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A prevenção é considerada o conjunto coordenado de ações, ao nível público ou individual, com o objetivo de erradicar, eliminar ou minimizar o impacto das DCV e incapacidades associadas [49].

As medidas de prevenção primária e secundária das DCV são consideradas todas as estratégias de intervenção efetuadas ao nível populacional e individual. Desta

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35 Ausência de exposição ao tabaco Controlo da PA (140/90 mmHg) Controlo do peso (IMC 20-25 Kg/m2) Pabdominal (H <94 cm M <80 cm) Controlo dos lipidos (LDL HDL) Diabetes Mellitus (HbAIc <7% PA <140/80 mmHg) Alimentação equilibrada  Atividade física (2,5-5h semanais) Suplementação alimentar

forma, hoje em dia, são disponibilizadas à população campanhas de informação pelas estruturas regionais e locais de saúde em colaboração com os profissionais de saúde e de educação sobre estilos de vida saudáveis, fatores de risco e sintomas precoces de situações agudas coronárias e cerebrovasculares. Estas ações populacionais visam a educação para a saúde e a comunicação social, tendo como fim diminuir a prevalência de fatores de risco e aumentar a prevalência de fatores de proteção, como a atividade física e a escolha de uma dieta saudável.

A prevenção pode ser efetuada impedindo o desenvolvimento dos principais fatores de risco e acrescentando fatores de proteção [42, 49] (Figura 6).

Figura 6- Esquema representativo do conjunto de fatores de risco a controlar e dos fatores de

proteção a introduzir respectivamente.

Os fatores de proteção das DCV assumem um papel também muito importante, pois para além de encorajarem estilos de vida mais saudáveis está comprovada a sua ação protetora nos processos fisiológicos associados às DCV.

No que diz respeito à adoção de uma dieta adequada, as diretrizes apontam: consumo de ácidos gordos saturados menos de 10% do total calórico, sendo estes substituídos por ácidos gordos polinsaturados; a ingestão de ácidos gordos insaturados trans deve ser a menor possível, preferencialmente nenhuma ingestão de alimentos processados; ingestão de sal reduzida para menos de 5g por dia; a quantidade diária de fibra deve ser 30-45g que pode ser obtida a partir de produtos integrais, frutas e vegetais; devem ser consumidas também 2 a 3 peças de fruta e 2 a 3 porções de legumes por dia; consumo de pelo menos duas refeições de peixe por semana privilegiando o peixe rico em ácidos gordos; limitar o consumo de bebidas alcoólicas a dois copos por dia (20g/dia de álcool) para os homens e a um copo por dia (10g/dia de álcool) para as mulheres [42, 49].

O tipo de vida e o desenvolvimento económico e social contribuíram para uma acentuada redução dos níveis médios de atividade física na sociedade ocidental. A introdução da atividade física na rotina diária, em todos os grupos etários, é uma das

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36 medidas de maior impacto e com melhor relação custo/benefício na diminuição da incidência e da gravidade das DCV. É recomendado que os adultos saudáveis despendam de 2,5-5h por semana para a prática de atividade física, exercício aeróbico de intensidade moderada, ou 1-2,5h por semana em exercício vigoroso e intenso. Os exercícios aeróbicos que beneficiam a saúde cardiovascular incluem caminhada, corrida, natação ou ciclismo. No caso dos indivíduos sedentários é essencial o incentivo da prática de programas de exercício de intensidade ligeira. A atividade física deve ser praticada frequentemente, cada sessão com a duração superior a dez minutos, distribuídas pela semana. Os doentes que sofreram eventos cardiovasculares prévios ou com angina estável ou insuficiência cardíaca crónica estável, sob vigilância médica, devem praticar exercício aeróbico de intensidade moderada a intensa pelo menos três vezes por semana com a duração 30 minutos por sessão [42, 49]. Segundo a American Heart Association, as recomendações para a prática de exercício físico para a saúde cardiovascular geral passam pela prática de pelo menos 30 minutos de atividade aeróbica de intensidade moderada pelo menos cinco dias por semana ou pelo menos 25 minutos de atividade aeróbica vigorosa, pelo menos, 3 dias por semana ou ainda uma combinação de atividade aeróbica de intensidade de moderada e vigorosa. Também é recomendada a prática de atividade muscular de intensidade moderada a alta pelo menos dois dias por semana para benefícios adicionais de saúde. Quando o objetivo é diminuir concretamente a PA e o colesterol aconselha-se a prática de uma média de 40 minutos de atividade aeróbica de intensidade moderada a vigorosa três ou quatro vezes por semana [50].

Os suplementos alimentares são considerados uma forma de prevenção das DCV. A Fundação de Cardiologia Portuguesa aconselha a ingestão de alimentos ricos em ómega 3. A sua ingestão associada a um regime alimentar variado e equilibrado contribui para a prevenção das DCV. No caso de carência de estes ácidos gordos é aconselhável a ingestão de suplementos alimentares ricos em ómega 3 para colmatar algum défice na dieta [51]. A alimentação rica em antioxidantes é uma ferramenta importante na prevenção DCV. As frutas e legumes são fontes alimentares de antioxidantes naturais e está provada a sua associação inversa com o risco de desenvolver um evento cardiovascular ou com níveis elevados de risco cardiovascular. Existem evidências científicas em que o stress oxidativo está envolvido no processo fisiológico de aterosclerose, havendo assim a correlação entre o aumento do stress oxidativo e as DCV. Teoricamente, os antioxidantes presentes nas frutas e vegetais são importantes na inibição de mecanismos oxidativos que conduzem a várias

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37 doenças degenerativas, incluindo DCV [52]. No entanto, os resultados obtidos em alguns estudos ainda são controversos. Recentemente, a Preventive Services Task

Force, associação americana, divulgou um relatório afirmando que não existem provas

suficientes para comprovar que os suplementos multivitamínicos e minerais reduzem o risco de desenvolver DCV. Os suplementos de vitamina E não demonstraram benefícios nas DCV, no entanto, também não foram considerados um risco. v p β-caroteno também não houve evidência de benefício para a DCV, inclusive alguns estudos demostram que as pessoas que fumam ou consomem álcool em excesso tomando simultaneamente esses suplementos parecem ser mais propensas a desenvolver uma DCV [53].

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