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1. Adminstrativo 2. Técnicas do Planejamento

o domínio de certos conhecimentos e técnicas que particularizam a di- mensão técnico-operativa do trabalho profissional pode permitir segu- rança e habilidade ao profissional para produzir respostas alternativas às comuns práticas irreflexivas e miméticas no cotidiano do assistente social. (p.184).

Nas ementas, este enfoque se torna visível na frequência dos instrumentos e técnicas, dos quais se destaca o projeto de intervenção e a elaboração de planos, programas e projetos. Para além destes, nota-se ainda o aparecimento do “planeja- mento participativo” e “planejamento estratégico” como faces distintas do “planeja- mento normativo” (mais burocratizado) e “tradicional”.

Barbosa (1980, p. 123) apresenta que “há uma certa tendência para instrumen- talizar o futuro profissional de Serviço Social para a prática do planejamento, isto é, mais com o planejamento como aplicação técnica, do que como consciência crítica da realidade para sua transformação”, donde se identifica a suma importância de asso- ciar este enfoque ao da metodologia do Serviço Social no processo de formação pois

é a colocação do planejamento como instrumento auxiliar da metodo- logia do Serviço Social, ao lado dos aspectos referentes a dimensão e interação do planejamento, bem ainda das posturas ideológicas que orientam uma dada concepção de homem, de mundo e de sociedade” (op cit p. 124).

O que de certo modo se pode identificar nas ementas, já que, como supracitado, os dois enfoques aparecem juntos na maioria das vezes.

Cabe sinalizar que no tocante à este enfoque nas técnicas, na análise das ementas e programas foi identificado a presença das terminologias “planejamento es- tratégico” e “planejamento participativo, sobre os quais tornou-se relevante apresentar algumas considerações.

Um primeiro ponto a ser mencionado é de que ambas as terminologias repre- sentam concepções recentes de planejamento as quais ainda são debatidas na pro- fissão ou já foram descartadas. Em segundo, vale ressaltar que ambos se referem a uma ferramenta de intervenção na realidade, e por esse motivo, não foram melhor aprofundados e especificados nesta pesquisa. Por fim, vale apresentar que as dife- renças identificadas são na sua formulação, sobre a qual, no caso do planejamento participação a formulação pressupõe que os sujeitos destinatários da ação planejada

estejam presentes e atuando na sua formulação; e que esta no estratégico se dá pelos sujeitos gestores – sem que necessariamente haja a participação dos destinatários diretos do planejamento.

Acerca das metodologias do Serviço Social no planejamento, as ementas apre- sentam-nas a partir de análises da “incorporação do planejamento pelo Serviço Social” e do debate “teórico-metodológico”12 do Serviço Social no Planejamento, ainda que a

sua operacionalização seja permeada especialmente pela administração.

Nota-se uma tímida colocação sobre as análises de experiências. Sobre este assunto Barbosa (1980) coloca sua importância ao afirmar que “é uma questão de coerência, pois em todo o curso de Serviço Social fala-se em participação, e no mo- mento da prática a população é alijada do processo, numa contradição entre teoria e prática” (p. 128); de modo que a apreensão sobre esse enfoque não pode fugir da discussão junto à ligação com a população – usuários diretos e público a ser atendido pelo assistente social.

Observamos esse aspecto na ementa da UFF que nos apresenta “o planeja- mento no Serviço Social: determinações conceituais de plano, projeto e programa. (...) O papel do assistente social na proposição, implantação, monitoramento e avaliação de políticas públicas”; e da UVA que coloca como “analisar a incorporação do plane- jamento pelo Serviço Social”.

Com menor presença do que os demais aspectos nas ementas, mas com grande importância, o enfoque administrativo aparece como “função do planejamento” na administração e nas suas formas, como o “trato de indicadores” e o orçamento. Battini (2007) identificou essa pouca preocupação com o enfoque através da “falta de domínio desse instrumento de gestão por parte de significativa parcela dos sujeitos envolvidos”13.

A supressão desse domínio vai influenciar diretamente a prática também na construção de diagnósticos precisos para a intervenção.

Neste enfoque, temos a experiência da UCB como definição clara em sua ementa, a saber como “Serviço social e gestão social – o debate teórico metodológico no campo do Planejamento e Administração”.

12 Expressões utilizadas nas ementas.

Quanto ao desenvolvimento de políticas, sobre o qual Barbosa (1980) se atenta ao expor que “a maior ênfase está no planejamento macrossocial, numa identidade com o desenvolvimento, ou seja, com o Planejamento Social posicionando-se, assim, como instrumento de Política Social” (p. 124), as ementas o destacam no uso fre- quente das análises de políticas e na sua elaboração, talvez deixando um pouco de lado a apreensão do cotidiano nessa tarefa. Nesse aspecto foi identificado em apenas uma ementa a “análise de experiências”. Nisto, identifica-se a contribuição da ementa da Unirio: “A elaboração, coordenação e execução das políticas sociais pelo Serviço Social”.

Segundo Matos (2015), “uma profissão só se afirma e se desenvolve se res- ponder às demandas postas pelos diferentes segmentos da sociedade”. No caso es- pecífico do Serviço Social, por se tratar de uma profissão interventiva e comprometida com a superação da ordem societária vigente, torna-se imprescindível a apropriação dos espaços de gestão, uma vez que estes estão assegurados pelos princípios do Código de Ética e resguardados pela Lei de Regulamentação da profissão. Assim sendo, o desenvolvimento de políticas se coloca como fator de extrema importância para a compreensão do assistente social como capacitado para o desenvolvimento de tais funções. Dando-se um menor espaço para esse enfoque, haverá implicações diretas na prática.

Gráfico 2. Prevalência dos Enfoques nas instituições públicas.

18% 27% 18% 37%

P R E VA LÊ N C I A D O S E N F O Q U ES N A S

I N ST I T U I ÇÕ ES P Ú B L I C A S

1. Adminstrativo 2. Técnicas do Planejamento 3. Desenvolvimento de Políticas 4. Metodologias do Serviço Social

Gráfico 3. Prevalência dos Enfoques nas instituições privadas.

Outro ponto relevante na pesquisa se deu na análise da natureza da instituição e do programa. Embora a pesquisa tenha selecionado quatro unidades públicas e três privadas, a natureza delas não expressou uma semelhança tão grande com relação ao que propunham ou de uma mesma linha de raciocínio no programa. Observou-se, por exemplo, uma semelhança maior entre o programa da UVA (instituição privada) com a UFRJ (pública), do que da UFRJ com a UERJ que também é pública.

Como podemos observar nos gráficos, a prevalências dos enfoques não se deu de forma diferente nas públicas e privadas, mas sim acompanhou o mesmo ritmo. O que apresenta um perfil relativamente uniforme na construção do perfil ‘planejador’ do assistente social nas diferentes unidades de ensino do Rio de Janeiro

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