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Relatório de Estágio na Farmácia Santo Ovídio

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Academic year: 2021

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Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Santo Ovídio

Vila Nova de Gaia

Janeiro a Abril de 2015

Ana Sofia Machado Ribeiro

Orientadora: Dr.ª Cátia Travanca

________________________________

Tutor FFUP: Prof.ª Doutora M. Helena da Silva de Vasconcelos Meehan

______________________________________

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ii

Declaração de Integridade

Eu, _______________________________________________, abaixo assinado, nº __________, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, __ de Setembro de 2015 Assinatura: ______________________________________

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iii

Agradecimentos

Em primeiro lugar, gostaria de expressar os meus profundos agradecimentos ao apoio e contributo prestado por todos que, direta ou indiretamente, tornaram inesquecível meu percurso académico ao longo destes cinco anos.

Dirijo as minhas primeiras palavras à equipa técnica da farmácia Santo Ovídio que me acolheu da melhor forma possível, tornando o meu estágio uma experiência muito gratificante quer a nível profissional quer a nível pessoal. Exprimo a minha imensa gratidão por todos os conselhos, os ensinamentos transmitidos, a simpatia e o apoio dispensado.

Um agradecimento especial à Dra. Cátia Travanca, orientadora deste estágio em farmácia comunitária, por toda a simpatia, confiança, apoio, conselhos, paciência e conhecimentos transmitidos. Manifesto desde já a minha imensa admiração pelo seu trabalho e carinho pela sua índole pessoal.

Um apreço especial também à minha tutora da FFUP, a Doutora M. Helena da Silva de Vasconcelos Meehan por todo o apoio, disponibilidade e dedicação que me prestou ao longo deste estágio.

A toda a minha família, particularmente aos meus pais, irmã e namorado o meu mais sincero agradecimento por me apoiarem em todos os momentos, pela paciência e por me incentivarem sempre a concretizar todos os meus objetivos.

(4)

iv

Resumo

No âmbito da unidade curricular Estágio, que faz parte do plano de estudos do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, realizei o meu estágio na Farmácia Santo Ovídio em Vila Nova de Gaia por um período de três meses.

O Estágio é uma vertente de formação indispensável, pois permite a aquisição de conhecimentos teóricos e práticos, com a vantagem da integração em uma equipa multidisciplinar de saúde.

A farmácia comunitária, como estabelecimento de saúde e de interesse público, realiza atividades dirigidas para o medicamento e também para o doente. Durante o meu estágio redigi um relatório que descreve as atividades desenvolvidas neste âmbito. Este relatório é constituído por duas partes: a primeira parte corresponde à caracterização da farmácia e à descrição das atividades desenvolvidas no seu quotidiano, sendo que a segunda parte diz respeito aos temas científicos desenvolvidos durante o estágio.

Os temas em estudo foram escolhidos, tendo em conta as características e as necessidades da população mais frequente na Farmácia Santo Ovídio. O primeiro tema abordado foi a Doença Cardiovascular, realizando-se um rastreio cardiovascular nas instalações da farmácia. Este teve como objetivo sensibilizar a população para os fatores de risco associados a esta doença e incentivar a adoção de um estilo de vida saudável. O segundo tema desenvolvido foi a Rinite Alérgica, uma vez que se trata de uma patologia cada vez mais emergente. Neste sentido e de modo a elucidar a população, elaborei um panfleto informativo, onde constavam informações relevantes sobre a patologia, medidas não farmacológicas e farmacoterapia.

As atividades desenvolvidas ao longo do estágio contribuíram para a aplicação de conhecimentos adquiridos durante o curso, mas por outro lado permitiram também a aquisição de novas competências, tais como contacto com os modelos de gestão de uma farmácia, gestão de stocks de medicamentos, atendimento ao utente, relações com os colegas de trabalho, que serão cruciais para a vida profissional.

(5)

v

Índice geral

Agradecimentos ... iii

Resumo... iv

Índice de figuras ... viii

Índice de tabelas ... ix

Abreviaturas ... x

Objetivos ... xii

Parte A -Descrição das atividades do estágio ... 1

1. Introdução... 2

2. Organização do espaço físico e funcional da farmácia ... 2

2.1. Enquadramento legislativo da Farmácia Comunitária em Portugal ... 2

... 4

2.3. Instalações e equipamentos ... 4

2.3.1. Organização do espaço exterior da farmácia... 4

2.3.2. Organização do espaço interior da farmácia... 4

2.4. Recursos humanos ... 6

2.5. Horário de funcionamento ... 6

2.6. Sistema informático ... 6

- ... 7

3. Informação e documentação científica ... 7

4. Medicamentos e outros produtos de saúde ... 8

4.1. Sistemas de classificação de medicamentos ... 8

4.2. Medicamentos sujeitos a receita médica ... 9

4.2.1. Interpretação, avaliação e aviamento da prescrição... 11

4.2.2. Entidades e regimes especiais de comparticipação ... 12

4.2.3. Dispensa de psicotrópicos e estupefacientes ... 13

4.2.4. Dispensa de genéricos – enquadramento legal ... 14

(6)

vi

4.4. Produtos de saúde ... 15

5. Automedicação e Indicação Farmacêutica ... 17

6. Gestão e administração da farmácia ... 18

6.1. Aprovisionamento e Armazenamento ... 18

6.1.1. Encomendas ... 18

6.1.2. Receção e conferência de encomendas ... 19

6.1.3. Armazenamento ... 20

6.1.4. Gestão de stocks ... 20

6.1.5. Controlo de prazos de validade ... 21

6.1.6. Devolução de produtos ... 21

6.2. Contabilidade e gestão ... 22

6.2.1. Processamento de receituário e faturação ... 22

7. Interação Farmacêutico-Utente-Medicamento ... 23

7.1. Considerações éticas, deontológicas e comunicativas ... 23

7.2. Farmacovigilância ... 23

7.3. ValorMed ... 24

8. Cuidados de saúde prestados na farmácia... 25

Parte B- Casos de estudo desenvolvidos ... 27

Doença cardiovascular ... 28

1. Enquadramento ... 28

2. Introdução ... 28

3. Descrição fisiopatológica ... 28

4. Fatores de risco ... 30

4.1. . Avaliação do Risco Cardiovascular ... 33

5. Diagnóstico ... 34

6. Prevenção ... 34

7. Tratamento ... 37

(7)

vii 9. Importância do Farmacêutico ... 40 Rinite alérgica ... 41 1. Enquadramento ... 41 2. Introdução ... 41 3. Sinais e sintomas ... 41 4. Fatores precipitantes ... 42

5. Caracterização e mecanismos fisiológicos ... 42

6. Diagnóstico ... 44 7. Tratamento ... 45 7.1. Evicção alérgica ... 46 7.2. Farmacoterapia ... 46 8. Dermatite Atópica ... 48 8.1. Sintomatologia ... 48 8.2. Diagnóstico da DA ... 48 8.3. Tratamento da DA ... 49 9. Importância do farmacêutico ... 50 Conclusão ... 51 Bibliografia ... 52 Anexos ... 59

(8)

viii

Índice de figuras

Figura 1- Imagens da disposição da farmácia: balcões principais e zona da balança e

tensiómetro, respetivamente. ... 5

Figura 2- Imagens da organização dos medicamentos na farmácia: conjunto de gavetas

onde estão dispostos os medicamentos de marca e prateleiras onde estão dispostos os medicamentos genéricos, respetivamente. ... 6

Figura 3- Esquema representativo dos requisitos estabelecidos para a validação das

receitas. ... 11

Figura 4- Imagem relativas ao armazenamento dos medicamentos na farmácia Santo

Ovídio respectivamente medicamentos genéricos, medicamentos de marca e psicotrópicos e estupefacientes. ... 20

Figura 5- Imagem representativa do processo de aterosclerose: (A) artéria normal com o

fluxo normal de sangue, a imagem ampliada mostra uma secção transversal de uma artéria normal; (B) artéria com placa de ateroma; imagem ampliada mostra uma secção transversal de uma artéria com formação de placas de ateroma. Adaptado de [44]. ... 29

Figura 6- Esquema representativo do conjunto de fatores de risco a controlar e dos fatores

de proteção a introduzir respectivamente. ... 35

Figura 7- Imagens alusivas ao rastreio cardiovascular: (A) cartaz de divulgação ao rastreio

cardiovascular na monstra da farmácia; (B) material e equipamento fornecido pela farmácia; (C) cartão de registo dos valores dos parâmetros avaliados no rastreio... 38

Figura 8- Representação esquemática dos alérgenos e dos sintomas clássicos associados

à RA. Adaptado de [58]. ... 42

Figura 9- Representação esquemática do mecanismo fisiológico associado ao

(9)

ix

Índice de tabelas

Tabela 1- Tabela representativa dos requisitos estabelecidos por lei para que o

medicamento seja prescrito por regimes de prescrição diferentes. ... 10

Tabela 2- Esquema descritivo de algumas medidas que podem ser aplicadas de forma a

evitar a exposição a alérgenos. Adaptado de [57]. ... 46

Tabela 3- Tabela representativa da eficácia dos vários fármacos utilizados no tratamento

da RA no alívio dos sintomas. Adaptado de [66]. ... 47

Tabela 4- Classificação do estado de nutrição de indivíduos adultos maiores de 20 anos

tendo em conta o valor do seu IMC: Adaptado de [70]. ... 83

Tabela 5- Classificação dos valores de glicemia (mg/dL) após jejum de 8h. Adaptado de

[71]. ... 83

Tabela 6- Classificação dos valores de colesterol total (mg/dL) após jejum de 8h. Adaptado

de [48]. ... 84

Tabela 7- Classificação por categoria de acordo com os valores de PAS e PAD (mmHg)

válida para adultos com 18 ou mais anos de idade que não estejam medicados com fármacos anti-hipertensores. Adaptado de [46]. ... 85

(10)

x

Abreviaturas

AIM Autorização de Introdução no Mercado

ATC Anatomical Therapeutic Chemical Classification System AVC Acidente Vascular Cerebral

BPF Boas Práticas em Farmácia

CCF Centro de Conferência de Faturas

CIM Centro de Informação do medicamento da Ordem dos Farmacêuticos

CIMI Centro de Informação do medicamento e produtos de saúde do INFARMED

CNP Código Nacional do Produto

CNPEM Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos

DA Dermatite Atópica

DCV Doença(s) Cardiovascular(es)

DCI Denominação Comum Internacional

DL Decreto-Lei

EC Estágio Curricular

ELISA Enzyme-Linked Immunosorbent Assay

EM Enfarte do Miocárdio

FP Farmacopeia Portuguesa

HDL High Density Lipoproteins HTA Hipertensão Arterial

IMC Índice de Massa Corporal

INFARMED Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento LDL Low Density Lipoproteins

MG Medicamento Genérico

OMS Organização Mundial de Saúde

PA Pressão Arterial

(11)

xi

PAS Pressão Arterial Sistólica

PCHC Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal

PRMs Problemas Relacionados com Medicamentos

PT Prontuário Terapêutico

PVP Preço de Venda ao Público

RA Rinite Alérgica

RAM Reações adversas a medicamentos

RAST Radioallergosorbent Test

RC Rinite Crónica

SAMS Serviços de Assistência Médico Social do Sindicato dos Bancários

SCORE Systematic Coronary Risk Evaluation

SIGREM Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens de Medicamentos

SNF Sistema Nacional de Farmacovigilância

SNS Sistema Nacional de Saúde

(12)

xii

Objetivos

O estágio curricular corresponde á ultima unidade curricular do plano de estudos do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. Assim, foram definidos objetivos concretos de forma a garantir o melhor aproveitamento possível:

 Desenvolvimento de competências científicas e tecnológicas;

 Compreensão do papel do farmacêutico na comunidade;

 Compreensão e aplicação dos princípios éticos e deontológicos dos farmacêuticos;

 Consolidação dos conhecimentos adquiridos durante o curso;

 Aquisição de novos conhecimentos de natureza prática para o exercício profissional;

 Compreensão da estrutura organizacional da farmácia comunitária;

(13)

1

Parte A -Descrição das atividades do estágio

(14)

2

1. Introdução

Nos últimos anos a profissão farmacêutica sofreu alterações profundas, a nível do plano técnico-científico, profissional e económico. A farmácia comunitária, dada a sua acessibilidade à população, é uma das principais portas de entrada no Sistema Nacional de Saúde (SNS). Caracteriza-se por um espaço onde há a prestação de cuidados de saúde de elevada diferenciação técnico-científica, tendo sempre como objetivo servir a comunidade com a maior qualidade possível.

Atualmente, as funções assumidas pelo farmacêutico na sociedade ultrapassam cada vez mais o seu papel enquanto técnico do medicamento. Os cuidados farmacêuticos englobam um conjunto de processos clínicos tais como a dispensa, a indicação, a revisão da terapêutica, a educação para a saúde, a farmacovigilância, o seguimento farmacoterapêutico e no âmbito geral o conceito designado como o uso racional dos medicamentos, de modo que as farmácias comunitárias funcionem como um posto avançado de cuidados de saúde [1].

O estágio Curricular (EC) é uma excelente oportunidade pois, possibilita um primeiro contacto com a farmácia comunitária e com a realidade profissional atual. É essencial para que todos os conhecimentos adquiridos nas unidades curriculares sejam assimilados e se desenvolvam também novas valências técnicas e deontológicas. Assim, espera-se um futuro farmacêutico com espirito crítico e conhecimento atual polivalente para que esteja apto a intervir nas mais distintas áreas da saúde pública junto da comunidade.

O presente relatório descreve neste capítulo de forma sucinta a minha experiência e as atividades desenvolvidas na Farmácia Santo Ovídio, situada na cidade de Vila Nova de Gaia durante o período de 21 de Janeiro a 24 de Abril. No Anexo I encontram-se esquematizadas as atividades desenvolvidas.

2. Organização do espaço físico e funcional da farmácia

2.1. Enquadramento legislativo da Farmácia Comunitária em Portugal

O exercício profissional farmacêutico em Portugal encontra-se amplamente regulamentado. O condicionamento e as balizas jurídicas das instituições aliadas ao regime jurídico do exercício profissional são decisivos no desenrolar da atividade farmacêutica.

Em Portugal, o Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (INFARMED) é a autoridade competente do Ministério da Saúde, com atribuições nos domínios da avaliação, autorização, disciplina, inspeção e controlo de produção, distribuição, comercialização e utilização de medicamentos de uso humano, incluindo os medicamentos à base de plantas e homeopáticos, e de produtos de saúde (que incluem produtos

(15)

3 cosméticos e de higiene corporal, dispositivos médicos e dispositivos médicos para diagnóstico in vitro). No que diz respeito às farmácias comunitárias, o INFARMED atua promovendo inspeções na área da dispensa de medicamentos ao público de forma a assegurar a monitorização das Boas Práticas de Farmácia (BPF), assim como certifica que no decorrer do processo de licenciamento destas entidades se encontram reunidos todos os requisitos técnicos para a obtenção do alvará [2].

Atualmente, o regime jurídico em farmácia comunitária rege-se pelo Decreto-Lei (DL) n.º 109/2014 que procede à quinta alteração ao DL n.º 307/2007, de 31 de agosto, que teve como objetivo a adaptação ao atual contexto socioeconómico do país. Esta legislação sublinha que a titularidade das farmácias fica designada apenas a pessoas singulares ou a sociedades comerciais. No que respeita à direção técnica visa a exigência de a direção técnica ser assegurada, em permanência e exclusividade, por um farmacêutico sujeito a regras deontológicas próprias e exigentes. Assim, é de extrema importância salvaguardar a autonomia do diretor técnico no que diz respeito às suas funções, atendendo à dissociação entre propriedade da farmácia e titularidade por farmacêutico. Esta legislação refere ainda que por regra cada farmácia disponha no mínimo de dois farmacêuticos. Assim, isto permite que excecionalmente o farmacêutico adjunto substitua o diretor técnico nas suas ausências e impedimentos, designadamente nas férias. Por outro lado, o horário de funcionamento das farmácias também pressupõe a permanência de, pelo menos, um farmacêutico cinquenta e cinco horas por semana, o que só será exequível com um quadro mínimo de dois farmacêuticos. Este DL destaca ainda que as farmácias, a par da dispensa de medicamentos, desempenhem outras funções de interesse público na promoção da saúde e do bem-estar dos utentes [3].

Atentando ainda a legislação em vigor, a Portaria n.º 1428/2007, de 2 de Novembro [4] define a forma de cumprimento das obrigações legalmente previstas de comunicação entre as farmácias e o INFARMED e a Portaria n.º 455-A/2010, de 30 de Junho regula a dispensa de medicamentos ao público, em quantidade individualizada, nas farmácias de oficina ou de dispensa de medicamentos ao público instaladas nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde [5].

Para além da legislação em vigor, a ordem dos farmacêuticos criou um sistema de Qualidade da Ordem dos Farmacêuticos que se baseia numa estrutura documental em que as Boas Práticas de cada área de atividade, neste caso da farmácia comunitária, asseguram a uniformidade e a melhor qualidade possível nos serviços prestados à comunidade [1].

(16)

4

2.2. Localização geográfica e caracterização dos utentes

A farmácia Santo Ovídio localiza-se na rua Soares dos Reis nº650 na freguesia de Mafamude, Vila Nova de Gaia, coordenadas de GPS Lat. 41º 7' 0,74'' N Long. 8º 36' 29,087'' W e tem como diretora técnica a Dr.ª. Cátia Travanca. A Farmácia Santo Ovídio pertence ao grupo Sofarma, ao qual pertencem outras quatro farmácias: a Farmácia Birra (Porto), a Farmácia Gomes (Penafiel), a Farmácia Santos (Braga) e a Farmácia Veloso

Ribeiro (Matosinhos). Localiza-se nas imediações da estação de metro de Santo Ovídio, a

cerca de 2km do centro hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho e a cerca de 500m do centro de saúde Soares dos Reis o que a torna a sua localização privilegiada. A farmácia atende às necessidades da população de Mafamude e de algumas freguesias vizinhas. Os utentes são na sua maioria idosos polimedicados com doenças crónicas que costumam frequentar com regularidade a farmácia, apresentando alguns uma proximidade afetuosa com a equipa técnica.

2.3. Instalações e equipamentos

2.3.1. Organização do espaço exterior da farmácia

A fachada exterior da farmácia destaca-se pela montra que é renovada periodicamente por uma equipa especializada, pelo letreiro com a inscrição “F S Oví ” e pelo símbolo indicativo de farmácia, a cruz de cor verde iluminada, de acordo com o aprovado pelo INFARMED segundo a Deliberação n.º 414/CD/2007 [6].

O exterior da farmácia transmite um ambiente cuidado, informado e profissional. Na porta de acesso ao interior da farmácia está indiciado o nome da farmácia e da respetiva diretora técnica assim como, estão afixadas de forma visível informações relativas ao horário de funcionamento da farmácia, informação sobre as farmácias do município em regime de serviço permanente e/ou disponibilidade, a respetiva localização e o contacto.

2.3.2. Organização do espaço interior da farmácia

A farmácia é constituída por uma área de pequenas dimensões, em que se destacam duas zonas principais, uma zona exterior dedicada ao atendimento ao utente com dois balcões associados e outra zona interior reservada aos funcionários da farmácia.

Na zona de atendimento ao utente é visível uma placa com a inscrição do nome da farmácia e da diretora técnica. Ao entrar na farmácia são visíveis duas vitrinas principais em que estão expostos produtos farmacêuticos de venda livre. Na vitrina do lado esquerdo estão dispostos lineares de produtos de dermocosmética destinados aos cuidados de corpo e cabelo, enquanto na vitrina do lado direito estão expostos os produtos de pluricultura e podologia, sempre organizados por marcas comerciais. Também é possível visualizar uma pequena área com produtos de ortopedia e uma mesa em mármore onde se

(17)

5 encontram dispostos vários panfletos e flyers comerciais com informações acerca dos medicamentos e produtos farmacêuticos presentes na farmácia.

Nas vitrinas junto aos balcões de atendimento encontram-se os produtos de higiene oral, dietética, suplementos alimentares e outros produtos sazonais. Ainda nesta área, podemos encontrar cadeiras para que os utentes possam repousar e uma balança eletrónica que permite a determinação do peso, altura, Índice de Massa Corporal (IMC) e o respetivo tensiómetro acoplado para a determinação da Pressão Arterial (PA) (Figura 1).

Figura 1- Imagens da disposição da farmácia: balcões principais e zona da balança e tensiómetro,

respetivamente.

A zona interior reservada aos funcionários da farmácia encontra-se disposta em vários espaços: zona de realização e receção de encomendas, equipada com todos os equipamentos informáticos necessários (computador, impressora, fax e leitor de códigos de barras); área comum com secretária onde se realizam a correção de receitas; escritório onde se arquiva toda a bibliografia e os documentos administrativos indispensáveis à gestão farmacêutica comunitária; zona de armazenamento de medicamentos (Figura 2), balcão onde são preparados pontualmente medicamentos e fórmulas magistrais, e também onde são medidos alguns parâmetros bioquímicos, como glicemia, colesterol e triglicéridos com equipamentos adequados fornecidos pela farmácia, assim que o utente o solicita.

A zona de armazenamento dos medicamentos na farmácia é atribuída a um conjunto de gavetas onde os medicamentos de marca são dispostos de acordo com a sua forma farmacêutica e ordem alfabética e a um conjunto de prateleiras onde os medicamentos genéricos se encontram organizados tendo também em conta a ordem alfabética.

A farmácia dispõe ainda na área interior de instalações sanitárias para uso exclusivo dos funcionários.

(18)

6

Figura 2- Imagens da organização dos medicamentos na farmácia: conjunto de gavetas onde estão

dispostos os medicamentos de marca e prateleiras onde estão dispostos os medicamentos genéricos, respetivamente.

2.4. Recursos humanos

A farmácia Santo Ovídio apresenta uma equipa técnica de excelência com elevada qualificação e com muitos anos de experiência em farmácia comunitária que tem como objetivo principal elevar ao máximo a qualidade dos serviços prestados à comunidade. Para além disso, é notória a relação de confiança com os demais utentes frequentes na farmácia, sendo isto um acréscimo para a saúde do utente e para o farmacêutico enquanto profissional.

A equipa de profissionais da farmácia Santo Ovídio é constituída por: Diretora

técnica, a Dr.ª Cátia Travanca; Farmacêutica adjunta, a Dr.ª Júlia Calejo; Técnica de farmácia, a D. Paula Oliveira; Técnica de farmácia, a D. Fátima Lopes; Auxiliar de higiene e limpeza, a D. Maria José. É importante salientar que cada profissional

desempenha diversas funções, de acordo com as suas competências, contribuindo assim para a polivalência pessoal ao nível das funções desempenhadas garantindo assim uma gestão eficaz ao nível da farmácia.

2.5. Horário de funcionamento

A farmácia Santo Ovídio encontra-se aberta ao público de segunda a sábado das 8h30 às 20h. O município de Vila Nova de Gaia possuiu um sistema rotativo de farmácias em que mensalmente cada farmácia realiza o horário permanente, funcionando nesse dia ao longo de 24h.

2.6. Sistema informático

O sistema adotado pela farmácia Santo Ovídio é o Spharm, que é um software que pertence à empresa SoftReis (Anexo II).

O software é indispensável para a realização das tarefas quotidianas e para a gestão de uma farmácia, uma vez que melhora a produtividade e reduz a probabilidade de erros humanos. Através deste, podemos fazer a gestão do stock da farmácia, rececionando

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7 encomendas e preparando encomendas (o Spharm faz um balanço entre os stocks mínimos e máximos definidos pela farmácia, conforme as vendas e propõe encomendas para posterior aprovação). Possibilita também a emissão de listas para o controlo de prazos de validade e stocks e permite efetuar devoluções de produtos. Relativamente à faturação, é essencial para a correção do receituário, a impressão do resumo de lotes e verbetes, atualização de preços e consulta do histórico de vendas. No que diz respeito, à dispensa de produtos ao público, torna-se uma ferramenta fundamental pois permite a consulta de informação científica associada a contraindicações, reações adversas, interações medicamentosas e da posologia habitual, “ h ”.

No Spharm é possível definir um acesso privado para cada utilizador garantindo a segurança das operações, pois cada operação efetuada é registada (data, hora, utilizador) sendo que cada utilizador possui uma password pessoal.

2.7. -

A farmácia de Santo Ovídio faz parte do grupo Sofarma, que é constituído por outras farmácias como já foi referido anteriormente, desta forma apresenta uma relação de cooperação que se caracteriza pela cedência de produtos farmacêuticos entre farmácias quando há ausência de disponibilidade nos armazenistas ou quando os mesmos se encontram esgotados.

3. Informação e documentação científica

A disponibilidade de bibliografia científica é fundamental no quotidiano de uma farmácia, pois permite uma rápida consulta e esclarecimento de dúvidas associadas às mais diversas situações de saúde pública. No processo de cedência de medicamentos o farmacêutico deve obrigatoriamente dispor de acesso físico ou eletrónico que contenha informação sobre indicações, contraindicações, interações, posologia e precauções com a utilização com medicamento.

Segundo o DL n.º 109/2014 todas as farmácias devem conter nas suas instalações a Farmacopeia Portuguesa (FP) IX, em edição de papel, em formato eletrónico ou online, a partir de um sítio da Internet reconhecido pelo INFARMED; o Prontuário Terapêutico (PT); o Formulário Galénico Português; entre outros. Para além disso, o farmacêutico ainda contém disponíveis publicações anexadas à FP IX como o Índice Nacional Terapêutico, manuais complementares bem como acesso à base de dados do INFARMED, mais concretamente ao Resumo das Características dos Medicamentos. É importante referir que o INFARMED assegura também a atualização de uma base de dados nacional de medicamentos da qual constam todos os medicamentos possuidores de uma Autorização

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8 de Introdução no Mercado (AIM) válida em Portugal ou que beneficiem de uma outra autorização ou registo que, de modo específico, justifique a sua inclusão. Periodicamente também são disponibilizadas circulares informativas relativas a assuntos associados a determinados dispositivos ou medicamentos.

O INFARMED disponibiliza na sua plataforma online, o Infomed e o Civifar, duas ferramentas fundamenais na prática farmacêutica diária. O Infomed é uma base de dados que contém informações relativas aos medicamentos de uso humano, nomeadamente, o nome dos medicamentos, substâncias ativas (Denominação Comum Internacional (DCI) /nome genérico), dosagem, forma farmacêutica, preço de venda ao público, taxa de comparticipação, entre outros. O Civifar é um portal de acesso reservado às farmácias que contém a informação relativa ao funcionamento da farmácia. Atualmente é através deste portal que se realiza a comunicação dos horários das farmácias e de dispensa ao domicílio. Para além do mais, encontram-se disponíveis centros de informação sobre medicamentos que têm como objetivo resolver problemas específicos relacionados com o medicamento. Atualmente em Portugal existem dois centros de informação do medicamento, o Centro de Informação do Medicamento (CIM) da Ordem dos Farmacêuticos e o Centro de Informação do Medicamento e dos Produtos de Saúde (CIMI) do INFARMED. O CIM disponibiliza informação independente, avaliada e atualizada destinada a resolver problemas específicos relacionados com o uso de medicamentos, contribuindo também para a atualização e formação continuada da classe farmacêutica. O CIMI atende a pedidos de informação e esclarecimento de dúvidas relacionadas com licenciamento de entidades, medicamentos e produtos de saúde a todos os profissionais de saúde, agentes do sector e público em geral.

Desta forma, concluo que o acesso permanente a informação científica atualizada durante o meu estágio foi uma ferramenta valiosa para assegurar a dispensa correta de medicamentos e para garantir uma aprendizagem contínua no que concerne a posologias, modos de administração, interações medicamentosas e indicações terapêuticas.

4. Medicamentos e outros produtos de saúde

4.1. Sistemas de classificação de medicamentos

A classificação dos medicamentos é efetuada de acordo com uma sistematização agrupada em função da identidade, entre eles, e das indicações terapêuticas para que são aprovados e autorizados [7]. O Despacho n.º 4742/2014, de 21 de março, aprovou uma classificação farmacoterapêutica, estabelecendo a sua correspondência com a classificação Anatomical Therapeutic Chemical classification system (ATC) da Organização

(21)

9 Mundial da Saúde. A classificação ATC divide as substâncias ativas em diferentes grupos de acordo com o orgão ou sistema em que atuam e com as respetivas propriedades químicas, farmacológicas e terapêuticas [8]. Este sistema de classificação foi implementado nos instrumentos oficiais de apoio à prescrição, isto é, pelo PT e pelo Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos, sendo atualmente o que se encontra em vigor [7].

A adoção do sistema de classificação de medicamentos atual contribui também para a normalização e uniformização da classificação farmacoterapêutica que é fundamental para o desenvolvimento de sistemas de informação para as atividades dos profissionais de saúde a nível nacional, mas também a nível europeu uma vez que contribui no desenvolvimento das bases de dados de medicamentos na União Europeia, mais concretamente o sistema EuroPHARM, no qual o INFARMED tem assumido papel destacado [7]. Os medicamentos são ainda classificados quanto à dispensa ao público em Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) e Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM). Para que um medicamento seja sujeito a receita médica, de acordo com o estatuto do medicamento, deve preencher um dos seguintes requisitos: possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica; possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam; contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar; destinem-se a ser administrados por via parentérica.

Os MSRM são vendidos exclusivamente em Farmácias, mediante a apresentação de uma receita médica válida [9].

Os MNSRM incluem qualquer medicamento que não cumpra qualquer das condições referidas para os MSRM, no entanto, estes medicamentos têm que conter indicações terapêuticas passíveis de serem utilizadas em casos de automedicação. Estes medicamentos não são comparticipados e são dispensados em Farmácias e Locais de Venda autorizados para o efeito, sendo o seu Preço de Venda ao Público (PVP) sujeito ao regime de preços livres [10].

4.2. Medicamentos sujeitos a receita médica

O MSRM é um medicamento que apenas pode ser dispensado sob a apresentação de uma prescrição médica válida.

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10

Medicamentos sujeitos a receita médica especial

•Estupefaciente ou psicotrópico;

• A utilização anormal, causa risco de abuso, toxicodependência ou fins ilegais;

•Substância nova ou com propriedades a utilizar com precaução.

Medicamentos de receita médica restrita

•Uso exclusivo hospitalar;

•Patologias com diagnóstico diferenciado;

•Tratamento de ambulatório (efeitos adversos muito graves).

As receitas médicas podem apresentar-se sob a forma informatizada ou manual, sendo que a última se encontra em desuso (Anexo III). Atualmente as receitas manuais são apenas utilizadas nas seguintes situações: prescrição no domicílio, caso de falência do sistema eletrónico, profissionais com volume de prescrição igual ou inferior a 40 receitas por mês e outras situações excecionais, de inadaptação comprovada. O modelo de receita médica atualmente em vigor para a prescrição de medicamentos a comparticipar pelo SNS é utilizado em hospitais e centros de saúde, bem como por profissionais de unidades de saúde privadas.

Recentemente surgiu o sistema da nova receita eletrónica que consiste em um suporte eletrónico inovador, seguro e sustentável, através do qual os medicamentos prescritos pelo médico ficarão acessíveis pelo Cartão de Cidadão. Na farmácia, ao introduzir o cartão no leitor Smart Card e ao ceder o código de acesso presente na guia de tratamento, cada utente terá acesso à sua receita e aos medicamentos que lhe foram prescritos. Este sistema implementa um carácter mais prático, sustentável e seguro ao ato da dispensa de medicamentos contribuindo também para uma politica de inovação e sustentabilidade. Presentemente, este sistema ainda vigora em poucas farmácias mas o objetivo é que dentro de algum tempo se estenda a todo o território nacional. As regras de prescrição de medicamentos mantêm-se neste novo sistema [11, 12].

Relativamente ao prazo de validade das receitas, estas classificam-se como sendo não renováveis (uma via única), com validade de trinta dias após a data da prescrição ou renováveis (três vias da receita médica) por um período máximo de seis meses [10, 13].

Em cada receita médica podem ser prescritos até quatro embalagens por receita, com quatro medicamentos distintos. Por cada medicamento, podem ser prescritas até duas embalagens. Somente nos casos em que os medicamentos se apresentam sob a forma unitária, podem ser prescritas até quatro embalagens iguais por receita [10].

Tabela 1- Tabela representativa dos requisitos estabelecidos por lei para que o medicamento seja

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11 O SNS contempla ainda medicamentos que estão sujeitos a prescrições distintas do habitual, os medicamentos sujeitos a receita médica especial e os medicamentos de receita médica restrita. Na Tabela 1 estão especificadas as características dos medicamentos que carecem destas prescrições especiais [3, 10].

4.2.1. Interpretação, avaliação e aviamento da prescrição

A utilização dos medicamentos no âmbito do sistema de saúde, através da prescrição médica ou da dispensa pelo farmacêutico, deve ser efetuada sempre obedecendo ao princípio do uso racional do medicamento, no interesse dos doentes e da saúde pública [9]. Desta forma, na cedência de medicamentos, o farmacêutico avalia de forma critica a medicação dispensada, de forma a identificar e resolver problemas relacionados com os medicamentos, zelando sempre pela proteção do doente de possíveis Problemas Relacionados com Medicamentos (PRMs)[14].

Segundo as BPF em farmácia comunitária, a primeira fase do ato de cedência de medicamentos consiste na receção da prescrição e confirmação da sua validade/autenticidade. Para tal, as receitas apenas devem ser consideradas como válidas se contiverem os todos os elementos obrigatórios por lei (Figura 3) (Anexo III).

Figura 3- Esquema representativo dos requisitos estabelecidos para a validação das receitas.

Relativamente ainda à receita é necessário atentar também à presença de justificações médicas quanto à insusceptibilidade da substituição dos medicamentos prescritos. As justificações possíveis são as seguintes:

o Exceção a): Medicamento com margem ou índice terapêutico estreito;

o Exceção b): Intolerância ou reação adversa prévia;

o Exceção c): Continuidade do tratamento superior a 28 dias.

No caso da exceções a) e b), o medicamento dispensado tem que ser, obrigatoriamente, o que consta na receita. Por outro lado, no caso da exceção c) o utente pode optar por medicamentos equivalentes ao prescrito (com o mesmo Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM)), desde que o PVP seja inferior ao do medicamento prescrito. Número da receita Identificação do médico (vinheta / entidade) Nome e número do utente Medicamento Data de prescrição (dd.mm.aaaa) Período de validade Entidade responsável pelo pagamento Assinatura do médico

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12

Escalão A: 90% Escalão B: 69% Escalão C: 37% Escalão D: 15%

A fase seguinte consiste na avaliação farmacoterapêutica da prescrição pelo farmacêutico (medicamento prescrito por DCI, forma farmacêutica, dosagem, dimensão e número de embalagens, método de administração e duração de tratamento). Posteriormente procede-se à entrega do medicamento/produto prescrito. Em simultâneo, devem ser fornecidas todas as informações clínicas relativas à posologia, indicação terapêutica e modo de administração para garantir que o utente compreende a informação oral e escrita de modo a retirar o máximo benefício do tratamento. Durante o atendimento, para além do aviamento da receita, o farmacêutico pode oferecer, quando adequado, outros serviços farmacêuticos como o seguimento farmacoterapêutico, educação para a saúde, farmacovigilância, monitorização de parâmetros bioquímicos e/ou fisiológicos e administração de medicamentos.

Na farmácia Santo Ovídio existe ainda a modalidade de venda suspensa, em que é emitido um documento comprovativo da venda suspensa (Anexo IV). Nesta modalidade de venda, o utente não apresenta a receita de imediato, comprometendo-se a entregar a receita o mais prontamente possível (período máximo de um mês). No ato de entrega da receita o utente recebe o reembolso da comparticipação respetiva. No entanto, as situações de venda suspensas devem ser sempre bem ponderadas pelo farmacêutico e só aceites quando devidamente justificadas. Outra circunstância é também quando o paciente não pretende aviar toda a receita de uma só vez, nestes casos a receita fica guardada na farmácia até ao final do mês.

4.2.2. Entidades e regimes especiais de comparticipação

O DL n. º 103/2013, define a comparticipação de medicamentos através de um regime geral e de um regime especial, o qual se aplica a situações específicas que abrangem determinadas patologias ou grupos de doentes [15].

No regime geral de comparticipação, a percentagem paga pelo estado é definida em escalões de acordo com a classificação farmacoterapêutica, caso os medicamentos não estejam incluídos na lista dos considerados imprescindíveis em termos de sustentação de vida [16, 17].

No regime especial a comparticipação é efetuada em função das características do beneficiário ou das patologias ou grupos especiais de utentes.

Atendendo aos casos das características do beneficiário, a comparticipação do estado no preço dos medicamentos integrados acresce à percentagem do regime normal.

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13 Escalão A: 90% + 5% Escalão B: 69% + 15% Escalão C: 37% + 52% Escalão D: 15% + 30%

As comparticipações tendo em conta determinadas patologias ou grupos especiais encontram-se definidas por lei.

Relativamente à comparticipação de produtos destinados ao autocontrolo de diabetes Mellitus, o estado comparticipa 85% PVP das tiras-teste e 100% do PVP das agulhas, seringas e lancetas, no entanto, para que sejam sujeitos ao regime de comparticipações, estes produtos são submetidos a um preço máximo de venda ao público [18].

Na farmácia Santo Ovídio, as receitas aviadas pertencem maioritariamente ao regime de comparticipação geral (SNS). Em caso de entidade comparticipadora distinta, como por exemplo Serviços de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários (SAMS) quadros (Anexo XI), Serviço de Assistência Médico-Social do Sindicato Independente da Banca, Savida medicina apoiada e Caixa Geral de Depósitos, o utente deve apresentar sempre o documento comprovativo respetivo que é fotocopiado no verso da receita e assinado pelo utente. No final de cada mês, após o envio das receitas para a respetiva entidade comparticipadora, a farmácia é reembolsada.

4.2.3. Dispensa de psicotrópicos e estupefacientes

Os psicotrópicos e estupefacientes são substâncias extremamente importantes para a medicina e as suas propriedades bem utilizadas podem trazer benefícios terapêuticos, principalmente no caso de muitas doenças psiquiátricas e oncológicas. Estas substâncias atuam diretamente sobre o sistema nervoso central, podendo atuar como depressores ou estimulantes do organismo humano. Devido às suas propriedades apresentam alguns riscos, podendo induzir habituação e até dependência, quer física quer psíquica. Assim sendo, é crucial que sejam utilizadas seguindo com prudência as indicações médicas [19].

O INFARMED, como entidade competente do medicamento, antes de apreciar qualquer pedido de AIM, solicita ao Instituto da Droga e da Toxicodependência, I.P., que se pronuncie no prazo de 30 dias sobre a idoneidade dos requerentes. Para além disso, o INFARMED depois de aprovada a AIM pode, a qualquer momento, realizar inspeções às empresas, estabelecimentos ou locais e solicitar a exibição dos documentos ou registos respetivos cujo regime é regulamentado pelo DL n.º 22/2014 e pelo Decreto regulamentar n.º 28/2009 [20, 21]. Em Portugal, todos os medicamentos autorizados que contenham substâncias controladas, só podem ser dispensados pelo farmacêutico mediante apresentação de receita médica [19]. A prescrição destas substâncias deve ser feita no

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14 modelo eletrónico de receita especial aprovado pelo Despacho n.º 15700/2012, de 30 de novembro.

Os critérios de dispensa de estupefacientes e psicotrópicos são distintos do habitual. O profissional tem de preencher um conjunto de informações, como a identificação do médico e a identificação do utente ou do adquirente, quando não é o próprio utente a dirigir-se à farmácia (morada, sexo, idade, n.º de beneficiário do seu sistema de saúde que já vem preenchido, n.º do cartão de identificação nomeadamente cartão de cidadão e respetiva validade) e a indicação do medicamento (nome, dosagem, forma farmacêutica, posologia, número de embalagens e sua dimensão) (Anexo V). Aquando da finalização da dispensa, são impressos os dados referentes à mesma, a descrição dos medicamentos e os dados do adquirente na receita. O documento impresso é anexado a uma cópia da receita e estes devem permanecer arquivados na farmácia por um prazo de 3 anos, enquanto a receita original segue para a entidade comparticipante. A farmácia deve também enviar mensalmente uma listagem detalhada de saídas destas substâncias ao INFARMED e trimestralmente uma listagem (menos discriminada) de entradas e saídas. As listagens são efetuadas em duplicado (um exemplar fica na farmácia), carimbadas e rubricadas pela diretora técnica. Anualmente é ainda emitido um balanço de psicotrópicos, estupefacientes e benzodiazepinas.

4.2.4. Dispensa de genéricos – enquadramento legal

Segundo o INFARMED, um Medicamento Genérico (MG) é um medicamento com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem e com a mesma indicação terapêutica que o medicamento original, de marca, que serviu de referência. Os MG apresentam bioequivalência com o medicamento de referência demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados que se encontram definidos no DL n.º 128/2013 [9]. Desta forma, os MG têm a mesma qualidade, a mesma eficácia e a mesma segurança dos medicamentos originais, apresentando a vantagem para o utente de terem um preço mais baixo. Estes são identificados pela sigla MG, inserida na embalagem exterior do medicamento [18].

Nos últimos anos foram implementadas medidas destinadas especificamente ao segmento dos MG, com o intuito de aumentar a sua quota de mercado do SNS. Algumas medidas passaram pela revisão anual dos preços de medicamentos genéricos; novas regras de prescrição e dispensa de medicamentos (prescrição por DCI); alteração a nível processual que envolve uma redução dos tempos de avaliação dos pedidos de comparticipação destes medicamentos e criação Mensal de Grupos Homogéneos [22].

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15 As farmácias têm que ter em stock, no mínimo, três medicamentos de cada grupo homogéneo de entre os cinco medicamentos com preço mais baixo a nível nacional. O farmacêutico deve dispensar o medicamento de menor preço, a não ser que o utente demonstre outra preferência [18].

Durante o meu estágio, tive a oportunidade de constatar que o utente cada vez mais questionava o farmacêutico acerca de quais os medicamentos genéricos mais baratos disponíveis, muitas vezes por razões económicas.

4.3. Medicamentos não sujeitos a receita médica

Os MNSRM, como não necessitam de prescrição médica, são principalmente utilizados no alívio de sintomas menores, estando por isso associados ao aconselhamento farmacêutico e automedicação.

A seleção de um medicamento por parte do farmacêutico implica um questionário e avaliação atenta da situação clínica apresentada pelo utente, pois muitas vezes a implementação de medidas não farmacológicas pode ser suficiente. Cabe ao farmacêutico a decisão final, dispensar ou não dispensar o medicamento após ponderar a real necessidade da medicação. Deve haver especial atenção aos utentes com patologias crónicas (ex. hipertensos, cardíacos, diabéticos, asmáticos, epiléticos), assim como idosos, bebés e crianças, mulheres grávidas ou a amamentar. Nestes doentes em particular o farmacêutico deve considerar com mais cuidado a dispensa de MNSRM, conhecendo em pormenor os medicamentos aconselhados e as suas contraindicações de forma a garantir que o medicamento se adequa de forma segura às circunstâncias apresentadas.

4.4. Produtos de saúde

Na farmácia Santo Ovídio existe uma grande diversidade de produtos que não são medicamentos. Muitos destes produtos encontram-se disponíveis nas grandes superfícies, no entanto há que diferenciar o papel da farmácia porque presta um serviço personalizado com o aconselhamento por profissionais qualificados. A farmácia tem à disposição do utente produtos das mais distintas áreas: cosmética e higiene corporal; fitoterapia, homeopatia; artigos de puericultura; dispositivos médicos; suplementos alimentares e outros produtos dietéticos; veterinária.

Os Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal (PCHC) são legislados pelo DL n.º 115/2009 e são definidos como todas as substâncias ou preparações destinadas ao contacto com diversas partes do corpo humano, tais como a epiderme, o sistema piloso e capilar, as unhas, os lábios, os órgãos genitais externos e os dentes e mucosas bucais, com a finalidade de, exclusiva ou principalmente, os limpar, perfumar, modificar, proteger ou manter em bom estado. A população europeia utiliza todos os dias pelo menos um

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16 produto cosmético. Assim a farmácia é essencial para responder às exigências da população atual.

A fitoterapia é uma área emergente na farmácia comunitária. Os produtos fitoterapêuticos englobam produtos de formas farmacêuticas distintas, tais como infusões, cápsulas, comprimidos e ampolas, dirigidos a diversas situações (ex: obstipação, tosse) e que têm em comum o facto de serem formulados a partir de plantas ou de substâncias derivadas das mesmas.

Tal como a fitoterapia, a homeopatia é uma área em que se verifica o aumento da procura. Os medicamentos homeopáticos são obtidos a partir de substâncias denominadas

stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo de fabrico descrito

na farmacopeia europeia, ou na sua falta, em farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado membro, e que pode ter vários princípios. Estes medicamentos são regulados pelo DL n.º 176/2006 e têm como vantagem não apresentarem contraindicações, podendo ser uma alternativa plausível em situações de doenças crónicas, gravidez e no caso de crianças com idades menores [23].

A puericultura é definida como o conjunto de técnicas empregadas para assegurar o perfeito desenvolvimento físico e mental da criança, desde o período de gestação até a idade de 4 ou 5 anos, e, por extensão, da gestação à puberdade [24]. Assim neste grupo, encontram-se todos os artigos destinados a facilitar o sono, relaxamento, alimentação e higiene das crianças nos primeiros anos de vida.

Os dispositivos médicos são instrumentos de saúde que englobam um vasto conjunto de produtos e são regulados pelo DL n.º 145/2009 [25]. Tal como os medicamentos, destinam-se a serem utilizados para fins comuns aos dos medicamentos tais como prevenir, diagnosticar ou tratar uma doença humana. No entanto, devem atingir os seus fins através de mecanismos que não compreendam ações farmacológicas, metabólicas ou imunológicas. Na farmácia Santo Ovídio, os dispositivos médicos habitualmente dispensados são pensos, soro fisiológico, tiras-teste para o controlo da diabetes, preservativos, seringas, entre outros.

Os suplementos alimentares e outros produtos dietéticos têm a finalidade de suplementar e/ou complementar o regime alimentar, constituindo habitualmente fontes concentradas de nutrientes, isolados ou em associação. Na farmácia Santo Ovídio grande parte das saídas diz respeito aos suplementos destinados à alimentação de crianças e a idosos com situações fisiológicas e patológicas especiais.

Os produtos de uso veterinário, de acordo com o DL n.º 184/97, correspondem a todas as preparações farmacêuticas que se destinam a ser aplicadas nos animais, para prevenção ou tratamento de doenças e dos seus sintomas ou para correção ou

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17 modificação de funções orgânicas [26]. Os medicamentos veterinários subdividem-se em medicamentos de uso exclusivo por veterinários e em medicamentos sujeitos e não sujeitos a receita médica (Anexo III-D). A farmácia Santo Ovídio dispensa sobretudo desparasitantes internos e externos e anticoncecionais orais para animais de companhia. Adicionalmente, a farmácia tem ao seu dispor o contacto telefónico de um médico veterinário que se encontra permanentemente disponível a esclarecer as dúvidas que possam surgir.

5. Automedicação e Indicação Farmacêutica

A automedicação é considerada a utilização de MNSRM de forma responsável, com o intuito de aliviar e tratar queixas de saúde passageiras e sem gravidade, com a assistência ou aconselhamento opcional de um profissional de saúde. Para além disso, a automedicação deve ser limitada no tempo e de acordo com as informações veiculadas no folheto informativo, não estando recomendada a bebés, nem durante a gravidez e o aleitamento [27]. Atualmente as situações em que é permitida automedicação estão descritas na lei portuguesa (Despacho n.º 17690/2007) e em formato digital no site do INFARMED (Anexo VI) [28, 29]. Hoje em dia, o utente tem acesso a várias fontes de informação sobre MNSRM, no entanto, cada um desses meios assume um papel e um destinatário diferente, sendo todos eles importantes para que seja praticada uma automedicação responsável [27].

Na sociedade atual a automedicação está a aumentar, podendo constituir um risco para a saúde pública. O utente deve consciencializar-se que a automedicação sem aconselhamento por parte do médico ou farmacêutico pode constituir um perigo, gerando riscos para a saúde. Segundo, os dados de 2011 disponibilizados pelo Instituto Nacional de Emergência Médica mostram que o principal motivo das chamadas recebidas no Centro de Informação Antivenenos (CIAV) é a intoxicação por medicamentos. A intoxicação medicamentosa foi associada a enganos na toma de medicamentos, como por exemplo, acumulações ou erros na dose administrada [30].

Em algumas situações o que acontece é que o acesso a informação consistente é limitado, ou por outro lado há acesso à informação, mas o nível sociocultural do utente não lhe permite compreender a informação disponibilizada e efetuar uma boa avaliação risco-beneficio.

Assim sendo, o farmacêutico tem como dever aconselhar sobre as opções disponíveis no que concerne a MNSRM, informar sobre as condições de utilização, bem como em que circunstância é necessário consultar o médico [27]. A utilização de

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18 linguagem simples e clara também é fundamental para assegurar que a informação é bem compreendida.

Durante o meu estágio na farmácia Santo Ovídio, os principais temas que careceram de aconselhamentos foram: tratamento/alívio de constipações (congestão nasal, rinorreia, dores de garganta, febre); desconforto e alergias oculares; perturbações músculo-esqueléticas; alterações do foro intestinal, infeções urinárias; afeções dermatológicas; perturbações do sono e métodos de contraceção. A maioria das vezes, o intuito do utente era adquirir um medicamento em específico porque já tinha algum tipo de informação acerca do produto, não questionando o farmacêutico. Nestes casos, o farmacêutico deve intervir e questionar o utente acerca dos sintomas, informar quais as indicações terapêuticas, apresentar alternativas existentes na farmácia, mencionar medidas não farmacológicas, esclarecer bem o modo e via de administração, a duração do tratamento e os possíveis efeitos secundários.

O aconselhamento é uma vertente do estágio muito dinâmica, pois permite-nos para além da aprendizagem da interação com o utente, colocar em prática todos os conhecimentos adquiridos durante a nossa formação e ao mesmo tempo enriquecer ainda mais o nosso conhecimento prático e científico.

6. Gestão e administração da farmácia

Para uma gestão eficiente, o fornecimento das farmácias deve ser efetuado tendo em conta as características e exigências particulares de cada farmácia.

6.1. Aprovisionamento e Armazenamento 6.1.1. Encomendas

A seleção dos fornecedores varia de farmácia para farmácia. Os fornecedores podem ser os armazenistas grossistas ou então há o contacto direto com os laboratórios. Estes são selecionados de acordo com as suas características, tais como: a pontualidade da entrega, a periodicidade de encomendas, o tipo de produtos fornecidos, as condições de pagamento, os descontos e bonificações, a satisfação dos pedidos, o estado de conservação em que os produtos chegam à farmácia e a facilidade de devoluções.

Na Farmácia Santo Ovídio os principais fornecedores são a OCP e a Cooprofar. Quando algum produto se encontra esgotado ou rateado também existe a possibilidade de troca de produtos entre as farmácias do grupo. Diariamente é necessário efetuar encomendas aos armazenistas de forma a poder suprir eficientemente as necessidades de cada utente. Por outro lado, as encomendas diretas são realizadas de uma forma mais pontual. Assim, os pedidos de encomendas podem ser realizadas via modem no sistema

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19 informático SPharm através da sec “E – P p E ”, se pode consultar a lista de produtos que atingiram o stock mínimo definido e a evolução das vendas dos produtos com o objetivo de ser efetuado um pedido com as quantidades necessárias de forma a contribuir para uma gestão viável da farmácia.

Ao longo do dia, por vezes surge a necessidade de encomendar algum produto não presente nas encomendas diárias. Assim, a encomenda do produto em falta é efetuada por contacto telefónico com o armazenista. O procedimento habitual é fazer a reserva do produto ou medicamento sendo impresso um talão de reserva, que o utente deve apresentar sempre no momento do levantamento.

6.1.2. Receção e conferência de encomendas

A receção e a conferência de encomendas é um procedimento de extrema importância que exige uma atenção acrescida, uma vez que é essencial assegurar que os produtos encomendados correspondem ou não aos produtos entregues. Para tal, a encomenda deve sempre fazer-se acompanhar pela fatura com respetivo original e duplicado e/ou guia de remessa. Na fatura é importante verificar se esta corresponde à encomenda e atentar a outras informações como número do documento; identificação do fornecedor e da farmácia; data; descrição detalhada e individualizada dos produtos; número de unidades pedidas e enviadas; preço de custo unitário; o Imposto de Valor Acrescentado (IVA) e o PVP (exceto nos produtos de venda livre). Aquando da chegada dos produtos à farmácia deve-se em primeiro lugar, verificar os prazos de validade, o estado de conservação dos produtos e colocar os produtos conservados a baixas temperaturas no frigorífico.

A farmácia Santo Ovídio recebe encomendas três vezes ao dia, em horários especificados por cada fornecedor. Acedendo à “E - Receção de En ”, p SPharm (Anexo VII) efetua-se a entrada dos produtos introduzindo do Código Nacional do Produto (CNP) ou por leitura ótica do código de barras. Após dar entrada aos produtos, é necessário verificar os preços de venda à farmácia atuais impostos pelo fornecedor, os PVP em vigor, os prazos de validade atuais e as margens de comercialização no caso dos produtos NETT. Finalmente, a receção de encomenda termina com a verificação do número total de unidades recebidas, o valor total faturado e a impressão do documento resumo da receção que é anexado ao original e duplicado da fatura e arquivado em capas. No caso, dos produtos NETT há ainda a impressão de etiquetas.

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20

6.1.3. Armazenamento

O armazenamento dos medicamentos é efetuado segundo as BPF respeitando as condições de iluminação, temperatura, humidade e ventilação das zonas de armazenamento relativas às exigências específicas dos medicamentos, de outros produtos farmacêuticos, químicos, matérias-primas e materiais de embalagem com fim de primar pela qualidade dos produtos. Assim, as condições são verificadas e registadas periodicamente recorrendo ao higrotermómetro presente na farmácia. De uma forma geral, os medicamentos devem ser conservados abaixo dos 25ºC e com valores de humidade inferiores a 60% e os produtos que necessitam de refrigeração (vacinas, insulina, entre outros) devem ser mantidos em frigoríficos a temperaturas entre o 2-8ºC [31].

No caso particular das matérias-primas o armazenamento deve ser feito na embalagem original. No entanto, alguns produtos em casos particulares têm de ser transferidos para novos contentores, nestes casos deve ser evitada a contaminação e as novas embalagens devem ser corretamente rotuladas [9].

A organização e apresentação dos medicamentos são de extrema importância uma vez que dinamizam funcionalidade da farmácia. Assim, a disposição dos medicamentos na farmácia é efetuada tendo em conta se o medicamento é de marca ou genérico, isto é, os medicamentos de marca são arrumados nos armários deslizantes e os medicamentos genéricos nas prateleiras estando ambos separados por apresentação galénica (comprimidos/cápsulas, xaropes, pós, ampolas e cremes), ordem alfabética e seguindo a “First Expired, First Out”, q p p v sejam dispensados em primeiro lugar (Figura 4). O armazenamento dos psicotrópicos e estupefacientes é efetuado em um armário próprio de forma a garantir uma maior segurança.

Figura 4- Imagem relativas ao armazenamento dos medicamentos na farmácia Santo Ovídio

respectivamente medicamentos genéricos, medicamentos de marca e psicotrópicos e estupefacientes.

6.1.4. Gestão de stocks

Uma correta gestão de stocks é fundamental para um funcionamento viável da farmácia pois garante o suprimento das necessidades da população que frequenta a

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21 farmácia e ao mesmo tempo contribuiu para o seu equilíbrio financeiro. Desta é forma, devem evitar-se ruturas de stock e por outro lado acumulação de produtos, com o intuito de minimizar a imobilização de capital e as perdas devido a prazos de validade expirados.

Na farmácia Santo Ovídio realizam-se inventários periódicos com o auxílio do programa SPharm que emite uma lista constituída por todos os medicamentos com igual DCI. Através desta lista, um colaborador da farmácia verifica se o stock do sistema informático corresponde ao stock atual. Quando se verificam diferenças estas são registadas e verificadas novamente a fim de corrigir o stock no sistema informático.

6.1.5. Controlo de prazos de validade

O prazo de validade de um medicamento é o período durante o qual as caracteristicas físicas, químicas, microbiológicas, galénicas, terapêuticas e toxicológicas não se alteram ou sofrem eventuais modificações dentro de limites aceitáveis e bem definidos [32].

O controlo do prazo de validade é habitualmente efetuado no momento da receção do produto na farmácia e aquando da sua dispensa. Mensalmente também são emitidas listagens com recurso ao programa SPharm com todos os medicamentos e produtos de saúde existentes na farmácia cuja validade irá expirar nos próximos dois meses. O procedimento passa por verificar a validade e quantidade dos produtos um por um e quando necessário proceder a atualizações no sistema informático (Anexo VIII). No caso de um produto expirar o prazo de validade proximamente, este é retirado do local de armazenamento para ser posteriormente devolvido ao respetivo fornecedor/laboratório.

6.1.6. Devolução de produtos

A devolução de medicamentos e produtos de saúde realiza-se nas seguintes situações previstas: prazo de validade próximo de expirar (prazo de validade igual ou inferior a três meses), danos visíveis na embalagem, mau estado de conservação, produtos enviados por engano, PVP diferente do que se encontra em vigor ou recolha voluntária/suspensão imediata de comercialização decretada pelo INFARMED. As devoluções podem ser efetuadas aos armazenistas ou diretamente aos laboratórios dependendo das situações.

Para proceder à devolução, acede-se ao sistema informático e cria-se uma nota de devolução (Anexo IX), que identifica o produto e descreve o motivo pelo qual está a ser devolvido. A nota de devolução é impressa em triplicado, em que duas vias são rubricadas, carimbadas e enviadas ao fornecedor juntamente com o produto, ficando uma cópia arquivada na farmácia. O fornecedor pode ou não aceitar a devolução. Em caso afirmativo, o fornecedor emite uma nota de crédito no valor dos produtos devolvidos ou há uma troca

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22 pelo mesmo produto. No caso de a devolução não ser aceite, a farmácia tem de guardar o produto e enviar junto com a lista de “q b ” à F p b IVA

6.2. Contabilidade e gestão

6.2.1. Processamento de receituário e faturação

O ato de conferência do receituário durante a dispensa e a sua reconfirmação posterior são indispensáveis para garantir o controlo da dispensa e a segurança do utente, mas também para salvaguardar o reembolso da farmácia de acordo com a comparticipação efetuada.

O Centro de Conferência de Faturas (CCF) é uma entidade criada pelo Ministério da Saúde que surgiu da necessidade de centralizar e uniformizar a nível nacional o procedimento de conferência de faturas para pagamento pelo SNS. Esta entidade agilizou todos procedimentos inerentes contribuindo para a redução dos erros de prescrição; redução de gastos com medicamentos, meios complementares de diagnóstico e terapêutica; e a redução dos custos operacionais associados ao processo de conferência de faturas do SNS [33].

Durante o procedimento de dispensa de medicamentos, é necessário selecionar uma entidade de comparticipação de acordo com os dados da receita e consequentemente é atribuído um número de receita, lote e série pelo sistema informático. Estes dados são impressos no verso da receita juntamente com a identificação da farmácia e do diretor técnico; a descrição dos produtos dispensados e respetivas quantidades; o preço unitário de cada medi p p p , “ ” (Anexo X). Finalmente, o farmacêutico data e rubrica a receita, verificando novamente se a dispensa foi efetuada corretamente.

O receituário é conferido duas vezes por colaboradores distintos e posteriormente é separado em lotes de 30 receitas de acordo com a entidade de comparticipação. Para cada lote é impresso um verbete de identificação o qual é carimbado e anexado ao respetivo lote. No final de todo o receituário estar conferido e organizado procede-se à impressão da relação resumo de lotes e faturas para cada entidade comparticipadora. O envio do receituário é realizado mensalmente para o CCF do SNS na Maia, no entanto quando se tratam de outros subsistemas o receituário é enviado para a Associação de Farmácias de Portugal, que posteriormente procede ao pagamento. Pontualmente, o CCF pode devolver algumas receitas que considere incorretas. As receitas devolvidas são acompanhadas de uma justificação e normalmente podem ser novamente revistas, corrigidas e reencaminhadas no receituário do mês seguinte de forma a recuperar o valor relativo à sua comparticipação.

Referências

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