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PREVENÇÃO E CONTROLE DO DIABETES MELLITUS TIPO 2: subsídios para

No documento ANDRÉIA APARECIDA DA SILVA (páginas 25-28)

No Brasil, a prevenção e o controle do DM são ações prioritárias da Atenção Primária em Saúde (APS), tendo como eixo estruturante a Estratégia de Saúde da Família (ESF)46,47.

Implantada em 1994 pelo Ministério da Saúde (MS), a ESF é reconhecida como uma estratégia para reorientar o modelo assistencial da rede básica de saúde. Visa operacionalizar um modelo técnico-assistencial pautado nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), de cobertura universal, assumindo como princípio norteador a equidade e objetivando reorientar a prática assistencial rumo a uma assistência à saúde centrada na família, entendida e percebida a partir de seu ambiente físico e social46,48.

Estrutura-se, assim, na lógica da atenção básica à saúde, gerando novas práticas e afirmando a indissociabilidade entre os trabalhos clínicos e a promoção da saúde. Apresenta como uma das suas principais estratégias a criação de vínculos e de laços de compromisso e de corresponsabilidade entre as equipes multiprofissionais de saúde e a comunidade, devendo traduzir-se em ações humanizadas, tecnicamente competentes, intersetorialmente articuladas e socialmente apropriadas49.

As equipes da ESF são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geograficamente delimitada, e visam a desenvolver um conjunto de ações que abrangem a promoção, a prevenção, o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação46,47.

Para Czeresnia50, são duas as perspectivas fundamentais para a implantação e desenvolvimento de programas de promoção da saúde e prevenção de doenças: a melhoria das condições de saúde e da qualidade de vida e a consequente redução dos gastos com a assistência médica de alto custo. As duas perspectivas, não são, em princípio, contraditórias, pois podem convergir os objetivos de interesse público e do mercado.

A prevenção busca a isenção do indivíduo a doenças, através de ações de detecção, controle e enfraquecimento dos fatores de risco de uma enfermidade específica, enquanto que a promoção da saúde apresenta-se sob um enfoque mais amplo e abrangente e procura identificar fatores macro-determinantes do processo saúde-doença na tentativa de intervenções que favoreçam a saúde5o.

A prevenção firma-se, geralmente, na percepção de riscos ou da possibilidade de se tornar doente52. A promoção da saúde insere-se em um processo mais abrangente e contínuo, envolvendo a prevenção, educação em saúde e participação intersetorial na criação de estratégias que acarretem na efetividade da educação para a saúde53.

Os empreendimentos da promoção da saúde valem-se dos conceitos clássicos que direcionam a realização do conhecimento específico em saúde-doença, transmissão e risco, cuja racionalidade é a mesma do discurso preventivo, podendo produzir certo equívoco entre as duas concepções. A idéia de promoção abarca o fortalecimento da capacidade individual e coletiva para trabalhar com a abundância dos condicionantes da saúde e vai além de uma aplicação técnica e normativa que não aceita apenas o conhecimento e o funcionamento das doenças e a criação de mecanismos para o seu controle54.

A Carta de Otawa define promoção da saúde como “o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida, incluindo uma maior participação no controle deste processo”. Ressalta cinco áreas da ação que fornecem os fundamentos para a provisão da promoção de saúde, incluindo o desenvolvimento de políticas públicas saudáveis, a criação de ambiente sustentável, o fortalecimento da participação comunitária, o desenvolvimento de habilidades individuais e a reorientação dos serviços de saúde55.

Dessa forma, a promoção da saúde tem sido definida como o processo de capacitação de indivíduos, população, serviços de saúde, autoridades sanitárias e outros setores sociais e produtivos, transcendendo as atividades e as decisões

individuais para se tornar uma atividade coletiva, com vistas ao desenvolvimento de melhores condições de saúde53,56.

A OMS56 assume a promoção da saúde como uma das principais linhas de atuação na elaboração de políticas de saúde, subsidiando as práticas de educação em saúde.

Vale ressaltar que a prevenção e a promoção de saúde são entendidas para além do conceito tradicional de atuar antes da instalação da doença, sendo consideradas práticas preventivas relativas não só ao desenvolvimento de novas patologias, como também das complicações em todas as fases do cuidado58.

No que tange à promoção da saúde e prevenção das doenças crônicas, a exemplo do DM, a OMS aponta como estratégias a atuação rigorosa na mudança de estilos de vida que predispõem ao surgimento e agravamento dessas doenças, dentre esses, o sedentarismo, o tabagismo, a obesidade e o alcoolismo.

Salienta ainda que a promoção e a proteção da saúde são essenciais para o desenvolvimento econômico e social sustentável, para a melhoria da qualidade de vida, para a conquista da paz mundial e aplicação das ações de saúde como um direito e dever da população59,60.

O desenvolvimento de programas de promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças tem como objetivo a mudança do modelo assistencial vigente no sistema de saúde e a melhoria da qualidade de vida dos usuários, visto que grande parte das doenças que acomete a população é passível de prevenção. Além disso, promove-se a redução dos gastos com assistência médica de alto custo por parte das empresas58.

Diante do exposto propõe-se a aprofundar a investigação de variáveis relacionadas ao conhecimento e a atitude das pessoas com DM que possam oferecer subsídios para ações de promoção e de autocuidado.

2 OBJETIVOS

No documento ANDRÉIA APARECIDA DA SILVA (páginas 25-28)

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