antes de eu ingressar, então quando eu ingressei eu já tinha submetido meu artigo, então na verdade eu construí toda a discussão teórica a partir do artigo que era o embrião da tese, normalmente as pessoas fazem o inverso.

MDIP Or.: até você me perguntou na fichinha quantos pós- graduandos estou orientando e tem os que já conclui, os em andamento, mas tem os gestados ... agora faz parte da atividade.

DH1: um amadurecimento, não acho que foi uma coisa oportunista para entrar no mestrado de direitos humanos, foi um crescimento natural mesmo, de conhecimento que vai amadurecendo e o interesse que vai afinando.

DH Or.: em geral todas as pessoas que querem se habilitar acabam procurando para conversar e eu recebo todos da mesma maneira, explico que as vagas são públicas, que estão à disposição de todos, que nós teremos um concurso público, aí eles me colocam o tema que eles vão trabalhar, e eu digo que pessoalmente não me sinto confortável, se tiverem outras pessoas concorrendo, este não vai ser o tema da minha preferência, mas nunca tento dissuadi-los ou persuadi-los, porque na verdade na perspectiva do público, a pessoa vai lá e se propõe, o máximo que eu tento fazer com eles, é que existe e até disponibilizo através dos meus orientandos que existe uma forma científica que fazer uma apresentação dos projetos deles para as fases próprias, e aí eu deixo à disposição deles a forma que em geral é a forma normal de se fazer um projeto de pesquisa, e isso para qualquer um que me procurar, mas sempre deixando claro que o processo é público e não há como privatizar isso, é muito importante a gente não privatizar isso para os orientandos.

DEF3: conversei antes com ele, antes de depositar o projeto, conversei algumas vezes, ele falou olha este daqui parece ser melhor, algum auxílio ele deu, nada assim, ele não chegou a ver meu projeto antes de eu depositar, até porque eu terminei no último dia, lógico, algumas dicas, conversar.

A estratégia de preparar o projeto antes de ingressar também foi evidente tanto no relato de mestrandos de Enfermagem (Bujdoso, 2005) quanto de pós-graduandos de Biomedicina (Louzada, Silva, 2005a).

O preparo prévio do pré-projeto tem como finalidade ganhar tempo, viabilizando o cumprimento do prazo estabelecido pela Capes para a finalização do mestrado.

A esse respeito, Dejours (1999b) aponta para o fenômeno da adaptação às novas regras a que os indivíduos estão sujeitos, uma vez que nas relações de trabalho a ação sobre o funcionamento do coletivo consiste na construção comum das regras de ofício que a definem, sendo as estratégias coletivas de defesa específicas a cada grupo. Portanto, esta parece ser uma estratégia de funcionamento coletivo para se adaptar às regras impostas pela Capes.

3.3.3 O processo seletivo e as características dos mestrandos