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Fonte: Fotos da autora.

Quando comentei com P1 e AEE1 que a escola tinha muitos livros e revistas perguntei porque não conseguiam identificá-los. Expliquei ainda que os objetos dos acervos do PNBE eram identificados nas capas por uma logo retangular (2X5 cm mais ou menos), cuja cor variava de acordo com o ano, em geral inserida no mesmo local (na primeira capa, lado direito, na metade da página). Como eu sabia quais títulos procurava, ficou fácil retirá-los das estantes e mostrar para elas as logomarcas dos diferentes anos – fiz isso em momentos separados para cada uma. Os comentários foram: – Nunca me dei conta dessa informação, nem sabia que essas revistas vinham de uma Política Pública para a formação de leitores (AEE1). E – Isso nunca me chamou a atenção ou interferiu nas minhas escolhas (P1). Esse fato se repetiu nas outras escolas que visitei, sendo que as passageiras que estavam atuando nas bibliotecas só localizaram livros dos acervos do PNBE, depois que eu expliquei sobre a logomarca. Ainda assim, a surpresa com os volumes que deveríamos/poderíamos ter encontrado em cada biblioteca foi externalizada pelas passageiras entrevistadas. Na minha ingenuidade, acreditei que perguntar pelos acervos do PNBE seria algo simples e de fácil visualização, ledo engano...

Sobre os livros de literatura infantojuvenil do PNBE de 2012: não localizei na Biblioteca E1 nenhum dos 25 títulos que constam do Acervo Escolas – Tipo 3. Com base no exposto até aqui, penso que 84 objetos (que podem ser bem mais volumes) deveriam ser facilmente identificados nos espaços onde estão armazenados, visto que a biblioteca da E1 é pequena (Fotos 4 e 5), se comparada às bibliotecas das Escolas 2, 3 e 4 (Fotos 12 – E2; 21, 22 e 23 – E3; e 30 e 31 – E4).

No entanto, o que observei é que não é tarefa simples identificar os acervos do PNBE nas estantes e prateleiras, uma vez que eles não são muito conhecidos

pelas profissionais da escola e a marca (logotipo do Programa) é bem discreta nas capas. Nenhuma das entrevistadas na E1 sabia o que era o PNBE, muitas vezes o confundiam com as caixas de livros do PNLD/PNAIC (caixas grandes amarelas e vermelhas). Aqui abro um parenteses para justificar esse entendimento.O fato é que os livros do PNAIC chegam em caixas, ficam armazendados dentro delas e são destinados as professoras para uso em suas salas, o que facilita a localização, indentificação e manuseio. Também vale dizer que tem sido desenvolvidas, com mais frequencia, ações para divulgação dos acervos do PNDL, assim como capacitação dos docentes para seu uso. Daí uma possibilidade de compreensão das respostas em relação a identificação de acervos de um programa em detrimento de outro.

As passageiras também não souberam responder quais os títulos que a escola tinha. Não souberam responder se utilizavam os acervos do PNBE em sua prática, com que frequência e com qual objetivo – justamente por não terem recbido capacitação para seu uso e/ou foram informadas de sua existência. Não souberam citar títulos dos acervos e/ou responder espontaneamente sobre os formatos e a acessibilidade dos títulos disponibilizados pelo Programa e/ou ainda sobre livros que traziam em suas narrativas personagens com deficiência. O mesmo se aplicou a qualquer livro da escola, disponibilizado ou não por meio de uma política pública para a formação de leitores. As passageiras da E1 não lembraram de títulos que utilizavam com frequência ainda que, em alguns momentos das entrevistas, referissem a histórias.

Não cabe emitir nenhum tipo de julgamento em relação a essas observações. Fica apenas o destaque em relação a algo que já trouxe neste texto: Como estamos sendo formados para trabalhar com livros e formar leitores literários na escola? E com a literatura na perspectiva inclusiva?

Salta aos olhos o fato de que a escola E1 recebeu poucos acervos do PNBE e que, apenas os acervos de 2012 eram compostos por livros de literatura infantojuvenil. É importante destacar que, apesar de ser a única Escola Especial que foi locus desta pesquisa, a E1 foi a escola, das quatro que visitei, que foi contemplada em menos edições do PNBE (apenas três).

A nova diretora da E1, eleita no final de 2018, está na escola há 14 anos e não soube informar porque a escola não recebeu acervos do Programa nas edições anteriores a 2012, ficando de fora, até mesmo, do PNBE 2008 de Educação Especial (PNBE 2008 ESP). Informou também que não há um trâmite rotineiro e/ou que é de

conhecimento público na escola em relação ao recebimento e à distribuição dos acervos de qualquer política do livro, bem como, que não há catalogação dos acervos em um sistema, seja manual e/ou digital, na biblioteca.

Na E1, a biblioteca está, provisoriamente, desativada – como já escrevi antes. Mas a diretora informou que acervos como os do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD/Pnaic) são direcionados para as professoras em sala de aula (nas próprias caixas nas quais chegam os livros). Essas caixas foram facilmente identificadas pela pesquisadora/balonista, na visita à escola e permanecem sob a responsabilidade de cada professora. Caixas excedentes são guardadas na biblioteca da escola e podem ser utilizadas quando necessário. Aliás, o PNLD/Pnaic parece ser a política pública para a formação de leitores mais conhecidas na E1 (talvez pela fácil identificação das caixas), e seus acervos são muito utilizados pelas professoras nas aulas. No entanto, ao ter acesso aos livros das caixas, observei que eles parecem novos o que, no contexto dos alunos da escola, pode significar que o manuseio é mais das professoras do que dos próprios estudantes, em sua maioria com deficiência intelectual...

Ao transitar pelos espaços da E1 observei uma grande variedade de caixas do PNLD/Pnaic disponíveis nas salas e ao alcance dos estudantes, mas muitas delas não evidenciavam sinais de manuseio.

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